NEVERHOPE - O Setentrião

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Thales Travalon

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O SETENTRIÃO

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Thales Travalon

Thales Travalon

O SETENTRIÃO
1ª Edição

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Thales Travalon

Primeira edição publicada no Brasil, em junho de 2013. T !ulo ori"inal# $e%erhope# & 'e!en!rião. (E)*'+& E ,*-.(-/-0+& Thales Tra%alon. */-.E/ ,- 1-P1oncep!2ar! done 3or 'in!el, 3rd open2mo%ie o3 !he Blender 4ounda!ion por ,a%id (e%o5. Es!a 6 uma obra li%re, em nome da cul!ura li%re, produ7ida com so3!8are li%re. &s persona"ens, os locais e a narra!i%a podem ser reciclados e reu!ili7ados em 9uais9uer meios de 9uais9uer 3ormas, con!an!o 9ue assim permaneça mesmo 9uando !rans3ormada e re!ransmi!ida por ou!ros 9ue não o au!or.

$E)E(:&PE ne%erhope.!sonhador.com T'&$:-,&( 888.!sonhador.com

-!ribuição ; 1ompar!ilhamen!o pela mesma <icença. =b52sa>

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Thales Travalon

O 7ntrião
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CADA TEMPO À SUA COISA
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR %elocidade com 9ue corria en!re as Sr%ores, buscando em sua sede o san"ue e em sua 3ome o desespero. E da raposa 3e72se o cin7a e o escarla!e 9ue banhados aos "ri!os e !emores, sujaram !oda a 3lores!a e !oda a %elha cidade de san"ue, 3o"o e des!ruição. E no Tl!imo ins!an!e, 9uando a esperança es!a%a carboni7ada e es9uecida, um "a!o pre!o pula%a pelos !elhados chamuscan!es e impedia a raposa de a%ançar. ,o incUndio 3e72se 3lores!a e 3lores, e de suas cin7as a mTsica, a lembrança e a !ran9uilidade. :a%ia... 'im ha%ia no 3undo da escuridão, mesmo al"uma, pe9uena e imV%el, silenciosa e ras!ejan!e, inaud %el e encurralada, uma esperança. 17 de Março, Vitória da Conquista – Bahia. Desper!a da9uele sonho, ou pesadelo, -udre5 encarou o !e!o por mui!o mais !empo 9ue de%eria. /esmo 9ue não hou%esse uma se9uencia lV"ica em seus pensamen!os sobre os acon!ecimen!os 9ue en%ol%ia uma raposa e um "a!o, a lembrança era % %ida do choro e do caos 9ue assola%am uma %elha cidade cin7en!a e 3ria 3ei!o seus pensamen!os !aci!urnos. 'ombria e mis!eriosa como a hora 9ue uma
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P rimeiro hou%e a raposa e lo"o depois a

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des"raça ocorrera em sua %ida, um des%io de des!ino ou um jo"o !emporal para pro%ação e !ris!e7a. &s dias em )i!Vria da 1on9uis!a es!a%am !amb6m cin7en!os, embora o 3rio ainda não 3osse al"um pr62 re9uisi!o 9ue o acompanhasse. E dos dias cin7en!os acoplaram2se de%aneios e mor!es. /or!es do esp ri!o e das %on!ades, 9ue não mais coincidiam com os desejos da "aro!a. W & ca36 es!S ser%ido, -udre5X ; da co7inha ecoou pela casa o "ri!o de sua mãe. 'em mui!o in!eresse nas pala%ras de a%iso, abriu as cor!inas e pendeu o olhar en!re o c6u e o %elho 1easa, os caminhYes che"a%am para abas!ecer as carnes, as 3ru!as e os cereais. /as, não ha%ia nada 9ue a abas!ecesse. -l"umas ba!idas na por!a de madeira e o silUncio prosse"uiu. - maçane!a "irou len!amen!e e !en!ou uma, duas, !rUs %e7es e as ba!idas se in!ensi3icaram. W 'im, mãeZ W -udre5 "irou a cha%e e permi!iu a aber!ura da por!a a!6 a me!ade. 'uas olheiras e seu es!ado cansado uniam2se [ camisola de al"odão. - 3i"ura de uma mulher mui!o parecida com -udre5 sur"iu. 'eus olhos es%erdeados e seus cabelos rui%os se apro\imaram do ros!o da menina e com os lSbios um sua%e beijo 3oi deposi!ado em sua !es!a. Eli7abe!h era um !an!o mais al!a 9ue a 3ilha e es!a%a %es!ida para o !rabalho e com pressa, por isso apreensi%a. W 1omo se sen!e hoje, 9ueridaZ ; era como uma pro"ramação de mães per"un!ar isso 9uando percebiam seus 3ilhos !ris!es por mui!o !empo. -udre5 balançou e lo"o apVs amarrou seus lon"os cabelos acobreados e sem nada responder diri"iu2se ao banheiro para la%ar o ros!o e lo"o mais a co7inha era seu des!ino. 'en!ou2se en9uan!o Eli7abe!h abria a por!a de %idro 9ue da%a para a %aranda e permi!ia os %en!os ma!inais en%ol%erem o ambien!e. E de ou!ra por!a, um jo%em "aro!inho de no mS\imo de7 anos %inha pu\ando a mochila e ajei!a%a o bon6 em sua cabeça e sem mui!a pressa se sen!a%a [ mesa
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e comia as !orradas e "ela!ina. W $o! cias de .abrielZ ; o pe9ueno de boca cheia balbuciou ou !en!ou essas pala%ras. Eli7abe!h não podia !er 3icado menos apreensi%a. Pi"arreou al!o e colocou um pouco mais de "ela!ina de abaca\i na !aça do pe9ueno 3ilho. W $ão 3ale de boca cheia, Pa!ric]. 'em mui!o in!eresse o "aro!o deu de ombros e %ol!ou sua a!enção [ irmã mais %elha, 9ue !inha 9uase o dobro de sua idade, esperando al"uma respos!a. Eli7abe!h 3e7 no%amen!e menção de corri"ir a pos!ura do 3ilho, mas, -udre5 pediu para 9ue nada 3i7esse, es!a%a !udo bem. W 'em no! cias, Pa!. - 3am lia dele nada sabe. &s policiais... Es!ou procurando ainda. :oje 3a7 umas duas semanas 9ue ele desapareceu. ; e mordeu o prVprio lSbio com 3orça en9uan!o supor!a%a al"umas lS"rimas num silUncio respei!oso. -o primeiro sinal de 9ue poderia di7er mais al"uma coisa, o pe9ueno assen!iu e concluiu# W Eu "os!a%a mui!o dele, ele era le"al comi"o. Ele me deu esse bon6X ; mos!rou com as mãos o bon6 branco com aba a7ul com um "ol3inho. ; $ão hS um dia em 9ue eu não peça para papai do c6u !ra7U2lo de %ol!a [s nossas %idas... ,i"a2lhe, 9uando encon!rar, 9ue sin!o mui!as saudades deleX ; e da mesma 3orma 9ue começou, o pe9ueno !erminou e limpou as mãos no "uardanapo dispon %el [ mesa ; Es!ou pron!o, mamãe. Eli7abe!h assen!iu e pe"ou a mochila do pe9ueno e pediu 9ue se diri"isse ao carro, 9ue lo"o iria para le%S2lo a!6 a escola. W )ocU %ai 3icar bem so7inhaZ ; Eli7abe!h uma %e7 mais beijou a !es!a da 3ilha e a3a"ou seus cabelos. -udre5 a3irmou com a cabeça e al"uns se"undos depois despencou em choro, a"arrando2se ao braço da mãe, 9ue correspondeu a abraçando com !odas as suas 3orças e pousando a
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cabeça da 3ilha em seu ombro, apVs se ajoelhar. 4icaram assim um minu!o in!eiro, en9uan!o -udre5 desaba3a%a em lS"rimas e lon"os suspiros os "ri!os do coração. W )ocUs !Um sido !ão bons comi"o... & papai, o Pa!... )ocUX &bri"ada, mamãeX W )ocU sempre serS minha pe9uena -udre5, ainda sendo uma jo%em adul!a. ; correspondeu Eli7abe!h ele"an!emen!e, limpando as lS"rimas da 3ilha ; 1hore, isso ali%ia a alma de mui!o peso. )ocU não es!S passando por isso so7inha, meu amor. Es!amos a9ui. $Vs e a 3am lia do .abriel. -udre5 permaneceu em silUncio por ou!ros se"undos a!6 desabar en!re as no%as lS"rimas. W... @s %e7es 9ueria 9ue !i%esse sido eu a desaparecer. Pelo 9uU ele de%e es!ar passandoZ & 9ue ocorreu com eleZ Eu 9ueria 9ue isso acabasse de %e7, mas, [s %e7es acho 9ue a sa da sV pode ser a... W Essa não 6 a sa da. ; Eli7abe!h 3oi o mais simples 9ue podia en9uan!o se er"uia. ; - mor!e sV causaria ainda mais dor nesse momen!o. $ada es!S perdido, ainda hS esperança de encon!rS2lo. $ão se preocupe, eu e seu pai e os pais do .abriel es!amos !amb6m nessa com %ocU. W /as, dVi !an!o... W Eu sei, meu amor. ; Eli7abe!h pe"ou a bolsa e as cha%es do carro ; E eu adoraria passar !odos os dias ao seu lado sem des"rudar um minu!o, mas, preciso le%ar seu irmão [ escola e !rabalhar. Prome!a2me 9ue 3icarS bem e lon"e de 9ual9uer saída. -udre5 anuiu um !an!o risonha en9uan!o limpa%a as lS"rimas. W /ais !arde passarei na casa da Emil5 e depois iremos para AE'B, posso 3icar a!6 !arde colocando car!a7es com as meninasZ W 1laro. /ande mensa"em ou li"ue, simZ W $ão me es9uecerei. ; e com um beijo de despedida, Eli7abe!h a!ra%essou a por!a e a 3echou.
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& dia correu mui!o !ran9uilo. *sso não indica de nenhuma 3orma 9ue permaneceu. :ou%e !ran9uilidade en9uan!o pe"ando um ^nibus -udre5 se diri"ia [ Ani%ersidade Es!adual do 'udoes!e da Bahia, !amb6m hou%e !ran9uilidade sobre a paisa"em da &l %ia 4lores e do 9ue dela se se"uia. & dia nublado [s 9ua!ro da !arde jS emancipa%a2se em uma pr62noi!e e dessa %e7 podia -udre5 sen!ir o 3rio 9ue a%ança%a jun!o ao ^nibus 9ue che"a%a aos por!Yes da uni%ersidade. Fuando en3im o ^nibus parou no se"undo pon!o, em 3ren!e ao mVdulo chamado <ui7ão, -udre5 obser%ou as Sr%ores %erdes 9ue se es!endiam em 3ren!e ao mVdulo e os carros es!acionados. 1on3eriu no relV"io as horas e subiu um pouco mais, passando pelo mVdulo dos depar!amen!os e cole"iados. $ão ha%ia encon!rado Emil5, de%ia jS !er ido [ AE'B. ,e !oda 3orma, iria "anhar !empo. 1olocou um car!a7 sobre o desaparecimen!o de seu namorado .abriel no mural do 1ole"iado de :is!Vria. & car!a7 cons!a%a o !ele3one residencial da senhora ,iana, mãe de .abriel e seu !ele3one, possu a uma 3o!o recen!e e in3ormaçYes das %es!imen!as do "aro!o na9uele dia e onde 3oi %is!o ; supYem2se ; pela Tl!ima %e7. $ão hou%e "rande di3iculdades em colar o car!a7 e isso soaria mui!o en"raçado pos!eriormen!e, por9ue seria a Tl!ima lembrança de -udre5, de3ini!i%amen!e. En9uan!o subia para os mVdulos acima dos depar!amen!os, ao lado es9uerdo ha%ia uma escada 9ue le%aria [ biblio!eca e um !an!o mais para es9uerda um pe9ueno 9uios9ue onde os es!udan!es normalmen!e se a"lomera%am comprando lanches. Pre3eriu subir dire!o e dis!ra da. & flashback do sonho a es!on!eou na9uele ins!an!e. -udre5 jurou !er %is!o uma raposa correndo pelos !errenos sendo perse"uida por um "a!o. E dessa des%en!ura em pensamen!o, coçou os olhos e o poderoso %en!o, !ão %ora7 9uan!o um leão e !ão 3or!e 9uan!o um
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rinoceron!e 3i7eram !odos os car!a7es em suas mãos %oarem e se espalharem por !odos os can!os da Ani%ersidade, %oando %elo7men!e em direçYes in3ini!as. E en9uan!o !en!a%a pensar numa es!ra!6"ia para recuperar os car!a7es, um ru do abissal es!ourou2lhe os ! mpanos e 9uase a dei\ou surda. Era como uma rocha ba!endo em ou!ra ou ba!endo na !erra. Ama colisão "ro!esca e poderosa, e olhando ao seu redor, não mais ha%ia pessoas por ali. Pareceu 9ue !odos os es!udan!es e 3uncionSrios e pro3essores 3u"iram para se abri"ar den!ro dos mVdulos o 9uan!o podiam, os c6us !ornaram2se !empes!uosos e ene"receram2se rapidamen!e, 9uase de imedia!o. E do barulho se"uiu2se al"o 3enomenal# uma Sr%ore de !re7en!os anos en%er"ou2se e cur%ou2se [ !erra, mas, ainda resis!ia em suas ra 7es a es!ar a!ada [ !erra. E como chico!es 9ue es!alam, como se 3ossem maleS%eis e sedosos, uma a uma as ra 7es passaram a ser arrancadas e ba!er con!ra a Sr%ore 9ue !ombou permi!indo o Tl!imo som de barulho. TrUs %e7es, como !ambores pedindo chu%a ; e era o 9ue se"uiria. -udre5 paralisada pelo assombro da %isão, mal pensou 9ue es!ando parada !amb6m corria peri"o acaso a Sr%ore ca sse em sua direção ; mas ela caiu na direção con!rSria ; ou ou!ro in3eli7 acaso ocorresse. -panhou o celular e assim 9ue a !ela se ascendeu e a 3o!o de um beijo seu com .abriel 3oi iluminado, con3erindo ser cinco horas e 9ua!ro minu!os e !rUs se"undos. E en!re os flashbacks e lembranças, os car!a7es es%oaçando e uma Sr%ore caindo, a hora cer!a e o impre%is!o, -udre5 sen!iu o corpo ceder [ al"o ine\plicS%el, al"o 9ue a pu\a%a para bai\o e a empurra%a para cima. Em dias !ran9uilos a "uerra in!erior 6 maior. Em dias !ran9uilos os impre%is!os são sopros de %ida. ,ias !ran9uilos "uardam a%en!uras !ro%ejan!es. -udre5 desmaiou.

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18 de Março de uo!Marte, "##os – $i%i. -o e\!remo nor!e de &ppos, onde não se pode separar bairro de A!opia e ,es%en!ura, hS se!e colunas 9ue se er"uem e sus!en!am uma cTpula majes!osa de pedra de sin!!h_, min6rio ro\o 9uinhen!as %e7es mais 3or!e e in9uebrS%el 9ue o diaman!e 9ue somen!e com poderos ssima ma"ia pode ser lapidado e aper3eiçoado, pesada 3ei!o uma baleia, %aliosa como a honra e majes!osa 3ei!o a his!Vria. -o chão dessa mara%ilha de du7en!os me!ros 9uadrados hS desenhada com ladrilhos de pedra uma enorme rosa dos %en!os 9ue mos!ra nor!e, sul, les!e e oes!e e os in!ermediSrios. -l6m disso, ao cen!ro da rosa, um 3acho de lu7 branca ; sem ha%er nenhum buraco nem s mbolo nem nada ; sai da rosa e sobe ao in3ini!o, sumindo en!re as nu%ens cin7en!as. -ssim, !odos sabiam em 9ual9uer can!o de 4iji onde es!a%a a rosa dos %en!os e a u!ili7a%a para "uiar2se, uma %e7 9ue ela era 3ei!o bTssola. Am "rupo de oi!o crianças en!re se!e e no%e anos es!a%a sen!ado em %ol!a de um jo%em rapa7 9ue não de%eria !er mais 9ue de7esseis. Tamb6m ha%ia ali um "rupo de homens mui!o bem %es!idos com lon"as !Tnicas e com so!a9ues di%ersos, pareciam %ir de locais di3eren!es, en9uan!o um "uia ou embai\ador com eles con%ersa%a cau!elosamen!e, pois os poderosos inspiram sempre mui!a cau!ela. & 3acho de lu7 3alhou por um mil6simo e piscou, impercep! %el aos olhos comuns e dali sur"iu a silhue!a de uma "aro!a. Ama "aro!a de cabelos acobreados e olhos %erdes, 9ue não usa%a mais uma calça jeans e uma camisa de man"as lon"as, somen!e uma !Tnica branca. :a%ia um som irri!an!e de mS9uina de escre%er !amb6m a!rSs, um ser 9ue não conse"uiu iden!i3icar ser homem ou mulher de cabelos brancos e olhos brancos da!ilo"ra3ando mui!o a!en!amen!e. W $ão creio 9ue %ocUs !enham pres!ado mui!a a!enção ao 9ue eu lhes ensinei aula passada... W 1laro 9ue sim, senhor K5le -r]h`n!X
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K5le era o jo%em de de7esseis anos 9ue se"ura%a um %elho li%ro com capa dura obser%ando as crianças [ sua %ol!a. Ele usa%a uma camisa social %erde escura de man"as lon"as !oda abo!oada a!6 o pescoço e lon"as calças 9ue ao 3im eram colocadas den!ro de bo!as 9ue iam a!6 sua pan!urrilha. :a%ia uma pilha de papeis, pena e !in!eiro ao seu lado. & "aro!o sorriu "en!ilmen!e [ pe9uena criança ; !odas elas usa%am !Tnicas ; e a corri"iu com brandura# W $ão me chame de senhor, Ellio!. 'enhor 6 um ! !ulo pesado para minhas cos!as. 'enhor 6 a9uele 9ue de !udo 9ue !em nada precisa al6m da prVpria e\is!Uncia e ! !ulo e nem ! !ulo nem uma boa e\is!Uncia !enho, en!ão, con!role a bajulação. E não 3ale sem le%an!ar a mão, saiba 9ue mesmo sem ser um senhor sou superior a %ocUs, en!ão, respei!em2me le%an!ando a mão ou se le%an!ando para 3alar. Ellio! aper!ou a mão 9ue es!a%a calçada por lu%as e seus olhos alaranjados 3er%eram. W E con!role seu !emperamen!o senão o amarrarei pelas pernas de cabeça para bai\o numa Sr%ore e não o sol!arei !ão cedoX & pe9ueno sol!ou o aper!o da mão e onde ou!rora parecia !er sur"ido uma 3a"ulha não ha%ia mais nada. 'orriram, a criança e K5le mui!o bem en!endidos. Am ou!ro de olhos brancos e com uma bTssola em mãos er"ueu a mão li%re, balançando2a com %on!ade e in!eresse para alcançar a a!enção de K5le a!6 9ue ele permi!isse. W 'im, Alisses, di"a. Per3ormS!ico o "aro!o se er"ueu median!e os cole"as, com ar de poe!a e inspirador, er"ueu a bTssola e proclamou com ma"ni!ude# W E E!hero selou a men!e na pon!a do -rco Primeiro, o esp ri!o na 1obra das Es3eras, a palma no c rculo 9ue 3im nenhum !em, o condão na pon!a do -rco 'e"undo e o cajado na 3orça 9ue 3o"e do -rco 'e"undo... ; e apVs proclamar o conhecimen!o aprendido o "aro!o respirou um pouco 3undo, admirado e obser%ado
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pelos cole"as e a"uardou 9ual9uer ins!rução. W Per3ei!o, AlissesX Eu não proclamaria com !an!o %i"or. ; e sorriu "en!ilmen!e. - "aro!a 9ue ali ha%ia che"ado a"ora es!a%a desper!a. <en!amen!e abriu os olhos e em se"uida sen!ou2se em posição de lV!us obser%ando os pe9uenos e\ercendo al"uma esp6cie de conhecimen!o 9ue parecia his!Vrico. $ão 9uis in!erromper. -inda 9ue !i%esse al"uma di3iculdade em en!ender o 9ue eles es!a%am di7endo, es!a%a se acos!umando ao so!a9ue pu\ado do arb e do a!b. -pro\imou2se um pouco mais para %er de per!o. W 'erS esp ri!o, 9ue 3o"e de !eu corpo, e 9ue le%a a !u mesmo para 9ual9uer lu"ar. ; proclamou Alisses no mesmo !om po6!ico de ou!rora e cinco me!ros de dis!cncia ha%ia um ou!ro Alisses se"urando a bTssola e ou!ros !rUs me!ros um ou!ro Alisses e %Srios ou!ros 3oram se repe!indo. K5le aplaudiu a habilidade do "aro!o !an!o em reci!ar 9uan!o em seu dom, Alisses era um ma"o do esp ri!o do 9uin!o ddE!hero e isso -udre5 iria compreender lo"o mais. Tão li"eiramen!e Alisses se sen!ou, uma "aro!a de cabelos cas!anhos e olhos cin7en!os se er"ueu, seu nome era /on5. &"u, ser' (ente, que controla o cor#o de outre(, e con)ersa co( ele #ara que nenhu( outro escute* 3oi o 9ue ela !ransmi!iu [ men!e de !odos os cole"as e K5le. -udre5 somen!e olhou admirada, esperando al"uma ação, mas, para sua %isão nada incr %el ocorreu como o do "aro!o an!erior. W E\celen!e, /on5X Es!ou encan!ado, apenas. Ellio! en!ão se er"ueu den!re os cole"as e es!endeu as duas mãos e com "rande concen!ração 3e7 3o"o aparecer numa e um pe9ueno borbulhar de S"ua nou!ra# W 'erS palma, e 3arS de !uas mãos comandan!es, e dos elemen!os, soldados, 9ue eles !e obedeçamX ; e conclu do isso, uniu as mãos, apa"ando o 3o"o com a S"ua e se sen!ando, recebendo o
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aplauso de !odos. Ama "aro!a de !rancinhas e olhos amarelos sacou um condão de suas %es!es, seu nome era Nller e sua "en!ile7a era encan!adora, le%an!ou2se. W &u serS condão, e serS !ua arma a %arinha, e sairS dela 9ual9uer encan!o, pois ela serS !eu criado. ; e ao 3im das pala%ras, assim como os cole"as em demons!rar seus poderes, a"i!ou a %arinha e sacou dela um ramalhe!e de 3lores da prima%era. W Fue bel ssimo bu9uU, Ell6rX 'eu coração 6 mui!o "randeX ; K5le es!a%a mui!o 3eli7 por %er 9ue seus alunos de his!Vria ha%iam aprendido as pala%ras de E!hero sobre o 9uin!o. 4al!a%a apenas um. Am "aro!inho de sardas e cabelos encaracolados acobreados pu\ou seu cajado do chão apVs se le%an!ar, seus olhos eram %ermelhos. W 'erS cajado, e %irão os animais lu!ar por !i, e %irão as cria!uras 9ue !u criares, a !eu comando. ; e ba!endo o cajado nos ladrilhos, um passarinho de al"um lu"ar %iera e pousou em sua cabeça, a!en!o a !odos os presen!es como se os %i"iasse. & sorriso de K5le se"uia de um lado [ ou!ro. 'ua emoção e 3elicidade se mis!ura%am e cria%am um sen!imen!o 9ue se não 3osse puro era e\ceden!e e liber!ador. W 4ico e\!remamen!e 3eli7 9ue "ra%aram as pala%ras do 9uin!o. /as, 9uem 3oi E!heroZ -udre5 se apro\imou e 3icou o mais prV\imo da roda 9ue podia, 9uase den!ro dela, ou%indo ou !en!ando aprender !amb6m 9ual9uer coisa 9ue 3osse a9uilo. Tal%e7 no 3im conse"uisse ou se clonar, ou criar 3o"o das mãos, 9uem sabe a!6 mesmo uma 3lor ou passarinho. W E!hero, & /a"o dos /a"os 3oi o primeiro "rande ma"o 9ue di%idiu a ma"ia em cinco par!es# o esp ri!o, a men!e, a palma, o condão e o cajado. 4e7 isso por9ue os ma"os es!a%am usando seu poder para o mal e não podiam ser de!idos, en!ão os ma"os
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pos!eriores nasceriam com poderes espec 3icos e não com !odos, para respei!arem seu precioso dom. ; respondeu pron!amen!e /on5. K5le assen!iu. 'ua aula de re%isão es!a%a 9uase acabando, precisa%a par!ir para ou!ra pes9uisa# a9uela era uma 3orma de "anhar dinheiro, ensinando li%remen!e [s crianças. 'ua ou!ra pai\ão era pes9uisar e e\perimen!ar, normalmen!e %inculado [s poçYes. /as, !odos de%iam saber a his!Vria de seu po%o, a his!Vria de 4iji. his!Vria 6 como o re3le\o e o espelho, 6 a escul!ura e o escul!or. his!Vria 6 o 9uadro, as cores e a abs!ração 9ue se"ue da obra. subje!i%idade e a dT%ida. W E o 9ue ocorreu [ E!heroZ W Bem, um "aro!o de se!e anos 9ueria o ! !ulo de -u"us!o, 9ue o per!encia. -u"us!o 6 o supremo "o%ernan!e de 4iji. E lu!aram. & "aro!o %enceu. & 'onhador, 6 seu ! !ulo. E & 'onhador o desin!e"rou em um milhão de par! culas. ; disse um dos "aro!os 9ue não se mani3es!ara en!re os 9ue apresen!aram o poder, sem er"uer a mão ou se le%an!ar ele disse o 9ue 9ueria. 'ua pele era pSlida e seus olhos comple!amen!e ne"ros, era despro%ido de ris, nem mesmo onde em !odas as pessoas era branco, nele não era. Possu a uma 3ranja bre%e e usa%a uma !Tnica i"ual [ de !odos os ou!ros. W )ocU es!S cer!o, *an. ; disse K5le com mui!o respei!o [9uela 3i"ura em especial. &s "aro!os olharam mui!o admirados para o menino *an. E sem menos esperar, K5le liberou as crianças para 9ue 3i7essem o 9ue !i%essem %on!ade, brincar, !rabalhar, buscar hobbies. -udre5 !endo a opor!unidade de 3alar a sVs com K5le, esperou 9ue *an se a3as!asse dele. /as, no 3im, percebendo 9ue o pe9ueno "aro!o dali não sairia, se apro\imou. W ,esculpem2me... /as... -9ui 6 a Ani%ersidade Es!adual do 'udoes!e da BahiaZ *an e K5le se en!reolharam. K5le um !an!o con3uso e *an com um ar !edioso e sem nenhum sen!imen!o aparen!e, es!a%a s6rio e
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pres!ando bas!an!e a!enção. W $ão. )ocU es!S na (osa dos )en!os. )ocU de%e !er a!ra%essado um por!al para 4iji. W 4ijiZ *sso 3ica no orien!eZ $o%amen!e se en!reolharam com a mesma 3eição, *an e K5le, e %ol!aram sua a!enção [ -udre5. W ,a pon!a no e\!remo nor!e de Ben"lo!o [ ilha de Kaon!a, da ilha de 'lico ao ar9uip6la"o au!^nomo de Canshe!o, !udo 6 4iji. W E isso 3ica no orien!eZ ; -udre5 insis!iu como se somen!e 9uisesse saber dessa dimensão. ; Es!ou na Europa, 6 issoZ $ão impor!aX Podem me empres!ar um celularZ & meu não encon!ro em can!o al"um... W 1elularZ ; K5le encarou *an a!rSs de uma e\plicação para a9uilo. W N um meio para se comunicarem. ; *an respondeu de 3orma indi3eren!e an!es mesmo de K5le !erminar de pronunciar a pala%ra. W Por 9ue não usam car!asZ W /edo da "ramS!ica, da escri!a, do re"is!ro escri!o, não se sabe. ; disse *an num !om debochado e não menos indi3eren!e. -udre5 a!ordoada não sabia a 9uem recorrer. $ão ha%ia celular por aliZ Era como não ha%er sinal para a operadora, era simplesmen!e inT!il es!ar ali. 1omo 3ora parar aliZ & 9ue es!a%a 3a7endo aliZ W Escu!e2me, 6...Z W -udre5. ; *an murmurou sem mui!o in!eresse e se sen!ou no%amen!e, brincando com um a%ião7inho 3ei!o de papel, sobre%oando "randes dis!cncias e buscando no%os hori7on!es e no%os por2de2sVis. -udre5 não es!e%e menos incomodada e surpresa em %er 9ue a9uele "aro!o sabia seu nome. & mais es!ranho nele eram os olhos, por não ha%er ris, somen!e uma ne"ri!ude in3ini!a. 'erS 9ue ele
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podia en\er"arZ ,e !oda 3orma, encarou K5le, sabia seu nome por9ue escu!ara os ou!ros jo%ens comen!ar, pedindo com os olhos al"uma e\plicação. W )ocU es!S em 4iji. Bem, para che"ar [ 4iji 6 necessSrio desper!ar uma ma"ia pro3unda, criada por E!hero, & /a"o dos /a"os. /a"ia 9ue 3a7 as pessoas !er e\periUncias impro%S%eis e 9ue !ais combinaçYes abram um por!al para cS. W )ocU es!S 3alando de um lu"ar na &ceaniaZ W 'im e não. - nossa 4iji es!S perdida no !empo. En!ão 6 a mesma 4iji sV 9ue não, apenas. -udre5 não acredi!ou em nenhuma pala%ra do 9ue a9uele maluco ha%ia di!o. *"norou2o por comple!o e decidiu sair dali sem olhar para !rSs. /as, an!es 9ue pudesse sair da sombra da cTpula, %iu um ras!ro de nu%ens pelos c6us 9ue au!oma!icamen!e ene"receram e os %en!os "6lidos alcançaram a (osa dos )en!os. & risco celes!e era se"uido por uma "rande pedra chamuscan!e 9ue se apro\ima%a cada %e7 mais da a!mos3era. & dia cin7en!o e 3rio de 4iji ardeu, como a la%a de um %ulcão 9ue despenca do uni%erso e do c6u, e onde ou!rora ha%ia silUncio e admiração de !odos os 9ue puderam %er e pararam sua es!adia para acompanhar !al e3ei!o ma"ncnimo ; a9uele dia, 1I de março, era o dia da criação de 4iji =por isso uma da!a comemora!i%a>, 3ei!a hS milhYes de milhYes de anos an!eriores ou milhYes de milhYes de anos pos!eriores, jS 9ue 4iji es!a%a perdida no !empo e an!es ou depois de sua criação era um cSlculo incer!o e ilV"ico ; 9ue poderia ser uma esp6cie de sinal da %ida nd- .rande *lha. & me!eoro pareceu cair no e\!remo nor!e de Enehara, acima da re"ião de )ermaho, e de !oda - *lha, de !odo can!o, um co"umelo "i"an!esco 3ei!o de 3umaça, 3o"o e des!ruição 3oi %is!o. & impac!o "ro!esco 3e7 !oda a !erra !remer e se"uido dele, o caos se ins!aurou. -udre5 %iu as pessoas correndo e 3u"indo em direçYes opos!as, uns se"uiam para um bairro mui!o bem or"ani7ado e belo
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com casebres mal3ei!os, e ou!ros se"uiam para um bairro escuro e sombrio com casas "loriosas e bem 3ei!as. Empurrada pela mul!idão e perdida nela, acabou me!endo2se den!ro de um !emplo no belo bairro com casas não !ão bem 3ei!as. & !emplo era ma"ncnimo e não parecia 9ue cederia ao !erremo!o, en9uan!o al"umas cons!ruçYes cederam ; nenhum domic lio, en!re!an!o. 4e72se escuridão e silUncio em !oda *lha e o 9ue ou!rora era cin7a se acen!uou nos c6us como uma melancolia dos deuses. :omens e mulheres por !oda par!e culpa%am o 9ue -udre5 compreendeu por a1a!herineb e ou!ros clama%am a in!er%enção de aJborb para resol%er a si!uação. -udre5 obser%ou um "aro!o de cabelos lisos, em 3ren!e uma cur!a 3ranja e a!rSs eram repicados. 'eus olhos eram alaranjados e sua pele branca pSlida 3ei!o os c6us de 4iji. Asa%a uma !Tnica pre!a 9ue ia a!6 sua cin!ura e lo"o depois se"uiam uma calça jus!a e bo!as a!6 as pan!urrilhas com 3i%elas de pra!a. Es!a%a com mui!os per"aminhos em mãos calçadas por lu%as i"ualmen!e ne"ras com s mbolos lunares. Ele lhe chamara a!enção por ser jo%em e mui!o belo, al6m de olhar para si o !empo !odo como se 9uisesse di7er al"o. /a!!he8 /a]arios possu a %in!e e !rUs anos e era bancSrio de &ppos. ,esde os 9uin7e anos era considerado o !erceiro mais rico de 4iji, a"ora, o mais rico. -l6m disso era ma"o da palma e 9uebrado o 9uin!o uma %e7, sendo ma"o do esp ri!o. W ,irijam2se aos seus domic liosX & !erremo!o che"ou ao 3im. $ão saiam de seus domic lios a!6 9ue seja comple!amen!e se"uro. -"uardaremos orien!açYes da EsplanadaX W ordenou o .rande 'acerdo!e de Jbor. Todos obedeceram [s orien!açYes do sacerdo!e, inclusi%e /a]arios 9ue assen!iu e parou al"uns se"undos para con%ersar com ou!ros homens 9ue !inham pos!ura !ão impor!an!e 9uan!o a sua. -udre5, con3usa e perdida, apro\imou2se do sacerdo!e pedindo um pouco de sua a!enção.
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& sacerdo!e de lon"a !Tnica clara e com um "orro 9ue es!a%a conec!ado [s %es!es a a!endeu com um bom sorriso, obser%ando os olhos de -udre5 e lo"o depois suas %es!es, pela sua e\periUncia sabia 9ue ela de%ia !er acabado de che"ar [ 4iji. W Para 9ual domic lio de%o irZ W a "aro!a es!a%a comple!amen!e perdida nesse 9uesi!o, sV precisa%a se pro!e"er de um poss %el no%o !erremo!o. W -o seu, 6 claro. )ocU mora por essas redonde7asZ Fual o nTmero de seu domic lioZ W Bem... Eu acabei de che"ar [... 4ijiZ & sacerdo!e sorriu bondosamen!e e adian!ou2se e con%ocou com as mãos /a]arios 9ue lo"o a!endeu com humildade e respei!o [ 3i"ura reli"iosa, embora man!i%esse a "rande7a de ser !ão al!i%o e es!ar em mesma pos!ura de poder. W - Esplanada se ocuparS com esse acon!ecimen!o, al6m dos o3 cios comumen!e es!abelecidos. Tal%e7 não !enham !empo em responder [ senhori!a... W -udre5. W apresen!ou2se de uma %e7, ao sacerdo!e e [ /a]arios. W 'enhori!a -udre5. )ocU poderia, /a]arios, buscar um domic lio o 9ual ela possa se sen!ir se"uraZ & rapa7 assen!iu imedia!amen!e de 3orma pres!a!i%a e com um olhar curioso sob a 3i"ura de -udre5, como se ela lhe 3osse 3amiliar. W En!ão es!ão dispensados. &s sacerdo!es se ocuparão em preces [ Jbor por nossa &ppos e por Enehara e sua recuperação. 1uidem2se e não saiam do domic lio a!6 se"unda ordem. /a]arios anuiu pela Tl!ima %e7 e en!ão se"uiu caminho para 3ora do !emplo. &nde ou!rora es!a%a seu ca%alo puro san"ue e uma carrua"em um pouco mais dis!an!ee a"ora sV es!a%am des!roços de uma carrua"em consumida pela !erra e debai\o de colunas e o ca%alo 3erido.
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W 16us, o 9ue hou%e com %ocU Pa!l5Z & ca%alo 3echou os olhos ao sen!ir os cuidados de seu dono, 9ue len!amen!e o acaricia%a. -udre5 len!amen!e se apro\imou e obser%ou o es!ado do animal. 'e compadeceu 9uase 9ue imedia!amen!e e permaneceu calada em seu can!o. /a]arios por sua %e7 pediu um minu!o e en!rou no%amen!e no !emplo, como se buscasse al"uma ajuda ali. -udre5 iria esperar, por9ue não ha%ia ou!ro caminho a percorrer ou ou!ro domic lio o 9ual pudesse es!ar se"ura. -pro\imou2se do ca%alo branco e o acarinhou a crina. W Pa!l5, não 6Z 'ou -udre5. & 9ue 3i7eram com %ocU, Pa!l5Z W -udre5 dedilhou a crina do ca%alo 9ue de al"uma 3orma a"radeceu sendo "en!il. W 4i9ue melhorX Fue suas 3eridas sarem lo"oX W pediu murmurando como um pedido a ,eus, !al%e7 não o mesmo ,eus da9uele po%o, mas, um ,eus i"ualmen!e misericordioso. /a]arios re!ornou e para seu espan!o o ca%alo não mais es!a%a machucado. $ão ha%ia nenhum hema!oma, !ampouco 3ile!es de san"ue. Parecia res!i!u do de 9ual9uer male3 cio 9ue ou!rora poderia !er so3rido. W )ocU 3e7 issoZ -udre5 se encolheu e se a3as!ou len!amen!e. $ão, de3ini!i%amen!e isso não ha%ia ocorrido por sua %on!ade. W )ocU 6 uma ma"a do cajadoZ W pareceu mara%ilhado, abraçando o pescoço de seu amado ala7ão. /on!ou2o e colocou os per"aminhos nos bolsYes acoplados [ sela de Pa!l5. W &bri"ado mesmo por Pa!l5. Eu não sei o 9ue 3aria se o perdesse. )U2lo machucado 3oi como me 3erir !ão "ra%emen!e... W murmurou. ,o !emplo um homem com uma !iara pra!eada e al"uns ins!rumen!os mS"icos saiu, uma esp6cie de curandeiro, mas, /a]arios lhe e\plicou 9ue não mais seria necessSrio, 9ue a"ora es!a%a !udo bem.
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W -udre5, não 6Z W es!endeu a mão. - %isão de /a]arios mon!ado no ca%alo e de mão es!endida dei\ou a "aro!a enrubescida e e "racejada, se"urou na mão do homem, esperando 9ue ele a beijasse ou a 3i7esse al"um carinho, mas, subi!amen!e sen!iu seu corpo ser pu\ado con!ra o dele para cima e 9uando dera por si, es!a%a mon!ada no ca%alo a!rSs de /a]arios. W 'e"ure2se, eu moro bem mais ao cen!ro. 'eria al"uns minu!os [ p6, mas, com Pa!l5 não "as!aremos mais 9ue doisX -%isou e em disparada o ala7ão mos!rou sua u!ilidade como "rande e9uino 9ue poderia percorrer pa ses sem cansar. E assim percorreram desde o mercado e um jardim suspenso, passando pelos domic lios do bairro de A!opia, che"ando ao domic lio 21 com um jardim belo com plan!as mul!icores, !odas amassadas e des!ru das pelo !erremo!o, /a]arios parou com o ca%alo e o dei\ou ali em 3ren!e. W *ncr %el como a bele7a das 3lores não 3oi dani3icada pela des"raça do !erremo!o. W comen!ou -udre5 de 3orma alheia e alea!Vria. /a]arios sorriu, mui!o in!eressado pela 3ala dela. W $em mesmo !odas as des"raças do mundo podem impedir a bele7a de uma Tnica 3lor. - bele7a 6 maior 9ue o so3rimen!o. E a 3orça 6 maior 9ue o medo. (eplan!arei !odas sem 3al!a, crescerão e se !ornarão belas. Por 9ue 6 mais precioso lu!ar e recon9uis!ar 9ue desis!ir em meio do caminho. Essas semen!es comprei em )ermaho... W e en!ão 3e72se silUncio. ,esse silUncio /a]arios abriu a por!a da moradia e deu passa"em para 9ue -udre5 en!rasse. Ela %iu uma casa limpa, clara e con3or!S%el. 'o3Ss mui!o aconche"an!es, !apeçaria rica em de!alhes e cores, di3eren!e do ar de 4iji. /V%eis de cores claras e sempre mui!o limpos. -udre5 não encon!rou %es! "io de sujeira, poeira ou a3ins na casa de /a]arios, onde parecia sV ele %i%er. -o cen!ro, numa es!an!e
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de %idro 9ue cobria !oda uma parede encon!rou um Tnico li%ro de capa dura de couro e 3olhas amareladas. Era na %erdade o Tnico obje!o na9uela es!an!e !ão "randiosa. W .os!as de lerZ W 4aço his!Vria na AE'B. W respondeu -udre5 como se isso de%esse si"ni3icar 9ue sim. W E isso si"ni3ica 9ue "os!as de lerZ W /a]arios se sen!ou no so3S e re!irou as bo!as e as dei\ou lon"e do !ape!e. 'eus p6s pisaram no !ape!e com sua%idade, sen!indo sua !e\!ura !ão "os!osa. -udre5 mos!rou 9ue sim com a cabeça e se sen!ou. W E %ocU 6 uma ma"a da palma mesmo ou 6 uma curandeira de ou!ros pa sesZ 4icou 9uie!a por al"uns minu!os a!6 saber o 9ue responder# W Eu es!a%a colando car!a7es em busca de al"u6m... $ão me lembro 9uem. ,a lembro de %er... Bem, na %erdade não lembro mais nada desde en!ão. 'V 9ue acordei na (osa dos )en!os, %endo crianças di7erem sobre o esp ri!o, a men!e, a palma... & 9uin!o do h6!ero. W E!hero. W /a]arios corri"iu, por9ue ela ha%ia di!o de 3orma errada. W Fuin!o ddE!hero. W 3inali7ou. E uniu as mãos en9uan!o aconche"a%a seu corpo um pouco mais no so3S e a con%ida%a a se sen!ar ou no ou!ro so3S ou no mesmo, não se impor!a%a. W Fueria en!ender isso melhor... W -udre5 resmun"ou assim 9ue se sen!ou. W En!ão essa 6 sua chance. Pe"ue a9uele li%ro ali# ele se chama & ,a!ilo"ra3ado de C., ele 6 um li%ro his!Vrico, con!a !udo sobre o nosso po%o. 1omo %ocU 6... :is!oriadora da... AE'BZ W e recebeu a a3irmação %indo dela W ,e%erS ser mui!o T!il. &nde a3inal 3ica essa AE'BZ W Em )i!Vria da 1on9uis!a. W -udre5 bu3ou e se er"ueu indo a!6 a es!an!e e se"urando o li%ro de 3orma delicada, era como an!i"os documen!os 9ue es!ão pron!os para se es3arelar, mas,
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"uardam a ri9ue7a de um imp6rio. 4on!es 9ue %alem mais 9ue ouro e pesam "ramas, "uardam mares e !ransbordam memVrias. W -cho en"raçado... &Vitória* da &Conquista*. /e parece bem redundan!e. W 3oram as Tl!imas pala%ras de /a]arios sobre o assun!o. -udre5 somen!e balançou os ombros como se não impor!asse !an!o com o 9ue /a]arios !i%esse a di7er sobre o nome de sua cidade. Para isso ele de%eria es!udar a coloni7ação e as açYes da re"ião a!6 3ormar a iden!idade de )i!Vria da 1on9uis!a. /as, nem isso /a]arios de%eria saber, era um !olo nos assun!os de his!Vria do... /undo. Fue por incr %el 9ue pareça, não parecia ser o mesmo no 9ual es!a%a %i%endo ali. W Em 9ue ano es!amosZ W ,e7oi!o de março de duo2mar!e. W 1omo 9ue 6Z W... Bem, ,uo2mar!e si"ni3ica 1300. 'e 3osse !rio2mar!e seria 2200. Ano2mar!e seria ?00. En3im, depois %ocU !erS de aprender isso direi!o. W ,e 3orma al"umaX W pro!es!ou -udre5 imedia!amen!e. W Preciso %ol!ar para casa ur"en!emen!eX Preciso %ol!ar para minha mãeX W J!imo. 1er!amen!e serS a primeira a conse"uir. $in"u6m, nenhuma pessoa, jamais conse"uiu sair de 4iji. 1he"ar 6 impro%S%el, sair 6 imposs %el. -udre5 deu de ombros uma %e7 mais como se não desse a m nima [ opinião da9uele rapa7. E abriu o li%ro 9ue con!a%a a his!Vria de 4iji. *ria !en!ar en!ender al"uma coisa sobre !udo a9uilo ou desen!ender de %e7. Espera%a mesmo esclarecer al"umas dT%idas. -udre5 mal sabia 9ue es!aria lendo sua prVpria his!Vria.

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2.
O DATILOGRAFADO DE J.
_______________________________________________________ Página Primeira — A Terra da Deusa

Bandeira de $i%i, + ,erra da eusa da ,erra.

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Não se sabe ao cer!o 9uando, mas 4iji criou2se. E 9uando eu di"o
criou2se, não 9uero di7er 9ue al"u6m 3e7 4iji, e nem 9ue simplesmen!e apareceu no mapa, eu di"o 9ue ela, a ,eusa da Terra, !ornou2se %i%a, e deu ori"em [s Terras de 4iji. $ão se sabe a!6 onde elas %ão, onde !erminam e onde começam. $unca se ou%iu 3alar de %i7inhos ou de 3ron!eiras. 'V se sabe 9ue ali 6 3rio, cin7a e "i"an!e. ma"ia %eio jun!o com 4iji, por9ue ela 3oi sol!a pelo lu"ar. ,ando, assim, ori"em aos "randes ma"os e aos ensinamen!os deles. Página Segunda — A Primeira Guerra E en!ão E!hero olhou para seu po%o e %iu "en!e morrendo e "en!e ma!ando. -con!ecia por9ue mui!a "en!e não !inha limi!e# o poder era apenas poder, não ha%ia 9uem se"urasse, não ha%ia 9uem pudesse con!ra 9ual9uer um. En!ão E!hero decidiu propor 9ue cada um 9ue nascesse a par!ir da9uele dia não !i%esse !oda a ma"ia em si, e ao in%6s de poder con!rolar os animais, os elemen!os, os obje!os, as men!es, os esp ri!os, cada um !i%esse seu 3oco indi%idual. /ui!os não "os!aram da ideia do /a"o dos /a"os e, con!ra ele, iniciaram a primeira "uerra 9ue 4iji iria %er. & po%o, di%idido, ba!alhou con!ra ou a 3a%or de E!hero. 4ren!e ao e\6rci!o dd& Pol%o, 3icou ele, o "rande e 6pico ma"o, 9ue des!ruiu seus inimi"os ao lado dos m !icos *ncendiSrios, os primeiros a serem selados para mos!rarem ao e\6rci!o oposi!or 9ue, mesmo limi!ados, eram poderosos. @ 3ren!e do e\6rci!o 9ue ia con!ra & Pol%o, o "rande Ke%e] Balab, capi!ão da9uele po%o ensandecido. 1hamou mui!os homens do Es!ado 'el%a"em e uma ba!alha mui!o san"ren!a acon!eceu. -o 3inal des!a, o /a"o dos /a"os ha%ia %encido, e a ma"ia 3oi di%idida assim como ele planeja%a. 4oi 3ormado o Primeiro 1onselho dos /a"os, liderado por E!hero, & /a"o dos /a"os. Es!e canali7ou a ma"ia em cinco pon!os dis!in!os, 3ormando o clSssico Fuin!o ddE!hero.
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E E!hero selou a men!e na pon!a do -rco Primeiro, o esp ri!o na 1obra das Es3eras, a palma no c rculo 9ue 3im nenhum !em, o condão na pon!a do -rco 'e"undo e o cajado na 3orça 9ue 3o"e do -rco 'e"undo. E o Fuin!o ddE!hero passou a re"er a ma"ia a par!ir da . 1ada jo%em 9ue nascesse com o dom da ma"ia podia escolher 9ual par!e do Fuin!o ele iria liber!ar, e "anharia sua primeira arma. E disse E!hero# &+os que escolhe( a (ente, dee(!lhes o cantil, e que a '-ua dali se%a #ara eles o ref.-io eterno, que lhes li)rar' a (ente dos #ensa(entos ino#ortunos.*

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&+os que escolhe( a #al(a, dee(!lhes a lu)a, e que essa se%a o escudo #ara eles e que se%a a inibidora do ataque indese%ado.* &+os que escolhe( o es#írito, dee(!lhes a b.ssola, e que ela se(#re a#onte #ara aquele e( que ele #ode (ais confiar.* &+os que escolhe( ca%ado, dee(!lhes o ca%ado, e que este sir)a #ara que os ani(ais )enha( ao seu cha(ado e que ele crie suas #ró#rias es#/cies.* &+os que escolhe( cond0o, dee(!lhes a )arinha, e que esta te sir)a #ara canali1ar tua (a-ia e ser)ir o (undo co( teus encanta(entos.* E como E!hero assim mandou, a par!ir da !odo jo%em, 9ue nascesse mS"ico, podia liber!ar uma par!e do Fuin!o e receberia um presen!e para iniciar sua jornada. -o nascer, !oda criança mS"ica de 4iji !eria seus olhos 3echados e sV se abririam apVs sol!ar sua par!e do Fuin!o. E disse E!hero# 2ue a (ente tenha os olhos cin1as, co(o o #a#el de#ois de quei(ar!se3 2ue a #al(a tenha os olhos alaran%ados, co(o o fo-o ardendo quente3 2ue o es#írito tenha os olhos brancos, co(o a ne)e e( sua estreia3 2ue o ca%ado tenha os olhos )er(elhos, co(o o san-ue que %orra da #u(a de#ois da caçada3 2ue o cond0o tenha os olhos a(arelos, co(o o ouro que )ale tanto quanto #ode3*

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E 9ue a9ueles 9ue ma"ia nenhuma !em, !enham !eus olhos aber!os mesmo 9ue não liber!em nada, pois não hS nada a liber!ar. E 9ue eles !enham seus olhos a7uis, cas!anhos ou ne"ros, mas nunca das cores 9ue um ma"o !erS. Página Terceira — A Desgraça, O Encanto e o Claral 4oram mui!os anos depois da criação de 4iji# um jo%em conse"uiu 9uebrar !odo o Fuin!o ddE!hero e !ornou2se poderoso demais. Ele jo"ou sobre &ppos & Encan!o, e condenou a cidade a um e!erno caos. En!re!an!o, ele 3u"iu e sV poderia encerrar2se o caos se o jo%em %iesse a morrer e o Fuin!o deca sse sobre ele no%amen!e, de uma %e7 por !odas. - des"raça era 3ru!o da "uerra de crenças em dois deuses di3eren!es# 1a!herine e Jbor. -s duas par!es de 4iji lu!a%am pois uma delas acredi!a%a 9ue o criador era Jbor e a ou!ra acredi!a%a 9ue era 1a!herine. /as a"ora a "rande maioria acha%a 9ue não ha%ia criador coisa al"uma. En!ão, dian!e da "rande "uerra 9ue se 3orma%a, 3oi 3ormado o 1laral, compos!o pelos jo%ens desi"nados para serem 4ilhos do 'ol, imor!ais, e lu!arem para curar os 3eridos, en!ender os desamparados, "uiar os desorien!ados e ajudar os 9ue necessi!am. 4oi dado aos 4ilhos do 'ol o poder de curar, e de mudar as pessoas de lu"ar, mandando2as a!ra%6s do espaço para onde eles 9uiserem. Eles, en!re!an!o, não podiam se !ranspor!ar como !ranspor!a%am os ou!ros, mas podiam sumir sempre 9ue iluminados pelo 'ol, e aparecer onde 9uer 9ue o 'ol ba!esse, es!e dom, de sumir nos raios de 'ol, recebeu o nome de 1arona das <u7es. - noi!e, era en!ão, o per odo mais sombrio, pois não con!a%a com raio de 'ol al"um. & 1laral não permaneceu na mais absolu!a pa7, pois al"uns dos 9ue recebiam os poderes !orna%am2se "ananciosos demais, e par!icipa%am de ri!uais sombrios, com ma"os 9ue me\iam em sua men!e e poderes. 4oram 3ormados os 4ilhos da <ua, 9ue ao in%6s de
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3echar as 3eridas, as abriam. Fue ao con!rSrio dos 4ilhos do 'ol, 9ue en!endiam os desamparados, os da <ua os !orna%am ainda mais desnor!eados, 3a7iam os perdidos !omarem o caminho errado e prejudica%am 9uem es!a%a precisando de ajuda. & poder de en%iar pessoas de um lu"ar ao ou!ro não 3oi a3e!ado, e nem podia ser usado para o mal, pois !an!o para os 4ilhos do 'ol, 9uan!o para os 4ilhos da <ua, sV podiam mo%er 9uem 9uisesse ser mo%ido. &s membros rebeldes do 1laral ainda podiam sumir nos raios da <ua, e aparecer de no%o em 9ual9uer lu"ar 9ue ela banhasse com seu brilho. En!re!an!o, ao !erem seus poderes in%er!idos, perderam a imor!alidade dos 4ilhos do 'ol, e assim os 4ilhos da <ua !ornaram2se ap!os a morrer. O Sonhador -pareceu en!ão o "aro!o com um dom di3eren!e, 9ue podia usar seus olhos para %er as coisas ali, onde ele es!a%a, mas em 9ual9uer 6poca do mundo. Ele !inha os olhos comple!amen!e ne"ros, nem mesmo onde em !odas as pessoas 6 branco, nele era, pois era despro%ido de ris, como uma es3era de pedra ne"ra den!ro das 3endas 9ue eram os olhos dele. 1hama%a2se *an e podia sumir e reaparecer sem 3a7er barulho al"um. Era imposs %el ma!S2lo ou 3eri2lo por9ue ele sabia e\a!amen!e o 9ue %ocU ia 3a7er an!es de 3a7U2lo. -ssim podia e%i!ar a mor!e com mui!a 3acilidade. Tinha con!role absolu!o sobre os poderes e men!e das pessoas, mas não usa%a seus poderes para derro!ar o lado mau da "uerra, pois a lu!a não era dele, e ele não era bom nem mau. Es!e "aro!o recebeu o ! !ulo de f'onhadorf. Página Quarta — As ilhas de i!i E desde 9ue 4iji se !em por mS"ica, hS dois seres 9ue re"em o e9uil brio des!e mundo, são chamados 4ilhos de 4iji, e são irmãos. - /or!e, 9ue a!ende pelo nome de $63er, 6 ma!eriali7ada em uma moça al!a, de cabelos lon"os e ne"ros, com olheiras mui!o 3or!es e

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olhos escuros. Asa um %es!ido pre!o 9ue se des3ia comple!amen!e nas pon!as, mas 6 !ão lon"o 9ue nunca se %eem os p6s dela. Es!S o !empo !odo le%i!ando, e parece 9ue o %es!ido es!S submerso em S"ua, %is!o 9ue oscila no ar como se i"norasse a "ra%idade. -o chorar sobre al"u6m, a pessoa morre ins!an!aneamen!e. 'omen!e 9uem morre pode %U2la %indo, ela pode desaparecer em um lu"ar e aparecer em ou!ro 9uando 9uiser. - %ida, 9ue a!ende pelo nome de $iia, 6 ma!eriali7ada em uma moça bai\a, de cabelos lon"os e loiros. 'e olhar para os olhos dela de per!o, %erS um arco2 ris lS den!ro. Ela nunca usa roupas e !amb6m pode le%i!ar. Em 4iji nenhum bebU le%a palmadas para chorar# !odos esperam $iia %ir para !ocS2lo e dar2lhe o sopro de %ida e saTde 9ue le%arS para a %ida !oda. Página Quinta — O Primeiro "ago Era mui!o 9uen!e em '_plen%on 9uando nasceu Ke%e] Balab. -!6 a9uele momen!o a ma"ia per!encia aos 3inparUo, aos dra"Yes e a simples lendas, coisas 9ue eram di!as e 9ue nunca !al%e7 !enham acon!ecido. /ui!o pouco se sabia e a ma"ia era di%ini7ada, era absurda a ideia de 9ue um homem, um pobre homem como nVs, poderia um dia domar a ma"ia ao seu pra7er. Es!e homem 3oi Ke%e]. - 3orma como hoje con!amos os anos, par!e a milhares do 9ue um dia !e%e de ser um 7ero. Ke%e] Balab 3oi es!e 7ero, o ano em 9ue ele nasceu. 'eus pais eram descenden!es do po%o %idraceiro, 9ue a!6 en!ão era ajudado por 4ahs e não conse"uia moldar o %idro com sua prVpria ar!e. Eles anda%am pelo deser!o a!6 encon!rarem uma re"ião um pouco mais Tmida, um lu"ar onde poderia nascer um cac!o 9ue 3osse. Esse lu"ar 3oi onde nasceu o menino e hoje es!e lu"ar chama2 se /aspe!. & menino !inha seus olhos morenos como os olhos do pai, mas o cen!ro des!as orbes, suas pupilas, eram brancas como a ne%e 9ue sua mãe nunca !inha %is!o. *sso era curioso, mas passou despercebido.

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-o passar do !empo, com o pe9ueno acampamen!o 9ue começa%a a crescer na9uela re"ião menos des6r!ica, uma cidade se desen%ol%eu com os anos. E em um dos casamen!os 9ue hou%e, meio ao po%o 9ue ali crescia, Ke%e] 3e7 a !erra abrir2se e a !erra en"oliu uma pe9uena choupana. 4icaram eles mui!o bra%os, mas não sabiam 9ue a9uilo era obra de um homem e 9ue es!e homem era um ma"o. -!6 en!ão, não ha%ia ma"o al"um, mas começa%am a nascer crianças na9uele lu"ar 9ue !inham os olhos !ais 9uais os do ma"o e elas mais !arde descobririam 9ue era mS"icas como ele. 4oi aos !rin!a e !rUs anos 9ue Ke%e] começou a in%en!ar por si mesmo o 9ue 9ueria 3a7er com a9uela capacidade 9ue lhe 3lu a pelo corpo. $ão mais ele se rendia ao 9ue parecia lhe o3erecer con!role, mas ordena%a con!role sobre a na!ure7a e ela a ele cedia. A #ni$icaç%o de i!i Ke%e] %iu os pe9uenos ma"os crescerem e ele !inha esperança neles 9ue 3ossem ser como ele. E 9uando cresceram ele lhes ensinou mui!o do 9ue sabia e !amb6m 3oi 3ei!o isso com os 9ue nasceram mais !arde e lo"o ha%ia uma le"ião e essa le"ião obedecia Balab como a um mes!re. Ele jun!ou es!es homens e eles criaram da !erra ca%alos e da S"ua 3i7eram S"uias e eles começaram a mo%er2se, por9ue o seu mes!re 9ueria descobrir o 9ue !inha al6m da areia e a!6 onde ia a !erra. E 3oi para o sul 9ue começaram indo, a!6 9ue encon!raram um rio e, na ou!ra mar"em des!e rio, um po%o. Es!e po%o dia e noi!e lu!a%a como se se preparasse para a "uerra e eles !odos !inham armas. Era di3 cil %er um arco, mas ha%ia en!re eles al"uns ar9ueiros. Ke%e] mandou 9ue acampassem ren!e [ mar"e e 9ue não mos!rassem seus poderes e assim eles 3i7eram, chamando bri"a com os ou!ros 9ue lS es!a%am, 9ue 3icaram ner%osos e respondiam ameaçadores. $o ou!ro dia Ke%e] en!ão ordenou 9ue a lu!a começasse, e os dois acampamen!os se ba!eram em uma lu!a san"ren!a, mas

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surpreenden!e# no meio da lu!a, Ke%e] deu o sinal e !odos os ma"os começaram a u!ili7ar de seus poderes, dei\ando o ou!ro po%o es!arrecido com a9uilo e como a9uilo era sobrena!ural. & po%o recuou e perdeu o con!role do rio, !endo de armar acampamen!o no%amen!e mui!o a!rSs. Es!e no%o acampamen!o %eio a !ornar2se &badin, e o primeiro acampamen!o, na mar"em onde Balab e os seus ha%iam acampado, !ornou2se &ppos. Ke%e] !en!ou mais !arde a!acar no%amen!e a9uele po%o, 9ue a"ora !reina%a ainda mais. /as os &badianos des!a %e7 o surpreenderam no%amen!e e %enceram os seus ma"os, com uma !6cnica 9ue ainda mui!o cresceria a!6 se !ornar a an!ima"ia. Es!a%a es!abili7ado o (eino de &badin. A &ist'ria de (aonta 1on!udo, Ke%e] ha%ia desmembrado seu e\6rci!o e en%iado os 9ue melhor lida%am com animais pela cos!a, ren!e [ praia. Es!es de%eriam ir [ cos!a do !erri!Vrio inimi"o, pela sua re!a"uarda. 1on!udo, não era sabido o 9uão lon"e isso poderia ir, pois Ke%e] acredi!a%a 9ue 3al!a%a mui!o pouco para se encon!rar a cos!a les!e. Es!a%a en"anado, pois os seus ca%aleiros con!inuaram a se"uir por dias e noi!es, 3i6is [ sua ordem, a!6 encon!rarem a praia da cos!a les!e. Eles %iram na ou!ra mar"em uma ilha e por!an!o 3i7eram com sua ma"ia uma "i"an!esca baleia, 9ue lhes le%ou a!6 o ou!ro lado e lS eles 3undaram a cidade de Kaon!a. & rei de &badin mui!o %alor %ia nas !6cnicas mS"icas de Ke%e], mas não sabia como poderia !ra7U2las para seu e\6rci!o. 4oi 9uando ob!e%e no! cias do 9ue acon!ecia em Kaon!a e lo"o in!eressou2se pelo !erri!Vrio. Ele en%iou para lS seus e\6rci!os e um 3urioso emba!e acon!eceu. Fuando os po%os !6cnicos %enceram os ma"os 9ue lS es!a%am, 3undaram um local de es!udo e !rou\eram !odos os homens da ilha para o e\6rci!o de &badin. -pesar disso, eles dei\aram as mulheres de lado. Elas eram
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poderosas demais, por6m, e lo"o rebelaram2se con!ra a9uela !raição e lu!aram por uma ilho!a de Kaon!a, 9ue, pela %i!Vria des!as bra%as "uerreiras, !ornou2se o Terri!Vrio -u!^nomo do 1lã, onde hoje residem as mais poderosas ma"as do cajado de !oda 4iji. O Encontro com os "elttos & po%o de Kaon!a começa a 3a7er barcos para o e\6rci!o de &badin, pois era de "rande in!eresse esse aspec!o na%al na par!e do rei. 1on!udo, não demorou a!6 9ue se encon!rassem em uma praia os ma"os de Kaon!a com seres es!ranhos 9ue %inham de !erras dis!an!es. Eles !inham um "Ss colorido saindo sempre pela roupa e poderes mS"icos 9ue surpreendiam a!6 mesmo os prVprios ma"os. Eles eram pos!eriores a Ke%e], mas o 9ue surpreendia era a 9ualidade de seus barcos e de seus e9uipamen!os. Eles le%am os ma"os de Kaon!a para sua !erra na!al, a *lha de Bensi, onde eles conhecem uma !erra de pro"resso in!elec!ual mara%ilhoso. Por almejar as melhorias nos barcos 9ue Bensi promo%eria, o rei de &badin dS a%al a uma cooperação, en!ão no pon!o in!ermediSrio onde se encon!ra%am sempre os po%os de Kaon!a e Bensi, 3unda2se a cidade de *leber!a, onde 6 cons!ru do um "i"an!esco 3arol. & clã de Ke%e], con!udo, jS ha%ia se reunido de %ol!a e ele a"ora ia para o les!e. -o encon!rar essa cidade 3undada pelos !raidores 9ue lu!aram a!6 con!ra as 3i6is ma"as do cajado, 9uase precipi!a2se uma "uerra, mas Balab in!errompe curioso com os mel!!os. Ele analisa e es!uda os poderes da9uelas cria!uras e 3ica 3ascinado !amb6m com a in!eli"Uncia de seu po%o. 1om isso sal%a2se a cidade de *leber!S e Ke%e] %ai para o nordes!e com seu clã, onde eles descobrem o es!ado de Ben"lo!o, reple!o de cidades ar9ui!e!^nicas, desen%ol%idas, irri"adas e com biblio!ecas e pol !icos. & ma"o percebe na9uilo a base 9ue precisa%a para os seus planos de uni3icar 4iji, e !ra7 consi"o pensadores pol !icos para /aspe!, onde eles 3icam por anos a!6 9ue Ke%e] marcha para o nor!e.

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O Desco)rimento do *orte e a undaç%o da Es+lanada N che"ando na cos!a nor!e 9ue Ke%e] descobre %ilarejos de pessoas 9ue ainda não !inham uma or"ani7ação, %i%endo uma %ida rudimen!ar. Ele dS a elas ins!ruçYes e dei\a com elas ma"os 9ue iriam en!ão melhorar a 9ualidade do lu"ar. N al na9uele local 9ue o ma"o !rabalha mais no sen!ido da uni3icação, 3a7endo de Cansen um !erri!Vrio 9ue para sempre seria um 3or!e aliado de '_plen%on. Tal ajuda dos ma"os e dos pensadores 9ue %inham de Ben"lo!o permi!iu 9ue a mineração crescesse em Cansen, onde 3oi descober!a a primeira mina de sin!!h_, um me!al a!6 en!ão desconhecido. *sso ala%ancou considera%elmen!e o mercado de produção de armas em Ben"loo, onde a ar!e da 3orja crescia, pois em Cansen ha%iam minas de !odo !ipo de me!al. ,o nor!e par!em barcos de Bensi 9ue le%a%am pensadores e o clã de Balab !amb6m. Esses pensadores circundam a ilha passando pela cos!a oes!e, onde Ke%e] ainda não ha%ia passado. -inda era desconhecido o 9ue ha%ia lS, embora 3osse %is %el 9ue ha%ia sim uma ci%ili7ação no lu"ar. Eles encon!ram o -r9uip6la"o de Canshe!o, 9ue a!6 en!ão es!a%a in!ocado, e lS eles 3undam a ins!i!uição pol !ica 9ue, sob o acordo en!re Ke%e] e !odos os ou!ros l deres 9ue ha%ia encon!rado, incluindo o rei de &badin, reinaria sobre !oda a ilha# a Esplanada de 4iji. 4iji era e 6 um sonho dis3Vrico.

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A DÚVIDA QUE GUIA A VERDADE
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E!hero, & /a"o dos /a"os %iu 4iji e era bom. ,i%idido & Fuin!o,
as no%as crianças nascidas em meio [9uilo, !odas emana%am uma "rande ener"ia, uma ener"ia cen!rada e ma"ncnima. /as, al"o ardia em seu pei!o. Ama dor ine\plicS%el 9ue nem mesmo os m6dicos puderam di7er. E!hero en!ão despiu seu !ronco e %iu uma mancha em seu pei!o, uma 9ue era de nascença, mas, 9ue a"ora ardia. Era como um pr6%io a%iso de 3im de seus !empos. E E!hero obser%ou os sVis de 4iji e suas luas. Eram boas. E a pa7 ins!aurada. - marca nenhum ou!ro !inha, e somen!e !rUs pessoas !inham conhecimen!o# *an, Ke%e] e o prVprio E!hero. :ou%e o dia em 9ue sur"iu um "aro!o em meio ao nada e era conhecido por ser & 'onhador. E E!hero, -u"us!o de 4iji o %iu como ameaça ao po%o, por9ue era desconhecido e possu a poderes não es!udados. & primeiro con!a!o cer!eiro recebeu a ne"ação# *an jamais permi!iria 9ue es!udasse seus poderes. E E!hero não poderia permi!ir 9ue um ser !ão poderoso re!ornasse [ ele%ar a ideia do caos an!erior ao Fuin!o. En!ão, desa3iou *an para um duelo, onde %eria seus poderes em ação. *n3eli7men!e E!hero não !e%e mais de dois se"undos no duelo# *an apon!ou o dedo para a marca de nascença e uma dor 3ulminan!e como ou!rora anunciada !omou con!a de seu c6rebro, de seus ner%os, de suas %eias e suas ar!6rias, e pul%eri7ado e em
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par! culas, E!hero e\plodiu ren!e ao uni%erso e c6u de 4iji, %is!o por !odos 9ue acompanharam o duelo. /orria o herVi de "uerra dos *ncendiSrios e o Pai do Fuin!o. E *an, -u"us!o, re!irou2se da cena como o %en!o 9ue sopra# in%is %el. 14 de (arço de uo!(arte, 5to#ia – "##os. ApVs a9uele sonho onde E!hero e\plodia em micro par! culas, -udre5 deu um pulo da cama. 1oçou os olhos e esperou es!ar em casa, onde sua mãe ba!ia cinco %e7es na por!a para desper!S2 la. /as, encon!rou o domic lio de /a]arios, o seu 9uar!o. Es!apeou seu prVprio ros!o !en!ando desper!ar da9uele maldi!o pesadelo, parecia !udo uma "rande men!ira. 4iji, onde a %ida 6 a e\!ensão de seu sonho. W /aldi!a seja a Sr%ore 9ue desper!ou a9uela ma"ia pro3unda... Por!al. W balbuciou irri!adiça, jo"ando o !ra%esseiro con!ra a parede. Ba!eu a cabeça na cabeceira da cama odiando sua %ida. 1inco ba!idas na por!a. E em se"uida os cabelos de /a]arios mui!o des"renhados e seu !ronco nu. -udre5 percebeu seu corpo de3inido e ma"ro e seu ar um !an!o en%er"onhado. W Bom dia... W -udre5 cobriu2se com o edredom e obser%ou /a]arios en!rar no recin!o. /a]arios usa%a apenas uma calça de mole!om branca, seus p6s es!a%am descalços e !ra7ia consi"o um jornal "rande onde es!ampado es!a%a na primeira capa o me!eoro do dia an!erior. Co"ou o jornal na cama e abriu seu close! onde mos!rou uma porção de roupas idUn!icas [s 9ue %es!ia 9uando encon!rou -udre5 pela primeira %e7. W & 9ue 6 issoZ W -udre5 pe"ou o jornal, curiosa pela ma!6ria. W 1orreio de 'an!lg. ,S uma lida. E en9uan!o -udre5 lia, /a]arios se %es!ia. Fuando en3im parecia em per3ei!o es!ado, da mesma 3orma 9ue ela ha%ia o conhecido, -udre5 dei!ou o jornal sob a cama, obser%ando o homem [ sua 3ren!e.
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W )ocUs não cos!umam di7er aBom diab em 4ijiZ W + 6a#osa se foi. -udre5 por um momen!o 3icou a!^ni!a, chocada com a9uelas pala%ras. Teria /a]arios con!role sob a men!eZ Es!a%a espiando seus sonhos an!eriores mesmo sem !er ido [ 4ijiZ 1omo sabia da raposaZ W - raposa 3oi para ondeZ W N uma e\pressão para &+ lua se foi7Bo( dia* W e\plicou /a]arios abo!oando as man"as de sua camisa e ajei!ando seu colarinho. Parecia um %erdadeiro a"en!e do "o%erno. -udre5 assen!iu silenciosamen!e, percebendo o 9uan!o de%eria aprender da9uele mundo. W $unca caiu um me!eoro por a9uiZ W $ão. - as!ronomia de nosso pa s pode a!6 ser a%ançada, mas, hS "rande desin!eresse da população e por isso do "o%erno. 1er!amen!e al"u6m pre%iu isso ou pre%U, mas... W... /asZ W )ocU leu o jornalZ W /a]arios sen!ou2se na cama en9uan!o calça%a as lon"as bo!as de couro pre!o com 3i%elas de pra!a. W )ermaho 3oi pelos aresX & "o%erno disse 9ue não pode 3a7er nada sobre isso. E no%os me!eoros es!ão pre%is!os para cair, o Tl!imo dia 9ua!ro de abril. & 9ue 6 curioso... W 1uriosoZ W -udre5 cru7ou os braços e recos!ou seu corpo [ cabeceira da cama. W &n!em, dia 1I de março 6 dia comemora!i%o da criação de 4iji. *n cio da *lha, da ma"ia e da %ida a9ui. E dia 9ua!ro de abril 6 dia de 1a!herine. - deusa do caos, do po%o do bairro de ,es%en!ura, da raposa... 6a#osa. eusa da 6a#osa. (epe!iu men!almen!e -udre5. W 'abe o 9ue ocorre 9uando uma cidade !oda 6 des!ru da e o "o%erno não pode 3a7er nadaZ -udre5 deu de ombros, a9uilo era um !es!eZ W &lhe pela janela. W /a]arios apon!ou a janela do 9uar!o, 9ue mesmo pe9uena da%a uma per3ei!a %isão sobre o bairro de ,es%en!ura. -udre5 se le%an!ou, enrolada no edredom, por9ue es!a%a de
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camisola. ,esembaçou o %idro da janela com a pon!a do edredom e obser%ou uma "rande 3o"ueira e 3umaça ne"ra 9ue subiam aos c6us. A!opia permanecia silenciada pelo c6u ne%oeiro de 4iji. W 4i7eram uma 3o"ueira, e a Z /a]arios riu e calçou as lu%as ne"ras com os s mbolos lunares e pen!eou os cabelos mais uma %e7, dei\ando2os asseados, es!a%a en!ão um no%o homem por comple!o. W -9uilo, minha 9uerida, são corpos e uma carrua"em incinerados. 1olocaram 3o"o em pessoas, mon!arias e carrua"ens. Es!ado de caos em ,es%en!ura. W E o "o%ernoZ W - EsplanadaZ W /a]arios repe!iu en9uan!o caminha%a pelo 9uar!o e se"ura%a o jornal en!re as mãos W Bem, - Esplanada di7 9ue a"irS silenciosamen!e em !odos os casos. & 9ue si"ni3ica 9ue eles es!ão en!re nVs, mas, não os %eremos. 4ei!o sombras 9uando a lua es!S no%a. E por isso precisamos ir. W *rZ W -udre5 se amparou na cama para não cair, suas pernas !remiam. W )ocU 9uer 9ue eu saia lS 3oraZ W $ão passaremos por ,es%en!ura. *remos para o Por!o de 4iji e de lS para a Esplanada. W E por 9uUZ W )ocU 6 no%a a9ui. Precisa se re"is!rar e receber o seu obje!o do Fuin!o. 'e 3or o esp ri!o... W... Ama bTssola. W ela respondeu imedia!amen!e, mos!rando 9ue ha%ia compreendido. /a]arios assen!iu. W Ei, por9ue es!ou de camisolaZ W -udre5 se lembrou 9ue na noi!e an!erior es!i%era no so3S mui!o bem %es!ida e repen!inamen!e es!a%a na cama de camisola, era no m nimo preocupan!e. W (ela\a mulher. W /a]arios se apro\imou e se cur%ou, dei\ando seu ros!o prV\imo ao de -udre5 9ue mordeu os lSbios e %irou o ros!o manhosamen!e, ele apro%ei!ou para sussurrar em seus ou%idos# W Camais 3aria al"o a %ocU caso não permi!isse. E a3inal de con!as, %ocU não 3a7 meu !ipo. -udre5 pe"ou o edredom e jo"ou em cima dele, ba"unçando

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seus cabelos por comple!o e o jo"ou na cama o dando al"uns !apas en9uan!o ria, /a]arios permaneceu na de3ensi%a, se de3endendo dos "olpes e a!encioso aos mo%imen!os es!ranhamen!e repen!inos. /a]arios no mo%imen!o mais cer!eiro a"arrou2a pelos braços e a %irou con!ra a cama, a dei\ando comple!amen!e imobili7ada. ,esceu seu ros!o an!e o dela e 3i\ou seus olhos nos es%erdeados dela 9ue es!a%am desbo!ando para a %erdadeira cor 9ue assumiria em 4iji. W Tira essa camisola... W /a]arios disse para a surpresa de -udre5 9ue iria lo"o con!rapor numa ne"a!i%a W E %es!e al"o decen!e. 'a mos em cinco minu!os. W comple!ou e a sol!ou. Pe"ou a esco%a no%amen!e e %ol!ou a pen!ear os cabelos. W E pare de in3rin"ir as leis. )ocU es!S %andali7ando. /a]arios abriu a por!a e saiu marchando %alen!emen!e a!6 o jardim onde es!a%a Pa!l5, mui!o saudS%el e animado. -udre5 por sua %e7 saiu com a esco%a em mãos pen!eando o cabelo sem parar, ainda não es!a%a pron!a e /a]arios não li"a%a. - pon!ualidade si"ni3ica%a al"o e\!remamen!e impor!an!e em 4iji. W N !ão cedo, o sol nem nasceu direi!oX W -udre5 reclamou indo a!rSs. Asa%a por cima das roupas do dia an!erior um lon"o sobre!udo empres!ado por /a]arios. W 'erS !arde e o sol não nascerS. -9ui o sol se esconde por de!rSs da n6%oa e das nu%ens. 'ão seis horas da manhã. @s !rUs da !arde o c6u con!inuarS assim, sempre 3oi e serS assim. W respondeu /a]arios impacien!e e mon!ou o seu amado ca%alo. W )ocU não irS !rancar a por!aZ W -udre5 apon!ou para !rSs en9uan!o "uarda%a a esco%a em um dos bolsos do sobre!udo. W )ocU pode !rancar, se desejar. Em A!opia raramen!e hS assal!os. E os bandidos de &ppos 9uando 9uerem en!rar em uma casa não são impedidos por uma 3echadura. Pode !rancar duas %e7es, colocar madeiras em 3ren!e, selar por ma"ia... Eles darão um jei!o de arrombar a casa e pene!rS2la. Por isso !emos um banco# !udo o 9ue 6 preciso 6 "uardado lS. $o domic lio dei\amos o 9ue !odos !em. $in"u6m rouba o 9ue !em, sV o 9ue os!en!a os olhos por preciosidade e raridade.

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-udre5 deu de ombros e mon!ou no ca%alo sem a ajuda de /a]arios. 1on3or!ou2se a!rSs dele e se"urou le%emen!e em sua cin!ura. & rapa7 corri"iu e se"urou as mãos dela com 3irme7a, 3a7endo2a 3icar mui!o bem a"arrada [ sua cin!ura. W Pa!l5 não conhece o !ermo ade%a"arb. W sussurrou an!es do disparo 3ei!o um !iro. 1he"ando ao Por!o de &ppos, Pa!l5 ca%al"ou li%remen!e de %ol!a para casa. /a]arios disse2lhe 9ue liber!os, os animais demons!ram sua sa!is3ação# se re!ornam, realmen!e per!encem ao dono, caso sumam 6 por9ue não se sen!iam bem. &s animais re3le!em em sua liberdade o 9ue sen!em pelos donos. Pe"aram uma barca para o -r9uip6la"o -u!^nomo de Canshe!o e não demoraram mui!o para che"ar [ seu des!ino, no mapa apresen!ado na barca o local 3ica%a dis!an!e, mas, não demoraram mais de meia hora, hou%e cer!amen!e in!er%enção de ma"ia. 1he"ando [ pe9uena ilha, %iram um pr6dio "lorioso 3ei!o comple!amen!e de %idro. :a%ia de7 andares abai\o do solo e de7 andares acima dele. -o descer da barca e se apro\imar, -udre5 percebeu a areia de praia por !odo o can!o e ao cen!ro da pe9uena ilha a cons!rução 9ue apresen!a%a desde jS mo%imen!o dos !rabalhadores 9ue che"a%am ao local e ou!ros sa am. ,isse /a]arios 9ue a Esplanada nunca para%a, 3unciona%a o !empo !odo, inclusi%e em 3eriados. - Esplanada era o c6rebro do "o%erno de !oda - .rande *lha de 4iji. E ali, crianças, adul!os e %elhos, pessoas de !oda cor e de di%ersas cores de olhos en!ra%am e sa am [ !odo ins!an!e. W &nde de%o irZ W -udre5 es!a%a bo9uiaber!a e admirada com !al presença do poder cen!rali7ado. W Parlamen!o dos /a"os. W /a]arios respondeu secamen!e. W ,esculpe2me... W -udre5 abai\ou a cabeça por um ins!an!e. W Pelo 9uUZ W /a]arios olhou para os lados, "uardou as mãos no bolso e olhou o c6u. W Es!S perdendo o !rabalho... E !odo esse inc^modo... -cho

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9ue não merece. W -cha 9ue es!ou obri"adoZ -corren!adoZ W /a]arios reba!eu imedia!amen!e. W $ão es!ou 3a7endo por %ocU. )ocU 6 uma nin"u6m 9ue che"ou [ nossa !erra em meio [ um desas!re. $ossas leis nos ensinaram [ ser caridosos e cuidadosos com os imi"ran!es. E 6 isso o 9ue %ocU 6. -pVs sair da9ui, poderei me %er li%re de %ocU. E 6 por isso 9ue a es!ou ajudando. -udre5 parou en9uan!o obser%a%a /a]arios se"uir. Es!u3ou o pei!o e er"ueu o ros!o. -9uele !apa em seu carS!er ardeu na9uele momen!o, mas, res!aurou sua di"nidade. (e!irou o sobre!udo e jo"ou [s cos!as dele e se"uiu adian!e %es!ida com a9uela !Tnica branca a 9ual sur"iu consi"o em 4iji, ainda 9ue sen!isse 3rio. /a]arios !en!ou acompanhS2la, mas, -udre5 es!a%a decidida a não precisar mais dos 3a%ores da9uele homem. -!ra%essou o por!al 9ue não possu a nenhum "uarda ou pro!e!or. Encon!rou uma recepção com uma "aro!a !ediosa. &lhou o mural e %iu onde se locali7a%a as salas dis!ribu das pelos andares. Parlamen!o dos /a"os# assun!os sobre & Fuin!o ddE!hero Parlamen!o da /adeira# assun!os sobre os T6cnicos Parlamen!o do Eclipse# assun!os reli"iosos e as!ron^micos Parlamen!o do 1 rculo# assun!os de economia, se"urança e leis Parlamen!o de Todos os &lhos# !odos os assun!os para deba!e Parlamen!o do Tesouro# assun!os de dinheiro, impos!os e al%arS ,ecidida, marchou para o primeiro parlamen!o, o dos ma"os, por9ue o !empo !odo ou%ia 3alar de E!hero a9ui... E!hero lS... /a"o dos ma"os... ,esceu o Tl!imo andar, a-ndar ,6cimo sob a S"uab. & ele%ador de %idro era a!errori7an!e por9ue podia %er as en"rena"ens 9ue o 3a7ia descer e !udo o 9ue ocorria 3ora do ele%ador pelas salas e escri!Vrios da Esplanada. Era !udo %is %el e %erdadeiro. <embrou2se na9uele ins!an!e do lema encon!rado na recepção# a-9ui não hS corrupçãob. & chão do d6cimo andar sob a S"ua era rochoso e chamas de !odas as cores ilumina%am o caminho, elas 3lu!ua%am [ al!ura das

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pessoas 9ue ali caminha%am e 9ue 9uando olha%am sob a chama, %iam sua %ida num es!S"io passado ou 3u!uro. Ama ca%erna se des!aca%a lo"o mais [ 3ren!e e ali -udre5 en!rou. &bser%ou uma ccmara "i"an!esca com uma bancada de !ribunal lo"o mais [ 3ren!e com cinco !ronos 9ue 3ei!o pos!es de lu7 subiam ao al!o e ali permaneciam. - ccmara circular, ao seu redor, possu a bancadas 9ue se"uiam as paredes. W Bom diaX W pro3eriu um homem pançudo, cabelos par!idos ao meio e Vculos redondos. 'eu nari7 era uma %erdadeira ba!a!a. Ele !ra7ia consi"o uma %arinha e como de pra\e, seus olhos eram amarelos. 'eu nome era -7ru Te5el, & 1onjurador. 1om um aceno de %arinha o homem 3e7 o !rono se cur%ar dian!e de si e sen!ou2se nele e imedia!amen!e ele %ol!ou ao seu lu"ar. $esse !rono ha%ia o s mbolo do condão. <o"o apVs, um menino e uma menina, ambos de 9uin7e anos de idade en!raram. 'eus cabelos eram a7uis e ele !ra7ia consi"o um can!il e ela lu%as, eram "Umeos. ,enner e ,eller '!rous, &s .Umeos do Parlamen!o. Camais se separa%am, por isso receberam esse ! !ulo. E ambos sen!aram nos !ronos respec!i%os ao 9ue represen!a%am. E en!ão, ,enner sacudiu um man!o 9ue re!irara de al"um can!o e de onde ha%ia o ar, sur"iu sen!ado 'e!h &8en, & 1aos. Am rapa7 de cabelos loiros ba"unçados e %es!es ne"ras, mui!os an6is em mãos e um colar 9ue represen!a%a 1a!herine. 1ru7ou as pernas e uniu as mãos como se dei!asse sob o !rono com descaso [ 9ual9uer coisa. :a%ia um !rono desocupado. E -udre5 ou%iu passos de sal!o al!o %indo de!rSs de si. )irou2se para e\aminar a 3i"ura 9ue sur"ia# uma mulher al!a, com pernas lon"as 9ue se apresen!a%am, jS 9ue a saia da mulher ia somen!e a!6 o joelho. 'eu sal!o al!o era de cris!al. 'eu corpo era ne"ro e em sua cabeça não ha%ia nenhum 3io# era lisa 3ei!o suas pernas. 'e"ura%a um cajado e apresen!a%a um ar sombrio e mis!erioso, %inha acompanhada de /a!!he8 /a]arios. E%a /a]arios, - ) bora era seu nome e ! !ulo. -!rSs dela, um sil%ar sur"ia em meio a sala, lo"o -udre5 cons!a!ou ha%er uma serpen!e se"uindo os ras!ros da mulher. Am "orila sur"iu no !opo do !rono e %Srios macacos deram as mãos, um a um, a!6 pu\ar E%a pelas mãos e

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a colocarem per3ei!amen!e sen!ada. Ela cru7ou as lon"as pernas e sorriu. - serpen!e subiu pelo !rono e se enroscou na cabeça da mulher. E donde ha%ia uma cabeça lisa e uma serpen!e, sur"iram de7enas de cobras 9ue pareciam sair da prVpria rai7 de seu cabelo e !odas sil%a%am sua%emen!e. W E en!ãoZ W E%a 9ues!ionou os cole"as. /a]arios se sen!ou lo"o aos 3undos onde não podia ser %is!o, embora -udre5 soubesse per3ei!amen!e 9ue ele es!i%esse ali. -udre5 <u7 deu al"uns passos [ 3ren!e. &s sen!ados ao !rono obser%aram e souberam de cara 9ue ela era uma imi"ran!e. W Pois não, 9ueridaZ W E%a !omou a inicia!i%a. W &n!em che"uei [ essa !erra... W -udre5 começou, mas, 3ora in!errompida. W )ocU sabe onde es!SZ W 'e!h &8en !omou a inicia!i%a, 3ren!e aos cole"as. W 'im, 4ijiX W e\clamou -udre5 sapien!e dessa 9ues!ão. W $ão, não. W 'e!h &8en 3e7 com a mão 9ue não era isso o 9ue 9ueria saber. W 'abe onde es!S a"ora, a9uiZ W -h sim, na Esplanada. & "o%erno de !oda 4iji. 'e!h &8en pareceu por um se"undo sa!is3ei!o pela respos!a, mas, seu semblan!e não mudou. -poiou seu co!o%elo no braço do !rono e imedia!amen!e apareceu a!rSs de -udre5 a rondando. 'en!iu seu per3ume e encarou seus olhos pro3undamen!e, 3ei!o um %ampiro 9ue deseja su"ar !oda sua alma e esp ri!o. W )ocU acha mesmo 9ue não sabemos nada sobre %ocUZ -udre5 <u7. W 3inali7ou murmurando ao p6 do ou%ido da menina 9ue se arrepiou. W /a"a do Esp ri!o. W anunciou aos cole"as 9ue assen!iram de imedia!o o 3aro precioso do supremo ma"o do Esp ri!o. W /as, di"a2nos, curou um ca%aloZ Parece2me poderes do cajado... & 9ue de !odo 6 curioso, nenhum imi"ran!e jamais 3oi ma"o. E%a se cur%ou sob o !rono. $ão apareceu imedia!amen!e 3ren!e [ -udre5, por9ue não possu a esse poder. En!re!an!o, a serpen!e che3e em sua cabeça desceu [ sua 3ren!e e 3ormou de"raus para 9ue a mulher descesse len!amen!e. - !ia de /a!!e8 /a]arios cru7ou os braços. -s serpen!es em sua cabeça se apro\imaram de

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-udre5. W Ama ma"a do cajado, seu !olo. W discordou do cole"a e começou a andar em c rculos. &s "Umeos 3oram os prV\imos, 9ue num sal!o majes!oso che"aram a!6 o chão e caminharam a!6 -udre5# W /en!e, cer!amen!e. W disse ,enner in!eressado em -udre5. W Palma. W discordou sua irmã, obser%ando as mãos da "aro!a. & "orducho se9uer !en!ou descer, !eria o maior !rabalho para %ol!ar. 4e7 com a mão 9ue não en!raria em desacordo com os cole"as e pe"ou uma pau!a para ler. -credi!a%a pro3undamen!e 9ue um imi"ran!e jamais poderia ser um ma"o, não en!raria nesse deba!e. W Esp ri!o. Eu nunca me en"ano. W disse 'e!h &8en, apon!ando para 9ue !odos de%eriam re!ornar aos seus respec!i%os !ronos. &s "Umeos o 3i7eram lo"o. E%a permaneceu andando em c rculos. W Eu não discordo. W disse E%a num !om solene. W /as, percebe 9ue essa criança aparen!a !er...Z W $ão seja !olaX W reba!eu 'e!h &8en imedia!amen!e. -pon!ou -udre5 e diria al"o, mas, 3ora in!errompido pelo "orducho -7ru Te5el# W Ela %eio [ Esplanada !arde demais. $ormalmen!e não a!endemos os imi"ran!es. E pelo ocorrido de on!em... W ele escolheu bem as pala%ras. W 'eria ela a primeira imi"ran!e ma"aZ 'eria isso um sinalZ 'e!h &8en, & 1aos, bu3ou e desconsiderou o comen!Srio do cole"a. 1errou o cenho e se"urou -udre5 pelo 9uei\o, 3orçando2a a olhS2lo. /a]arios se le%an!ou aos 3undos e a%ançou, suas mãos es!a%am nos bolsos, mas, iria a"ir. W &u !al%e7... W 'e!h olhou dela para /a]arios W Temos uma in!rome!ido manipulando poderes... /a]arios riu ir^nico. W Tudo o 9ue 3i7 3oi apresen!S2la ao ,a!ilo"ra3ado de C., não seja !olo. W e /a]arios se"urou -udre5 pela mão e 'e!h lar"ou o

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9uei\o da "aro!a. W $ão a !ra!e assim... 'e!h assen!iu. $ão por obedecer, mas, por perceber 9ue por um ins!an!e, ha%ia sa do do con!role permi!ido. TocS2la era demais. $ão de%ia. &u... ,e%ia. 'e!h a%ançou con!ra -udre5 e selou seus lSbios aos dela. ,urou menos de um se"undo e em se"uida, -udre5 %oou para um lado e ele para ou!ro. 'e!h se er"ueu do "olpe do encon!ro das ener"ias, surpreso. $um Tnico pulo es!a%a de p6 e res!aurado. -briu os braços, apon!ando para !odo o parlamen!o ; o parlamen!o es!a%a %a7io, sV ha%ia -udre5 e /a!!he8 ali, al6m dos 'enhores do Parlamen!o ; e proclamou en!ão# W Es!amos dian!e de al"u6m cheio de poder. -l"u6m 9ue supera a!6 mesmo o esp ri!o, a men!e, a palma, o cajado e o condão. W re3le!iu o homem. W /as, 6 uma ma"a do Esp ri!o, es!S es!ampado em seus olhos 9ue desbo!am len!amen!e e se 3ormam brancos. E%a assen!iu. -7ru permaneceu calado en9uan!o os "Umeos discu!iam a %eracidade da9uilo, che"aram [ conclusão de 9ue era realmen!e uma imi"ran!e poderosa, al"o jamais %is!o em 4iji. -!6 mesmo eles sV podiam assumir ou!ro poder 9ue não era do seu 9uin!o por !er passado por um processo poderoso para 9uebrar o 9uin!o criado por E!hero em si. W ,i"a2nos, criança, a 9ual 9uin!o %ocU per!enceZ $a9uele ins!an!e a!6 pareceu 9ue -udre5 9uem decidiria a ma"ia 9ue es!a%a em seu san"ue, como se ela pudesse es!ar submissa [ sua %on!ade. $ão compreendia nada da9uilo al6m do 9ue ha%ia lido no ,a!ilo"ra3ado de C., e aparen!a%a mesmo ser uma ma"a do esp ri!o, jS 9ue seus olhos es%erdeados desde a che"ada es!a%am len!amen!e desbo!ando e 3icando brancos. Primeiro acredi!ou ser uma esp6cie de doença, a"ora compreendia 9ue na9uele mundo poderia ser comple!amen!e normal. -udre5 parou pensa!i%a. En!reabriu a boca, mas, in!imidou2 se com 'e!h &8en 9ue a e\aminou um pouco mais de per!o, es!a%a !emerosa com os mo%imen!os 9ue se se"uiriam. $ão sabia o 9ue esperar da9uele homem. -inda não ha%ia compreendido o beijo

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3orçado em seus lSbios, mas, sen!ia 9ue al"o den!ro de si ha%ia adormecido apVs isso, !al%e7 al"um poder. W Esp ri!o. W murmurou. E ao er"uer os olhos eles es!a%am brancos 3ei!o a ne%e, le%emen!e es%erdeados. 'e!h en!ão desapareceu e reapareceu sen!ado em seu !rono de pernas cru7adas. W $unca es!ou errado. W proclamou %i!orioso. W Em seu bolso, hS uma bTssola. W a orien!ou, apon!ando o bolso es9uerdo dela. W E, di"a2nos, 9ual o nTmero de seu domic lioZ -udre5 ar9ueou a sobrancelha. /a]arios iria sussurrar al"o, mas, 'e!h colocou o dedo indicador 3ren!e ao nari7, mos!rando 9ue de%eria 3icar calado. -udre5 de%eria por si sV 9ues!ionar acaso não hou%esse compreendido ou di7er um nTmero. W 1omo assim o nTmero de meu domic lioZ Em )i!Vria da 1on9uis!aZ Todos riram, menos E%a e /a!!he8 /a]arios, e claro, -udre5, 9ue es!a%a curiosa sobre o 9ue a9uilo iria si"ni3icar. W 'imples. W 'e!h &8en, & 1aos, uniu as mãos e 3echou os olhos. W -o che"ar [ 4iji %ocU recebeu %es!es de Brim, a 9ue es!S %es!indo a"ora. Tamb6m recebeu uma bTssola, um obje!o poderoso para "uardar seu poder. E nosso "o%erno lhe darS uma casa prVpria, onde desejar. 1onhece ou!ro "o%erno 9ue 3a7 issoZ W %an"loriou2se pelo "o%erno !ão e3icien!e. -udre5 coçou os cabelos e se"urou a bTssola. W Escolha en!re A!opia ou ,es%en!ura e di"a o nTmero de apar!amen!o. W E%a con!inua%a a circular -udre5 e obser%S2la, ainda 9ue de lon"e. -s serpen!es em sua cabeça "uia%am sua direção para -udre5. -udre5 pensou em al"um nTmero. Fual9uer nTmero. Fueria u!ili7ar o mesmo nTmero do apar!amen!o em )i!Vria da 1on9uis!a, mas, es!a%a !udo mui!o !ur%o em sua men!e. Fueria al"uma lembrança sVlida de sua %ida an!erior ; e era en"raçado pensar em uma %ida an!erior. En9uan!o pensa%a, o 9ue pareceu um s6culo, hou%e uma corrida pelos corredores. Ama esp6cie de arau!o sur"iu pelo por!al. Asa%a uma capa

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branca com de!alhes em a7ul marinho. Tossiu e pi"arreou, mos!rando 9ue es!a%a en!rando e presen!e no cmbi!o. E lo"o mais procurou os olhos dos -nciYes do Fuin!o para receber a opor!unidade de 3alar e lhe 3oi permi!ido. W N re9uisi!ado a presença de !odos os parlamen!os ao Parlamen!o de Todos os &lhos. W anunciou o jo%em rapa7, um !an!o in!imidado pelo olhar de 'e!h. 'e!h o dispensou com a mão, a"ora es!a%am !odos a%isados, sV 3al!a%a despachar -udre5 <u7 para seu domic lio. W Am nTmero, por 3a%or. W e\i"iu -7ru com al"uma educação no dpor 3a%ord. & Tnico nTmero 9ue -udre5 conse"uiu pensar, cuspiu. W )in!e e um, u!opia. Para a surpresa de !odos 9ue se en!reolharam de 3orma mui!o curiosa, /a]arios iria pro!es!ar por um Tnico ins!an!e, mas, os bem a!en!os perceberiam 9ue 3oi puramen!e in%olun!Srio. -udre5 sV es!a%a reprodu7indo o nTmero mais prV\imo de moradia 9ue !inha em men!e, e isso con!a%a o acolhedor lar de /a]arios 9ue ha%ia permi!ido sua presença na noi!e an!erior. W 1omo /a]arios dei\ou car!a branca para no%os moradores em sua casa e %ocU escolheu li%remen!e, em seu ou!ro bolso hS uma cha%e. ,a mesma 3orma 9ue hS um 9uar!o e uma cama para %ocU nessa casa. -"ora !rabalhe duro para conse"uir o 9ue desejar e passe bem. W disse E%a secamen!e, %irando2se para os cole"as. W Fue %enha a !empes!ade. W disse 3inalmen!e 'e!h, diri"indo2se ao Parlamen!o de Todos os &lhos. 1oisas curiosas por acaso ou des!ino ocorrem sempre escri!as com !odos os nomes. Por 9ue o acaso e o des!ino !em !odos os nomes e !odos os nomes os per!ence. & %a7io, o buraco o %Scuo 6 apenas con!inuação do 9ue de%eria ou um dia 3oi comple!o, ou não. E 9uando realmen!e es!S comple!o e não hS mais %a7io, 6 por9ue hou%e uma subs!i!uição ou preenchimen!o em escala per3ei!a, como se sempre es!i%esse es!ado comple!o. Tal%e7.

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4.
O PLANO GOVERNAMENTAL
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Re!ornaram ao por!o da Esplanada e en!ão se"uiram para &ppos.
$ão !rocaram mui!as pala%ras em meio a %ia"em. /a]arios apenas in3ormou 9ue, normalmen!e, não era preciso pe"ar a embarcação para %ol!ar, a Esplanada imedia!amen!e 3a7ia com 9ue reaparecessem no por!o de ori"em, mas, em meio ao caV!ico aler!a 9ue perceberam no Parlamen!o de Todos os &lhos, as prioridades de%iam ser ou!ras na9uele dia. W & 9ue 3aremosZ W -udre5 9uebrou o silUncio 9uando es!a%am em !erra 3irme. W $ão nascemos colados. )ocU !ra!e de arranjar sua %ida, 9ue irei !rabalhar. W respondeu /a]arios da 3orma mais simples 9ue pode. -udre5 iria reba!er, mas, ele es!a%a de !odo cer!o. 'V não de%ia !er sido !ão "rosso. W Treine o seu Fuin!o do Esp ri!o, isso lhe 3arS mui!o bem. W ele prop^s. -udre5 cru7ou os braços. *ria 9ues!ionS2lo como 3a7er isso, mas, ele mudou de assun!o. W N de 3a!o mais sSbio ir !rabalhar e conse"uir al"um dinheiro para comer. $ão espere do "o%erno as re3eiçYes nem os suprimen!os das necessidades 9ue %irão. & "o%erno 6 e3icien!e, mas não 6 bobo. -9ui em 4iji o !rabalho 6 le%ado mui!o a s6rio, olhe em %ol!a# das crianças a!6 os %elhos, !odos !rabalham. Trabalhos
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re"ulares, corri9ueiros, e!ernos. /as, para conse"uir um empre"o 9ue pa"ue bem e peça sua presença, uma esp6cie de con!ra!o, de%erS !er um %as!o conhecimen!o, o 9ue %ocU não !em. W parou pensa!i%o. W 1omo 3açoZ W -udre5 re!ribuiu em se9uidão. W &ra, %S ao cen!ro da cidade e %eja a "rande placa 9ue a%isa onde se precisa de "en!e para !rabalhar. <S !amb6m dirS o 9ue 6 necessSrio, hS uns 9ue não se precisa nada. -udre5 anuiu, desin!eressada em 9ual9uer ou!ro !ipo de ajuda de /a]arios. (umou ao cen!ro da cidade, mas, ele a se"uiu imedia!amen!e# por9ue o banco 3ica%a ao cen!ro da cidade. W Por 9ue meu domic lioZ W 4oi apenas um erro, o]Z W -udre5 não parou de andar, !ampouco se %irou para /a]arios. W Eu... Eu pensei em meu lar e acabei me en"anando. ,essa %e7 /a]arios anuiu e permaneceu marchando a!rSs, carre"ando em um de seus braços o sobre!udo. Co"ou2o [s cos!as dela e ela o dei\ou cair. /a]arios o a"arrou do chão e a se"urou pelo braço. Ela não !e%e ou!ra reação al6m de parar. /a]arios colocou o primeiro braço e depois o se"undo e asseou as %es!es no corpo dela e en!ão prosse"uiu sem di7er nenhuma pala%ra. W Eu não...X W pro!es!ou -udre5, mas, 3oi in!errompida imedia!amen!e. W Esse 3rio 3a7 mui!o mal para imi"ran!es a!6 9ue se acos!umem. $ão 9uero al"u6m doen!e em (inha casa. -udre5 parou. E 3e7 a %ol!a, marchando no sen!ido con!rSrio. /a]arios man!e%e2se na marcha adian!e, a!6 9ue percebeu 9ue a "aro!a não es!a%a mais consi"o. Precisou correr um bom !empo a!6 alcançS2la. W Fue 6Z W & cen!ro 3ica para lSX W Es!ou re!ornando [ Esplanada para mudar a dro"a desse maldi!o nTmero dessa porcaria de domic lioX W des%encilhou2se das mãos do maior e prosse"uiu a marcha. Ten!ou dar al"um ou!ro passo, mas, a areia a3undou em seus p6s e a dei\ou presa. $ão conse"uiria sair dali de3ini!i%amen!e.

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W /e desculpe. W murmurou /a]arios, se"urando em sua mão como ou!rora 3i7era no Parlamen!o dos /a"os. W Ter uma cole"a de casa 6 inusi!ado... )ocU caiu em minha %ida de uma 3orma es!ranha. N como uma !empes!ade em dias de sol. 'V o !empo dirS se 6 um bom ou um p6ssimo acon!ecimen!o. /as... W não encon!rou as pala%ras en!ão se calou. W /as...Z /a]arios liberou os p6s de -udre5 da areia. Ela se encon!rou li%re e es!e%e parada por um ins!an!e, repensando para onde iria. W .os!o da solidão. )ocU 6 minha 9uebra de paradi"ma, e sua presença es!S me a!ormen!ando... W Por isso es!ou indo embora... /a]arios %ol!ou a se"urS2la pelo braço com o olhar conec!ado ao dela. W E sua 3al!a parece es!ar me ma!ando. W 3inali7ou o 9ue -udre5 não ha%ia permi!ido, a"indo por uma no%a 3u"a. W Eu... Eu... -udre5 por um ins!an!e se sen!iu !ocada. $ão !inha mais desejo de re!ornar [ Esplanada, !ampouco de se"uir. 'e dependesse de si, permaneceria ali. -carinhou o ros!o bem barbeado do maior com a mão direi!a en9uan!o a es9uerda repousa%a em sua cin!ura. -pro\imou len!amen!e seu ros!o, o momen!o não lhe permi!ia %er 9ue /a]arios es!a%a paralisado como se nunca an!es !i%esse !ão per!o de uma mulher, 9ue ia se apro\imando e se apro\imando, a!6 9ue os lSbios es!a%am 9uase colados. /a]arios des%iou no Tl!imo ins!an!e do 9ue !eria sido um belo beijo# os melhores beijos são se"uidos de 3rases marcan!es 9ue 3lamejam 3ei!o 3o"ueira 9ue a9uece ou um oSsis em meio ao deser!o. &s beijos per3ei!os são se"uidos do silUncio. /a]arios abai\ou o ros!o e apalpou o bolso da calça. -udre5 pendeu ao seu lado esperando al"uma reação 9ue pudesse e\plicar a9uela desa!enção ao 9ue seria o seu melhor momen!o em 4iji a!6 en!ão. W Ama car!a... W e\plicou, en9uan!o se a3as!a%a. W re!irou do bolso um en%elope endereçado em seu nome. W... ,a Esplanada.

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W parou pensa!i%o e a abriu len!amen!e. Ela deu de ombros, comple!amen!e desin!eressada no con!eTdo 9ue ali ha%eria. +#enas al-uns (inutos anterior(ente. 'e!h não aparen!ou es!ar mui!o sa!is3ei!o em pisar no Parlamen!o de Todos os &lhos. 4oi o primeiro dos ma"os a en!rar, se"uido dos "Umeos, E%a e -7ru. Es!a%am ali os 'enhores do Parlamen!o da /adeira, Eclipse, 1 rculo e Tesouro. & Parlamen!o de Todos os &lhos era a Tl!ima sala do Tl!imo andar acima das S"uas. En9uan!o o chão aparen!a%a ser nu%ens macias de al"odão, as paredes e o !e!o re3le!iam o uni%erso, in3ini!o e sem "ra%idade. -s es!relas mais pareciam olhos obser%ando a !odos ali den!ro. Era como uma sala de !rono medie%al, a sala de !eor mais comum e humano 9ue a Esplanada !eria. $ão ha%ia !ronos, apenas uma par!e ele%ada ao chão, onde ha%ia uma mesa redonda 9ue 3ica%a aos 3undos onde se reuniam e con%ersa%am os 'enhores Parlamen!ares da Esplanada. W -u"us!oZ W se espan!ou E%a ao perceber o "aro!o sen!ado na cadeira principal, seus olhos de in3ini!o a"uarda%am os /a"os. W 'en!em2se por 3a%or. W pediu o arau!o pu\ando uma [ uma as cadeiras necessSrias de cada. *an ar9ueou a sobrancelha com al"um desin!eresse e permi!iu 9ue o Parlamen!o do Eclipse dissesse. W -s no%idades não são boas. W disse Elie7er, 3ilho do sol %ol!ando2se para *an. W ,i"a a eles. W *an indicou o pTblico 9ue de%ia saber das no%idades# os parlamen!ares. W *sso parece !er sido pro3e!i7ado pelos po%os bSrbaros e por isso nunca lhes pres!amos a!enção. ,e !oda 3orma, 3alemos primeiro de ciUncia# o me!eoro des!ruiu )ermeho e a3undou !oda a re"ião pelos arredores. Por se !ra!ar de ca!Ss!ro3e na!ural, es!ão mor!os e esma"ados, es9uecidos debai\o da obra dos deuses...

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Todos os parlamen!ares permaneceram a!en!os. Era uma reunião [ por!as 3echadas, apenas os .randes 'enhores da Esplanada. 'e!h sempre !i%era a curiosidade em saber o 9ue se !ra!a%a nessas ocasiYes. /as, nunca esperou ou%ir o 9ue se se"uiria# W & 9ue os bSrbaros di7emZ W per"un!ou *an. 'abia per3ei!amen!e o 9ue os bSrbaros di7iam, mas, os demais não. E era de sua na!ure7a a bondade em per"un!ar e não demons!rar saber imedia!amen!e, era sua maior 3orma de educação. W Tre7e me!eoros cairão. E ao d6cimo !erceiro, !oda a 4iji se arruinarS e se a3undarS len!amen!e a!6 9ue não haja mais uma alma %i%a e não sobre !erra pela 9ual "o%ernar e lu!ar. E não hS !empo su3icien!e nem planos para impedir !udo isso. N obra de impre%is!o 9ual9uer sal%ação para - .rande *lha. W & 9ue podemos 3a7erZ W per"un!ou um %elho homem de lon"as barbas e cabelo des"ranhado 9ue !ra7ia consi"o um arco e uma alja%a al!a. W 'e não hS sal%ação, !ampouco %ida, desis!imos e nos en!re"amosZ $ão hS esperançaZ Ama acalorada discussão sur"iu en!re & 1 rculo e o Eclipse sobre con3iar em pro3ecias de bSrbaros. E a /adeira e o Fuin!o passaram a acalorar ainda mais, jo"ando a culpa na reli"ião sulis!a de 1a!herine e reba!endo com as %erdades de Jbor. $o 3im, como um !ro%ão 9ue rachou a mesa num Tnico piscar e uma %en!ania 9ue a!in"iu a !odos, hou%e silUncio. *an en!ão prosse"uiu# W /an!enham2se de 3orma ordeira. W ad%er!iu. W *mpre%is!oZ Fuais impre%is!osZ W E%a /a]arios es!e%e curiosa sobre isso. W -l"o 9ue não pode ser pre%is!o. -l"o 9ue acon!ece de 3orma in6di!a. W respondeu2lhe Elie7er W *sso si"ni3ica 9ue, a par!ir do primeiro me!eoro, !emos a!6 do7e me!eoros para ins!aurar impre%is!os em 4iji. N como a imi"ração# desper!ar uma ma"ia pro3unda 9ue !ampouco nVs conhecemos. Pode ser molhar um "a!o numa !arde de domin"o [ caçar uma raposa numa manhã de se\!a2 3eira... W P&( FAE - (-P&'- ,E)E 'E( 1-0-,-Z W berrou um par!idSrio de 1a!herine.

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& !ro%ão es!alou prV\imo ao re%ol!ado e imedia!amen!e ele se encolheu na cadeira. Todos %ol!aram sua a!enção ao 4ilho do 'ol. W & primeiro passo 6 impedir o caos 9ue es!S ins!aurado em ,es%en!ura e 9ue se espalha rapidamen!e por !odas as cidades da .rande *lha. W pensou al!o Elie7er. W $ão de!emos ,es%en!ura an!es do me!eoro, conse"uiremos a"oraZ W debochou 'e!h. W )ocU es!S numa 5to#ia di%er!id ssima, meu caro. 'e"uidas as "ar"alhadas, 'e!h !endo as a!ençYes discursou# W & melhor passo 6 obri"ar os 4ilhos da Terra [ man!er2se ocupados. $ão permi!ir 9ue 3ujam da linha. Tal%e7 possamos aumen!ar as obri"açYes ou obri"S2los a... (eali7ar missYesX &s membros se in!eressaram por isso em especial. W 'e en%iarmos !odos em missYes, desde in!erior ou e\!erior, pelas cidades, %ilas, condados, 7onas rurais, das 3ormas mais impre%is!as, poderemos desper!ar esse encan!o. &ras, o 9ue 6 a ma"ia poderosa 9ue desper!am os imi"ran!es an!es de che"ar [ 4ijiZ -l"o e\cepcional e impre%is!o 9ue ou!rora jamais 3ora pensado. W E como 3aremos issoZ W Elder, & Fues!ionador, ar9ueiro 9ue ou!rora es!i%era per"un!ando, se mani3es!ou. 1oça%a sua barba e a ajei!a%a ren!e [s %es!es. W 1omo en%iaremos pessoas [ missYes 9ue !ampouco nVs mesmos podemos saber 9uais são para 9ue sejam impre%is!osZ W $Vs não, W debochou 'e!h uma %e7 mais. W %ocU não es!S incluso nisso. - menos 9ue consi"a desper!ar & Fuin!o. Fuando se !ra!a de ma"ia, o de%er 6 do Fuin!o e isso podemos 3a7er. Am encan!o nunca an!es criado, uma ma"ia nunca an!es pensada. Ama ma"ia 9ue pensa por si mesma. Ama ma"ia 9ue !em %ida prVpria e pode ins!aurar caos e !ra7er esperança. *sso me soa como uma bUnção dos deuses 9ue se9uer acredi!o e\is!ir. W respondeu [ Elder. W $ão se preocupe, meu bom ar9ueiro. 1on!inue a!irando 3lechinhas con!ra coelhinhos pelos ma!a"ais despreocupadamen!e. - sua %ida es!S a"ora nas mãos dos ma"os. E por!an!o, es!S mui!o a sal%o. W disse e se er"ueu, mos!rando 9ue precisa%a se re!irar imedia!amen!e. *an concordou.

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E%a /a]arios p^s2se de p6 imedia!amen!e e se"uiu 'e!h 9ue a%ançou pelo corredor e %ol!a%a para os andares debai\o ddS"ua. reunião iria se dispersar, mas, 'e!h acabara de !er uma ideia Tnica e ori"inal. - Tnica 9ue poderia sal%ar 4iji e !ornS2lo conhecido por !oda a e!ernidade na his!Vria de 4iji. $ão podia %acilar nisso. W & 9ue pensa 9ue es!S 3a7endoZ W E%a se"uia seu ras!ro 3ei!o sombra. W -ndando al"uns passos [ sua 3ren!e, como pode %er. Por 9ue sempre es!ou adian!ado e por esse mesmo mo!i%o, nunca es!ou errado. W respondeu sem encarS2la. E%a apressou2se mais e che"ou a es!ar imedia!amen!e ao lado de 'e!h &8en. -s serpen!es em sua cabeça sil%a%am 3ei!o pro3e!i7as al"um peri"o. W &bri"ar as pessoasZ N isso mesmo 9ue nossas leis pre%eemZ W - %erdade 6 uma dose de %eneno para a inse"urança. )ocU sabe 9ue es!ou cer!o. Essas pessoas não sabem o 9ue lhes espera amanhã. 'e acharem 9ue o "o%erno não pode 3a7er nada por elas, irão %ir [ Esplanada e des!ruir !udo, 9ueimar nossos corpos e nos jo"ar ao es9uecimen!o jun!o [ 4iji se souberem 9ue não hS esperança me!Vdica al6m de 9ual9uer impre%is!o. -"ora, di"a2me# %ocU 9uer %er uma mul!idão in%adindo essas por!as e cor!ando serpen!e por serpen!e nessa cabeça onde de%eria ha%er um c6rebro ou colocS2los em seu lu"ar e calS2los de uma %e7 por !odas para 9ue sejam !ão mansos 3ei!o carneirinhos 9ue acabam de nascer aos nossos p6s en9uan!o planejamos a esperançaZ E%a parou pensa!i%a. 'e!h a%ançou mui!os ou!ros passos al6m disso. Parecia 9ue o or"asmo se"uia as pala%ras dd& 1aos. <he 3ascina%a !er 4iji em suas mãos e seus cuidados da mesma 3oram 9ue o 3o"o de ,es%en!ura se espalharia e aumen!aria, pois, 6 esse o princ pio do 3o"o# consumir e e\pandir. W $ão !emos !empo a perderX W "ri!ou 'e!h, um corredor [ 3ren!e de E%a. - mulher correu para alcançS2lo. Precisou se re!ra!ar sobre a descon3iança, por um se"undo a!6 pensara 9ue as mo!i%açYes de 'e!h

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eram domar !oda a 4iji sob suas mãos... -"ora isso parecia a!6 !olice. W ,esculpe2me. )ocU !em ra7ão. W murmurou en9uan!o marcha%a de cabeça er"uida. W 1laro, eu nunca erro. W 'e!h &8en, & 1aos sorriu diabolicamen!e, em seus olhos brancos ha%ia cada %e7 mais um 3o"o 9ue !repida%a 9ual9uer e\is!Uncia, a!6 mesmo a dos deuses. E o 3o"o sV consumiria e se espalharia por !oda a 4iji.

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A MAGIA PROFUNDA
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Audre5 cru7ou os braços e se a3as!ou. /a]arios de%ia no mS\imo
!er di!o 9ue não se in!eressa%a ou 9ue não es!a%a a3im, mas, in%en!ar sobre uma car!a era rid culo e in3an!il. W ,e%e !er sido um !ro!e... W !en!ou se e\plicar. W )ocU 6 um imbecilX W des%encilhou2se dele e prosse"uiu o caminho para pe"ar um barco para a Esplanada. -!6 sen!ir seu bolso %ibrar, 3ei!o um celular. W FuU issoZ W sol!ou um "ri!inho e\ci!ado, podia ser en3im seu celular e sua sa da dali. Ama car!ae ela percebeu. Es!a%a endereçada com seu nome e %inha da Esplanada. -briu, não ha%ia nada. W & 9ue %ocU pensa 9ue es!S 3a7endoZ W -udre5 cerrou os den!es. W EuZ $ada. W /a]arios deu de ombros e %ol!ou a caminhar para o cen!ro, en9uan!o ainda obser%a%a a car!a cuidadosamen!e, obser%ando 9ue uma !in!a ia a manchando periodicamen!e, a!6 9ue ha%ia pala%ras compreens %eis# /a!!he8 /a]arios, & 1onsp cuo 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. /*''+& A(.E$TEX /a]arios, 'umo2ancião da Palma de &ppos,

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Ama se9uUncia de missYes lhe serão encarre"adas a par!ir de a"ora. 'i"a2as [ risca, delas podem sur"ir a esperança de 4iji. 8ri(eiro #asso9 *r [ !a%erna e recru!ar um menes!rel para as 3u!uras missYes. P.'.# )ocU precisarS de cinco ou mais pessoas para as missYes 9ue se se"uirão. P.'i.# <e%e -udre5 consi"o e es9ueça o !rabalho no banco, nos encarre"aremos disso. W :s#lanada de $i%i, "nde n0o h' corru#ç0o. ,obrou o papel, e embora a sobrancelha de -udre5 parecesse per3ei!amen!e er"uida em curiosidade e in!eresse, "uardou2o imedia!amen!e e mudou a direção de seu rumo para um !an!o mais oes!e do cen!ro da cidade. W &nde es!amos indo a"oraZ W )ocU e esse anVsb... W debochou /a]arios. W /as, não es!S de !oda errada a"ora. Es!amos indo [ uma !a%erna. W )ocU não acha 9ue 6 cedo demais para beberZ W -udre5 acompanhou o passo dele. W Tal%e7 seja na %erdade, nada !arde demais para !en!ar sal%ar 4iji. W Enchendo a caraZ - !a%erna era sub!errcnea. 'ua por!a de en!rada pendia para bai\o como uma esp6cie de alçapão. Fuando -udre5 en!rou, obser%ou um ambien!e a"i!ado, mo%imen!ado. /ui!os homens e mulheres sem nenhuma di3erença bebiam em "randes canecas desde cer%eja [ ou!ros l 9uidos 9ue ela jamais pensou em conhecer no mundo humano. /esinhas redondas com ban9uinhos dis!ribu dos

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por !odo o can!o e um palco impro%isado lo"o em 3ren!e onde ha%ia um ban9uinho ainda menor e as lu7es ali es!a%am 3ocadas. Am "aro!o de de7esse!e anos !oca%a um alaTde e can!a%a uma musi9uinha ale"re, parecia uma boa balada uma esp6cie de con!os de ca%alaria. &nde con!a%a a jornada de um "rupo de pessoas 9ue iam a um bos9ue e encon!ra%am uma raposa e se a%en!ura%am en!re as 3olhas de ou!ono e as !ocas de coelhos em busca da raposa 9ue em 3o"o consumia o bos9ue. E no 3im, aplausos e moedas se"uiram em direção [ uma cai\inha. W & 9ue es!amos 3a7endo a9uiZ W -udre5 o 9ues!ionou sem demora, %endo canecas se es%a7iando com mais rapide7 9ue um piscar de olhos. W )iemos encon!rar um menes!rel. W FuemZ W $ão um em espec 3ico. W /a]arios con3eriu a car!a, não ha%ia ins!ruçYes de 9uem seria o menes!rel. :a%ia ins!ruçYes de recru!ar um e era apenas isso. W 'enhor, por 3a%orX W chamou a a!enção do dono da !a%erna 9ue a"ora es!a%a li%re apVs !er ser%ido mais uma caneca e o encarou com um bom olhar e o cumprimen!ou educadamen!e. W Fuan!os menes!r6is se encon!ram no es!abelecimen!oZ W -penas esse. W disse ele um !an!o incomodado. W -inda 6 !ão cedoX & senhor bancSrio deseja con%ersar com al"um em especialZ W $ão... W deu de ombros e %ol!ou a obser%ar o rapa7 9ue se apresen!a%a. Era e\!remamen!e jo%em e belo. 'eus olhos lembra%am a S"ua cris!alina e puri3icada, a7ul 9ue dispu!a com o c6u pela bele7a. E seus cabelos em dreads iam a!6 o meio das cos!as com le%es ondulaçYes ao 3im. Asa%a não um man!o ou !Tnica, mas, uma camisa branca 3ol"ada de al"odão em cor!e a%b e uma calça jus!a %ermelha. Asa%a bo!as e possu a um colar majes!oso, cer!amen!e herança de 3am lia. /a]arios a"uardou 9ue es!i%esse en3im comple!ado a a%en!ura musicada. & rapa7 pe"ou !odo o dinheiro da cai\inha e "uardou em seu bolso e en!ão a"radeceu ao pTblico e se re!irou do

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palco. W /enes!relX W /a]arios o con%ocou 9uando o mesmo 3oi sen!ar ao bar e beber um pouco. W Kalua .ojin. W ele se apresen!ou e %ol!ou a se"urar o copo com 3irme7a. Era um ener"6!ico. W /a]arios. /a!!he8 /a]arios. W o rapa7 se apresen!ou e sen!ou2se ao banco imedia!amen!e ao lado. -udre5 permaneceu de p6 por al"uns se"undos obser%ando o mo%imen!o. W *ma"ino 9ue 3icarei 3eli7 em saber o por9ue da apresen!ação esporSdica. W o rapa7 bebeu !udo em rSpidos "oles e se"urou bem o alaTde ao lado, lo"o apVs o colocou numa esp6cie de cordão2mochila e colocou2o nas cos!as. W - Esplanada indicou 9ue con!ra!asse um menes!rel para uma missão. W - EsplanadaZ W Kalua 9uase deu um pulo de ale"ria. $unca precisou da Esplanada para nada, a!6 du%ida%a de sua e\is!Uncia. /as, ou%ir a9uilo era espe!acular. W 'im. Tenho uma car!a indicando isso. & rapa7 não se in!eressou em %er a car!a, isso era indi3eren!e. & simples 3a!o de /a]arios mencionar - Esplanada jS da%a mui!a credibilidade para 9ual9uer coisa 9ue 3osse 3alar. W E 9ual a missãoZ W per"un!ou2lhe Kalua, alisando o alaTde com le%e7a. W Bem... $ão sei. W /a]arios re3le!iu um pouco. $em !an!a credibilidade, na %erdade. W 1omoZ W a "rossa sobrancelha de Kalua 3oi er"uida e parou para analisar a "aro!a e lo"o depois o rapa7. W <eia a car!a. W en!re"ou a car!a um !an!o amassada ao menes!rel. Kalua não 3icou mui!o surpreso. 'eus olhos claros 9ue con!ras!a%am com sua pele escura brilharam a cada mo%imen!o rSpido de lei!ura, indo e %indo nas in3ormaçYes. - car!a possu a um selo da Esplanada. Para con%encer as pessoas [s %e7es 6 preciso deba!e e re!Vrica, para ou!ras 6 apenas necessSrio a con3irmação de au!oridade e poder, 9ue era o caso do menes!rel.

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W Tamb6m recebi uma car!a. W ponderou e re!irou2a do bolso. W aAma se9uUncia de missYes lhe serão encarre"adas a par!ir de a"ora. 'i"a2as [ risca, delas podem sur"ir a esperança de 4iji.b W leu despreocupado W Todos de%em !er recebido. E, se 3ui escolhido para par!ir con%osco, 9ue seja. W assen!iu e se le%an!ou. Pousou uma moeda de pra!a no balcão e a"uardou. /a]arios assen!iu. -udre5 permaneceu de p6 obser%ando o local e o mo%imen!o, a!6 receber o pu\ão do "aro!o maior 9ue a empurrou para a por!a e assim sa ram da !a%erna. 1aminharam al"uns minu!os, re!ornando para onde es!i%eram ou!rora apenas /a]arios e -udre5, 9uase ao cen!ro da cidade. E nesse ins!an!e uma "aro!a de cabelos ne"ros le%emen!e ondulados saudou2os com o semblan!e aber!o e pulou aos braços de Kalua. & rapa7 a princ pio 3e7 uma e\pressão de curiosidade e de sus!o e ia lhe 9ues!ionar al"o, 9uando ela selou os lSbios aos dele e o abraçou 3or!emen!e. & menes!rel re!ribuiu e a aninhou em seus braços. W Perdoem2me, essa 6 'am, minha namorada. W disse sorriden!e o menes!rel. W Pra7er. 'am, /a"a da PalmaX W ela disse com disposição e com um !om de curiosidade de 9uem eram a9uelas pessoas com seu namorado, mas, no 3im sorriu. W -udre5 <u7... /a"a do Esp ri!o. W -udre5 a cumprimen!ou pron!amen!e, ali%iada em %er uma ou!ra "aro!a. Es!a%a na9uele ins!an!e orien!ada por /a]arios jS 9ue não ha%ia recebido car!a al"uma. W /a!!he8 /a]arios W o ma"o da palma se apresen!ou e e\aminou bem a no%a "aro!a. $ão precisa%am de ou!ro ma"o da palma, se 3ossem para uma missão o corre!o seria le%ar um le9ue de possibilidades. Fuando não se sabe o inimi"o 9ue se en3ren!arS a melhor pre%enção 6 !er aliados de !odos os !ipos. W Tenho a le%e impressão de 9ue a conheço de al"um lu"ar... W re3le!iu en9uan!o coça%a os cabelos. W $asci e %i%i em &badin. )ocU es!e%e lSZ W 'am pousou as mãos aos bolsos e e\aminou a %is!a.

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&Mentira.* -udre5 ou%iu em sua men!e. Encon!rou a %o7 de /a]arios nela. E percebeu !amb6m 9ue o "aro!o não o es!a%a 3a7endo de propVsi!o. Es!a%a lendo sua men!e. &Voc; n0o / de "badin. <0o te( #orte de (ulher de "badin.* 3oi o pensamen!o de /a!!he8. W Tenho cer!e7a 9ue uma /a"a da Palma de &badin nos ser%irS bem. W -udre5 sorriu, resolu!a. Passou pelo poder de /a]arios e 9uando ele iria con!es!ar cerrou o cenho e %ol!ou sua a!enção [ "aro!a. W Poderia par!ir conosco, não 6, 'amZ &Co(o u(a #essoa se a#resenta se( sobreno(e= :la n0o / tekler. <0o #ode ser tekler.* pensou /a]arios e -udre5 ou%iu a!en!amen!e. 4icou um pouco assus!ada [ princ pio, e por isso seu ros!o e\aminou o do rapa7. /a]arios re!ribuiu com um olhar 9ue 9ues!iona%a o por9uU da9uilo, es!a%a na cara 9ue ele não sabia dessa inusi!ada descober!a de -udre5# ler men!es. W .os!aria mui!o de 3icar ao lado de Kalua. W ela abraçou o amado e pousou a cabeça em seu pei!oral. W J!imo. -cho 9ue jS podemos par!ir, não 6 mesmo /a]ariosZ & rapa7 [ con!ra"os!o re%irou os olhos e dei\ou a9uele assun!o para !rSs. (ememorou a car!a e ela di7ia acinco ou mais pessoasb. Eram apenas 9ua!ro e nenhuma car!a ha%ia... 1he"ado. Ama car!a ha%ia acabado de che"ar, por mais inusi!ado 9ue aparecesse. @s %e7es as coisas ocorrem numa se9uUncia como se 3osse predes!inado, por9ue na %erdade, elas podem !er sido mesmo ar9ui!e!adas por uma in!eli"Uncia maior, nesse caso, a ma"ia em sua essUncia. /a!!he8 /a]arios, & 1onsp cuo 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. $&)- /*''+& A(.E$TEX /a]arios, 'umo2ancião da Palma de &ppos, 'i"a para a 3ron!eira de &badin e le%e os ou!ros !rUs

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consi"o, lhes serão T!eis. - %ia"em de%e ser [ p6. E nada de%e ser le%ado al6m do 9ue a"ora carre"am. Todo o necessSrio serS ad9uirido em &badin. $o%as ins!ruçYes sur"em 9uando a missão 3or !erminada.
/issão 1 3ei!a. -!ual /issão# 2. /issYes To!ais [ ocorrer# 13.

W :s#lanada de $i%i, "nde n0o h' corru#ç0o. W 1urioso. W comen!ou /a]arios asseando os cabelos e "uardando o papel no bolso. W & 9ue 6 curiosoZ W -udre5 9ueria mui!o !er lido, mas, /a!!he8 /a]arios o 3e7 com !an!a a"ilidade 9ue num piscar de olhos jS ha%ia "uardado a car!a. Kalua e 'am 3icaram a!en!os, a"ora es!a%am o3icialmen!e inclusos numa lon"a a%en!ura 9ue mal podiam medir as dimensYes. W )amos [ &badin, caminhando. 'ão duas horas [ p6. Essas são !odas as ins!ruçYes, a!ra%essar a 3ron!eira. W não podia !er sido mais simples e ao 3im mudou o rumo do caminho para &badin, ou seja, se"uindo o les!e. ,, $ão hou%e 9ual9uer ou!ra preocupação ou in!errupção na %ia"em [ &badin a!6 de!erminado momen!o. 'e"uiram sempre em 3ren!e, a re"ião do es!ado de 4on!ain era no !an!o 9ue podia plana. :a%ia poucas mon!anhas e elas se locali7a%am prV\imas [ &badin. - rala "rama 9ue crescia em !om dourado 9ue se cur%a%a an!e o %en!o !e%e seu !6rmino 9uando a%is!aram uma pe9uena conjun!ura de Sr%ores 9ue pareciam mais como obs!Sculo no caminho do 9ue 3en^meno na!ural na9uele lu"ar. E 9uando se apro\imaram, obser%aram um %ul!o. Ama 3i"ura 9ue sur"iu 3ei!o um redemoinho e pousou ao

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chão se e9uilibrando com a mão e com um joelho 3i\o ao chão er"ueu os olhos. /a]arios 9ue não es!a%a !ão cansado respirou aba3ado por um se"undo e depois se recomp^s. -udre5 e Kalua, 9ue não es!a%am preparados para !ão lon"o caminho es!a%am um !an!o e\aus!os, e por isso 3icaram ainda mais !ensos. - 3i"ura de lon"os cabelos brancos e aparUncia jo%em era uma mulher. Ela uniu as mãos ; e nada ha%ia em suas mãos ; e apon!ando os indicadores para 3ren!e, den!ro de sua mão sur"iu um re%Vl%er (T BIG. -s %es!es 9ue lembra%am um 9uimono esbra%eceram con!ra a %en!ania e ela preparou a arma para a!irar. W ParemX W ela ordenou e a%aliou os 9ue es!a%am a!rSs de /a]arios. W Ama !e]ler a7ul. W /a]arios abriu a mão e a es!endeu, apresen!ando2a para os demais. W 1abelos brancos, domadores da ar!e e dos desenhos. & 9ue desenham %ira realidade. 1omo es!S, 1harlo!!eZ - !e]ler sorriu "en!ilmen!e e em ou!ro se"undo re3e7 sua posição. W (ecebi ordens para 9ue não dei\asse nin"u6m passar pela 3ron!eira de 4on!ain com &badin. &rdens do (ei. W ela 3inali7ou. -o pei!o do 9uimono rescindiu um dis!in!i%o de \eri3e. E 9uando isso ocorreu, um cão ro!8eiller sur"iu a!rSs da moça, ele possu a me!ade de sua al!ura, era seu masco!e. Ele 3icou a!en!o como 9uem es!S pron!o para a!acar. W Tamb6m recebemos ordens. ,a Esplanada. W replicou /a]arios pu\ando a car!a. 1harlo!!e a!irou para cima e imedia!amen!e /a]arios er"ueu as mãos, indicando 9ue não 3aria 9ual9uer ou!ro mo%imen!o. & semblan!e do rapa7 não mudou, pois não ha%ia le%ado sus!o al"um. Es!a%a impassi%elmen!e s6rio. 1harlo!!e, - Peri3e caminhou al"uns passos e e\aminou Kalua e demorou um pouco em 'am, conhecia ambos hS al"um !empo e não lhe pareciam criminosos, mas, a9uela ou!ra jo%em... de cabelos de 3o"o, lhe era curiosa. W E %ocU, 9uem 6Z W -udre5 <u7X W se apresen!ou com "raciosidade e de

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mãos er"uidas. 'V percebeu nesse ins!an!e como es!a%a, por9ue ha%ia imi!ado /a]arios, mas, es!a%a assus!ada. $unca ima"inaria 9ue num mundo de ma"ia pudesse ha%er re%Vl%eres. E ha%ia. W /a"a do Esp ri!o. W 1harlo!!e e\aminou os olhos da "aro!a. W & 9ue 3arão em &badinZ Fual a missão 9ue a Esplanada os passouZ /a]arios suspirou e abai\ou as mãos. W )Srios moradores de 4iji irão receber car!as com missYes, 3oi o 9ue compreendi. E as missYes sV são re%eladas 9uando 3or a hora. En!ão, para saber o 9ue ocorrerS em &badin, precisamos ul!rapassar a 3ron!eira de &badin. W ,esper!aram a /a"ia Pro3unda. W concluiu - Peri3e com discernimen!o e sorriu, o re%Vl%er sumiu de sua mão em 3orma de 3umaça 9ue se dissipou, como se sa sse de um ci"arro, mas, saiu de suas mãos. W /as, 9uem 6 %ocUZ Por 9ue não a conheçoZ W ela se %ol!ou [ -udre5. W & 9ue 6 a a/a"ia Pro3undabZ W 'am es!a%a in!ri"ada, se apro\imou um pouco mais de mãos dadas com Kalua. 1harlo!!e respirou 3undo, suas narinas 3inas se incharam e lo"o mais sol!ou pela boca a mesma 3umaça 9ue parecia de ci"arro, de !onalidade a7ul. - 3umaça criou 3orma e a 3orma passou a 3alar en9uan!o uma esp6cie de 3ilme sur"iu 3ren!e aos a%en!ureiros.

A /a"ia Pro3unda 6 a essUncia da ma"ia, ou
seja, da ,eusa da Terra, 4iji. N um lado seu adormecido. Am lado 9ue possui au!onomia. En9uan!o os 9ue são /a"os usam uma ma"ia e\plicS%el e es!udada, a ma"ia pro3unda 6 a ma"ia bru!a, não lapidada, não preparada, a ma"ia 9ue possui personalidade Tnica, prVpria e por isso, noci%a. N a ma"ia primi!i%a 9ue sV es!e%e presen!e na criação de 4iji e depois se apa"ou. 4oi a ma"ia 9ue assen!ou os rios, 9ue di%idiu a "eo"ra3ia de animais, solos e propriedades demo"rS3icas 9ue pos!eriormen!e se 3ormaria. N a ma"ia en9uan!o ser %i%en!e pensan!e, ou
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seja, 9ue pensa sem u!ili7ar o c6rebro humanVide. ma"ia 6 seu prVprio c6rebro e seu prVprio coração, e por isso não pode ser domada, não pode ser medida, não pode ser des!ru da, mas, pode ser con%ocada. E a cena se dissipou, a Tl!ima cena era de uma mulher de armadura lu!ando bra%amen!e e o elmo caindo com um "olpe de espada em suas cos!as. -udre5 3icou hipno!i7ada por !udo a9uilo, como se es!i%esse %endo a cena dian!e das labaredas do 3o"o. W En!ão essa ma"ia criou in!eli"Uncia e es!S diri"indo !udoZ W 'am !en!ou ir mais al6m. W - ma"ia sempre nos diri"iu. /as, a"ora os /a"os da Esplanada decidiram 9ue sV :la pode sal%ar 4iji. E - /a"ia es!S a"indo por impre%is!os. Ela acredi!a 9ue apenas um impre%is!o pode sal%ar 4iji. W E 9uem 6 a- /a"iabZ W -udre5 es!a%a um !an!o con3usa. -!6 parecia 9ue & ,a!ilo"ra3ado de C ha%ia desaparecido de seu c6rebro. W 4iji 6 - /a"ia, 6 claro. W concluiu 1harlo!!e, - Peri3e. W E 9uem 6 %ocUZ ,e onde %eioZ Por 9ue não a conheçoZ W 1he"uei hS al"uns dias [ 4iji. W -udre5 !en!ou ser simples. W Am dia. W /a]arios a lembrou. -9uele era o se"undo dia de -udre5 em 4iji. W -hX W - Peri3e disse em !om a%alia!i%o. W Eu a conheçoX W era uma %o7 conhecida para -udre5. W Eu a %i che"ar pela (osa dos )en!osX W disse K5le se apro\imando. Asa%a um Vculos de armação "rossa e um jaleco. .uarda%a al"uns 3racos na mochila e re!ira%a as lu%as brancas num compar!imen!o da mochila en9uan!o re!ira%a um par no%o e en!re"a%a [ 1harlo!!e. W -9ui es!ão as lu%as 9ue %ocU me pediu. Essas não podem ser derre!idas com 3o"o. -udre5 sorriu, es!a%a 3eli7 por %er uma 3i"ura conhecida. K5le 3oi a primeira %isão 9ue !e%e de 4iji e ainda lhe parecia o mais normal den!re !odos. Fual era seu poderZ 'aber his!VriaZ 'er

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pro3essorZ Esse era um V!imo poder. Am poder, aliSs, 9ue -udre5 !eria no mundo humano em al"uns semes!res, acaso não !i%esse simplesmen!e sumido de lS. W Por 9ue as lu%asZ W -udre5 es!a%a um !an!o curiosa. 'e ha%eria al"o peri"oso, seria bom 9ue !odos calçassem lu%as !amb6m. W $ão hS nada peri"oso para %ocUs. Te]lers -7uis são mor!os por cloro3ila. W ela disse en9uan!o obser%a%a as Sr%ores. W Por isso sV posso me apro\imar delas !oda pro!e"ida, dos p6s [ cabeça. E, /a]arios, se precisar de ajuda... W E preciso. 'omos ami"os hS al"um !empo, e, sei o 9uan!o uma \eri3e pode ser T!il numa a%en!ura. -inda mais com um masco!e desse !amanho, e seu melhor ami"o pes9uisador. -cho 9ue isso 6 !udo, poderemos con!inuar da9ui !ran9uilamen!e, se !odos concordarem. E !odos o 3i7eram. Era um "rupo peculiar. -udre5 <u7, /a"a do Esp ri!o, no%a em 4iji. Kalua .ojin, /enes!rel. 1harlo!!e, Te]ler -7ul com poderes de ma!eriali7ar seus desenhos. K5le -r]h`n!, Pes9uisador. 'am sem2sobrenome2não262Te]ler, /a"a da Palma, curiosa namorada de Kalua. E, /a!!he8 /a]arios, /a"o da Palma. Ama a%en!ura his!Vrica para sal%ar o mundo de 4iji ha%ia começado. 1om uma !raje!Vria não menos his!Vrica.

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6.
A LEMBRAN A QUE ACOMPAN!A A REALIDADE
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As lon"as muralhas de &badin es!a%am "uarnecidas por ar9ueiros
de arcos 9uase do !amanho de seu corpo. Todos com elmo a7ul pe!rVleo e armadura acin7en!ada. $ão 3oi necessSrio passapor!e, o "eneral das muralhas 9ue ali es!a%a, ao a%is!ar a Peri3e 9ues!ionou2 lhe os mo!i%os da %isi!a e sem delon"as lhe indicou o caminho 9ue de%eriam percorrer para che"ar aos por!Yes da cidade de &badin. Am dos mo!i%os principais por não ha%er delon"as 3oi a (a-ia #rofunda. & prVprio "eneral das muralhas sabia de !al acon!ecimen!o, e com uma car!a da Esplanada, eles !i%eram 9uase acesso imedia!o. &s a%en!ureiros caminharam duran!e mais al"uns minu!os a!6 obser%arem os lon"os por!Yes da cidade de &badin, ou!rora es!i%eram nas muralhas da di%isa de um es!ado [ ou!ro. W E en!ãoZ W E en!ão o 9uU, mulherZ W /a]arios des%iou o olhar da mil cia 9ue 3a7ia ronda pelos !errenos %a7ios da en!rada da cidade de &badin. W Al!rapassamos as muralhas. Fual a prV\ima missãoZ W -udre5 9ueria es!ar por den!ro da si!uação. Es!a%a se sen!indo e\!remamen!e deslocada den!ro do "rupo, parecia es!ar sem %o7 nas escolhas de /a]arios.
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W $ão recebi ainda. E, %ocU de%eria respirar um pouco. $ão impor!a e\a!amen!e 9ual seja a prV\ima missão, precisamos es!ar descansados, não concordaZ -udre5 es!e%e em silUncio duran!e o caminho e ainda a"ora. -ssen!iu en9uan!o ajei!a%a suas %es!es e se a3o"a%a den!ro da "rande capa 9ue /a]arios lhe ha%ia empres!ado. W Podemos con!inuar amanhã, cer!amen!e. W sorriu e olhou para !rSs, os demais acompanha%am despreocupadamen!e, se"uindo os passos dos dois. W (es!am2nos... W &n7e missYes. W o rapa7 3oi bre%e e 3rio, 9uando a%is!aram os por!Yes de &badin. ,uas "randes es!S!uas de cem me!ros es!a%am cada uma ao lado es9uerdo e direi!o do "lorioso por!ão da cidade mili!ar de &badin. -s es!S!uas eram um homem e uma mulher, ambos com um elmo a7ul pe!rVleo 3ei!o de ouro maciço 9ue assumiu a9uela coloração por meio do san"ue dos ma"os 9ue ali 3oi espar"ido, os ma"os 9ue !en!aram um dia des!ruir &badin. - armadura acin7en!ada era 3ei!a de pura pra!a e as sandSlias 3ei!as de bon7e. & ros!o e o corpo das es!S!uas 3ei!a de "esso e !udo 9ue era poss %el %er eram seus olhos, suas mãos e suas cochas, o res!o era pro!e"ido dos p6s [ cabeça. - mulher possu a lon"os cabelos 9ue iam a!6 as cos!as e o homem possu a barba, ela es!a%a [ es9uerda e ele [ direi!a. Ela cra%a%a a sua lon"a espada ao chão e ele pu\a%a uma 3lecha em seu lon"o arco apon!ando para os c6us. W AauX W soou Kalua embasbacado W Eu poderia escre%er cem cançYes sobre issoX W murmurou [ 'am com os olhos cin!ilando. W -l!o lS, /a"osX W disse um soldado, com as mesmas %es!es 9ue as es!S!uas 9ue !omou a dian!eira. W 4ui a%isado 9ue de%o "uiS2los em &badin e es!arei de... Pois nãoZ -udre5 er"ueu a mão e acenou para 9ue o rapa7 parasse de 3alar. Fuando ele o 3i7era, ela sorriu e en!ão soou seu inc^modo. W $ão sei se es!arei a"indo de 3orma "rosseira, mas, perdoe2 me, soldado. $ão somos ma"os. Temos dois !6cnicos a9ui, e a eles de%e !amb6m se diri"ir, simZ E, não nos chame de a/a"osb. 'omos

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duas mulheres para um homem, no m nimo, chame2nos de /a"o e /a"as. 'e nos des!ra!ar por !ornar nossa iden!idade in%is %el, !erei de di7er ao seu "eneral 9ue o 3e7. /a]arios abriu um lon"o sorriso de desd6m, daria al"umas moedas de ouro para %er como es!a%a o ros!o do rapa7. Todos os membros do "rupo se %ol!aram para -udre5 com al"um apelo no olhar, ela nunca de%eria !er di!o a9uilo em ou!ra ocasião. Por ironia do des!ino, ela ha%ia di!o a9uilo numa 6poca onde me!eoros es!a%am ras"ando os c6us de 4iji e massacrando2a e por isso !odo cuidado era pouco em 9ual9uer ação. E, re!i3icar um soldado era 9uase pedir sen!ença de mor!e nas !erras de &badin, mas, -udre5 !e%e sor!e por !er um belo carimbo da Esplanada permi!indo 9ue pudessem es!ar ali em missão. W Perdoe2me, senhora. W disse o soldado sem abai\ar a cabeça. /as, não se re!ra!ou. W 4ui a%isado 9ue de%o "uiS2los em &badin e es!arei de olho no 9ue !i%erem de 3a7er. *n3eli7men!e não podereis en!rar [ cidade momen!aneamen!e, en!ão, de%erão se"uir para & /on!e dos .ri!os, eu os acompanharei. Per"un!asZ W ,ormiremos ao chãoZ W N claro 9ue %ocUs, /a"os de 4on!ain, não !i%eram !reinamen!o de "uerra. /as, em &badin, sim, dormimos ao chão, acima da "rama e sob o luar. $ão sereis recebidos como pr ncipes. 'ois an!es de !udo, %isi!an!es, mas, /a"os. E, em nossas !erras, não os admiramos. /a]arios riu. 'eu sorriso c nico e presunçoso pareceu ras"ar a9uela 3ace 9ue não se al!era%a e indicou aos demais 9ue de%iam prosse"uir para o /on!e dos .ri!os. -pro%ei!ou e acrescen!ou# W N claro 9ue %ocUs, T6cnicos de &badin, não !i%eram !reinamen!o da %ida. /as, em 4on!ain, nVs sabemos pensar no impre%is!o. E, não nos 3al!arS cama, 3o"ueira, alimen!o e di"nidade. $ão somos pr ncipes hoje, de 3a!o. 'omos 3u!uros reis. W disse dando as cos!as ao soldado e caminhando para o oes!e, con!ornando a cidade jun!o com os ou!ros cinco. & soldado acompanhou sempre indo dis!an!e, %i"iando os passos deles, como 9uem %i"ia um leão. & /on!e dos .ri!os 3ica%a [ uma hora da cidade de &badin,

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uma subida n"reme 9ue !ermina%a num planal!o al%o de "rama dourada e Sr%ores sem 3ru!os. Am rio sur"ia de uma represa cons!ru da hS s6culos e descia por boa par!e do es!ado de &badin e !ermina%a lo"o apVs o /on!e dos .ri!os, onde desemboca no -bismo da (aposa. E em meio aos sopros de %en!o, /a]arios 3oi o primeiro a pisar seus p6s na9uele lu"ar. $ão reclamou do !empo em 9ue marchou a!6 lS, mas, ao obser%ar os 9ue o se"uiram, es!a%am !odos jo"ados ao chão. /enos 1harlo!!e e o soldado 9ue %inha lo"o a!rSs. W E en!ãoZ W per"un!ou -udre5. /a!!he8 sabia mui!o bem do 9ue se !ra!a%a. *"norou2a e %ol!ou sua a!enção aos demais. W K5le, !emos al"o para comer ou beber den!ro dessa mochilaZ W & su3icien!e para sobre%i%er por al"uns dias. /as, a9ui 6 um campo aber!o e lo"o mais abai\o podem ser encon!rados pe9uenos animais ou m6dios animais. Podemos ma!ar para comer, cer!oZ Todos se %ol!aram para o soldado. W -o 9ue se re3ere [s leis de 4iji, pode2se ma!ar animais para comer. Em !odo can!o. W e\aminou 1harlo!!e !omando um passo [ 3ren!e. W Posso ir caçar, acaso possua companhia. /a]arios encarou -udre5. Ela pareceu "os!ar da ideia, en!ão, assen!iu le%emen!e, es!ando os ou!ros desapercebidos desse mo%imen!o su!il. W 'obre%i%Uncia 6 sobre%i%Uncia e não sabemos o 9ue %irS, en!ão, "uardemos esse meio de subsis!Uncia. Kalua, K5le, %ocUs podem ir pe"ar S"ua. 'am e 1harlo!!e podem ir pe"ar lenha mais abai\o, por onde passamos mais ao les!e parece ha%er al"umas Sr%ores secas, con3iram se a si!uação procede. -udre5, %ocU e eu... W 1açar. W comple!ou -udre5, amarrando o cabelo e dei\ando2o num rabo de ca%alo. W Bom apro%ei!armos en9uan!o não anoi!ece ou escurece. E o ou!ro aliZ W ela ar9ueou a sobrancelha e se re3eriu a ele com um le%e aceno, !amb6m 9uase impercep! %el.

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/a]arios no n!erim sorriu, por 3ora con!inua%a sereno e imV%el. Pareciam dois cTmplices bem en!endidos em 9uais9uer "es!os e mo%imen!os. W Fuando se !ra!a de nossa sobre%i%Uncia, não serS um &badino 9ue nos dirS o 9ue 3a7er ou !erS al"um % nculo com isso. W ele disse en9uan!o obser%a%a cada um se"uir por um lado. W -"ora, %amosX >obre >a( e Charlotte. W )ocU sempre es!S assim, encapu7ada, calçada e pro!e"idaZ W 'am não dei\ou de mos!rar sua surpresa ao 3icar a sVs com a Te]ler. W &s Te]lers não são mui!o conhecidos de minha cidade na!al... W 'im. W 1harlo!!e empurra%a um carrinho de mão com !oda a lenha 9ue 'am ia encon!rando, arrancando e 9uebrando. W &nde %ocU nasceu e\a!amen!eZ W -9ui em &badin, na capi!al. W E por9ue 3oi emboraZ 'am ar9ueou a sobrancelha, como se a ou!ra es!i%esse de al"uma 3orma descon3iando de sua credibilidade. & c6u cin7en!o de 4iji ia se desbo!ando len!amen!e para a noi!e, iria 3icar belamen!e ene"recido. (aramen!e o c6u 3ica%a assim em 4iji e 9uando es!a%a in!eiramen!e en!re"ue [ sua cor na!ural, era comum 9ue 3osse apenas con!emplado e adorado. /as, nenhuma das duas parecia !er esse in!ui!o. W /inha 3am lia passou a ser perse"uida a9ui. /i"ramos do condado de Kaon!a primeiro para cS, mas, nos encon!raram. En!ão 3omos para &ppos em 4on!ain, onde 3omos bem recebidos. /eu pai in3eli7men!e morreu recen!emen!e. E minha mãe desapareceu. $ão 9uis %ol!ar para cS. W e\plicou 'am, pe"ando um !ronco m6dio seco e jo"ando ao carrinho de mão. 1harlo!!e sol!ou um sonoro &hu(* en9uan!o persis!ia em empurrar o carrinho, ainda ha%iam começado a pe"ar a madeira. E de%eriam pe"ar o necessSrio para durar pelo menos uma noi!e in!eira. W )ocU 6 !oda caladona mesmoZ N pr62re9uisi!o para uma

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\eri3e es!ar caladaZ W $ão. W 1harlo!!e riu de 3orma "os!osa. W N pr62re9uisi!o e\aminar os 3a!os. W 4a!osZ W 'am arrancou um lon"o !ronco de Sr%ore e ia colocando ao carrinho 9uano ou%iu as pala%ras de 1harlo!!e# W )ocU nasceu em &badin, mas, es!e%e primeiro em Kaon!a. 'eu pai morreu e sua mãe sumiu e %ocU es!S a9ui. $ão procura %in"ança, não sabe 9uem 6 o assassinoZ 'am se calou. Pu\ou com 3orça o lon"o !ronco e o ba!eu com !oda a 3orça ao pescoço da Peri3e Te]ler 9ue !ombou em cima do carrinho de mão. & pescoço pareceu es!alar e no se"undo se"uin!e 'am lar"ou o "alho. 1om os olhos esbu"alhados correu para o mais dis!an!e 9ue podia, dei\ando a companheira para !rSs. 'eus p6s arrancaram a "rama 9ue %inha pela 3ren!e e !udo o 9ue sobrou 3oi a lembrança o ne"ro c6u sob o corpo branco pSlio da Te]ler com seus lon"os cabelos 9ue eram idUn!icos [ lon"os 3rios de pra!a al%a. Era um parado\o de cores, e o san"ue in3il!rou a noi!e, não no c6u, mas despon!ou da cabeça da Te]ler. Fue era seu prVprio c6u. >obre ?alua, ?@le e >a(. K5le -r]h`n! parecia um %erdadeiro esco!eiro com a9uela lon"a mochila bem e9uipada [s cos!as, en9uan!o Kalua carre"a%a consi"o apenas o seu alaTde. $ão caminharam mui!o !empo a!6 alcançar a 3on!e de S"ua limpa 9ue poderiam beber e pos!eriormen!e se banhar. W & mais indicado seria 9ue dorm ssemos por a9ui. -9ui 6 um e\celen!e lu"ar para mon!ar acampamen!o. W E como o 3aremosZ W Kalua apenas o acompanha%a. Es!a%a com a mão es9uerda alisando o alaTde, preparado para 9ual9uer e%en!ualidade. ,en!re as persona"ens apresen!adas e\is!em os /a"os, os T6cnicos e os Te]lers. En9uan!o os /a"os 3oram di%ididos pelo Fuin!o ddE!hero, os T6cnicos 3oram di%ididos por serem &3ensi%os, Parcial2&3ensi%o ou $ão2&3ensi%o. K5le por ser um pes9uisador era

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e\a!amen!e $ão2&3ensi%o, jamais conse"uiria a!acar al"u6m por habilidade na!ural. En9uan!o Kalua, um T6cnico /enes!rel Parcial2 &3ensi%o, poderia u!ili7ar de sua ar!e com a mTsica para e\pelir 9ual9uer peri"o ou chamar a!enção os /a"os 9ue não es!a%am !ão dis!an!e. W Posso conse"uir 3a7er al"uns baldes das ma!6rias2primas [ nossa %ol!a, mas, o primordial seria !er a S"ua ao nosso dispor a !odo ins!an!e. E por isso o sSbio seria mon!ar acampamen!o por a9ui, a princ pio. Principalmen!e por9ue não 3icaremos a9ui por dias, no mS\imo por !rUs, ima"ino. Kalua assen!iu [s pala%ras de K5le. $ão podia di7er 9ue es!a%a in!eiramen!e preparado para es!ar numa a%en!ura ao ar li%re, isso lhe era "rande peri"o. /as, !er um pes9uisador coordenando !ais assun!os do ambien!e lhe da%a al"uma se"urança. W - S"ua me parece saudS%el. :S pei\es, não es!S con!aminada. $ão hS ras!ros de 3eras, o local parece bem preser%ado e se"uro. 1om 3o"o 3icarS ainda mais. Pe"arei um pouco da amos!ra a S"ua para e\aminar 9uais9uer peri"os 9ue podem con!er a re"ião. W & 9ue %ocU 9uer di7er com issoZ W Kalua re!irou o alaTde de suas cos!as e pousou2o [ sua 3ren!e com o cordão ao seu pescoço. W Todo o meio ambien!e 3ala por si. 'e a S"ua es!S con!aminada, se ela 6 di3eren!e numa e\!remidade ou ou!ra 6 sin^nimo de al"uma mudança, al"um peri"o. Preciso con3erir se hS sali%a de animais sel%a"ens, se o P: es!S corre!o, se !udo es!i%er em ordem %ol!amos o mais rSpido poss %el. 'enão, %erei o 9ue posso 3a7er por essa S"ua. W K5le se ajoelhou an!e as pedras e e\aminou sua 3eição sob a ima"em ddS"ua. 1om as duas mãos pu\ou uma porção dela e cheirou. Passou a l n"ua. Parecia es!ar !udo em ordem. W 'V puri3icar um pouco, no mais, a S"ua es!S em per3ei!o es!ado. W ele a%isou. W >hhA W Pediu Kalua olhando para os lados. 'uas orelhas, 3ei!o as e cachorro, 3icaram a!en!as. W a'hhb o 9uUZ W Es!ou ou%indo al"o. -l"o 9ue %em em nossa direção. Tem

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o peso de um animal de por!e m6dio... W Kalua permaneceu ou%indo a!6 perceber 9ue o barulho %inha de um amon!oado de ma!a"al. Pu\ou o alaTde, se"urou com 3irme7a em seu braço e a"uardou. Fuando a 3i"ura sur"iu correndo con!ra o ma!a"al e o a!ra%essando, %indo em direção aos "aro!os, Kalua pu\ou a no!a "ra%e com 3orça e a sol!ou. 'eus dedos 3oram mais rSpidos 9ue seus olhos. ,o alaTde uma no!a "ra%e e pesada sur"iu e o ma!a"al es%oaçou para !rSs rapidamen!e, um se"undo apVs pareceu parar o !empo e ir em len!idão. - 3i"ura de 'am 3icou paralisada ao ar por um mil6simo de se"undo en9uan!o acena%a para 9ue soubessem 9ue era ela, mas, era !arde demais. & 9ue ocorreu no se"undo se"uin!e 3oi, o corpo da "aro!a %oando para !rSs com a"ilidade absurda e o ma!a"al e as Sr%ores de 3olhas !om oli%a sacudindo con!ra a %en!ania 9ue a no!a ha%ia causado. Fuando K5le percebeu, !udo lhe ha%ia sido mui!o rSpido. W -9uela era 'amZ Kalua se"urou o alaTde com 3irme7a e deu um passo [ 3ren!e, com a ou!ra mão preparada para sol!ar 9ual9uer ou!ra no!a andou um pouco mais para con3erir. W - prVpriaX W disse com o coração sal!ando ao pei!o e correndo em direção [ amada e se ajoelhando ao seu lado. (essoou ao seu ou%ido uma poesia e !ocou al"umas no!as com o alaTde e ela abriu os olhos imedia!amen!e. 'am o a"arrou pelo pescoço e o abraçou com 3irme7a. 'ol!ou um "ri!inho de horror e chorou com o ros!o escondido en!re os ombros do amado. -o 3im, selou seus lSbios demoradamen!e em desespero e no se"undo se"uin!e K5le ha%ia en!rado em cena um !an!o 9uan!o curioso e de3ensi%o. Es!a%a com um 3rasco de con!eTdo arro\eado em mãos. .uardou2o len!amen!e da mesma 3orma 9ue se apro\ima%a. W & 9ue hou%e, 'amZ & 9ue hou%eZ W Kalua !en!ou acalmS2la, mas, a Tnica 3orma 9ue encon!rou dela sen!ir sua presença era abraçS2la com !odas as 3orças. W Por 3a%or, não dei\e 9ue ela me le%eX W pediu num clamor em 3orma de sussurro e aper!ou ainda mais o menes!rel em

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seu abraço. W & 9ue hou%eZ W K5le ainda %inha com al"uma len!idão, e\aminando o 9uan!o o per me!ro ainda era peri"oso, na realidade não era mais. E, ainda precisa%a preparar a poção para puri3icar boa par!e da9uela re"ião ddS"ua. 'am abai\ou a cabeça e a balançou ne"a!i%amen!e. Kalua a abraçou com um pouco mais de 3orça e des%iou seu olhar dela para K5le, !amb6m acenando ne"a!i%amen!e. W Bem, preciso puri3icar a S"ua. -pro%ei!em o momen!o a sVs. W o pes9uisador sorriu com "en!ile7a e em meia %ol!a sumiu para 3ora do ma!a"al. W & 9ue hou%e, 'amZ & 9ue acon!eceuZ W Kalua dei!ou o alaTde ao lado e aninhou sua amada, pousando seu 9uei\o ao !opo da cabeça dela. 'am soluçou. Pu\ou o ar duas, !rUs %e7es a!6 9ue o silUncio emanado aos "rilos e aos barulhos de in cio de noi!e sur"issem. & belo c6u resplandecia !oda a "lVria do uni%erso, mas, em 4iji parecia ser sempre claro. Fuando 6 claro demais, pouco se dS para en\er"ar a bele7a. & escuro, a 3al!a de sen!ido e !a!o parecem rea%i%ar a sensação do belo. -9uele 9ue !udo %U [s %e7es parece a9uele 9ue pouco acha belo. E a noi!e es!a%a desapercebida pela dor de 'am. & belo sempre pa"a pelo imedia!o. & imedia!o 6 an!es de !udo bre%emen!e belo ou con!empla!i%o. En9uan!o o belo 6 e!ernamen!e belo, mas, perde a con!emplação com o !empo. 'am remo a al"uma dor. Era !ão bela, !ão bela a dor, 9ue ela merecia mais a!enção 9ue o ne"ro c6u de 4iji. W Ela %ai descobrir !udoX Ela me 9ues!ionou... W disse aos pran!os. W Ela du%ida de mim, KaX Ela sabe 9uem souX W aper!ou2o con!ra seu corpo. & "aro!o não !e%e ou!ra reação, senão, permanecer ao lado da amada pedindo 9ue se calasse. Fue 3icasse um pouco 9uie!a e pudesse sarar suas dores olhando para os c6us. &s menes!r6is sabem curar por suas pala%ras de consolo. Elas não recons!i!uem a pele, mas, cau!eri7am a alma.

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'obre /a!!he8 e -udre5. /a]arios jS não sabia o 9ue era reclamar. .os!a%a de 3a7U2lo para per!urbar -udre5, era en"raçado %er a cara a7eda 9ue a "aro!a podia 3a7er. /as, a "raça sumiu com a responsabilidade. E a"ora, eles sV !inham !empo para olhar para 3ren!e e para a sal%ação. W 'e hS esperança hS pelo 9ue lu!ar, cer!oZ W -udre5 pu\ou o assun!o. - noi!e jS ha%ia ca do. Fuando deram pela cena, es!a%am perdidos em meio [ um bos9ue. $ão ha%ia barulho al"um, era apenas a noi!e e eles. E acabariam pa"ando pelo seu prVprio barulho. /a]arios !emia por isso, ao menos. W N o 9ue ima"ino. W re3le!iu o rapa7, %is!oriando os lados e a re!a"uarda. W )ocU ainda não !reinou nada, não 6 mesmoZ & silUncio 3oi a respos!a. P6ssima respos!a. W $ão !i%e !empo. W $ão adminis!rou bem o !empo, 6 o 9ue 9uer me di7er. W r spido, /a]arios a cor!ou imedia!amen!e. W $ão assumiu sua prioridade. $ão reconheceu o 9ue de%ia 3a7er primeiro. Es!ou liderando a"ora, -udre5. Es!ou ocupando seu lu"ar. )ocU 6 a prV\ima. )ocU precisa assumir seu papel, precisa !reinar seu poder. $ão pode sV se"uir a!rSs de mim. W E !i%e !empoZ )ocU me disse para irmos [ EsplanadaX Para irmos para a !a%ernaX Para %irmos para &badinX Fual !empo !i%eZ W /as, não a obri"uei em nada. )ocU sempre 3oi por li%re %on!ade. /os!rei 9ue o melhor seria ir [ Esplanada. E a !a%erna e &badin são de!alhes. )ocU poderia !er ne"ado. )ocU sV me se"ue e se"ue sem 9ues!ionar. W nesse pon!o, /a]arios parou. Pu\ou2a pelo braço e a colocou en!re seu corpo e um !ronco de Sr%ore. -pro\imou len!amen!e seu lon"o ros!o pSlido e seus olhos bem ine\pressi%os comparados [ noi!e. W & 9ue eu 3i7 con!i"o, des!ru seu esp ri!oZ -udre5 enrubesceu. 4echou os olhos por um se"undo e em se"uida pousou suas mãos aos ombros do maior o a3as!ando. $esse ins!an!e ou%iram um som "ra%e 9ue se propa"ou dis!an!e. & som de uma no!a musical. -udre5 re!ornou o ros!o para /a]arios e ele

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es!a%a ainda mais prV\imo 9ue an!es. -udre5 %iu /a!!he8 /a]arios se apro\imar ainda mais, bem len!amen!e. 'eus olhos 3oram 3i\ados de 3orma submissa aos dele e por um ins!an!e perdeu a noção do !empo e espaço. 'en!iu !odo seu corpo dormen!e seus p6s a3undaram ao chão. 1aiu para !rSs, jS 9ue a Sr%ore dei\ou de e\is!ir, sen!iu sob as cos!as uma pe9uena plan!inha 9ue es!a%a minTscula ainda. )iu o c6u ne"ro 9ue a copa das Sr%ores !en!a%am e%anescer do campo de %isão do 9ue es!a%am abai\o de si e !udo pareceu crescer, !udo pareceu diluir, !udo pareceu e\pandir e e\plodir. E no se"undo se"uin!e, não ha%ia /a]arios, bos9ue ou c6u. -liSs, o c6u se recomp^s mui!o len!amen!e se propa"ando de um Tnico pon!o como uma no!a "ra%e de um menes!rel. -udre5 não !e%e cora"em de 3echar os olhos. )iu a criação dian!e de seus olhos. -s cores 3oram dila!ando como se pulassem de sua prVpria ris e despejassem !odo o 3rescor das !onalidades para 3ora de si. Ama "ar"alhada ecoou pelo bos9ue %a7io. -l"uns 3ile!es iam subindo da !erra para os c6us e iam se concre!i7ando em Sr%ores 9ue se"undos apVs se des3a7iam 3ei!o poeira. Ama sombra corria pelo bos9ue, den!re as Sr%ores 9ue dei\a%am de e\is!ir e as 9ue se concre!i7a%am um ins!an!e apVs. E a "ar"alhada ressoou uma %e7 mais. -udre5 !en!ou con!a!ar 9ue es!a%a com sua bTssola, mas, não a encon!rou. 1om os olhos esbu"alhados, começou a andar mui!o len!amen!e para 9ual9uer lu"ar, se a3as!ando da risada in3an!il. /as, 9uan!o mais se a3as!a%a, mais essa risada se !orna%a la!en!e. -udre5 sen!iu pisar em al"o es!ranho, 9ue não era "rama, !erra ou 9ual9uer coisa do !ipo. Am bon6 branco com a aba a7ul com um "ol3inho desenhado. 'eus olhos branco2es%erdeados piscaram. Piscaram mais uma %e7. Ten!ou se lembrar bem len!amen!e... E 9uando seus olhos assumiram a coloração %erde por comple!a, en!reabriu a boca e e\aminou melhor o bon6. W Pa!ric]... W murmurou, sen!indo o cheiro do per3ume do irmão ao le%ar o bon6 ao nari7, para con3erir. W... $ão pode serX W murmurou "uardando o bon6 em um bolso e passou a correr pelo bos9ue, a!rSs das risadas.

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Cun!o [s risadas, sur"iu uma canção de ninar. & som se propa"a%a por !odo o per me!ro, era imposs %el perceber de onde e\a!amen!e pro%inha. 'eu semblan!e mudou de preocupada para desesperada. 1orreu chu!ando pedras e passando de Sr%ore em Sr%ore para encon!rar seu pe9ueno irmão. -"ora se lembra%a... Era !udo um 3lashbac]. aVitória da Conquista*, sua men!e di7ia. a5:>B, fui B 5:>B* ela sussurra%a com sua %o7 al!erada em mil !ons, em mil sin!onias, em mil %o7es. &Cabriel est' #erdido, #reciso ach'!loA* disse seu c6rebro, mas, não era mais o 9ue o coração di7ia. & coração 6 uma esp6cie de bTssola, o nor!e do esp ri!o e da alma. &,oda )e1 que se #erder, a#onta #ara teu coraç0o, que ele lhe (ostrar' " >etentri0o* disse a %o7. /as, não era a %o7 de -udre5. Era a %o7 de uma criança. Fuando encon!rou Pa!ric], ele es!a%a ca do con!ra o chão. 'eus lon"os cabelos iam diminuindo len!amen!e, en9uan!o seus pe9uenos braços iam crescendo, os pelos iam nascendo, suas pernas iam se desen%ol%endo. & pe9ueno nari7 ia 3icando mais a3inado, maior, suas cos!as iam crescendo. 'eu pei!oral ia e\pandindo e os mTsculos aparecendo. -udre5 es!a%a %endo Pa!ric] com de7oi!o anos de idade. /as, não parou. &s pelos se !ornaram mais "rossos e nasceram nas pernas, nas co\as, um pouco ao pei!oral. - sobrancelha ia 3icando ainda mais "rossa e bem desenhada. & corpo ia 3icando al!o e a!l6!ico. /as, o "aro!o es!a%a dei!ado sob o chão, iner!e. Fuando -udre5 piscou os olhos, ele jS es!a%a de cabelos brancos e seus 3ios, um [ um desciam sua%emen!e pelo seu corpo, sua pele es!a%a 3lScida, as ru"as, as marcas de e\pressYes, a %elhice ha%ia alcançado Pa!ric] <u7. E num Tl!imo 3^le"o, num Tl!imo suspiro, pu\ando !odo o ar 9ue podia, Pa!ric] soou rouco al"um pedido. -l"um pe9ueno pedido 9ue -udre5 não ou%iu. $ão pode dei\ar de con!er as lS"rimas 9ue desceram len!amen!e, 3ei!o cris!ais 9ue ca ram sob o solo e o 3i7eram !remer imedia!amen!e. E onde ha%ia o corpo de Pa!ric], como um sopro num punhado de poeira, ele es%oaçou e se dissipou pelo ar, le%ando !oda ener"ia 9ue ha%ia 3ormado em milhYes de 3ra"men!os para um milhão de lu"ares.

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- risada in3an!il ecoou mais uma %e7. E a canção de ninar can!a%a com mais in!ensidade como uma Vpera horripilan!e. & som da "ui!arra em seu ou%ido acompanhando cada uma das es!ro3es da can!i"a e o 3uror das ondas do mar 9ue ba!iam con!ra a cos!a. & !erremo!o des!ruindo as cidades. & !ornado le%ando embora os obje!os. -udre5 %iu !udo passar pelos seus olhos. -!6 9ue, um barulho de S"ua soou pelo 3im do bos9ue. Fuando con3eriu com o olhar, %iu a onda de S"ua in%adindo !oda a imensidão da9uele bos9ue. -udre5 en!ão %ol!ou a correr para lon"e da9uele dilT%io. $a9uele ins!an!e cho%eu bra%amen!e. 1omo se não hou%esse cho%ido por dias. E a S"ua limpou do bos9ue !udo, mas, dei\ou !udo sujo. -s pedras sa ram de um lu"ar para ou!ro, al"umas mudas 3oram arrancadas. -l"umas Sr%ores ha%iam se cur%ado. -s 3olhas de ou!ono 9ue ha%iam ca do es!a%am por !odos os can!os jun!o com o lamaçal. E 9uando deu por si, -udre5 sen!iu a onda de S"ua a derrubar e a Tl!ima lembrança 3oi en"olir S"ua a!6 onde não a"uen!ou e lo"o depois os sen!idos 9ue perdeu. -l"umas horas depois, ou, al"uns minu!os depois, ou, al"uns se"undos depois, ou, mui!o !empo an!es de !udo a9uilo acon!ecer, -udre5 desper!ou. 'eu cabelo es!a%a molhado e sujo, cheio de 3olhas e lama. 'uas %es!es es!a%am no mesmo es!ado. )iu um casulo se abrir len!amen!e e dele sair uma borbole!a mul!icor. - borbole!a ba!eu as asas e alçou %oo. E no se"undo ba!er de asas, não era mais uma borbole!a, era uma lib6lula. E no !erceiro ba!er de asas não era mais uma lib6lula, era um %a"a2lume. E no 9uar!o ba!er de asas não era mais um %a"a2lume, era uma 3ada. E a 3ada, derramando sua lu7 dourada em 3orma de pV por !oda a 3lores!a, se"uiu seu caminho para mui!o lon"e. <on"e a!6 demais. W Pa!ric]ZX W era a Tnica lembrança %i%a em sua men!e. E, a"ora 9ue pensara em Pa!ric], seu pe9uenino irmão, percebera 9ue a can!i"a de ninar ainda soa%a bem dis!an!e, ia embora jun!o com a 3ada. -udre5 se le%an!ou. &bser%ou !odo o percurso 9ue a 3ada ha%ia 3ei!o. (espirou 3undo e an!es de dar um passo [ 3ren!e, ou%iu [s suas cos!as um balançar de en"rena"ens. Parecia um balanço com

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cordas de 3erro ou aço em a!ri!o com os para3usos. Era um barulho irri!an!e 9ue inunda%a seus ou%idos e 9ue ardia em seu c6rebro. Para sua surpresa, %irou2se para encarar. E %iu um balanço de madeira, preso [ duas corren!es de aço 9ue subiam aos c6us e es!a%am presos em al"um lu"ar, 9ue ob%iamen!e não era Sr%ore. -udre5 arre"alou os olhos de assombro. Fuem es!a%a aliZ & 9ue era a9uilo !udoZ &nde es!a%a /a]ariosZ Por 9ue isso es!a%a acon!ecendoZ &lhou por !oda a re"ião 9ue seus olhos alcança%am, aos lados e de!rSs do balanço ; es!ando imV%el, o medo a impediu de mo%er as pernas ; e nada encon!rou. En!ão, deu meia %ol!a e caiu para !rSs, en9uan!o se arras!a%a, 3u"indo de sus!o com a 3i"ura 9ue ha%ia aparecido. .ri!ou al!o ao primeiro ins!an!e e depois respirou ainda mais 3undo. 'eus lSbios !remeram. E se"urou 3irmemen!e em uma pedra. *an /c:o!!er, & 'onhador es!a%a [ sua 3ren!e. &u!rora a!rSs de si. Am "aro!o de aparUncia de oi!o anos. 'eu cabelo pre!o descia numa 3ranja cur!a e seus olhos eram despro%idos de ris. $ão possu a nada al6m do pre!o em ambos os olhos. Parecia uma esp6cie de !in!a. &u, o uni%erso nos olhos de uma criança, mas, sem plane!as, es!relas, "alS\ias, superno%as. & "aro!o len!amen!e es!endeu a mão e apon!ou para a pedra. - pedra se !rans3ormou em ouro e derre!eu, descendo em 3ile!es 9uen!es de ouro e despejando2se sob a !erra e a3undando nela e lo"o mais, sumindo. W '2'2'2'onhador...Z W -udre5 respirou um !an!o mais ali%iada. W Eu não es!aria !ão ali%iado. W comen!ou o menino e desapareceu. -udre5 se le%an!ou, ainda !remia. E\aminou onde o "aro!o ou!rora es!e%e e para sua surpresa ou%iu o balanço começar a 3a7er barulho. Para 3ren!e e para !rSs. E 9uando olhou, dando meia %ol!a para o balanço, lS es!a%a o menino sen!ado, balançando seus pe9uenos p6s parecendo se di%er!ir, mas, em seu ros!o não es!a%a es!ampado nenhum sen!imen!o de 3elicidade. W &nde es!ouZ W -udre5 se sen!ou sob a lama, pouco li"ando para suas %es!es e seu cabelo. W Tal%e7 es!eja no mesmo espaço, mas, não no mesmo

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!empo. &u, es!eja no mesmo !empo, sV 9ue não no mesmo espaço. Tal%e7 não es!eja !ampouco no mesmo espaço e mesmo !empo. W disse *an en9uan!o balança%a, seus p6s pararam de se mo%er para 3ren!e e para !rSs. - menina ar9ueou a sobrancelha. <e%an!ou2se mui!o len!amen!e en9uan!o e\amina%a o bos9ue. $ão era um bos9ue ainda, ha%iam poucas Sr%ores e a maioria das mudas ha%iam sido arrancadas. Ela ou%iu "ri!os e correria pelo e\!remo nor!e e %iu silhue!as de "uerreiros. Eles corriam !ão rSpido 3ei!o a lu7 e sV seus %ul!os 3oram %is!os no 3inal, apVs, desapareceram. Am mesmo %ul!o sur"iu sob as cos!as de -udre5. Ama mão se 3ormou e se"urou em seu 9uei\o. - mão %irou seu ros!o para o balanço de *an e a pu\ou ; ela não percebeu, era !ão hipno!i7an!e 9ue pareceu nem sair do lu"ar ; e 9uando 3icou a!en!a, encarou es!ar no%amen!e sen!ada sob a lama, olhando para *an. W Por 9ue es!ou a9uiZ W ela per"un!ou, le%ando o sus!o de ou%ir do menino ao mesmo !empo 9ue per"un!a%a &8or que est's aqui=*. Ama sincronia per3ei!a. W & 9ue %ocU 9uer de mimZ W per"un!ou e en9uan!o soa%a as pala%ras, *an a acompanhou &" que quero de )oc;=* e o menino permaneceu impass %el. :ou%e silUncio. - S"ua do dilT%io 3e7 o mo%imen!o con!rSrio. Ela re!ornou por onde passou, %indo em ccmera len!a e 3e7 o mo%imen!o in%erso. -udre5, 9uando percebeu, es!a%a in!eiramen!e limpa, de cabelos asseados e sen!ada sob uma pedra. W $ão de%e 3icar em &badin. W disse2lhe *an. W Por 9uUZ W )ocU 6 um re!ra!o de nos!al"ia. W comen!ou *an. W )ocU 6 uma "rande hipV!ese, al6m de uma "rande dT%ida... W ele con!inuou e 3e7 uma lon"a pausa. W Para os ou!ros. $ão encon!rarS nenhuma respos!a em &badin. ,e%e ir ao nor!e. W $or!eZ W per"un!ou mei"amen!e en9uan!o pousa%a ambas as mãos em seu prVprio colo e seu 9uei\o nas mãos. 4icou a!en!a ao 9ue o "aro!o !inha a 3alar. W Toda %e7 9ue não hou%er nada para %ocU em um lu"ar, si"a para o nor!e.

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W E se não hou%er al"o para mim no nor!eZ W Fuando não hS nada no nor!e, si"a " >etentri0o. -udre5 pensou sobre !odas as pala%ras 9ue conhecia. 'e!en!rião... 'e!en!rião... $ão era uma pala%ra 9ue se re3eria ao nor!eZ 1omo podia se"uir para o nor!e 9uando jS es!aria lSZ W " >etentri0o do coração. Ele nunca erra. Ele nunca 3alha. Ele sempre nos le%a onde de%er amos es!ar. W E se errarZ E se 3alharZ W -udre5 9ueria ir mais 3undo. W & coração nunca 3alha, nunca erra. - pior dor 6 sempre a do arrependimen!o# de !er desejado e não !er 3ei!o. Por isso o coração não erra. Ele nos proporciona a menor dor# a de !er 3ei!o e não !er "os!ado. - primeira dor pode lhe perse"uir !oda a %ida. - se"unda dor pode lhe se"uir por al"um !empo. /as, se 3i7er de !odo o coração o 9ue desejar, não irS errar ou 3alhar. - 3elicidade pode durar al"um !empo em al"um espaço. &u, um mesmo espaço em al"um !empo. Tal%e7 um mesmo !empo em al"um espaço. /as, o coração 6 sempre a pon!a de 3lecha para a 3elicidade. W 1ompreendo menos... W a "aro!a sussurrou. & balanço sumiu. *an con!inuou balançando, para 3ren!e e para !rSs. W N bobo !en!ar compreender com o coração. -s pessoas se consumiram em !en!ar en!ender, des%endar, descobrir, !raçar lV"ica nas pessoas e sen!imen!os como se 3ossem coisas. - %erdade 6 9ue, pessoas são mais coração e menos c6rebro. N 9ue, dVi menos ser c6rebro. E as pessoas não es!ão dispos!as [ so3rer pelo 9ue 9uerem. W :um... W -udre5 se er"ueu e passou a caminhar. Es!a%a compreendendo. W Preciso !reinar... /a]arios disse 9ue... W $ão 6 necessSrio !reinar o 9ue jS se sabe. W *an a respondeu. W )ocU jS sabe !udo sobre !odo & Fuin!o. Treinar não 3arS di3erença. 'V de%erS liber!ar esse conhecimen!o. E sV o liber!arS 9uando reconhecer a si mesma a9ui em 4iji. W & 9ue %ocU 9uer di7erZ W )ocU jS es!e%e a9ui. W $esse bos9ueZX W -udre5 es!a%a um pouco con3usa. W Em 4iji. :S milhYes e milhYes de anos a!rSs. W comen!ou

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*an sem "randes in!eresses nesse pon!o. W )ocU sV precisa se lembrar. E 9uando lembrar, compreenderS !udo. W E como compreendereiZ W :S uma %iajem. Ela de%e ser 3ei!a. W Ama %iajemZ Para o nor!eZ & 9ue de%o 3a7erZ *an /c:o!!er ia se a3as!ando len!amen!e como um %ul!o indo para !rSs. 'ua %o7 3oi sumindo en9uan!o ele di7ia as Tl!imas pala%ras# W :S uma %iajem. )ocU de%e %ol!ar... & e)o )oltar...=*, -udre5 sabia 9ue ha%ia al"uma ou!ra coisa nesse pon!o, mas, *an ha%ia sumido. &>e-uir #ara o norte* 3oi o 9ue pensou. Era o mais ade9uado. E !udo o 9ue ha%ia sobrado era o bos9ue, 9ue len!amen!e 3oi se des3a7endo en9uan!o uma lu7 como a da 3ada ilumina%a [ 3ren!e. 1ho%ia um pouco e 9uando -udre5 abriu os olhos, es!a%a o "rupo unido em %ol!a de uma 3o"ueira. /a]arios es!a%a ao can!o, obser%ando a S"ua l mpida. K5le da%a !oda a assis!Uncia [ -udre5, 9uando 3inalmen!e respirou ali%iado# W Ela desper!ouX Parece es!ar bemX W disse animado e con!inuou passando o pano branco umedecido sob a !es!a da "aro!a. W - 3ebre parece !er ido embora. 'en!e al"uma mole7a no corpo, meu bemZ -udre5 balançou a cabeça ne"a!i%amen!e. )iu a 3o"ueira e nela al"uns pei\es es!a%am sendo assados pela chama %i%a. 1harlo!!e, - Te]ler es!a%a dei!ada e embrulhada do ou!ro lado da 3o"ueira. Kalua e 'am comiam pei\e com milho assado e o soldado de &badin es!a%a sen!ado debai\o de uma Sr%ore, separado da con%i%Uncia do "rupo. W ,uas num Tnico dia. 1reio 9ue !enha sido al"uma esp6cie de 3ebre causada pela cloro3ila com 1harlo!!e e com -udre5 !enha sido !oda essa %ia"em. Ela parece es!ar um pouco cansada, nada mais. Beba mui!a S"ua, coma um pouco e %ol!e a descansar. W /as, não podemos... W ela ia di7er, mas, 3oi in!errompida por /a!!he8 /a]arios. W Poupe suas ener"ias. -manhã par!imos cedo.

I? ||

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W Par!imosZ /a!!he8 se apro\imou e sen!ou ao lado da 3o"ueira. W Am pouco an!es de %ocU desmaiar, uma car!a che"ou. ,i7endo 9ue de%er amos descer o abismo da raposa. W /as...Z W -udre5 9ueria compreender. & abismo da raposa era lo"o ali, pelo 9ue ha%ia compreendido. W (ecebi uma car!a di7endo 9ue as missYes seriam dadas [ %ocU. E, !omei a liberdade de ler essa car!a 9ue es!a%a em seu bolso# -udre5 <u7 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. $&)- /*''+& A(.E$TEX <u7, 'i"a para '_plen%on.
/issão 2 3ei!a. -!ual /issão# 3. /issYes To!ais [ ocorrer# 13.

W Esplanada de 4iji "nde n0o h' corru#ç0o. -udre5 leu com al"uma di3iculdade. 4echou os olhos para descansar a %is!a. -s lembranças do 9ue ha%ia ocorrido [ pouco ainda paira%am em sua cabeça. 4oi !udo um sonhoZ :a%ia mesmo %is!o *anZ 'ua cabeça do a cada %e7 mais en9uan!o pensa%a nessas 9ues!Yes. W /a]ariosZ W ela o chamou. Es!a%a 9uase %ol!ando [ dormir. W :umZ W o "aro!o se apro\imou um pouco mais. W &nde e\a!amen!e 3ica '_plen%onZ W -o nor!e da9ui. W /a]arios disse e subiu cober!or, cobrindo2a a!6 o pescoço. W ,escanse. W ele pediu e se a3as!ou. -udre5 sorriu, 6 claro 9ue era um sorriso mais em sua men!e

ID ||

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9ue em seu corpo. Pelo %is!o, iriam para o caminho cer!o. E a9uela noi!e, seu sonho não 3oi um dos melhores. Era !err %el, 9uen!e e por onde olha%a es!a%a a raposa a %i"iando. - raposa corria de um can!o [ ou!ro e a e\amina%a e drena%a seu poder. Era absolu!amen!e 3a!i"an!e. DE de (arço de uo!(arte, +rredores da Ca#ital – "badin. & dia começou bem. Fuando -udre5 acordou, a maioria ainda es!a%a dormindo. Kalua e 'am es!a%am em um can!o, K5le es!a%a dei!ado do ou!ro lado. - 3o"ueira parecia !er acabado de apa"ar. $ão ha%ia nenhum sinal de 1harlo!!e Te]ler e /a!!he8 /a]arios. ,e%eriam es!ar procurando o 9ue comer pela manhã. Eram seis horas, 3a7ia al"um 3rio e o c6u es!a%a cin7en!o e nublado, podia se passar por noi!e !ran9uilamen!e. -udre5 obser%ou debai\o da Sr%ore a capa do soldado de &badin. Era es!ranho, uma %e7 9ue ima"ina%a 9ue ele jamais re!iraria 9ual9uer peça da roupa. ,e p6, sen!iu a brisa sacudir seus cabelos e decidiu passear um pouco, descer um pouco mais para 3icar prV\ima ao rio. >obre as #oucas #ala)ras que trocara( Charlotte e Makarios. W E o 9ue %ocU pensa !er descober!oZ W N an!es de !udo in!uição. /as, essa 'am 6 peri"osa. W 1harlo!!e disse. /a!!he8 /a]arios não mudou sua e\pressão. Permaneceu obser%ando as Sr%ores de "alhos secos e os !roncos jo"ados ao chão. W )ocU não se lembra de nada de on!em [ noi!e, 1harlo!!eZ W $ão. ,e%o !er me descuidado. Fuando acordei, es!a%a ren!e [ 3o"ueira. Am "alho de%e !er ca do e suas 3olhas de%em !er raspado con!ra meu pescoço. $ão ima"ino 9ue !enha sido a!acada. 'ou uma Peri3e, iria pre%er um 3en^meno desses, não achaZ /a]arios assen!iu com mui!a len!idão en9uan!o analisa%a os 3a!os. & mal dos seres racionais era o or"ulho. E o or"ulho de

IB ||

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1harlo!!e não lhe permi!ia acei!ar 9ue hou%esse errado. W 1omo se conheceramZ W ela per"un!ou. W FuemZ W -udre5 e %ocU, 6 claro. W - Te]ler de lon"os cabelos brancos re%irou os olhos e con!inuou caminhando, sem esperar /a]arios a se"uir. W &bra de acaso. & acaso mais in!ri"an!e de !odos. W ele respondeu abai\ando a cabeça e dando passos miTdos. 1harlo!!e re!irou o capu7 e ajei!ou as lon"as lu%as brancas. &lhou por !odo o per me!ro e não ha%ia nada de no%o na9uela 3lores!a seca. 'eus cabelos 9ue desciam re!os em 3ren!e ao seu ros!o eram delicadamen!e amainados com o %en!o a"ora. W 'e!e dias de %ia"em [ p6. 1er!e7a 9ue de%amos par!ir para '_plen%onZ W N o 9ue a missão e\i"e. W ele respondeu sucin!o. 1harlo!!e não !inha mui!as coisas a comen!ar sobre isso. $a %erdade, era a!6 irrele%an!e discu!ir. 'e a Esplanada ou a /a"ia Pro3unda a"ora e\i"iam 9ue eles 3ossem adian!e para o pa s sel%a"em. & peri"o era iminen!e. /as, não seria 1harlo!!e a discordar de !ais assun!os. :a%ia in"ressado na missão, en!ão iria 3inali7S2la. W )ocU realmen!e acha, /a]arios, 9ue ela pode mudar al"uma coisaZ W $a %erdade, 1harlo!!e, ela jS mudou !udo. >obre +udre@ e o no(e dF" >oldado de "badin. -udre5 desceu um pouco mais de onde es!a%a, !en!ando não 3a7er barulho para 9ue os demais não desper!assem. 1he"ando [ mar"em do rio, e\aminou sua 3eição. /olhou o ros!o e as mãos e lo"o mais e\aminou a S"ua cris!alina, parecia per3ei!a para beber. Fuando abai\ou as mãos para pe"ar boa 9uan!idade, ou%iu um barulho %indo de!rSs de si. -ssim como no sonho ou na noi!e an!erior 9uando %iu *an, ras!ejou para !rSs o mais rSpido 9ue pode e se escondeu en!re as "randes plan!as 9ue escondiam bem seu corpo. -"achou2se um

IH ||

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pouco mais e desejou es!ar in%is %el. Era es!ranho e lhe soa%a le%emen!e errado o 9ue es!a%a pres!es a 3a7er, mas, al"uma coisa es!a%a es!ranha em !oda a9uela si!uação. & 'oldado de &badin, jS sem a capa, re!irou a armadura e !odos os supor!es 9ue !inha. ,ei\ou2os ao can!o e sob a orla do rio despiu suas cos!as e !odo o res!an!e de seu corpo abai\o. Ele era moreno, -udre5 pode perceber. E era 3or!e !amb6m. Era um pouco bai\o ; menor 9ue -udre5 ;, e o momen!o mais esperado es!a%a che"ando. -udre5 não o es!a%a %i"iando para %er sua nude7, seria ris %el pensar isso, não !inha por9uU 3a7U2lo. Fueria %er o ros!o dele. & ros!o do mis!erioso rapa7 9ue es!e%e !odo ins!an!e lon"e do "rupo e apenas os %i"iando. $ão era mui!o impor!an!e [ princ pio, mas, den!re !an!o mis!6rio, seria in!eressan!e %er 9uem ele era. E ele re!irou o elmo, es!a%a de cos!as. Possu a cabelos per3ei!amen!e ondulados e lon"os. )irou2se len!amen!e para 3icar de per3il. -udre5 o e\aminou com al"um in!eresse, o rapa7 por um Tnico ins!an!e lhe pareceu conhecido. - silhue!a, a !onalidade da pele... Fuando ele %irou o ros!o, -udre5 percebeu seus olhos e\pressi%os es!ampados no mel2 es%erdeado. 'eu nari7 lon"o, seus lSbios "rossos e pe9uenos. -udre5 não con!e%e o espan!o. :a%ia 3icado de cVcoras e a"ora ha%ia ca do para 3ren!e. & rapa7 com o sus!o a3undou me!ade de seu corpo no rio e er"ueu a mão, sua espada %oou de suas %es!es a!6 o encon!ro dela. 'e"urou2a com 3irme7a. /as, 9uando no!ou 9ue era apenas -udre5, jo"ou2a [ mar"em do rio e respirou ali%iado. -udre5, en!re!an!o, não es!a%a ali%iada. 1ambaleou um pouco para 3ren!e, indo cada %e7 mais em direção ao rapa7. & 'oldado de &badin somen!e a 3i!ou com um sorriso 9ue ia se 3ormando. Ele abriu os braços indicando 9ue ela de%eria con!inuar e en!rar den!ro do rio. -udre5 parecia es!ar sob hipnose, no en!an!o. 1aminhou a!6 a mar"em do rio e en!rou nele. -%ançou con!ra a corren!e de S"ua a!6 es!ar 9uase colada con!ra corpo do rapa7. *sso 3oi !udo o 9ue saiu de seus lSbios# W .abrielZX Pensei 9ue nunca mais o encon!raria... E o rapa7 apenas a beijou.

II ||

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7.
O RIGOR DESSA !IST"RIA ou
ENTRETER O LEITOR PARA QUE ESQUE A O TEMPO _______________________________________________________

Fiji 6 a prVpria ma"ia. E como !al, decide o proceder de seus
caminhos. 1he"ar [ 4iji 6 impro%S%el. Para !al 6 necessSrio emi!ir um chamado 9ue apenas 4iji conheça# - /a"ia Pro3unda. /ui!os Europeus !en!aram che"ar [ 4iji, mas, sV conse"uiram che"ar [s 4iji =as ilhas em seu !empo e espaço de 6poca>. - 4iji 9ue conhecemos es!S perdida no !empo e por isso, a premissa 6 9ue para che"ar lS, 6 preciso nocau!ear o obs!Sculo !emporal, e isso sV pode ser 3ei!o com ma"ia ou al!a ciUncia !ecnolV"ica, como essa Tl!ima ainda não es!S pron!a nessa da!a presen!e, che"ar [ 4iji 6 9ues!ão de /a"ia Pro3unda. &s 9ue !en!am, encon!ram ilhas e pessoas %i%endo lS, mas, não encon!ram os /a"os do Fuin!o ou os Te]lers ou os T6cnicos. Bem, hS ou!ras esp6cies de !6cnicos# m6dicos, ad%o"ados, pro3essores, mas, não os !6cnicos de 4iji. &s 9ue realmen!e conse"uem, desper!am na (osa dos )en!os, em &ppos, cidade do es!ado de 4on!ain. ,e lS, os imi"ran!es podem escolher en!re %i%er em &ppos ou par!ir para al"um can!o 9ue es!eja %inculado com seu carS!er. -caso seja um mili!ar ou !enha %on!ade para !al, cer!amen!e irS para &badin. -caso 9ueira se li%rar do sis!ema e %i%er em

IG ||

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liberdade irS para '_plen%on. 4on!ain 6 epicen!ro econ^mico de !oda a 4iji. $ada es!ranho jamais ocorreu 9uando um imi"ran!e che"a. & processo 6 simples# le%S2lo [ Esplanada. Ele se diri"irS ao Parlamen!o dos T6cnicos e decidirS pelo seu coração e pelo seu san"ue 9ual poder admi!e para essa sua no%a %ida. & li%ro 9ue ele de%e ler 6 & ,a!ilo"ra3ado de C., não hS obra melhor. $ão hS uma la%a"em cerebral 9uando se che"a [ 4iji. -l"umas pessoas che"am per"un!ando sobre aparelho celular ou operadora ; coisa 9ue os 4ilhos da Terra não compreendem mui!o bem, !ampouco precisam ;, ou 3alando sobre seus deuses ou Tnico deus em suas !erras e sobre um li%ro 9ue ser%e i"ualmen!e como & ,a!ilo"ra3ado, 9ue alcunharam eles de ab bliab. :S mui!as dT%idas sobre !udo em 4iji e essas dT%idas mo%em a ilha. -liSs, !odos !em le!al conhecimen!o de onde es!ão# numa ilha. Ama ilha pluri di%ersa em 9uesi!o econ^mico, social, cul!ural e his!Vrico. -liSs, cada po%o !em sua prVpria his!Vria e sua %ida 6 sempre au!o2a3irmação dela. &s sulis!as =4on!ain e &badin> acredi!am piamen!e em 1a!herine e Jbor, hS a9ueles 9ue acredi!am apenas em um =e\clusi%is!as> e hS a9ueles 9ue acredi!em em ambos =e9uilibris!as>. 1a!herine e Jbor não são criadora e criador de 4iji, são apenas ener"ias 9ue es!ão por de!rSs de al"uns 3a!os. -inda hS, 6 claro, os bSrbaros ou sel%a"ens, assim chamados pelos sulis!as. Esses moram em '_plen%on, re"ião cen!ral da ilha, 9ue se or"ani7am em !ribos e adoram deuses mui!o an!i"os ou mui!o no%os e pouco se impor!am sobre o 9ue a eli!e norma!i%a de 4on!ain e &badin di7em sobre sua cul!ura. $ormalmen!e, não hS re"is!ro de 9ue haja !ido uma "uerra pela reli"ião. E, não 6 por9ue não es!S re"is!rado 9ue nunca hou%e. &s 4ilhos da Terra =como chamamos os po%os de 4iji> são e\!remamen!e di3eren!es. E o melhor manual a se consul!ar 6 & ,a!ilo"ra3ado de C., por9ue aparen!emen!e ele 6 claro, ele 6 e\plica!i%o, ele 3oi escri!o por um\ his!oriador\ e por isso !em renome. *sso não indica 9ualidade, 6 claro. /as, indica conhecimen!o. E conhecimen!o nunca 6 demais.

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-s dT%idas 9ue mo%em a ciUncia são por e\emplo# a mor!e. Fuando se morre em 4iji, numa "uerra, o indi% duo renasce num !emplo apVs um processo pessoal e !ranscenden!al. - Tnica 3orma de morrer comple!amen!e 6 pela idade, por causas na!urais ou por suic dio. ,emais mor!es podem ocorrer um renascimen!o no !emplo de sua cidade. &u!ra curiosidade 6 sobre a hierar9uia de poder. $ão hS laços san"u neos no poder. -ssim, a mulher do rei 6 a mulher do rei, não uma rainha. & esposo da condessa 6 o esposo da condessa e não um conde. - hierar9uia de es!adoj"o%erno es!S %inculada com o poder. Para assumir de!erminado car"o 6 necessSrio 3a7er uma pe!ição [ Esplanada, ou, con%ocar uma ba!alha pTblica, onde 9uem sair %i%o permanece no car"o. & 9ue 6 curioso, jS 9ue, numa dispu!a dessas, ambos sairão %i%os, uma %e7 9ue, o mor!o poderS renascer no !emplo de seu bairro e desper!ar, e, !er a possibilidade de se %in"ar. N curioso, por9ue, não hS re"is!ros de a!eus 9ue renascem. & 9ue, ao ser no!ado de per!o, não 6 nada curioso. $ão hS na his!Vria de 4iji "uerra ou bri"a por preconcei!o, por idade, por se\ualidade, por "Unero, por cor, por classe, por 9ual9uer coisa. E, não 6 por9ue não hS re"is!ro 9ue não ocorre. Pala%ras são cons!ruçYes simbVlicas poderos ssimas e [s %e7es nos es9uecemos 9ue são apenas pala%ras. & 9ue 3oi di!o pode não ser cumprido e boa par!e do cumprido mui!as %e7es não 3oi di!o. - alienação mui!as %e7es es!S presen!e. &s cidadãos !em !an!o medo do "o%erno, !an!o medo, 9ue, 9ual9uer coisa 9ue o "o%erno di"a ser bom ou ruim 6 lo"o aca!ado. 'e - Esplanada di7 9ue comer cereais 6 ruim, as pessoas in!erromperão sua die!a imedia!amen!e. :S a9ueles 9ue persis!irão nela e 9ue du%idarão a%idamen!e das in!ençYes da Esplanada. &u!ros 9ue !ampouco 9uerem %i%er sob a demanda da Esplanada. - %erdade 6 9ue Esplanada 6 um "o%erno poderoso e in3luen!e e, se hoje ele decidir 9ue comer cereais 6 prejudicial [ saTde, não !enha dT%idas 9ue uma %as!a maioria irS abolir os cereais, uma par!e considerS%el irS 9ues!ionar e uma pe9uena, sele!a e in!eressan!e minoria irS di7er# &2ue se dane + :s#lanada, co(er arro1 / (uito bo(*. C.

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8.
O ESTALO QUE ACOMPAN!A A EUREKA
_______________________________________________________ DE de (arço de uo!(arte, $ronteira de "badin – "badin. O "rupo se"uiu. -!ra%essaram o !erri!Vrio de &badin em dois dias e meio, a!6 che"ar [ 3ron!eira de '_plen%on. :a%ia apenas a e\!ensa muralha de &badin com seus %i"ilan!es "uerreiros. /a]arios !omou a 3ren!e em e\plicar a posição em ir para o !erri!Vrio sel%a"em. & "eneral não o aconselhou a 3a7U2lo. /as, 9uando .abriel, soldado renomado disse 9ue se"uiria com eles, não hou%e o 9ue discu!ir. Ter um &badino numa missão como essas era %en!os de or"ulho. 'e"uiram sempre adian!e em sua jornada em '_plen%on. Encon!raram um lu"ar de%as!ado, mais na!ure7a 9ue urbani7ação. Pe"aram os caminhos 9ue lhes le%ariam para mais dis!an!e das !ribos. & des!ino era sempre ir em 3ren!e, aparen!emen!e ao )ilarejo Kinn. Es!a%a suben!endido a !odos 9ue o encon!ro de -udre5 era a"ora com Ke%e] Balab. & 9ue era curioso para /a]arios, 9ue acha%a -udre5 despreparada para usar seus poderes de /a"a do Esp ri!o, ainda mais para 9uebrar o Fuin!o ddE!hero. DD de (arço de uo!(arte, +l-u( Gu-ar – >H#len)on. .abriel e -udre5 se apro\imaram mui!o em dois dias. 4oi uma esp6cie de reencon!ro incr %el. $ão susci!ou 9ual9uer ciTmes em /a]arios. $a %erdade, o rapa7 jS odia%a a& 'oldado de &badinb por seus prVprios mo!i%os, -udre5 não es!a%a inclusa. & carS!er do ou!ro era ao seu olhar, 9ues!ionS%el e preocupan!e, poderia colocar em \e9ue a e\is!Uncia da e9uipe. E isso não os impediu de a%ançar,
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mui!o len!amen!e, apreensi%os# um me!eoro caiu, puderam %er sob o c6u. E apVs !odo o !remor e o barulho dos animais em meio [ sel%a 9ue era '_plen%on eles se perderam. DI de (arço de uo!(arte, 8róJi(o de Vir#lent – >H#len)on. ,ias escuros ca ram sob o "rupo. 1harlo!!e permanecia apreensi%a, comple!amen!e encapu7ada por passar em meio [ 3lores!as. Es!a%a em ambien!e peri"os ssimo e a"ora jS não lembra%a com per3eição suas suspei!as sobre 'am, 9ue se"uia ao lado de Kalua. Por mais en"raçado 9ue poderia ser, apVs !erem se perdido, dormiram e se alimen!aram mui!o bem com o 9ue a 3lores!a poderia 3ornecer. E sempre se"uiam para o nor!e. $uma noi!e dessas, -udre5 recebeu a orien!ação da Esplanada# era hora de colocar a missão sob rumo corre!o como ou!rora. -udre5 <u7 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. $&)- /*''+& A(.E$TEX <u7, )ocU encon!rarS um %ilarejo 3an!asma. En!re no !emplo e procure por ins!rução.
/issão 3 3ei!a. -!ual /issão# ?. /issYes To!ais [ ocorrer# 13.

W Esplanada de 4iji, "nde n0o h' corru#ç0o. D7 de (arço de uo!(arte, Vilare%o $antas(a – >H#len)on. -pVs !erem acordado cedo e prosse"uir o caminho, al6m de K5le colocar den!ro da mochila !odas as 3ru!as poss %eis e encher as "arra3as de S"ua, -udre5 encon!rou um !emplo. - cons!rução lhe reme!ia [s lendSrias pircmides dos po%os /aias. -pVs sa rem da densa 3lores!a, !oda a re"ião pareceu na %erdade, um cenSrio

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me\icano. -s escadarias de pedra, as plan!as 9ue cresciam e 3ica%am aos seus arredores. /a]arios jS es!a%a des"os!oso por es!ar em se"undo plano. <iderar era uma boa 3açanha para si, sempre 3ora sua personalidade. -penas se"uir o 9ue -udre5 acha%a jus!o na sobre%i%Uncia da sel%a lhe era mui!o desnecessSrio. W Todos de%emos en!rarZ W Kalua se posicionou mais prV\imo da l der. $ão podia esconder 9ue lhe da%a al"uns arrepios se apro\imar da9uele local. W $ão. -credi!o 9ue sV eu de%a en!rar. W murmurou -udre5 en9uan!o se prepara%a psicolo"icamen!e. Es!a%a ansiosa e !emerosa, não podia ne"ar. $ão sabia o 9ue lhe a"uardaria ali. W Es!i%e pensando... W disse .abriel, ainda se"urando a mão de -udre5 como 3i7era duran!e os Tl!imos dias. W -h, ele pensaX W disse /a]arios em desd6m, %ol!ando2se para 1harlo!!e e er"uendo a sobrancelha, pron!o para ou%ir o 9ue & 'oldado de &badin !inha a di7er. -liSs, esse sempre seria a re3erUncia para o rapa7, para /a]arios, ele não merecia ser chamado pelo nome. .abriel não deu mui!a a!enção para o desd6m de /a]arios. )ol!ou2se para -udre5 e con!inuou# W Fuero ir com %ocU. ,epois de !odo esse !empo dis!an!e de %ocU, não 9uero me separar nunca maisX W en!ão a abraçou 3or!e e beijou seu pescoço. /a]arios não podia es!ar menos enojado. W /an!eremos acampamen!o na Tl!ima clareira 9ue passamos, não 6 !ão dis!an!e. 4aça o 9ue !i%er de 3a7er e %ol!e. W 3oi !udo o 9ue ele disse, dando a m nima para o 9ue ocorreria en!ra .abriel e -udre5 e sumiu pelo coração da 3lores!a. Kalua e K5le o se"uiram 9uase de imedia!o. 1harlo!!e apro%ei!ou para %i"iar de per!o 'am e esperar o 9ue -udre5 !inha a di7er. Es!a%a claro 9ue, ela era a l der a"ora. W ,esculpe2me .abriel, mas, !emo 9ue ir so7inha 6 o 9ue de%o 3a7er. W )ocU não me 9uer por per!oZ 'erei e\!remamen!e T!il,

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prome!oX E não irei a!rapalhS2la nuncaX W :S uma linha !Unue 9ue separa o 9ue 9uero do 9ue de%o. E eu de%o ir sV. 1reio 9ue me encon!rarei a9ui, e 9uando se !ra!a de minha %erdade, de minha iden!idade e de meu poder, a Tnica pessoa 9ue poderS ser T!il serS eu mesma. W ela comple!ou e abraçou 1harlo!!e e 'am. ,espediu2se com um sorriso. En9uan!o 'am e 1harlo!!e sumiam, se"uindo o ras!ro dos ou!ros, .abriel simplesmen!e esperou 9ue -udre5 se"uisse e en!rasse ao !emplo. & majes!oso !emplo si!uado no )ilarejo 4an!asma nunca ha%ia sido ci!ado pela "eo"ra3ia ou pela his!Vria, por9ue na %erdade, ele não e\is!e realmen!e. $ão e\is!e ou nesse !empo ou nesse espaço. E sV pode ser aden!rado por pessoas 9ue são con%ocadas ou de "rande poder, era o caso de -udre5. -s lon"as pedras bem encai\adas, as 3lamas 9ue pelo ar baila%am sem !ocha, sem 9ual9uer supor!e, direciona%am o caminho. -o en!rar por um corredor de pedras, sondou lo"o o crepi!ar das chamas 9ue pro%inham do in!erior. & corredor ia 3icando cada %e7 mais escuro, cada %e7 menor. -s paredes 3oram se 3echando [s suas cos!as, e 9uando percebeu, -udre5 <u7 es!a%a correndo em disparada para 9ue não 3osse amassada. -o deparar2se com um S!rio romano, a lu7 da lua resplandecia um baile deliran!e. ,ois homens e duas mulheres dança%am 3rene!icamen!e, 3alando em di%ersas l n"uas e dançando a"i!adamen!e. -o dar um primeiro passo para 3ren!e, deparou2se com a 3i"ura de um %elho homem de lon"os cabelos brancos des"renhados. Ele usa%a uma ben"ala e seu ros!o es!a%a ma9uiado como o de um palhaço, mas, parecia !ão sua%e, !ão real 9ue -udre5 poderia jurar 9ue não era ma9uia"em. W -o nosso encon!ro %eio & 'enhor da ma"iaX W disse o homem se cur%ando e se"urando a mão es9uerda de -udre5. Pu\ou2 a. W )enha, jo%em criança, %enhaX W ele pediu. W Fuem 6 esse &>enhor*Z W -udre5 o 9ues!ionou. & homem riu "os!osamen!e e a pu\ou cada %e7 mais para o

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S!rio romano. -o cen!ro da dança ha%ia uma 3o"ueira ; por isso o crepi!ar ;, mas, não eram chamas aparen!emen!e normais. Elas dança%am com a %isão e !remula%am. Eram 9uase in%is %eis, subiam, subiam e se des3ia%am, !rans3ormando2se em nu%ens 9ue che"a%am aos c6us e 3orma%am 3i"uras. W Esse 6 o san!uSrio de /eu 'enhor. W e\plicou o mordomo, o %elho de cabelos des"renhados de ben"ala. W 1ons!ru do apVs a mor!e de /eu 'enhorX W ele e\plicou. -udre5 olhou [ sua %ol!a. -s paredes pareciam es!ar sujei!as [9uelas chamas i"ualmen!e. Parecia 9ue !odo o !emplo pe"a%a 3o"o, um 3o"o 9uase in%is %el, branco, 9ue deslisa%a de bai\o para cima e se des3ia%a e nesse a!o acaba%a 3ormando desenhos bel ssimos nas paredes e ao !e!o. Parecia a3rescos de /ichelan"elo. W Fuem 6 &>eu >enhor*Z W ela o 9ues!ionou uma %e7 mais. & mordomo sorriu e se"urou no%amen!e a mão dela e a indicou a 3o"ueira. W 'omen!e & 4o"o *ncendiSrio pode di7er !udoX -udre5 sol!ou a mão e andou para !rSs. W )ocU... Fuer 9ue eu... En!re no 3o"oZ & mordomo sorriu e indicou 9ue sim com a cabeça. - dança não parou. $em o ros!o, nem o corpo podiam ser %is!os ; o dos dançarinos. Eles es!a%am cober!os por uma 3ina pel cula mS"ica e pareciam, ao serem %is!os de per!o, 3an!asmas. E de lon"e, assumiam 3orma de homem e mulher, mas, a %isão ainda era !ur%a. W Para !er as respos!as, de%erS eliminar o medo. 'e !i%er medo de encon!rar as respos!as, não de%eria 3a7er as per"un!as. 'e !ens medo de encon!rar a %erdade, pare de !rilhar e desis!a dos caminhos e %i%a i"norando sua sor!e... W o mordomo disse a3as!ando2se. W - chama não a 9ueimaria, se pre3ere pensar assim. /as, ela a marcarS pro3undamen!e, mais 9ue 9ual9uer ou!ra marca 3 sica. W e ele se a3as!ou comple!amen!e, com ar desapon!ado. -udre5 parou pensa!i%a. Era es!ranho. <S 3ora o dia ha%ia acabado de amanhecer. E ali den!ro, a lua ilumina%a o bailar. Era es9uisi!o. E es!a%a !emerosa sobre a missão. (epensou e pesou o 9ue

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seria pior. E an!es 9ue !erminasse, pulou den!ro das chamas. W *anZ W :umZ W o "aro!o es!a%a olhando para 3ren!e. Era es9uisi!o ima"inar 9ue es!a%a olhando para 3ren!e por9ue a!rSs e aos lados era escuro e lo"o mais claro. E não ha%ia nada. $ão ha%ia noção de espaço 3echado. Tudo parecia lon"amen!e in3ini!o. W Por 9ue precisei %ir para cS se era para !e encon!rarZ $ão podia !er sido no bos9ueZ *an a encarou. - luminosidade desapareceu e !udo se !ornou escuro e *an desapareceu. -udre5 olhou para !rSs, para o lado es9uerdo. E 9uando olhou para o direi!o, lS es!a%a o "aro!o. W -s respos!as nunca che"am imedia!amen!e. Elas podem demorar. @s %e7es não es!amos preparados para as respos!as e isso 6 compreens %el. /as, [s %e7es as respos!as não es!ão preparadas para che"ar a nVs. E 6 mais di3 cil compreender. -udre5 anuiu. W &nde es!amosZ W 'abia 9ue per"un!aria. -udre5 sen!iu a sensação de 9uando es!a%a den!ro de um ele%ador. 'en!iu seus p6s e seu corpo ascenderem len!amen!e e pararem. *an es!a%a sempre ao seu lado. -udre5 não precisou 3echar os olhos para %er o 9ue *an começaria a di7er. Tudo começou a sur"ir [ sua 3ren!e, mui!o bem es!ampado, !udo mui!o %i%o. Ela es!a%a em !odas as cenas. E *an permanecia sempre ao seu lado com seus olhos puramen!e ne"ros, !ão belos 9uan!o o c6u. +#ós a criaç0o, hou)e u( es#orro. $oi co(o )'rias )o1es cantando cada u(a u(a (.sica diferente e( tons desi-uais. : aco(#anhando essas )o1es ha)ia dança, ha)ia balburdia, ha)ia a ra#osa que / Catherine. : esse caos, esse barulho, esse &(au* co(o futura(ente foi conhecido, #arecia #erfeito, #arecia dar sentido B )ida, #arecia (oti)ar a eJist;ncia.

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-udre5 %iu 1a!herine. Ela era !ão !ur%a 9uan!o a ima"ens dos dançarinos. Ela parecia !er lon"os cabelos de ouro acobreado e seus olhos en"oliam 9ual9uer e\is!Uncia. Ela permanecia em sua pose impass %el e en9uan!o o mundo "emia ela obser%a%a. : a deusa Catherine fe1 co( que as )o1es crescesse(. 2ue a desar(onia corresse todos os cantos da -rande ilha. +#ós a criaç0o, hou)e a ilha e se-uindo a ilha ha)ia a (a-ia. Mas, n0o era + Ma-ia 8rofunda. :ra a#enas a (a-ia, filha da Ma-ia 8rofunda que ador(eceu e se silenciou. : essa / a )erdade. : a#ós o es#orro hou)e acorde. -udre5 ou%iu o som de "ui!arra e bai\o aos 3undos. )Srias "ui!arras passaram a soar mais al!o 9ue as %o7es e elas se calaram. E en!ão, hou%e silUncio. E lo"o apVs as "ui!arras %ol!aram a soar %i%amen!e e par!e das %o7es se"uiram o ri!mo e sV can!aram nesse ri!mo. Era roc] de 9ualidade. : Kbor, ho(e( de cabelos, #ele, barba, )estes e sobrancelhas brancas -uia)a os acordes e da)a har(onia Bs ener-ias. : #arte da (a-ia o se-uiu. : os que canta)a( co( Kbor #ercebera( que o (undo / rui( e sórdido e que a .nica ale-ria dentre tudo aquilo era cantar %unto B -uitarra, ou, co(o a (et'fora quer eJ#or, se-uir Kbor #ara o ca(inho da felicidade e da sal)aç0o. Conquanto Catherine n0o acredita)a que de)eria ha)er u(a sal)aç0o. : essa / a )erdade. W ,uas %erdadesZ W -udre5 %ol!ou2se para *an. W -inda não !erminei. E nada disso 6 o 9ue 9uero lhe mos!rar, de 3a!o. W o "aro!o disse en9uan!o a cena se pul%eri7a%a e se des3a7ia. La)ia( aqueles que acredita)a( que cantar ao so( da -uitarra e se-uir a (elodia ou cantar se( a -uitarra e se-uir ou n0o a (elodia era a#enas intuito de cada u( e nada obri-atório, (as, que #odia ilu(inar a )ida. : esses s0o os equilibristas. 2ue est0o de u( lado e de outro. :, claro, ti)era( aqueles que era( (udos ou que n0o queria( cantar. ,al)e1 surdos e n0o #odia( escutar a

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-uitarra. : fi1era( descaso ao so( que os deuses que re-e( a realidade criara(. : essa / a )erdade. -udre5 ainda não compreendia mui!o bem, mas, permi!iu 9ue *an permanecesse. /as, subi!amen!e, & 'onhador desapareceu. -udre5 o procurou, mas, assim como a cena desapareceu, o "aro!o desapareceu. E !udo es!e%e branco. En!ão, nesse momen!o, ao lon" n9uo, !rUs 3i"uras se apro\imaram. Elas possu am cerca de cinco me!ros de al!ura. 'eu !ronco era do mesmo !amanho 9ue o das pessoas comuns, mas, suas pernas 9ue eram lon"as, che"ando a !er 9ua!ro me!ros, como pernas de pau ; 3oi o pensamen!o de -udre5. Por isso, a lon"a calça branca %inha como uma cor!ina em ambos os !rUs casos e eles se apro\ima%am mui!o len!amen!e. Eles não !inham 3ace. (os!os brancos 9ue pisca%am, como uma lcmpada 9ue es!S pres!es a 9ueimar e se !orna%am ne"ros. E en!ão cin7as e en!ão brancos. $ão ha%ia olhos, nari7, boca, orelhas, sobrancelhas, não ha%ia de!alhes. $ão ha%ia cabelo nem nada. -s cabeças eram le%emen!e em 3orma!o o%al em %er!ical, -udre5 a!6 pensou em alien "enas. W Fu2Fu... Fuem são %ocUsZ & 9ue s2s2são %ocUsZ W a "aro!a iria cair, mas, não ha%ia como cair. $ão ha%ia chão. -s !rUs cria!uras se apro\imaram. -udre5 3ica%a menos inse"ura a cada passo. El\s não pareciam ser ameaçadores, e se !orna%am conhecid\s dela. $o 3undo, bem no 3undo, 3ora a aparUncia, parecia 9ue al"o borbulha%a den!ro del\s. W $ão me reconheceZ W per"un!aram \s !rUs ao mesmo !empo. W N um pouco di3 cil sem suas e\pressYes... E com esse !amanho... W ela murmurou. Tod\s \s !rUs se apro\imaram, 3icando um me!ro de dis!cncia dela, con!emplando a "aro!a. W Essa 6 nossa essUncia. W disse \ do meio. El\ !inha uma %o7 doce e 9ue acalma%a seu coração. W 'omos !odos assim em essUncia. .randes e sem cor, sem se\o, sem "Unero, sem de!alhes.

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-penas "randes. W -udre5 sen!iu com as pala%ras dele um abraço caloroso e um beijo "os!oso. W .2.abrielZ W ela !en!ou olhS2lo melhor. - 3i"ura do meio pareceu sorrir. /as, não !inha boca, !ampouco e\pressYes 3aciais, en!ão, -udre5 não percebeu !al n3imo de!alhe 9ue parecia apenas o nascimen!o de uma ru"a. W 'omos o seu passado, presen!e e 3u!uro, /eu 'enhor. W disse \ 9ue 3ica%a [ es9uerda, \ primeir\. W E mesmo num corpo de mulher, serS sempre /eu 'enhor. /eu /es!re. W e el\ se cur%ou. E 3e7 uma lon"a re%erUncia. W Fuem 6 %ocUZ W Fuem 3ui eu, %ocU per"un!a, jS 9ue 3ui no passado. W el\ se %ol!ou ao in3ini!o e abriu os braços. W Todas as respos!as %irão ao seu !empo. E !odo o !empo %irS com respos!as. Embora não reconhecesse esse seu passado, -udre5 sen!ia 3orça e mo!i%ação. Era como um ami"o de lon"o !empo, mas, era imposs %el %U2lo al6m dessa sua 3orma 9ue era sua essUncia. /as, era Tnico. Era especial. -udre5 se %ol!ou para o Tl!imo. W )ocU !em lu!ado !an!oX E !em sido !ão 3or!e lon"e de casa. <on"e de mamãe. <on"e de sua prVpria se"urança. Es!S hS dias %iajando para sal%ar um po%o 9ue desconhece e um mundo 9ue não se lembra. Ns !ão corajosaX 'in!o2me !ão or"ulhos\ de !ermos a mesma mãeX W Pa2Pa!ric]Z W -udre5 colocou a mão 3ren!e a boca e soluçou. -joelhou2se e 3oi uma sensação es!ranha. Parecia es!ar caindo e lo"o mais subindo e depois indo para um lado e para o ou!ro. Parecia es!ar acompanhando loucamen!e o mo%imen!o de ro!ação e !ranslação da !erra. W 'eja 3or!e, 9ueridaX 'eja 3or!eX $Vs es!aremos sempre a9uiX W el\ a 3or!aleceu e se calou. 1om a !erceira %o7, -udre5 sen!ia %on!ade de chorar. E de rir. Era um mis!o de sensaçYes. Era como en\er"ar a si mesma em ou!ro corpo. *ma"ina%a 9ue a9uela era a essUncia mais parecida consi"o. Era Pa!ric] <u7, seu pe9ueno irmão7inho.

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W *anX Fue sus!oX W -udre5 %iu o "aro!o aparecer ao seu lado mais uma %e7 e se le%an!ou imedia!amen!e. -s !rUs 3i"uras se cur%aram dian!e de *an. 2uando </fer chora sob u(a #essoa, esse ato se cha(a Ventura de </fer e essa / a (orte. Morte nu(a batalha, (orte #or al-u( -ol#e. Mo(ento e( que </fer, flutuando sob o ch0o – ela nunca o toca, #or ser u( ser es#iritual e n0o terrestre. </fer le)a o cad')er at/ <iia, + Vida e ela chora sob o cad')er e ele re)i)e no te(#lo de seu bairro. :sse #rocesso dura u( te(#o confuso #ara o (orto que #assa #or ele, (as, #ara os que est0o #or fora dessa situaç0o, n0o te( u( calculo de te(#o dis#oní)el e (etódico, u(a )e1 que cada #rocesso / feito no te(#o e es#aço desses seres es#irituais. W :um... W -udre5 cru7ou os braços e permaneceu obser%ando. Mas, h' al-o que nin-u/( sabe. 8or tere( )oltado dessa (orte, as #essoas co(#reende( que / #ossí)el renascer a#ós tal (orte. Mas, a#ós a (orte #ela idade, #or (orte natural ou suicídio, eles n0o sabe( o que ocorre. 8or que nin-u/( nunca )olta #ara contar o que ocorre. W E o 9ue ocorreZ :is o que ocorre. E *an apon!ou para as !rUs 3i"uras [ sua 3ren!e. -udre5 se ajoelhou mais uma %e7 e obser%ou \s !rUs. -s !rUs essUncias. Gi)ra(!se da (orte e da )ida. os sí(bolos e da (a-ia. : retorna( #ara a Ma-ia 8rofunda e se torna( #arte dela. 5(a #arte se( qualquer estereóti#o ou qualquer for(a. +#enas ess;ncia. : #ura(ente ess;ncia. W En!ão 9uer di7er 9ue Pa!ric] es!S mor!oZ W -udre5 !ampou sua boca com a mão en9uan!o %ol!a%a a soluçar, chorosa. <0o se esqueça que esta(os e( outro te(#o e e( outro es#aço. ,odos %' (orrera(, na )erdade. 8erceba que, 8atrick / futuro. :lJ (orre a#enas no futuro. W En!ão 9uer di7er 9ue... .abriel es!S mor!oZX En!ão, 9uem 6 a9uele .abriel lS 3oraZ

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Mas, h' outra coisa. : / ta(b/( sobre essas )erdades. -udre5 es!a%a a!^ni!a. 8or isso, reencarnar n0o / #ossí)el. 6enascer e( seu #ró#rio cor#o si(, (as, reencarnar e( outra )ida, %a(ais. : essa )erdade / u(a )erdade anti-a, que foi destruída h' al-uns dias. 8ois, h' (ilhares de anos atr's, eu (es(o toquei e( :thero e ele se tornou #ó. 8ul)eri1ado. Va-ou #elo es#aço, #elas -al'Jias, #elos uni)ersos, #elo te(#o. :, curiosa(ente, :thero renasceu na terra hu(ana, nu(a /#oca (edie)al. : l' foi u( -rande (a-o, o (aior dos (a-os, o (ais fa(oso de todos os (a-os. : quando (orreu, reencarnou. : reencarnou. : reencarnou at/ che-ar ao te(#o atual, onde reencarnou nu( cor#o curioso co( história curiosa. : #or essa i(#robabilidade, #or esse &i(#re)isto*, os (eteoros co(eçara( a cair, #ois o equilíbrio de $i%i foi colocado e( Jeque. Lou)e u( descontrole natural. : a#enas u( -rande i(#re)isto #ode det;!los. -udre5 apenas permaneceu a!en!a. Es!a%a !en!ando acompanhar o racioc nio, *an precisaria ser mais claro nesse 9uesi!o. 'e a9uilo era uma charada, in3eli7men!e -udre5 não poderia deci3rS2 la so7inha. : :thero retornou. : #or isso os (eteoros cae(. : destroe( $i%i. :thero foi e / t0o #oderoso, t0o (a-istral que conse-uiu driblar (eus #oderes e renascer e reencarnar no uni)erso (ais i(#ro)')el de todos9 o dos ho(ens (ortais. : #or isso só h' duas saídas. "u $i%i #erecer' ou :thero #erecer'. -udre5 achou en!ender. -nuiu imedia!amen!e. W En!ão, minha missão 6 ma!ar o "rande /a"o E!heroZ W Para um ou para ou!ro W disse a primeira essUncia, a da es9uerda W de%erS 9uebrar & Fuin!o. E para isso de%erS %iajar para o )ilarejo Kinn, de%erS 3a7U2lo com Ke%e] Balab. <iberando seus poderes poderS con!rolS2los. -"ora %ocU apenas os !em e não os con!rola. W )ocU precisarS ser 3or!e, maninha. )ocU de%erS ser "uerreiraX W disse Pa!ric], a !erceira essUncia. W E permaneceremos nesse !emplo, 9ue 6 o Tnico por!al

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en!re a mor!e e!erna e a %ida. /as, um me!eoro cairS a9ui an!es do 3im. En!ão, esse pode ser nosso adeus, minha amada. /esmo 9ue eu não seja homem a"ora, %ocU serS para sempre o meu amor. /eu Tnico amor. -udre5 chorou silenciosamen!e. Fueria abraçar, beijar .abriel, mas, era imposs %el. Ela jamais poderia !ocar uma essUncia. W /as, me escu!e, -udre5. 'i"a sua %idaX Eu a liber!o. $ão precisa mais buscar por mim. $ão precisa mais remoer nosso amor. Ele 3oi lindo e acon!eceu. /as, a"ora hS uma no%a %ida, en!ão apro%ei!e. E 9uando che"ar a hora, eu es!arei a9ui a esperando. E se não me 9uiser, 3icaremos jun!os como ami"os. Por 9ue meu amor supera 9ual9uer coisa 9ue %ocU possa %ir a 3a7er. -udre5 não conse"uia mais chorar. 'oluçou bra%amen!e, seu coração ardia. 'eus olhos es!a%am inchados. <impou o ros!o e %ol!ou2se para *an. W )erdades, %erdades, %erdades... Fual dessas %erdades 6 a %erdadeZ Creio que &+ Verdade* enquanto ess;ncia este%a u( tanto distante das )erdades construídas si(bolica(ente. + Verdade su#orta e( tudo todas as )erdades e todas as (entiras. 8or que at/ (es(o as (entiras s0o eternas )erdades #ara que( as credita. W 4ilosV3ico, *an. En!ão, o 9ue de%o 3a7erZ Voc; #recisa decidir, se $i%i ir' #erecer ou se )oc; ir' (orrer, :thero. +li's, co(o #refere ser cha(adJ a-ora=

RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR
$o!a do au!or# & a\b 3oi colocado no lu"ar de aob 9ue iden!i3icaria o "Unero masculino. *sso se !orna claro, uma %e7 9ue, as essUncias não são eles, !ampouco elas, são apenas essUncias e não se encai\am em subs!an!i%o 3eminino ou masculino.

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9.
APROVEITAR#SE DO SABER
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Ao sair da9uela dimensão maluca, -udre5 se deparou com o S!rio
romano, mas, não ha%ia mordomo ou dançarinos. -penas *an ao seu lado. & 'onhador olhou ao redor pacien!emen!e e se %ol!ou para -udre5. W En!ão a"ora 6 a hora de 9uebrar & Fuin!o para con!rolar meus poderes e dar um 3im [ isso !udoZ *an anuiu mui!o sua%emen!e. -s orbes ne"ras se %ol!aram para -udre5 e a encararam pro3undamen!e. W Por 9ue %ocU me ma!ouZ W -udre5 o encarou com pesar. W )ocU saiu do con!role. Fueria di%idir, di%idir, di%idir o poder. CS es!a%a na se\!a par!e da di%isão. E, isso "eraria um dese9uil brio "i"an!esco. N claro, al6m da 3or!una... -l6m do poder... Tal%e7 pela 3ama. W o menino 3oi bem sincero. W $ão 3oi nada pessoal. E %ocU 3oi !ão poderoso 9ue ul!rapassou a!6 mesmo meus poderes, como 3e7 duran!e a "uerra. )ocU me %enceu primeiro. Eu morri. E re!ornei. E, !reinei para %encU2lo. W &8oderoso*= '6rio 9ue %ocU irS me !ra!ar por E!hero a"oraZ W /as, em par!e %ocU 6 E!hero. Ele es!S aprisionado em suas lembranças e em seu coração. W o "aro!o di7ia sempre com mui!a len!idão e cau!ela. Parecia ha%er al"um pesar em sua %o7, mas, não era pesar, era seu !om de %o7 mesmo. W 'er ele ou ela não muda seu carS!er ou 9ual9uer ou!ra coisa. -udre5 concordou, mas ao 3im, es!a%a balançando a cabeça ne"a!i%amen!e.
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W 1omo che"o ao )ilarejo KinnZ W *an ia abrir a boca 9uando ela o in!errompeu W ,ei\e2me adi%inhar... $or!eZX *an sorriu. $ão era comum %U2lo sorrir, mas, ele sorriu. Parecia a!6 macabro. W Essa 6 sua no%a missão. - /a"ia Pro3unda es!S a empurrando para a mor!e, %ocU jS percebeu. Por 9ue ela não deseja ser des!ru da, e ela se des!ruirS com a ilha. )ocU es!S preparada para ou%irZ -udre5 3echou os olhos. 1oncordou 9ue sim. W )ocU morre ao 3inal. W *an 3oi simples e uniu as mãos [s suas prVprias cos!as e olhou para o c6u. W N esse o 3im da his!Vria. 4iji sobre%i%e. )ocU morre. )ocU 6 o dese9uil brio, %ocU 6 a improbabilidade, %ocU !rou\e os me!eoros. )ocU os le%arS embora. W E serei essUnciaZ W não ha%ia medo ou pesar em sua %o7. Era in!rinsecamen!e na!ural. *an balançou ne"a!i%amen!e a cabeça en9uan!o a obser%a%a. W )i%a in!ensamen!e a"ora. )i%a como se o Tl!imo se"undo 3osse o prV\imo se"undo. )i%a sem medo, sem pesar, sV em 3ren!e. 'V se"uindo ao nor!e. & nor!e de seu coração. E 9uando o nor!e 3alhar, rume para o coração. & coração 6 a bTssola mais e3ica7. Ele 6 o Tnico e %erdadeiro se!en!rião. &nde a aurora boreal 6 impecS%el e impa"S%el e ocorre no lu"ar mais secre!o e peri"oso de !odos os can!os# den!ro de nVs mesmos. -udre5 amarrou os cabelos num rabo de ca%alo e respirou 3undo. 1aminharam en!ão para 3ora do san!uSrio e che"aram [ en!rada. Percebera 9ue sua e9uipe não es!a%a por ali, es!a%am mesmo na clareira. E jS era noi!e lS 3ora. W Todos nVs sabemos 9ue %amos morrer. $ão sabemos 9uando iremos. Es!ou lhe di7endo 9uando irS morrer. Por isso, apro%ei!e. W *an se"urou a mão dela e a pu\ou e beijou o dorso dela. 'eus olhos %ol!aram a olhar pro3undamen!e os brancos dela, parecia um con!ras!e per3ei!o. W $ão 6 de minha na!ure7a amar, W *an comen!ou W mas, 6 de minha na!ure7a apreciar a bele7a. E %ocU e seus poderes sempre 3oram mui!o belos. -udre5 enrubesceu. Fuando ia comen!ar sobre isso, *an jS

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ha%ia sumido. E !udo o 9ue sobrou 3oi o %a7io e a 3lores!a lo"o em 3ren!e. .uiou seu corpo para o nor!e, em direção ao !emplo e o con!ornou, 3oi embora sem a%isar aos demais. Por 9ue ha%ia uma %ia"em... E essa de%ia ser 3ei!a so7inha.

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10.
A BELE$A DA CAT%STROFE
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Ma]arios assea%a a crina de Pa!l5 len!amen!e. Kalua e K5le
es!a%am ao can!o con%ersando, 1harlo!!e 3ora 3a7er a primeira ronda do in cio da noi!e e 'am con!inua%a com seus pensamen!os silenciosos. W $ão acha 9ue 3omos impruden!esZ W era a %o7 de .abriel diri"indo2se [ /a]arios, mas, o ou!ro parecia e\!remamen!e ocupado em cuidar de seu ca%alo e pouco li"a%a para a presença do "uerreiro de &badin. Pa!l5 3i\ou bem seus olhos para o nor!e. &lhando para onde de%ia es!ar a9uele !emplo. Fuando /a]arios !en!ou perceber o 9ue se passa%a por ali, Pa!l5 saiu em disparada. & ca%alo ha%ia che"ado ali ; e ele mesmo não compreendia como ;, e repen!inamen!e es!a%a indo embora. 1orrendo com 3ul"or. $o ras!ro de poeira dei\ado pela mon!aria, /a]arios %iu o 9ue parecia uma mira"em. Am pe9uenino "aro!o de olhos ne"ros e %es!es lon"as. 4oi um Tnico se"undo, como num piscar de olhos. E a 3i"ura pareceu di7er &corra*. W $ão precisa me i"norar, cara. $ão es!amos dispu!ando para %er 9uem 3ica com ela, cer!oZ W .abriel o pro%ocou. /a]arios %ol!ou sua 3eição para o ou!ro. Percebeu 9ue era bem maior 9ue o "uerreiro de &badin e por isso sorriu em "rande deboche. W Eu nunca precisaria compe!ir com um &badino por 9ual9uer coisa. E se eu es!i%esse in!eressado, não ha%erS dispu!a. Fuando um ma"o lu!a por al"o 9ue 9uer, ele o !em. W 3oram suas
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pala%ras. W K5leX KaluaX Pe"uem as coisas, %amos sair da9ui. W 'airZ 4icou loucoZ )amos dei\S2la para !rSsZ W .abriel insis!iu em ser um obs!Sculo. W $ão precisamos de %ocU, de3ini!i%amen!e. W 3oi a respos!a imedia!a de /a!!he8 /a]arios. W /eu "rupo es!S saindo da9ui em direção para o in cio da 3lores!a. & %en!o !repidou por %Srios se"undos con!ra as Sr%ores. Fuando perceberam, a !e]ler sur"iu rodeada de uma esp6cie de bolha 9ue se es!ourou. W 1orram a"oraX W ela parou um ins!an!e para di7er e pu\ar 3^le"o e redesenhou a bolha e saiu correndo para o sul. 'am 3oi pe"a pelo braço por /a]arios. K5le e Kalua deram um jei!o de desmon!ar o pe9ueno acampamen!o rapidamen!e. 1orreram a%idamen!e en!ão sem olhar para !rSs, e por conse9uUncia se perderam na imensidão da 3lores!a. $o se"undo se"uin!e um me!eoro caiu e des!ruiu !oda a re"ião do san!uSrio e arredores. .abriel 3icou para !rSs e 3oi o Tnico 9ue eles não !i%eram no! cias, en9uan!o Kalua e K5le se perderam pelo lado oes!e da 3lores!a. ?@le e ?alua. W Fue raios hS com a as!ronomia de 4ijiZ W & 9ue %ocU 9uer di7er com isso, KaluaZ W K5le es!a%a empoeirado e precisou di7er com mui!a calma, pu\ando mui!o ar e respirando. - correria ha%ia o des!ru do. Kalua con3eriu# alaTde es!a%a ali, a barraca ou o 9ue ha%ia sobrado dela es!a%a mal dobrado e amassado. K5le es!a%a se recuperando, jo"ou a mochila pesada ao chão e sen!ou2se, colocando as mãos sob o ros!o, respirando o3e"an!e. W 1omo os as!r^nomos não conse"uem pre%er esses maldi!os me!eorosZ Por 9ue eles es!ão nos pe"ando de surpresaZ K5le ar9ueou a sobrancelha ao er"uer o ros!o para o rapa7. W Fue di3erença 3a7Z )ocU espera ler " Correio de >antlM a9ui no meio da !erra bSrbaraZ W K5le precisou rir da prVpria des"raça. W &lhe em %ol!a. Espera ler ma!6ria de as!ronomia onde, KaluaZ )ocU enlou9ueceu de %e7X ,e nada adian!a as!r^nomos

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pre%er 9ual9uer coisaX $Vs a9ui es!amos sujei!os ao acaso. E somen!e ao acaso. W $ão compreendo os acasos. Tudo precisa de m6!odo. Tudo precisa de re"ra. W disse o menes!rel 3irmemen!e. W &ra, isso 6 coisa dos ma"os. Eles !amb6m assumem 9ue hS re"ra e m6!odo, mas, não e\cluem o epi3en^meno. Eu, por e\emplo, posso jurar 9ue en9uan!o descansS%amos, %i *an aconselhando 9ue 3ossemos embora dali. E, %eja, nem meia hora se passou e nosso des!ino jS es!S mudado. &nde es!ão os ou!rosZ Precisamos encon!rS2losX Kalua anuiu se%eramen!e en9uan!o en"olia a9uilo. Era a!6 es!ranho ou%ir de um !6cnico pes9uisador ; Kalua o era ; uma 3iloso3ia 9ue era prVpria dos ma"os. W )ocU de%e es!ar mui!o preocupado... W K5le disse e recomp^s a mochila nas cos!as. W PreocupadoZ W Kalua o encarou en9uan!o cru7a%a os braços. 'eu cenho mudou por um le%e ins!an!e e permaneceu di3eren!e. K5le sen!iu não conhecer o menes!rel por a9uele olhar. W 'im, com sua namorada. W comen!ou o pes9uisador sem mui!o in!eresse. W Por isso, precisamos ir buscar os ou!ros. W Fue namoradaZ W Kalua coçou a la!eral da cabeça e olhou [ sua %ol!a. 'eu c6rebro não conse"uia conca!enar as ideias mui!o rSpido. K5le se assus!ou. Teria ele perdido a memVriaZ /as, assim, sem nenhum ba9ueZ &u seria o cho9ue e a poeira e o barulho 9ue ha%iam dani3icado o c6rebro deleZ -pro\imou2se um pouco mais e se"urou bem nos olhos dele. -briu2os e %iu como es!a%am as pupilas# bem di3eren!es. & san"ue parecia mais concen!rado nos olhos a"ora. W -bra a bocaX W pediu e e\aminou a "ar"an!a e a l n"ua do menes!rel. Kalua, de 3orma in%olun!Sria ou não, pousou as mãos na cin!ura de K5le. & ou!ro não achou mui!o es!ranho, jS 9ue es!a%a ocupado obser%ando as di3erenças 3 sicas no maior. W & 9ue es!S ha%endoZ Por 9ue es!S me e\aminando assimZ

10G ||

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W ha%ia um !om de medo na %o7 de Kalua, mas, ainda assim soou bai\o e respei!oso. K5le e\aminou e che"ou [ uma conclusão. 'eu c6rebro parecia 3ormida%elmen!e rSpido nesses ins!an!es, pois, conse"uia conca!enar 9ual9uer assun!o mui!o rapidamen!e. Era uma esp6cie de "Unio mirim. W 'in!o !e in3ormar, ami"ão, mas, %ocU es!a%a sob hipnose a!6 a"ora pouco. Ten!e descansar e rela\e... W disse amaciando os ombros do ou!ro com !ernura. W $ão !en!e pensar mui!o a"ora, sV rela\e... K5le o ajudou a sen!ar e en9uan!o Kalua descansa%a arrumou a 3o"ueira e o 9ue pode da barraca. Tudo 3icou num es!ado impecS%el ao 3im. /as, sua preocupação ronda%a en!re onde es!a%am os ou!ros ; e como sobre%i%eriam sem uma 3o"ueira, uma barraca e suprimen!os de subsis!Uncia e 9uem ha%ia hipno!i7ado o menes!rel do "rupo. MattheN e >a(. W Es!ou bem, obri"ada. W disse 'am o empurrando e se a3as!ando um pouco. W Precisamos encon!rar os ou!rosX $ão sobre%i%eremos assim... W E desde 9uando precisamos de !6cnicos para sobre%i%erZ W brincou /a]arios e lo"o depois se re!ra!ou. W 'omos ma"os, 'am. (espire 3undo e sin!a a 3lores!a. W Es!amos em !erra sel%a"em. )ocU não sabe 9uando um desses bSrbaros animais irS sal!ar por de!rSs das Sr%ores e irS a!irar com 7araba!ana e nos en%enenarX W ela disse um !an!o e\a"erada. /a]arios nunca ha%ia no!ado o 9uan!o ela era !emperamen!al. ,eu de ombros e prosse"uiu a caminhada sem mui!a pressa, prosse"uindo. W Es!amos se"uindo o caminho pelo 9ual %iemos. &u seja, o cen!ro da 3lores!a. 'e eles 3oram para al"um lu"ar, 3oram para o oes!e, cer!amen!e. N 9ues!ão de espaço e !empo apVs a 9ueda do me!eoro. Eles correram para a9uele lado W indicou com a mão W, en!ão de%emos procurS2los por lS.

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'am assen!iu bra%amen!e, não es!a%a ap!a para con%ersas. W Kalua precisa de mim. Ele de!es!a 3icar so7inho... W Es!S com K5le. W comen!ou dis!ra do, pousando as mãos aos bolsos e asso%iando para os c6us e para a noi!e. W )ocU 9uer pararZ *rS nos ma!arX W 'e os sel%a"ens 3ossem dessa 3orma como %ocU di7, eu !eria mesmo al"um medo. /as, acredi!e, eles são a!6 mais e%olu dos 9ue nVs. W E por9ue os chamamos de sel%a"ens, sabichãoZ W ha%ia, 6 claro, um descon!role em sua %o7. *sso era per3ei!amen!e percep! %el e /a]arios jS começa%a a ima"inar o 9ue es!a%a errado. /as, con!inuou asso%iando en9uan!o ruma%a para o caminho 9ue indicara, embora hou%esse "randes rochas a!rapalhando o percurso. W 'ão sel)a-ens por9ue possuem reli"iYes es!ranhas, 9ue nos dão medo. -l6m de uma pol !ica, or"ani7ação social e cul!ural di3eren!e da nossa 9uerida &ppos. Tal%e7 a9ui, sejamos nVs os sel%a"ens. E %ocU sabe o 9ue os anciãos di7em# en!re na 3lores!a e es!eja preparado para ma!ar o urso. W ele disse e riu impercep!i%elmen!e ao 3im.

,,
Ama sombra es"ueira%a2se pelo silUncio da 3lores!a. - 3o"ueira se apa"a%a len!amen!e en9uan!o nenhum animal se apro\ima%a da9uela Srea. $ão es!a%a relacionado com ar!e mS"ica, mas, pela lu7 e pelo calor das chamas, mas, com o 3im dela, parecia 9ue al"um peri"o se arras!a%a pela escuridão. En9uan!o despreocupadamen!e K5le ronca%a com a cabeça escorada no !ronco da Sr%ore, Kalua dormia den!ro da barraca. Era a %e7 do pes9uisador %i"iar, mas, acabara sendo pe"o pelo cansaço. Ama mão sur"iu e o a"arrou pelo pescoço e lo"o mais !apou sua boca. & sus!o 3oi rSpido, mas, lo"o depois K5le respirou !ran9uilo. )iu as lu%as de borracha branca e reconheceu2as por 9ue eram as
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mesmas 9ue ha%ia dado [ 1harlo!!e. - Te]ler Peri3e sur"iu encapu7ada da cabeça aos p6s por de!rSs da su!ile7a da 3lores!a e se a3as!ou para o cen!ro do lu"ar, re!irou o capu7 e respirou 3ol"adamen!e. W 1omo %ocU es!SZ W 3oi a primeira per"un!a e o primeiro 3^le"o. W 1omo pode dormir em %i" liaZ Es!amos em um es!ado es!ranho. $ão pode dar esse moleX K5le jS desper!o, mas com olhos pesados, apenas balançou a cabeça de 9ual9uer 3orma, !en!ando acima de !udo i"norar 9ual9uer 9ue 3osse a respos!a labial. Fueria mesmo dormir. W Es!ão !odos a9uiZ W $ão, 1harlo!!e. Por onde %ocU andouZ - Te]ler amarrou seus lon"os cabelos brancos em um lon"o rabo de ca%alo. 'eus olhos e\pressi%os %a"aram de um can!o [ ou!ro. W Es!i%e em !odo lu"ar a!6 che"ar a9ui. ,esenhei um cão ras!reador e ele encon!rou %ocUs. )ocU sabe, perdi meu masco!e desde a9uela noi!e 9ue apa"uei repen!inamen!e. /as, não pude achar os ou!ros, de%em es!ar usando ma"ia para 9ue não sejam de!ec!ados. En3im, descanse, meu bem. W ela disse lhe dando um beijo na !es!a. 1harlo!!e e K5le se conheciam mui!o an!es da9uela missão. Eram ami"os de lon"a da!a e a!6 mesmo ha%iam escri!o um li%ro jun!os. $ão era surpresa al"uma %er !an!o carinho e dedicação %indo de ambas as par!es. 1harlo!!e desenhou 9ua!ro corujas ras!readoras, cada uma %oou para um can!o cardeal. <o"o apVs, jS com "rande concen!ração, desenhou um cão de caça 9ue se diri"iu para a ou!ra e\!remidade do pe9ueno acampamen!o. W Posso cuidar das coisas por al"umas horas. ,escanse e lo"o pela manhã con%ersamos. ,epois dormirei e man!erei meus desenhos %i%os pelo mS\imo de !empo poss %el. 1reio 9ue conse"uirei. W ela disse com 3irme7a e encaminhou K5le para den!ro da barraca !amb6m, para 9ue dormisse da melhor 3orma poss %el. - manhã não !ardou. E não hou%e ras!ros de /a]arios e 'am.

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+ :s#lanada. -s serpen!es na cabeça de E%a sen!iram de lon"e a presença de 'e!h. - mulher 9ue usa%a um lon"o %es!ido %erde2oli%a com p6rolas em !oda sua e\!ensão, dedilha%a a mesa de mo"no bru!o, bem parecia um !ronco de Sr%ore saindo do chão, mas, era uma mesa bem polida, os p6s eram uma 3i"uração dos ma"os ; !odos os represen!an!es do 9uin!o ; se"urando2a. ,escru7ou as pernas e mo%eu bre%emen!e a cabeça para o lado, não ha%ia barulho de sapa!o ou 9ual9uer ou!ro, 'e!h conse"uia ser S"il e silencioso em seu caminhar e por isso da%a uma per3ei!a sensação de medo aos demais, menos [ E%a. W 1omo anda nossa /a"ia Pro3undaZ W ela ressoou com candura, !al%e7 era uma lon"a paciUncia 9ue es!a%a !reinando. 'e!h não se sen!ou. (e!irou a lon"a capa pre!a e se"urou2a com uma mão, es!endendo2a para o nada. Ama cVpia per3ei!a sua sur"iu e pe"ou a capa e a le%ou para o cabide. 'e!h %es!ia2se com um man!o ne"ro e\uberan!e 9ue con!ras!a%am bem com seu !om de soberano. -sseou seus cabelos loiros e seus olhos brancos procuraram os de E%a. W 4uncionando. & po%o es!S ocupado. *mpre%is!os !em sido e3e!uados. &s as!r^nomos disseram 9ue cinco me!eoros !eriam ca do a!6 en!ão. & !erceiro caiu não 3a7 duas horas. W ele comen!ou, soa%a %i!orioso. W *sso 6 sin^nimo de e3icScia para %ocUZ E%a !ranspirou, es!a%a incomodada. *a se le%an!ando, 9uando 'e!h in!errompeu 9ual9uer 3ala 9ue ela colocaria. W )ocU %U al"u6m !en!ando derrubar - EsplanadaZ -l"u6m desejando sua mor!eZ & doce %eneno da %erdade 3oi poupado para uma ci%ili7ação de imbecis. $ão iremos parar a"ora. $ão a"ora 9ue !udo es!S caminhando bem. $ão se preocupe, E%a. N !udo por um bem maior. W E, como %ocU sabe 9ue !udo es!S caminhando bemZ W E%a es!a%a e\!remamen!e in!eressada nesse pon!o. Fueria uma chance de compreender ou saber como a"ia o impecS%el 'e!h &8en

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e suas ideias ma"is!rais. W Eu simplesmen!e nunca es!ou errado, minha cara. W ele disse sem mui!a impor!cncia [ 3i"ura dela e en!ão se sen!ou, en9uan!o sua ou!ra cVpia pu\a%a um per"aminho e o en!re"a%a [ sua %ersão ori"inal. D4 de (arço de uo!(arte, +l-u( Gu-ar – >H#len)on. -o primeiro raiar ; o c6u de 4iji parecia se abrir ; K5le es!a%a de p6. & cin7a 3oi es9uecido pela lu7 cin!ilan!e do sol. & dia começou radian!e, o 9ue era es9uisi!o. & pes9uisador apro%ei!ou para obser%ar de per!o as di3eren!es e es!ranhas plan!as 9ue cresciam na9ueles arredores. Podia ser sua "rande opor!unidade de se dou!orar, en!rar na uni%ersidade e se 3ormar en3im e poder dar aulas na prVpria uni%ersidade. W - es!S %ocUX W soou a %o7 de Kalua. K5le sorriu. :a%ia arrancado uma pe9uena 3lor de coloração a7ulada esbran9uecida e colocou den!ro de um en%elope. <acrou2o e colocou den!ro da mochila. W )ocU dormiu um diaX W disse K5le risonho, %ol!ando2se ao moreno. W 1omo suspei!ei, a hipnose pode !er a3e!ado a!6 demais seu c6rebro. Por isso precisou de !odo esse !empo para se recuperar. W di!o isso, parou um pouco. 'en!iu2se um reposi!Vrio de in3ormaçYes. W /as, não de%eria es!ar de p6. ,e%eria ir descansar, 6 sua chanceX -inda não encon!ramos os ou!ros, e 9uando isso ocorrer, !al%e7 !enhamos de par!ir imedia!amen!e. En!ão, %S descansarX Kalua se apro\imou um pouco mais. W Eu me lembrei do 9ue es!a%a pensando an!es de encon!rar /a!!he8 e -udre5 na !a%erna... W %iu a e\pressão de K5le, parecia encorajadora para con!inuar apenas por educação, ainda assim persis!iu W <embrei 9ue sou um 3racasso como menes!rel. $unca compus nada. 'V can!ei o 9ue jS 6 consa"rado em nossas !erras. $unca criei al"o meu. W Tal%e7 por9ue não hou%esse encon!rado al"o 9ue o inspirasse. W K5le in!erpelou de %e7 e lo"o apVs 3icou em silUncio.

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Thales Travalon

Era o momen!o de Kalua, de%ia dei\S2lo se abrir. W N, !al%e7 realmen!e não !i%esse encon!rado. )ocU sabe... &s ma"os possuem essa /a"ia Pro3unda 9ue os abraça. E %ocUs, pes9uisadores cien!is!as es!ão en%ol%idos com os m6!odos. /as, na ar!e... Bem, a ar!e nos dei\a !ão li%res 9ue acabamos presos em nVs mesmos, em nossos concei!os, em nossos mi!os, em nossas men!iras. E no 3im, nos es9uecemos da liberdade, por9ue es!amos com uma corda no pescoço. E, en9uan!o descansa%a, eu compus al"o. & sorriso de K5le não poderia !er sido maior. Es!a%a 3elic ssimo por ou%ir a9uilo. Era o nascimen!o de al"oX E por sua !amanha empa!ia, não pode esconder 9ue es!a%a or"ulhoso pelo ami"o. W k E, precisa%a lhe di7er, 9ue, minha inspiração 6 %ocU. K5le con!inuou sorrindo. & sorriso 3oi 3icando bobo a!6 9ue K5le !en!ou ironi7ar a si!uação de 3orma ainda mais boba. W ParaX Am desen!endido acharia 9ue isso 3oi uma can!adaX W ele riu um bocado. Kalua riu jun!o. E no minu!o se"uin!e, es!a%a com ambas as mãos abraçadas na cin!ura do ou!ro e sua boca menea%a a ou!ra en9uan!o os ros!os se choca%am. Parecia !ão belo 9uan!o duas es!relas se encon!rando... W En3imX W esba3orida, 'am sal!ou para a Srea aber!a onde se encon!ra%am os "aro!os. /a]arios %inha lo"o a!rSs, parecia a!6 9ue não ha%ia re!irado as mãos dos bolsos em momen!o al"um. 'ua 3eição con!inua%a dura e pensa!i%a. E, não mudou a e\pressão 9uando %iu a cena. $ão nos primeiros se"undos. Piscou bem os olhos para cons!a!ar 9ue es!a%a en\er"ando direi!o, e sua se"unda e\pressão 3oi en!reabrir a boca e 3icar assim, embasbacado. 'am, por ou!ro lado, %oou em cima de Kalua e o separou de K5le como uma leoa de3ende seus 3ilho!es. :a%ia sido belo, bel ssimo. E ca!as!rV3ico como um me!eoro caindo em 4iji.

11D ||

Thales Travalon

11.
O NASCIMENTO DA P&ROLA NUNCA MATA O MOLUSCO
_______________________________________________________ L' u(a )ia%e(, ela de)e ser feita

Audre5 %iu2se descendo e descendo e 9uando percebeu es!a%a num
caminho sub!errcneo. Pa!l5 parecia mui!o dispos!o. E en9uan!o ia prosse"uindo, sendo bandeiran!e de seu prVprio caminho, uma es!rada ia len!amen!e aparecendo [ sua 3ren!e. - sua %ol!a ha%ia o !odo, 9ue na %erdade era um nada. /on!anhas, hori7on!es eu3Vricos, mas, a es!rada de chão, o caminho, ia aparecendo en9uan!o ela prosse"uia. Ela percebeu isso al"uns minu!os apVs decidir 9ue iria desis!ir da %iajem. Pensara &<0o h' ca(inho, co(o #rosse-uir=* e com o !empo percebeu 9ue ha%ia caminho sim, ela 9uem de%eria prosse"uir para %U2lo. W )ocU es!S bem, Pa!l5Z W acarinhou o belo ca%alo en9uan!o ele se"uia. /as, hou%e um momen!o em 9ue Pa!l5 não 9uis mais ir adian!e e por isso o caminho se apa"ou. -udre5 o incen!i%ou, mas, nada 3aria com 9ue o ca%alo con!inuasse a jornada. W :S uma jornada, ela de%e ser 3ei!a so7inha. W ressoou uma %o7 3amiliar. W *anZ W )ocU es!S bem ades!rada. W respondeu o "aro!o 9ue
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sur"ira de can!o al"um. 'eus olhos ne"ros eram in!ensos e por isso, sem in!ensidade al"uma. -udre5 desmon!ou. (e!irou o 3reio e es!ribo de Pa!l5 e jo"ou2os ao chão. W )ocU es!S li%re, Pa!l5. )ol!e para casa. )ol!e para sua na!ure7a. )S para onde 9uiser. W ela o liber!ou de 9ual9uer ju"o e a3a"ou sua crina. & ca%alo era li%re. $ão era procedimen!o do ri!ual, mas, era a recompensa de -udre5 ao ca%alo !er lhe encaminhado a!6 boa par!e do caminho. *an não se mos!rou mui!o in!eressado nisso. 'e seus olhos %a"aram nin"u6m poderia di7er. /as, Pa!l5 relu!ou em dei\ar sua dona. E apVs lon"as cerim^nias onde ser mimado era sua prioridade, disparou con!ra o %en!o e o !emporal 9ue len!amen!e se 3orma%a, os c6us cin7en!os começa%am a ene"recer e !ro%ejar. W 'e preciso 3a7er uma %iajem so7inha, por9ue %ocU es!S a9uiZ W per"un!ou [ *an. W *anZ W procurou2o, mas, não o encon!rou. ,e !oda 3orma, prosse"uiu. *ndo em 3ren!e não poderia errar. E o caminho mos!ra%a2se a cada passo. -udre5 caminhou !rUs dias e !rUs noi!es. - chu%a 3oi a S"ua 9ue bebeu e não comeu nada. 'uas sandSlias 3oram des!ru das em meio a re"ião Srida e es!a%a es9uecida mui!o a!rSs no caminho# 9ue na %erdade, não ha%ia um caminho. -udre5 percebeu ao se %ol!ar para !rSs 9ue, o caminho se apa"a%a como borracha 9ue des!rVi 9ual9uer erro 9ue possa ser apa"ado por ela. 'eu caminho era em 3ren!e. *ria em 3ren!e e %ol!aria em 3ren!e, acaso %ol!asse. & sol reinan!e pelas manhãs a!6 a !ardinha e o %en!o "6lido e "lacial das madru"adas re3le!iram2se em seu corpo. 'ua pele descasca%a, suas roupas es!a%am em boa par!e des!ru da, seu cabelo era um lon"o res9u cio sobre al"o mui!o belo de !onalidade rui%a. O 8ode (e ou)ir, +udre@= En!reabriu a boca, mas, ela !remeu, os den!es ran"eram en9uan!o a arcada den!Sria superior deba!ia a in3erior. <e%ou a mão es9uerda ao braço direi!o e as %es!es, 3ei!o 3umaça, se des3i7eram. E
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os olhos brancos demons!ra%am mui!a incer!e7a e inse"urança. O 8ode (e ou)ir= O per"un!ou a %o7. E nesse ins!an!e as %es!es de -udre5 se descompuseram ao ar e ela 3icou nua. $ão era um nu. -udre5 não possu a nada para mos!rar nesse nu. $ão ha%ia seios ou seu Vr"ão "eni!al. Ela não possu a mais cor. Ela não possu a mais nada, al6m de uma bTssola 9ue pendia em sua mão. Essa era ela, um /a"o do Esp ri!o não se encai\a em es!ereV!ipos criados pelos humanos. E por isso, a"ora ela não era mulher ou homem. $ão era branca ou ne"ra. $ão era isso ou a9uilo. Era -udre5, puri3icada e limpa de !oda mancha 9ue pudera ima"inar !er. E, !amb6m nesse mesmo ins!an!e, ela percebeu uma %elha cabana um pouco [ sua 3ren!e. Ama cabana 3ei!a de madeira e palha e 9ue com o 3er%er do solo em respos!a ao sol, parecia !remular em sua %isão. E dessa cabana sa a uma 3umaça le%e e descompassada. O 8ode (e ou)ir a-ora= O a %o7 era de um homem. Ama %o7 no 3undo, mui!o conhecida. -udre5 deu um passo cambalean!e em 3ren!e, mas, caiu dura con!ra o chão. 1orpo "elado, solo 9uen!e. *n%is %el de !odo poder simbVlico e ima"inS%el. - cabana pareceu len!amen!e se apro\imar de seu corpo ou seu corpo era arras!ado con!ra a cabana. $esse meio caminhou apa"ou. )iajou por al"uns uni%ersos e al"umas "alS\ias. )iu al"uns por2de2sVis e mui!as abelhas. 'uspirou. Transpirou. Muito te(#o atr's. W KE)EKX W berrou de braço es!endido um homem. W ,esis!a, Ke%e]X W 3oi mais brando nessa a3irma!i%a. W N !arde demais, E!hero. W respondeu Ke%e]. & 3o"o consumia !udo e !odos. -s rajadas das labaredas, 3i"uradas em 3Uni\ e em !odo !ipo de animal alado, ba!iam as asas e pareciam !er %ida prVpria. Por de!rSs delas es!a%am seus dominadores, os /a"os da Palma, *ncendiSrios por na!ure7a, 9ue num 3u!uro prV\imo seriam can!ados pela maioria dos mais respei!ados menes!r6is. W )ocU 6 sSbio demais para morrerX W clamou E!hero.
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W Eu sou !olo demais para desis!ir de meus ideais. W respondeu Ke%e], conciso e sincero. $ão ha%ia !emor em sua %o7, !ampouco uma esp6cie de rancor. Era uma %o7 9ue precedia o !om da %i!Vria. E a noi!e 3oi iluminada pelas !ochas e pelos animais alados e as 3Uni\. - 3eição de E!hero não podia ser mais clara. &lhos mui! ssimo claros e uma barba em ca%anha9ue. 'eus cabelos eram dum cas!anho escuro, cur!os e es!a%am bem cor!ados nas la!erais. & %en!o brinca%a com o cabelo do "rande ma"o, en9uan!o ele se diri"ia a um homem de aparUncia mui!o mais %elha. <on"as barbas brancas, unido aos cabelos brancos. )es!es brancas e ros!o impass %el. &lhos concen!rados, escuros e in%iolS%eis. W Am de nVs de%e morrer, E!hero. W Am de nVs de%e 9ueimar. W e !odas as !ochas se apa"aram. -l"uns se"undos apVs, as chamas das !ochas re!ornaram com 3ul"or, ascenderam como num es!alo de dedo e consumiram os acampamen!os dos reacionSrios. &s re%olucionSrios incendiSrios conse"uiram passar por cima dos princ pios clSssico2!radicionais 9ue Ke%e] de3endia. /a"os aprenderam, na9uela noi!e, 9ue nem mesmo um ma"o com !odos os poderes poss %eis 6 in%enc %el. Ke%e] !e%e a %er"onha de ser derro!ado e %i%er. ,esejou 9ue E!hero o des!ru sse, seria di"no das mTsicas [ serem can!adas. W 'ou piedoso. W /as, a mor!e 6 meu jul"o. $ão hei de %i%er num mundo onde as pessoas são ades!radas a serem ou não serem. Para mim, os ma"os são. E não podem não ser. $ão permi!o 9ue não sejam. E!hero sorriu. -l6m de piedoso, reconhecia o po!encial de seu inimi"o de "uerra. W Eu o amaldiçoo, para 9ue haja %in"ança, para 9ue %ocU de3inhe com sua 4ijiX W cuspiu Ke%e] e selou na9uele momen!o uma ma"ia pro3unda. Pro3unda de !al maneira 9ue a!6 mesmo o prVprio Ke%e] não pre%iu seu e3ei!o. W 'ei 9ue nos encon!raremos mui!o bre%emen!e, Ke%e]. : eu %ul-o di1er que n0o foi t0o bre)e assi(.

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Fuando -udre5 abriu os olhos, encon!rou2se num c^modo bem espaçoso e iluminado. 1hamas pulula%am de %idros coloridos 9ue ser%iam de supor!e e permaneciam le%i!ados. Es!a%a numa maca, com um bom pano branco umedecido em sua !es!a. :a%ia cheiro de sopa 9uen!inha e es!a%a bem %es!ida com o !radicional brim. -briu os olhos, mas, não en\er"ou nada. W Es!ou ce"aX W desesperada, num pulo cons!a!ou es!ar dei!ada sob o chão e !a!eou o 9ue ha%eria ao seu redor. $ada !ão rele%an!e. W -brir os olhos do 9uin!o re9uer ce"ar os olhos do corpo. /as, 3i9ue !ran9uila, %ocU es!arS bem em al"umas horas. W disse a %o7. -udre5 jS es!a%a 3amiliari7ada, ou com a %o7 ou com a aparUncia de al"umas 3i"uras por meio de seus de%aneios. E possu a "rande cer!e7a de 9ue a9uela %o7 era es!ri!amen!e conhecida e impor!an!e. W &nde es!ouZ Es!a%a desnor!eada. )ocU !amb6m es!aria acaso %iajasse !rUs dias e !rUs noi!es apenas bebendo S"ua de chu%a, sendo !es!ado pelo sol e pela lua em busca de um caminho 9ue se cria so7inho. W )ocU !en!ou 9uebrar o 9uin!o, com uma %iajem. W o %elho homem a respondeu. W 1onse"uiZ W N cedo demais para di7er. W ele respondeu com um !om a%aliador. W $ão 6 noi!eZ W -9ui nunca 6 noi!e. Tampouco dia. -9ui sV hS o in!eiro, nunca as di%isYes. W disse o homem num !om conciso. -udre5 lo"o percebeu de 9uem se !ra!a%a. W Ke%e]Z W & Tnico 9ue pode 9uebrar & Fuin!o dos /a"os. W ele respondeu e dei\ou2a descansar um pouco mais. -udre5 mais !arde percebeu 9ue ha%ia uma %enda amarrada em seu ros!o. (e!irou2a e abriu os olhos e podia %er per3ei!amen!e.

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Tal%e7 não !i%esse a percebido, uma %e7 9ue boa par!e de seu corpo es!a%a dormen!e. $ão sen!ia sua cabeça ou pernas al"umas horas a!rSs e a"ora conse"uia sen!ir !udo. /ui!os dos problemas não são resol%idos por9ue dormen!es de sua prVpria sor!e, os homens pre3erem acredi!ar 9ue es!ão 3adados [ per!encer ao des!ino. E os homens não são do des!ino. & des!ino 6 dos homens. -o en\er"ar Ke%e] Balab, ele não parecia !er en%elhecido um sV dia, do seu del rio. Permanecia re!o e com ar jo%ial, ainda 9ue com aparUncia idosa. Ele lia al"uns per"aminhos mui!o %elhos sen!ado num !ape!e. -udre5 não 9ueria 9uebrar o silUncio. W Fue hou%e com Pa!l5Z W mas, 9uebrou o silUncio. W $ão me cabe saber o 9ue ocorre duran!e a %iajem. W Ke%e] 3oi duro e imedia!o na respos!a. -r9ueou a sobrancelha len!amen!e en9uan!o prosse"uia. W & 9ue me cabe 6 o presen!e e nada mais. & 9ue passou, passou. W E como pre!ende 3a7U2lo desconsiderando o passadoZ W 'omos uma incons!cncia de caos. & presen!e 6 au!ossu3icien!e. Por isso ele ocorre a"ora. E não depois. Tampouco an!es. W & 9ue %ocU 9uer di7erZ W & a"ora nunca mais irS se repe!ir. Camais no passado. Camais no 3u!uro. & 9ue ocorre a"ora sV ocorre a"ora e nunca mais. -udre5 parou pensa!i%a. 'ua cabeça ha%ia parado, por comple!o de doer. Es!a%a !udo bem. 'V um 7umbido !oma%a con!a de sua men!e. W )ocU me parece mui!o 3irme em suas a3irma!i%as. W concluiu a "aro!a num !om de desd6m. W E 4iji me parece mui!o 3irme sob suas dT%idas. W ele debochou arro"an!emen!e e passou a caminhar len!amen!e em sua an!essala a!6 se sen!ar 3ren!e [ 3o"ueira e 3echar os olhos, medi!ando. -udre5 permaneceu mais al"um !empo em silUncio. &bser%ou a cabana, parecia rTs!ica, mas, emanada numa ma"ia mui!o poderosa. /ais aos 3undos ha%ia um lon"o corredor com 9uadros bem pin!ados represen!ando as "randes passa"ens his!Vricas de 4iji. Am lon"o !ape!e cor de san"ue se"uia por !odo o chão do lu"ar e as

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lu7es a"ora, len!amen!e iam 3icando 3oscas e da%am um meio2!om ao ambien!e. W Fuando a %iajem !erminaZ W Fuando sua jornada acabar. W Ke%e] pensou al"o, ar9ueando uma lon"a sobrancelha branca e lo"o mais a abai\ando rapidamen!e. $esse ins!an!e ela se le%an!ou e andou a!6 um curioso obje!o. Eram dois "randes c rculos presos por um arco %ol!ado para a direi!a e um arco %ol!ado para a es9uerda, o s mbolo do Fuin!o ddE!hero. Tocou2o, sen!indo sua super3 cie, parecia de cris!al ou de uma subs!cncia a 9ual não conhecia. Muito te(#o atr's. W Es!aremos 3racos, senhor. W disse2lhe um dos jo%ens, 9ue usa%a lu%as. W Am ma"o 9ue ousa saber !udo e !er !udo não se preocupa em apro3undar2se ao 9ue !em. & Fuin!o não 3oi 3ei!o para lhes res!rin"ir poder, W e\plicou E!hero W 3oi 3ei!o para 9ue %ocUs se !ornem poderosos no 9ue assumiram na ma"ia. Fuando seus poderes e\!rapolarem, irem adian!e, 3ei!o um caminho 9ue sempre se"ue em 3ren!e, ha%erS uma 3orma de e%oluir. W /as, senhor, o senhor sabe 9ue eles !amb6m possuem poderes com o 3o"oZ W 'im, sei 9ue o possuem. /as, não possuem as mesmas habilidades 9ue sV [ %ocUs incendiSrios per!ence. :oje somos um e\6rci!o de /a"os da Palma. -manhã seremos um e\6rci!o 9ue represen!a !odos os ma"os e seu poder e%olu do. Pense por um lado, 4ran]... )ocU pode 3a7er com o 3o"o o 9ue um ma"o jamais poderS ima"inar 3a7er, por achar 9ue pode usar de !odo o poder. & "rande poder es!S na simplicidade e na humildade de reconhecer 9ue, o pouco 9ue !emos, 6 su3icien!e para desa3iar 9ual9uer colosso. Am "i"an!e %an"loria2se por ser "rande e %er !odas as coisas por cima, por es!ar %endo o 9ue %em primeiro no hori7on!e e por es!ar preparado para o 9ue os c6us !em a ameaçS2lo. En!re!an!o, nVs, os pe9uenos, %emos a na!ure7a de per!o. )emos os de!alhes dela nascer

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e 3lorescer. E ainda 9ue não %ejamos primeiro o 9ue es!S al6m do hori7on!e, nVs %emos primeiro !udo a9uilo 9ue nasce ao nosso redor e es!S ao nosso redor, e 6 e\a!amen!e por isso 9ue nVs somos maiores 9ue os "i"an!es. Por 9ue a "rande7a não es!S no !amanho do 9ue %emos, es!S no !amanho do 9ue i"noramos. W En!ão isso 6 conhecer, senhorZ 1onhecer 6 descobrir o 9ue 3oi i"norado e por isso somos "randesZ W )ocU %erS, no 3im dessa "uerra, 4ran], W disse E!hero pu\ando seu escudo. Am escudo 9ue eram dois c rculos e dois arcos, cada um desses arcos %ol!ado para um lado. :a%ia ou!ros de!alhes menores nele, 9ue eram complemen!o do s mbolo 9ue seria pos!eriormen!e o s mbolo do Fuin!o. W 9ue a!6 mesmo sem 9ua!ro 9uin!os de um poder, ma"os 9ue se di7em poderosos e in%enc %eis irão se ajoelhar e lamen!ar o dia em 9ue desa3iaram o maior dos poderes. W Fual, meu senhorZ W & da simplicidade. Fue dian!e de !oda a comple\idade passa in%is %el, mas, dian!e da realidade 6 um an! do!o para o mal de 4iji. W Fue belo discurso, senhor... W 4ran] sorriu, ali%iado, e de esp ri!o e\al!ado pelas pala%ras de seu l der, E!hero, & /a"o dos /a"os. - cena se apa"ou en9uan!o as chamas %ol!a%am ao seu es!ado na!ural e ilumina%am !odos os ambien!es da cabana com mais %i"or. -udre5 ainda alisa%a a super3 cie do "rande s mbolo 3ei!o de ma!erial es!ranho, mas, !ransparen!e. W - ideia ori"inal não era ser um discurso. W -udre5 comen!ou bai\inho e olhou de um can!o a ou!ro, %endo 9ue a cena em sua cabeça ha%ia sido apa"ada. Ke%e] permanecia em "rande silUncio e medi!ação. -udre5 poderia jurar 9ue ele es!a%a numa esp6cie de !ranse. 'eu bolso %ibrou, ela sabia o 9ue a9uilo si"ni3ica%a#

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-udre5 <u7 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. $&)- /*''+& A(.E$TEX <u7, 4uja.
/issão ? 3ei!a. -!ual /issão# D. /issYes To!ais [ ocorrer# 13.

W Esplanada de 4iji, "nde n0o h' corru#ç0o. -udre5 amassou a car!a e a "uardou em seu bolso. 'eus olhos %a"aram pelos c^modos, a"ora não compreendia bem a no%a missão. Essas a!i!udes es!ranhas da Esplanada em pedir cenas inusi!adas lhe parecia al"o de 3ilmes :oll58oodianos. 'e"urou bem no obje!o no%amen!e, ao cen!ro, mas, nada acon!eceu de inusi!ado. -"ora se per"un!a%a sobre as ins!ruçYes de *an. &L' u(a )ia%e(, )oc; de)e...*, não se lembra%a mui!o bem desse pon!o. $ão no primeiro se"undo. W & melhor escudo 6 a9uele 9ue 6 in%is %el para ambos os lados. -udre5 sabia 9ue a9uilo era prelTdio de al"o não !ão bom, não podia ser apenas um comen!Srio alheio, %indo de Ke%e], 9ue es!a%a de olhos 3echados. & escudo de E!hero brilhou in!ensamen!e com uma lu7 mais poderosa 9ue a solar e se apa"ou. Tudo ocorreu no 3ra"men!o de um mil6simo, por isso, pareceu um lon"o 3lash 9ue nunca e\is!iu. W Eu con%o9uei 1a!herine por lon"os dias e noi!es e por isso precisei abdicar desse lu"ar por mui!o !empo. - con%o9uei por uma lon"a e!ernidade. Por uma respos!a. E en3im a respos!a de 1a!herine a9ui es!S. W con!emplou Ke%e] Balab, abrindo os olhos e os 3i\ando em -udre5. - "aro!a não !e%e uma ação imedia!a. -"uardou al"o mais,

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!ampouco abriu a boca para di7er 9ual9uer coisa. Permaneceu a!en!a. W E!hero, & /a"o dos /a"os, sobre%i%eu. W 3oram as pala%ras de Ke%e]. -udre5 riu como se o %elho es!i%esse caducando. W E onde ele es!SZ W ela procurou olhando ao seu redor. 'V encon!rou a mob lia. W Fuando & 'onhador sur"iu e ocupou seu lu"ar de -u"us!o, E!hero de3inhou por uma marca 9ue dei\ei. E essa marca o perse"uiu pelo al6m2%ida. E en3im %ocU 3oi encon!rado, E!hero. E %eio a!6 mim. Para 9ue eu pudesse %in"ar o meu nome e ocupasse o lu"ar de /a"o dos /a"os por mais uma %e7. -udre5 deu um passo para !rSs. - car!a da Esplanada começa%a a 3a7er al"um sen!ido. W En!ão 6 %ocU 9uem es!S con%ocando os me!eorosZ W 'im. 4oi uma ma"ia con%oca!Vria para !ra7er %ocU a!6 mim. & 9ue ocorreria al6m disso, não es!S sob meu con!role. N a (a-ia #rofunda, E!hero. W -udre5. 1hamo2me -udre5. W ela se"urou com 3irme7a o escudo con!ra seu corpo. W E %ocU não os de!erS, E!hero. Eles des!ruirão sua 4iji. E, !odos perecerão pela espera de sua ajuda. E %ocU mos!rarS sua %erdadeira u!ilidade# nenhuma. W )ocU se %endeu [ 1a!herine. 1omo pode usar de uma reli"ião !ão sulis!a e impre%is %elZ W $ão e\is!em barreiras para o poder. & 9ue e\is!iu 3oi minha %on!ade de %in"ar meu nome. &s m6!odos nin"u6m pode 9ues!ionar. &s m6!odos jus!i3icaram bem o 9ue !ermina a"ora... E a %o7 sun!uosa e aprecia!i%a de Ke%e] sumiu. & 9ue se se"uiu 3oi, -udre5 %U2lo es!endendo as mãos e um lampejo mul!icor sair delas em sua direção. *media!amen!e, o escudo consumiu !oda a9uela ener"ia e 3icou emanado da cor do lampejo. <o"o mais, se apa"ou e !ornou2se no%amen!e !ransparen!e. W :ou%e um en"ano, Ke%e]. Eu não sou E!hero. & ma"o 9ue podia 9uebrar & Fuin!o dos ou!ros ma"os "ar"alhou. ,edilhou sua lon"a barba en9uan!o obser%a%a a

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3isionomia da "aro!a. W $ão me parece de 3a!o, E!hero. /as, %ocU 3oi !ão poderoso, !ão "rande, 9ue %enceu o prVprio *an. Fuando *an des!ruiu seu corpo e seu esp ri!o, um 3ra"men!o %a"ou pelos uni%ersos e encon!rou o uni%erso 9ue sin!oni7a !odas as 3re9uUncias# a !erra. & uni%erso humano. E seu corpo se ma!eriali7ou. (enasceu, reencarnou, 9uaren!a e duas %e7es a!6 a"ora. Percebo 9ue, esse seja o nTmero das reencarnaçYes para alcançar 4iji, pelo menos em !eu caso... )enceu o prVprio *an. W ele con!emplou !ão "rande poder. - cabana e\plodiu e !udo %oou pelos ares. $ão sobrou %es! "io de mob lia, de !e!o, de paredes, de !ape!e cor de san"ue. 'V ha%ia um Ke%e] Balab de p6 com um lon"o cajado er"uido para !rSs e a 3umaça se des3a7endo len!amen!e, en9uan!o, seis me!ros [ sua 3ren!e, es!a%a a 3i"ura de -udre5, pro!e"ida por uma redoma de poder 9ue lo"o se apa"ou 9uando a 3umaça se e\!in"uiu. W -"ora %ejo 9ue não posso derro!S2lo. W Ke%e] pensou um pouco. W & 9ue não me impede de !en!arX W num es!alo, e ba!endo o cajado con!ra o chão, -udre5 não %iu nada aos arredores ocorrer. Fuando menos piscou, 3oi en"olida por uma serpen!e "i"an!e 9ue a abocanhou e 3echou a boca. & lu"ar inVspi!o 9ue era den!ro da9uele ser !ão %il não podia ser menos nojen!o. - "aro!a percebeu 9ue apenas %es!ida de brim branco não seria capa7 de lu!ar bra%amen!e con!ra um ma"o 9ue parecia mui!o bem preparado. -"ora, ao menos, sabia os mo!i%os dos me!eoros. Era ma"ia de 1a!herine conjurada por Ke%e]. $ão poderia impedir, ao menos, era seu Tnico pensamen!o a"ora. & %eneno começou a subir pelos seus p6s. ,e3inharam sua pele len!amen!e, correndo seu corpo. - Tnica medida de -udre5 3oi es!ender a mão e 3echar os olhos. 'ua men!e %oou lon"e, buscou a ajuda mais impro%S%el. E 9uando abriu os olhos, não es!a%a mais %es!ida de brim. <u%as calça%am suas mãos e ha%ia um cajado numa delas. Am condão ao bolso es9uerdo e uma bTssola ao direi!o. E um can!il preso [s suas cos!as por um le%e cordão. & escudo pendia em sua

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ou!ra mão, es!a%a e9uipada por !odo & Fuin!o ddE!hero. 'uas %es!es não eram mais de brim. Asa%a uma armadura com o s mbolo do Fuin!o e seus cabelos pareciam per3ei!amen!e !rançados num Tnico rabo de ca%alo. W *sso não !erminou, Ke%e]. $ão !erminou. W o corpo da serpen!e se comprimiu, !en!ando esma"S2la. -udre5 se a"achou en9uan!o sen!ia o %eneno !en!ar corroer sua armadura, mas, não conse"uia dessa %e7. :ou%e um relincho e lo"o depois um ca%al"ar. ,o 9ue parecia um lon"o corredor, ou uma "ar"an!a da serpen!e, %inha Pa!l5 ca%al"ando com 3ul"or. 'eus ras!ros dei\a%am uma linha de 3o"o arden!e e a serpen!e era obri"ada a ir se e\pandindo por causa do 3o"o e das "alopadas 9ue o ca%alo da%a, 9ue ras"a%am a pele in!erna da serpen!e. -udre5 sorriu. <e%an!ou2se e não esperou. Fuando Pa!l5 passou ao seu lado, se"urou em sua crina e pulou para cima dele, mon!ando2o e o ca%alo con!inuou abrindo caminho com des!emor. -braçou o pescoço do ca%alo e se se"urou bem nele. Ke%e] riu. 4echou os olhos sa!is3ei!o e dedilhou sua barba. &s den!es da serpen!e esplodiram 9uando da cabeça de Pa!l5 sur"iu um lon"o chi3re branco, como de um unicVrnio. -udre5 e Pa!l5 sa ram da9uele local medonho e perceberam a lu7 e o ar limpo [ sua %ol!a. ,en!ro da9uele dem^nio conjurado por Ke%e] era imposs %el respirar direi!o. W ,esis!a, E!hero. )ocU não %encerS dessa %e7. -inda com minha mor!e, E!hero. $ada impedirS a ma"ia pro3undaX W En!ão, 9ue %ocU não presencie a des!ruição da ma"ia pro3unda, pois, ela serS ani9uilada, jun!o com seu nomeX -udre5 er"ueu as mãos com as lu%as e a !erra !remeu. ,e onde não ha%ia nada al6m de deser!o e um hori7on!e %as!o de %a7io, S"ua !ransbordou e a3o"ou Ke%e] e lo"o depois um elo de 3o"o se 3ormou ao redor dessa S"ua. Todo o ar en!ão 3oi re!irado da S"ua e do 3o"o, 9ue dei\aram de e\is!ir e uma redoma de !erra, areia 9ue lo"o se !rans3ormou em rocha sVlida, cobriu Ke%e] e modelou2se ao seu corpo, como um sarcV3a"o. -udre5 !ocou a bTssola e uma espada

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3ei!a de seu prVprio esp ri!o sur"iu em sua mão. $ão desmon!ou Pa!l5. Co"ou com 3er%or a espada 9ue alcançou e\a!amen!e o cen!ro do sarcV3a"o e o per3urou. & san"ue desceu mui!o len!amen!e. E com o condão, -udre5 3e7 os c6us !remerem e !ro%ejarem. E um mis!o de relcmpa"os com ener"ia nuclear e\plodiram o sarcV3a"o em um milhão de pedaços e 3ra"men!os. Ela %iu, len!amen!e, Ke%e] se des3a7er em poeira cVsmica e ser apa"ado. 'orriu e a3a"ou a crina de Pa!l5. :a%iam conse"uido. /as, percebeu 9ue o c6u do lu"ar es!a%a desabando. 1aindo do hori7on!e e %indo em sua direção. Precisou se"urar2se bem ao ca%alo e ca%al"aram na %elocidade da lu7 e do uni%erso, dobrando 4iji como se 3osse uma 3olha de papel. E en9uan!o %ia os c6us caindo !udo o 9ue ha%ia a!rSs de si se des3a7endo, ela sV sen!iu o %en!o empurrS2la e derrubar Pa!l5, 9ue por conse9uUncia a derrubou. -udre5, milhares de 9uil^me!ros lon"e de seu Tl!imo des!ino, obser%ou o 9ue ha%ia sobrado# nada, dois me!eoros ha%iam ca do ali. 4oi o 9ue disse *an# L' u(a )ia%e(, )oc; de)e )oltar )i)a.

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12.
APENAS E SOMENTE
_______________________________________________________

AhX :S ou!ra coisa# em 4iji não !emos essas consideraçYes bobas
humanas de bemjbom e maljmau. -9ui as pessoas !em ou 9uerem poder. -s 9ue conse"uem não se 9ues!iona os meios. -s 9ue não conse"uem %i%em sob jul"o do erro. Fuando mais [ 3ren!e !i%er dT%idas sobre isso, releia isso.

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13.
O SIL'NCIO QUE PRECEDE O ESPORRO
_______________________________________________________ E1 de abril de uo!(arte, $ronteira co( "badin – >H#len)on. Pa!l5 ca%al"ou por me!ade de um dia a!6 encon!rar o ras!ro de /a!!he8 /a]arios. Fuando encon!rou o "rupo, -udre5 ainda dormia abraçada ao seu pescoço. & rapa7 re!irou2a de cima do ca%alo e a le%ou para den!ro da barraca, cobriu2a e a"uardou 9ue ela descansasse. /ais !arde, 9uando -udre5 desper!ou, ha%ia uma car!a ao seu lado. Era a no%a missão, 9ue ha%ia che"ado dessa %e7 para /a]arios. /a!!he8 /a]arios, & 1onsp cuo 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. $&)- /*''+& A(.E$TEX /a]arios, 'umo2ancião da Palma de &ppos, 'i"a para a 3ron!eira de &badin e desça o abismo da raposa. - %ia"em de%e ser [ p6. <S es!S a pis!a para o 3im dos me!eoros.
/issão D 3ei!a. -!ual /issão# B. /issYes To!ais [ ocorrer# 13.

W Esplanada de 4iji, "nde n0o h' corru#ç0o.

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&s olhos não es!a%am mais de !onalidade branca, es!a%am 3ur!a cor. Pareciam !er sa do de uma anes!esia. -o seu lado, K5le re!ira%a sua !empera!ura e !ermina%a sua obser%ação. W )ocU es!S bem. 4oi sV um des"as!e 3 sico e emocional, a"ora es!S recuperada. W o pes9uisador disse e se le%an!ou. :a%ia um olhar di3eren!e em K5le, não passou despercebido [ -udre5. Era de 3elicidade, mas, de culpa. -"radeceu mui!o rapidamen!e e se sen!ou. Tomou um pouco de S"ua e comeu pão e en!ão se le%an!ou. W Pa!l5X W ela a%is!ou o ca%alo e caminhou a!6 ele, o abraçando pelo pescoço e a3a"ando sua crina. W )ocU não sabe o 9uan!o 3oi T!ilX $ão sabe como precisei de %ocUX &bri"adaX W E ele a"radece a "ra!idão. W /a]arios re!rucou. Es!a%a com os braços cru7ados, a9uela 3ranja era a Tnica coisa asseada, jS 9ue seu cabelo es!a%a !odo ba"unçado por !oda e\!ensão e suas roupas es!a%am sujas. W $ão %ejo a hora de %ol!ar para casa. E %ol!ar a cuidar do banco. -cho 9ue não sei mais ser um bancSrio. &s lSbios de -udre5 3i"uraram um sorriso. Ela se apro\imou um pouco mais. W Preciso lhe con!ar uma coisa... /a]arios a in!errompeu impacien!e. W 'am abandonou o "rupo. W a surpresa no olhar de -udre5 3ora eminen!e, /a]arios percebeu. 'am era amic ssima de -udre5 e por isso esse sen!imen!o. W 'eu namorado sumiu desde 9ue %ocU par!iu. $ossos suprimen!os acabaram. Precisamos %ol!ar [ &ppos, es!amos sem dinheiro e es!amos em dois es!ados es!ranhos. -udre5 assen!iu, mas, ainda precisa%a con!ar al"o a ele. W $ão me 6 surpresa 9ue %ocU seja E!hero. 1onheço um homem de lon"e. W ele não esperou 9ue ela dissesse e a deu as cos!as. W 1omo %ocU sabeZ /a]arios %irou o ros!o para encarS2la. 'eu olhar não era menos 9ue 3rio. W 'am abandonou o "rupo por9ue Kalua, di"amos, escolheu ou!ro caminho. 'am não era 9uem ele 9ueria. 'ei 9ue para uma

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mulher2homem pode ser 3Scil en!ender, mas, a"ir com !a!o na si!uação 6 o 9ue a peço. E, como l der desse "rupo, reTna !odos e a%ise 9ue es!amos descendo o abismo da raposa. E depois %ou para casa. W 3oram suas Tl!imas pala%ras e saiu andando pela 3lores!a. -udre5 en"oliu as pala%ras, irri9uie!a, deu meia %ol!a para a%isar aos demais 9ue %ol!ariam para &badin, prV\imo ao lu"ar onde es!i%eram acampados. " abis(o da ra#osa não lhe soa%a como bom lu"ar. -!ra%essada a 3ron!eira da mesma 3orma 9ue ou!rora# apresen!ando a car!a, não !ardou para 9ue encon!rassem seu des!ino. Era uma esp6cie de penhasco com um lon"o e pro3undo buraco escuro e sem som. -s plan!as mor!as ao redor e os pSssaros 9ue não se apro\ima%am do lu"ar era prelTdio de 9ue al"o não !ão bom iria acon!ecer. 1harlo!!e desenhou uma corda e prendeu a pon!a em uma pedra 9ue !amb6m desenhou. Co"ou ao abismo e de suas prVprias mãos desceu !oda a e\!ensão da lon"a corda a!6 9ue a!in"isse en3im o solo do abismo, o 9ue perceberam !odos# era e\!remamen!e lon"o. descida seria n"reme o su3icien!e para assus!ar 9ual9uer pessoa. W )ejam pelo lado bom, W /a]arios !en!ou ale"rS2los W se não morrermos no abismo, morreremos pelos me!eoros. W E onde es!S o lado bomZ W -udre5 es!a%a s6ria e concen!rada. -pVs o ocorrido com suas roupas, -udre5 %ol!ou nua. /as, 9uando acordou, es!a%a com a roupa de /a]arios, en9uan!o ele usa%a uma roupa 9ual9uer, bem %elha e pu da. Tal%e7 3osse por isso 9ue ele soubesse sobre E!hero# a marca em suas cos!as. W )ocU primeiro. W apon!ou para /a]arios. W ,epois 1harlo!!e, K5le, Kalua e eu. W !odos concordaram 9uase imedia!amen!e. /a]arios nem !an!o. & rapa7 se"urou a corda e sal!ou para bai\o. )oou bas!an!e para !rSs, mas, inclinou seu corpo, 3orçando seu p6 para 3ren!e e en!ão encon!rou as pedras da parede do abismo. Pisou nelas e concen!rou2se nisso. En!ão desceu rapidamen!e en!re sal!os e

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al"umas le%es descidas prS!icas, a!6 parecia 9ue ha%ia !reinado para isso. 1harlo!!e en!re"ou a corda para -udre5 9ue a amarrou numa Sr%ore e pediu 9ue os demais se"urassem. - Te]ler desceu com mais demora, se"uida por K5le 9ue 3oi o 9ue mais demorou e Kalua 9ue pareceu escorre"ar pela corda e che"ar ao solo !ran9uilamen!e. Fuando -udre5 pisou sob o chão pedroso, as paredes es!a%am iluminadas pelas mãos de /a!!he8 /a]arios, 9ue parecia uma !ocha humana. Ti%era de relance a %isão dos incendiSrios %islumbrada na 3i"ura do rapa7. 'eu olhar 3icou 3i\o e concen!rado nisso e acabou perdendo a noção das demais coisas. W E en!ãoZ W 1harlo!!e 3oi 9uem 9uebrou o silUncio. W /a!!he8, a9ui. W K5le chamou o ma"o para 9ue iluminasse as paredes mais de per!o. 1om isso, K5le percebeu desenhos 3ei!os com san"ue sob a rocha. Pareciam an!i"as pala%ras 9ue mescla%am com desenhos. &s desenhos cons!i!u am homens com lanças, homens armados, cen!enas deles mor!os e o san"ue derramado. -!rSs es!a%a uma mulher al!a com 3ul"or nos olhos 9ue apon!a%a para 3ren!e e sV ha%ia 3umaça e 3o"o mais adian!e. K5le caminhou mais al"uns passos. )iu s mbolos de !eor m s!ico reli"ioso por onde se"uia a 3umaça ; a 3umaça era na %erdade um borrão 9ue prosse"uia pelo res!an!e do desenho. /as, a 3i"ura da mulher al!a com ar de impera!ri7 não men!ia. K5le en"oliu em seco e sua mão começou a !remer en9uan!o dedilha%a o desenho. W & 9ue hS a , K5leZ & beiço de K5le !remeu. 1aminhou len!amen!e para !rSs en9uan!o balança%a a cabeça ne"a!i%amen!e. W 1a!herine... W apon!ou para a 3i"ura da mulher 9ue es!a%a a!rSs dos homens. 1on!inuou caminhando de cos!as, assus!ado, sua 3eição era de horror. W E, para onde ela es!S apon!andoZ W -udre5 es!a%a s6ria e concen!rada. Es!alou os dedos ; o 9ue ecoou na9uele "rande %a7io ; e se 3i\aria nessas prV\imas pala%ras de K5le. & menino sol!ou um berro 9uando sen!iu um corpo a!rSs de

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si. 4echou os olhos e acabou desmaiando. - 3i"ura 9ue sur"iu passou os braços por debai\o dos de K5le e o se"urou. Fuando K5le acordou, pareceu reiniciar !odo seu c6rebro. Am 3ilme passou mui!o rSpido pela sua men!e en9uan!o !en!a%a lembrar onde es!a%a ; es!a%a sen!ado e escorado na parede de pedra. Pediu para 9ue a9uilo 3osse men!ira, 3osse al"uma esp6cie de !ru9ue ilusVrio, mas, cons!a!ou reconhecer as 3i"uras das paredes. W Ele acordouX W disse Kalua chamando os demais. K5le obser%ou .abriel, o soldado de &badin sur"ir da escuridão e respirou um !an!o mais ali%iado. W & 9ue 3oiZ W /a]arios parecia ainda mais impacien!e com o ou!ro rapa7 ali. Era no!Vrio em sua %o7. W ,2d2d... W K5le não conse"uia di7er. W ,eusa 1a!herine, sabemos disso. W 1harlo!!e se ajoelhou e 3icou ao lado do ami"o, se"urou sua mão e olhou 3irmemen!e em seus olhos. K5le 3e7 9ue não com a cabeça. $ão !inha nada com 1a!herine o seu !emor. W ,ra"ãoX W disse assus!ado, saiu imedia!o e rSpido. /e!ade do "rupo não en!endeu direi!o o 9ue ele acabara de di7er. W & 9ue ele disseZ W .abriel per"un!ou [ -udre5. W ,ra"ão. W /a]arios 3oi simples e se a3as!ou. W ' mbolos reli"iosos... 1a!herine "uiando os obadinos... <u!a con!ra os dra"Yes. -9ui me parece al"uma esp6cie de san!uSrio sub!errcneo de 1a!herine. Fue 3oi abandonado ou es9uecido, mas, 9ue ori"inalmen!e era morada de dra"Yes. W ele comple!ou. W 1omo assim, adra"YesbZ W isso era comple!amen!e no%o para -udre5. /a"os, Te]lers, Fuin!o... 1idades sub!errcneas... Era mui!o 3Scil acei!ar. /as, dra"YesZ W ,epois dos Tl!imos me!eoros hS al"uns dias, eu re!ornei para &badin. W disse .abriel. Es!a%a es!ampado no ros!o de /a!!he8 9ue ele não 9ueria saber de nenhuma in!imidade da %ida do ou!ro, por isso se a3as!ou e a cena 3icou escura, por9ue as !ochas eram suas mãos. W (e!ornei para cS. -9ui sempre 3oi meu lar, desde 9ue che"uei [ 4iji. $ão hS dra"Yes. 1onheço !odo o percurso. $unca

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%i ou ou%i nada 9ue reme!esse a dra"Yes... K5le respirou um !an!o mais ali%iado. /as, ainda assim sua%a 3rio e !remia. Kalua 3icou ao seu lado desde o in cio !en!ando acalmS2lo, mas, o "aro!o parecia !er al"uma 3obia relacionada [ dra"Yes. W E, 9ua!ro ou!ros me!eoros ca ram, 3ui in3ormado. *lha de Bensi, Kaon!a, *lha de 4ormo 3oram comple!amen!e a3undadas. & nor!e de Ben"lo!o 3oi des!ru do. Tal%e7 por !erem sido !ão dis!an!es não !enhamos ou%ido ou sen!ido os !remores. $esse ins!an!e, -udre5 chamou /a]arios ao can!o e lhe con!ou al"o. 4oi sucin!a. E lo"o depois, es!a%am no%amen!e en!re o "rupo, como se nada hou%esse ocorrido. W E como soube dissoZ W Kalua es!a%a curioso. W 1orreio de 'an!lg. W disse .abriel cabisbai\o, mordeu o lSbio in3erior e se sen!ou !amb6m ao chão. W Es!ão !odos !emerosos. &s as!r^nomos não podem 3a7er nada. Eles nem pre%eem as ro!as dos me!eoros. 4on!ain es!S em caos. &badin ainda conse"ue se li%rar, por9ue a pos!ura dos "uerreiros 6 mui!o se%era e r "ida e conse"uem con!rolar a população. W ,i!adura mili!ar. W /a]arios pron!amen!e jo"ou con!ra o ou!ro. W /an!emos nossos cidadãos den!ro das r6deas, en9uan!o sua 4on!ain pe"a 3o"o. En!endo seu pa!rio!ismo, mas, ele beira a i"norcncia. /a]arios a%ançou, era percep! %el por causa das chamas. -s mãos a%ançaram !ão rapidamen!e a!6 .abriel 9ue !odos en"oliram em seco e hou%e silUncio. W 1he"aX W -udre5 in!rome!eu2se. W Temos assun!os mais impor!an!es do 9ue discu!ir di!adura mili!ar e repTblica. W ela le%an!ou .abriel e o pu\ou para uma e\!remidade. W )amos es3riar essa sua cabeça. W ela disse para .abriel en9uan!o a3a"a%a seus cabelos. W E %ocUs, di%idam2se para conhecer o per me!ro. K5le, por 3a%or, se puder, !en!e des%endar mais coisas nas paredes. W Pin!uras rupes!resX W o pes9uisador 3alou e assen!iu. <e%an!ou2se com a ajuda de Kalua e man!e%e2se per!o dele.

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/a]arios en!reabriu a boca, iria di7er al"o. /as, recomp^s seu es!ado sereno e sVbrio e deu as cos!as e caminhou para o lado opos!o. Ama chama riscou o ar e sur"iu em 3ren!e [ -udre5 e .abriel. Ela parecia dançar sem nenhum apoio e di%idiu2se len!amen!e em duas, 9ua!ro, seis, oi!o e de7enas de par!es a!6 ir iluminando a es!rada. W Pensei 9ue não %ol!aria. W .abriel pousou as mãos sob a cin!ura de -udre5 e colou os corpos. W Eu não posso %i%er sem %ocUX -udre5 corou. -l"o a incomoda%a, mas, seus pensamen!os não conse"uiam se au!o2calibrar. :a%ia al"o anu%iando seus pensamen!os. 1orou e sorriu bobamen!e. W Eu !i%e medo de 9ue %ocU não !i%esse sobre%i%ido. Fuando %i 9ue !odos es!a%am no acampamen!o e %ocU não... Pensei no pior... .abriel sorriu. -braçou2a ainda mais 3or!e e dei!ou a cabeça dela em seu ombro. Beijou2lhe o pescoço e respirou 3undo. W Eu pensei 9ue nunca mais o %eria, depois de !udo a9uilo. ,epois 9ue %ocU sumiu. )i!Vria da 1on9uis!a se !ornou pe9uena. Eu o procurei em !odos os bairros, em !odos os can!os. Todos os dias, .aah. Todos os dias, indo pelas )ilas 'erranas, pelo 1andeias, Pa!a"^nia, Bairro Brasil... Eu es!i%e em !odos os can!os... 'V para !e encon!rar... W Eu sei... W .abriel murmurou e a abraçou ainda mais 3or!e. W Eu pensei 9ue nunca o %eria no%amen!e. E isso par!iu meu coração. Perdi meu Tl!imo 3^le"o e no 3im, eu es!a%a 9uebrada. -penas jo"ada ao oceano e es9uecida pela %ida. Eu não era mais 3eli7, eu não era mais eu. Eu não e\is!ia mais... -!6 che"ar em 4iji... .abriel anuiu com mui!a calmaria. 'eus olhos pareciam a!6 marejados em lS"rimas. W Eu não posso permi!ir 9ue 4iji seja des!ru da, .aah. Eu preciso impedir os me!eoros. W 4al!am 9ua!ro... W ele murmurou com al"um pesar.

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-udre5 3icou 9uie!a, abraçada con!ra a9uele corpo mSsculo. 'en!iu o cheiro de .abriel e a !e\!ura de seus cabelos. -cariciou sua 3ace com !ernura e er"ueu seu ros!o. Encos!ou seu nari7 ao dele e 3echou os olhos. W )ocU sabe 9ue sou reencarnação de E!heroZ W ela murmurou, es!a%a se concen!rando um pouco mais. .abriel concordou e respirou 3undo. 1omo se pudesse sen!ir a9uele 3ardo. W En!ão, 'e!h, di"a2me... )ocU acha 9ue eu 3icaria presa a esse !ea!ro por 9uan!o !empo, 3icando suben!endido 9ue posso ler seus pensamen!osZ - 3eição de .abriel mudou. -3as!ou o ros!o e abriu bem os olhos. 'ol!ou2a e andou al"uns passos para !rSs. W -deus, seu 3ilho da pu!aX W -udre5 condicionou um chu!e cer!eiro no pei!oral do ou!ro, concen!rando a 3orça de uma rocha. & corpo 9ue era de .abriel %oou lon"e e ba!eu con!ra uma parede ao e\!remo da9uela aber!ura, lembra%a per3ei!amen!e uma "ru!a, mas, !oda a luminosidade pro%inha das chamas 9ue ha%iam se mul!iplicado. /a!!he8 /a]arios sur"iu pela aber!ura e es!endeu bem as mãos. -s es!alac!i!es ca ram e boa par!e do !e!o !amb6m %eio ao chão, 3echando a passa"em. -udre5 o ajudou lo"o ao 3im para 9ue conse"uissem 3echar o mS\imo 9ue podiam a9uela "ru!a e en!ão correram ao encon!ro dos demais. Kalua jS es!a%a subindo pela corda, 1harlo!!e era a prV\ima. K5le es!a%a ainda !en!ando in!erpre!ar al"uns sinais. W $ão conse"uiremos sair por a X -9ui di7 9ue o poder de 1a!herine impede 9ue usemos a en!rada do abismo para sair. Teremos de encon!rar ou!ro... E hou%e um lon"o silUncio no%amen!e. 'e"uido por Kalua escorre"ando pela corda, descendo, a"arrando K5le pelo braço e disparando para 9ual9uer lu"ar. W 1&((-----------/X W ele berrou com !odas as suas 3orças.

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1harlo!!e e -udre5 não puderam con!er sua curiosidade, /a]arios se jun!ou a elas para olhar o 9ue ocorria acima. $ão ha%ia nada de suspei!o al6m de um risco nos c6us 9ue %inha com !an!a %elocidade 9ue eles es!ariam !erminados. W Es!amos 3ri!osX $el'HA W "ri!ou a Te]ler. 4elS_ na l n"ua na!i%a era uma e\pressão para 9ue corressem. -udre5 pu\ou /a]arios ou /a]arios pu\ou -udre5, de !oda 3orma, correram para o mais dis!an!e da9uele epicen!ro de caos. & me!eoro não demorou a cair e desmoronou !oda a en!rada do abismo, as pedras despencaram e se amon!oaram por !odos os can!os. Ama pel cula pro!e!ora sur"iu ao redor de /a]arios e 1harlo!!e, criada por -udre5. /ais uma %e7, Kalua e K5le ha%iam sumido em meio ao al%oroço. -udre5 apenas deseja%a 9ue es!i%essem bem. W 1omo %ocU descobriu sobre .abrielZ W 1harlo!!e pareceu 3in"ir 9ue o abismo es!a%a desmoronando. W Precisa%a abandonar esse 3an!asma de meu passado. $ão 9ue !enha desis!ido de encon!rS2lo, mas, lembrei da !e\!ura dos lSbios de 'e!h 9uando nos encon!ramos na Esplanada. E a 3orma do beijo. N claro 9ue 6 di3eren!e de .abriel. E, concen!rando meus pensamen!os, percebi 9ue ele, na9uele dia, su"ou !odas as in3ormaçYes 9ue !enho. E por isso pode recriar .abriel para me usar. /a]arios deu de ombros e se le%an!ou. W )amos com calma, morrer so!errado não 6 o 9ue mais desejo. W comen!ou. /ais [ 3ren!e, por um pe9ueno corredor es!rei!o e bai\inho, Kalua sur"iu en"a!inhando. Es!a%a empoeirado dos p6s [ cabeça e seu alaTde parecia es!ar sem uma corda e um pouco amassado. W Encon!ramos um caminhoX )enhamX 'em demora par!iram, espremendo2se pelo es!rei!o canal 3ormado pelo caos em direção a al"uma sa da. 4oram em silUncio, com pressa, sem mui!as pala%ras, em per3ei!a 3ila indiana, ajoelhados. Fuando che"aram [ uma esp6cie de "ru!a !al 9ual a an!erior 9ue -udre5 es!i%era com 'e!h, !i%eram !empo para respirar.

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,escansaram al"uns minu!os para en!ão decidirem como sair da9uele lu"ar 9ue se !orna%a inVspi!o a cada ins!an!e. W E 9ual a pis!a pra o 3im dos me!eorosZ W /a]arios 9ues!ionou, sempre com um !om de desin!eresse. -udre5 a princ pio decidiu 3in"ir 9ue não ha%ia escu!ado /a]arios. <o"o em se"uida, apVs recompor2se de !odo a9uele cho9ue, o encarou de bom "rado. W $ão sei. W 3oi o mais sincera 9ue pode. W E como sa mos da9uiZ W Kalua es!a%a a3li!o. W Te]ler, %ocU pode desenhar uma sa da, não 6Z W Te]lers não desenham por!ais, se 6 o 9ue 9uer saber. W 1harlo!!e reba!eu. K5le era o 9ue mais parecia concen!rado, depois de /a!!he8 /a]arios, sV 9ue seu olhar era de "rande !emor. Eles %a"aram de um can!o [ ou!ro en9uan!o respira%a incessan!emen!e. W Es!ão ou%indo issoZ W Esse me!eoro 3oi o nTmero...Z W ,e7, Kalua. W in3ormou /a]arios mui!o s6rio. W ,e7 me!eoros. 'eis missYes. 4al!am apenas !rUs me!eoros e se!e missYes. W & 9ue ocorre 9uando o Tl!imo me!eoro cairZ W Kalua parecia bas!an!e inocen!e a esse respei!o. :ou%e um bre%e silUncio. W 4iji morre. W /a]arios disse sem "randes delon"as. W & 9ue %ocU 9uer di7er com &$i%i (orre*Z W Kalua es!a%a se 9ues!ionando se a9uilo era uma esp6cie de " ria dos ma"os. W Tudo morr... Tudo chacoalhou. Todos acabaram caindo, menos 1harlo!!e 9ue jS es!a%a sen!ada olhando para o %a7io. K5le correu para per!o de -udre5 e começou a olhar em %ol!a a!6 compreender de onde %inha a9uele barulho. B5MA & barulho se repe!iu mais 3or!e e ressonan!e, os en!ulhos ca ram e amon!oaram2se em cima de ou!ros en!ulhos, as pedras começaram a se mo%er de lu"ar e a 3umaça do a!ri!o en!re as rochas e a poeira começou a subir na9uele ambien!e não !ão "rande. :a%ia

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apenas uma 3enda lo"o [ 3ren!e, parecia dar para um campo de lu7. B5MA Am no%o es!rondo. /a]arios es!a%a de p6 lo"o apVs e\aminando a parede [s suas cos!as, era onde cons!a!ou %ir !odo esse barulho. Kalua lo"o se p^s ao seu lado para e\aminar !amb6m. B5MA 4oi o Tl!imo som poderoso e !udo se silenciou. -l"o pareceu lamber a rocha, embebedS2la len!amen!e e !ornS2la mais maleS%el. passa"em passou a ir cedendo, abrindo, e unhas, "arras, !ão lon"as e a3iadas apareceram 9ue K5le %ol!ou a !remer como %ara %erde. W ,ra"ãoX W /a]arios anunciou ainda em sua calma e pu\ou Kalua pelas %es!es e o derrubou ao chão. & 9ue se se"uiu 3oi um sopro de 3o"o 9ue cobriu o lu"ar de 3umaça e calor es!on!ean!es, as chamas en%ermelhadas pareciam de%orar o o\i"Unio e au\iliar em 3ormar mais en!ulhos, jS 9ue as pedras começaram a se mo%er e as es!alac!i!es passaram a cair. K5le desmaiou. -udre5 e 1harlo!!e precisaram carre"S2lo e ajoelhadas 3oram se ras!ejando em meio [ 3umaça a!6 onde lembra%am ser a sa da. 1onse"uiram passar pela 3enda, e não !i%eram no! cias de /a]arios e Kalua. -o no!arem a passa"em 9ue se 3orma%a apVs a 3enda, !omaram um lon"o sus!o. Tal%e7 o mo!i%o do lu"ar se chamar aabismo da raposab es!a%a ali e\pl ci!o# uma descida, uma lon"a descida em espiral se 3ormada, en9uan!o ao cen!ro era apenas escuridão e abismo, um e!erno abismo, de7 %e7es maior 9ue o 9ue ha%iam descido, por essa comparação a descida parecia !er sido [ um buraco cur!o. - iluminação %inha de uma pin!ura rupes!re de uma raposa 9ue es!a%a incendiada, 9ueimando %i%amen!e, dando uma 3orma % %ida [ raposa 9ue não sa a do lu"ar. W 1omo desceremos assimZ W 1harlo!!e es!a%a bas!an!e preocupada. -udre5 ba!eu as mãos e de al"um can!o, 9ual9uer can!o, sur"iu uma S"uia "i"an!esca. Ela pousou ao lado das duas. W N claro, %ocU 6 E!heroX W ela disse ali%iada e deu uma piscadela [ ou!ra.

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- S"uia recebeu K5le nas cos!as e passou a descer em rasan!es mui!o bre%es, acompanhando as "aro!as descerem. - 3enda e\plodiu lo"o depois e a 3umaça !omou con!a do local. Am mons!ro pr62his!Vrico de7 %e7es maior 9ue -udre5 sur"iu, es3umando pelas %en!as. 1om um sopro, !oda a 3umaça es%aiu e ela percebeu 9uem es!a%a mon!ado sob ele# 'e!h &8en. & loiro a"raciou a cabeça do dra"ão e sal!ou de cima dele ao chão. & dra"ão en!ão se lançou e ba!eu as asas, es!ando 3lu!uando sob o abismo procurando as presas. 'e!h jS ha%ia as encon!rado. ,uplicou2se e apareceu me!ros [ 3ren!e, em 3ren!e [ -udre5 e 1harlo!!e. & sus!o "i"an!esco 3oi respondido com um recuar imedia!o, mas, -udre5 socou2lhe a 3ace, suas mãos ascenderam em 3o"o e o corpo de 'e!h %oou pelo abismo aceso em chamas en9uan!o as duas %ol!a%am a descer com mais pressa. W N disso 9ue 6 capa7, E!heroZ W 'e!h riu e desceu len!amen!e, com as mãos nos bolsos, en9uan!o o dra"ão sumia ao ba!er as asas para cima. -s pedras começaram a desprender2se e cair em cima delas, e en9uan!o corriam e !en!a%am não serem pe"as por 9ual9uer capricho do /a"o do Esp ri!o, -udre5 %ol!ou2se para 'e!h e acenou as mãos como se ba!esse as asas para 3ren!e. &ndas ma"n6!icas 3i7eram !oda a es!ru!ura !remer e o prVprio chão rachou e se abriu em mui!as par!es, di3icul!ando a con!inuação do percurso. En!ão, -udre5 ba!eu as palmas das mãos e soprou nelas, o 9ue se"uiu 3oi um !ornado de%as!ador 9ue arrancou !odas as es!alac!i!es e !odas as pedras poss %eis 9ue "iraram e "iraram %ora7men!e a!6 cap!urar 'e!h &8en para den!ro dele. -o 3im, as es!alac!i!es %ol!aram2se para o corpo do rapa7 e !raspassaram sua carne. & san"ue jorrou por !odos os can!os. 1harlo!!e pu\ou a ami"a pela mão e con!inuaram a descer com mui!a pressa. Encon!raram /a]arios mais [ 3ren!e com Kalua. W &nde es!i%eramZ W 1harlo!!e 9ues!ionou desesperada. $ão podia esconder sua a3lição. W Pe"amos ou!ra passa"em, acabamos !endo sor!e em es!ar a9ui mais [ 3ren!e. &nde es!S K5leZ

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-udre5 es!endeu a mão e dei\ou a palma dela aber!a, como se pedisse calma ou !empo. 4echou os olhos. 'ua men!e %iajou, buscou, sondou !odos os can!os a!6 encon!rar a S"uia. - S"uia es!a%a mor!a. E K5le... W Precisamos se"uirX W ela disse, !omando o passo em 3ren!e. W 'e"uirZ W /a]arios pu\ou2a pelo braço e a encarou bem ao pro3undo dos olhos. W $ão me impor!a 9ue %ocU seja E!hero, Jbor ou 1a!herineX &nde es!S K5leZ Camais dei\aria um compa!rio!a meu perdido ao l6u. & !ornado !e%e seu 3im. E as pedras e es!alac!i!es ca ram e 3oram rodando pela escadaria de pedra e uma mochila !amb6m jun!o com san"ue. -udre5 ha%ia ma!ado o al%o errado, ou 'e!h ha%ia escapado no momen!o prop cio e !rocado seu corpo pelo corpo cer!o. W $+&X W 1harlo!!e "ri!ou horrori7ada. W 1omo podeZ W Precisamos se"uirX W -udre5 não escondeu as lS"rimas. W $ão podemos !odos morrerX W Eu %i. Eu %i acon!ecer. W Kalua pousou a mão sob o ombro de -udre5. W 'e!h !rocou seu prVprio corpo pelo de K5le. /as, es!S !udo bem... 'airemos %i%os da9ui e iremos procurS2lo, simZ -udre5 anuiu desesperadamen!e. 1harlo!!e pareceu menos decepcionada, mas, não escondia em seu ros!o a !ensão. ,esceram en!ão os 9ua!ro com rapide7, a!6 onde ha%ia uma pon!e. ,e%iam a!ra%essS2la. W *sso es!S me cheirando [ cena de 3ilme... W -udre5 3echou os olhos e empurrou Kalua [ 3ren!e. W )aiX $ão olhe para !rSsX Kalua a!ra%essou correndo e al"uns se"undos depois, es!a%a [ sal%o do ou!ro lado. - pon!e era cur!a e não parecia mui!o resis!en!e. -s pedras iam descendo e desmon!ando da pon!e, en9uan!o !oda a es!ru!ura !remia. - Tnica lu7 pro%inha mui!o lS de cima, da raposa chamejan!e. W 1harlo!!eX W -udre5 pediu 9ue ela a!ra%essasse. 1harlo!!e o 3e7 com pressa e com maes!ria, mos!rou sua

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habilidade em es!ar 3ace a 3ace com o peri"o. W /ulheres primeiro. W $ão seja bobo. 1a%alheiros primeiro. W -udre5 insis!iu. W En!ão %ai %ocU, %ocU 6 E!hero, me parece mui!o homem. W ele disse em !om de deboche, mas, não conse"uia mais esconder 9ue es!a%a !enso. W )ocU 6 um babaca. /a]arios riu e a!ra%essou. Es!a%a mais des3ilando 9ue a!ra%essando. Por um se"undo a !ensão pareceu desaparecer de seu ros!o en9uan!o caminha%a, p6 apVs p6 para o ou!ro lado da pon!e. Fuando /a!!he8 /a]arios es!a%a se"uro do ou!ro lado, -udre5 pisou o primeiro p6 sob a pon!e. /as, para sua surpresa, ela se 9uebrou desde sua es!ru!ura, pelas duras escamas do dra"ão 9ue %inham des!ruindo !udo com seus chi3res e suas asas. -o 3im, a cria!ura ba!eu as asas 3or!emen!e. &s cabelos de -udre5 deba!eram2 se ao %en!o, 3ero7men!e. 'eus olhos não piscaram com !udo a9uilo. Tampouco se a3li"iu. & "rande dra"ão %ermelho com chi3res era enorme. 'eus olhos pareciam dois cris!ais 9ue relu7iam con!ra a lu7 e 3ora dela. 'ua lon"a cauda possu a espinhos a3iados e suas "arras eram cur!as, suas asas de morce"o e\!remamen!e lon"as e 3or!es. W )ocU se jul"a poderosa. W ela ou%iu a %o7 %ir de cima. W Por 9ue não me conhece. ,esis!a, E!hero. )ocU 6 poderosa. /as, não sabe como usar !odo esse poder. Eu, posso não ser !ão poderoso, mas, sei como usar !odo meu poder. Am homem de!erminado %ale por um e\6rci!o. E minha de!erminação 6 des!ruir %ocU. -udre5 riu. Encarou 3irmemen!e os olhos do dra"ão, não podia encon!rar 'e!h, mas, 3alar com o dra"ão lhe parecia e\a!amen!e es!ar 3alando com ele. W Am homem de!erminado %ale por um e\6rci!o. W ela repe!iu num !om po6!ico e de deboche 9ue roubara de /a]arios, encarou os olhos dele na9uele momen!o. W Eu %ou 3a7er %ocU en3iar esse seu e"o onde o sol não !oca. E ela pulou den!ro do abismo.

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- !ensão não podia ser !amanha. /as, /a]arios acabou empurrando para 9ue 1harlo!!e e Kalua se"uissem o caminho. Para 9ue en!rassem na9uela passa"em. -cabaram subindo escadas e 3icando um andar acima de onde es!i%eram, sV 9ue do ou!ro lado. $ão ha%ia sinais de -udre5. <en!amen!e, ao redor do pescoço do dra"ão, uma corren!e es!a%a se 3ormando. Ela parecia ser 3ei!a bem cuidadosamen!e e com ar!e, como uma a%V 9ue !ece um bordado para seu ne!inho, e en!ão, num se"undo lo"o apVs a9uilo, o dra"ão !amb6m caiu, pu\ado pela corren!e. -udre5 sen!iu seus cabelos %oarem, 9uase serem arrancados de sua cabeça. 4echou os olhos e se concen!rou. & escuro se apro\ima%a, o abismo parecia não !erminar. Es!a%a de braços aber!os e de pernas aber!as, caia li%remen!e e belamen!e, o escudo em suas cos!as, a bTssola em seu bolso as %es!es sendo balançadas pelo 3ul"or da 9ueda. 'uas mãos es!a%am aber!as, ambas. -!6 9ue uma delas se 3echou e 9uando o 3e7, uma corren!e sur"iu em sua mão. 'e"urou2a e pu\ou2a. $esse ins!an!e, sua 9ueda parou de ser !ão in!ensa, passou a ser le%e. & dra"ão em respos!a passou a ba!er as asas e !en!ar subir, -udre5 não !e%e medo. & 3ul"or de seus olhos era !ão in!enso como o 3uror da 9ueda. Fuem não !eme cair alça %oos. Ela ascendeu como um anjo 9ue sobe aos c6us. 'eu corpo %oou num impulso !ão 3or!e para cima !an!o 9uan!o o 3i7era para bai\o. E com !amanha 3orça, !amanha %on!ade, a!ra%essou uma das asas do dra"ão 9ue em brilho e barulho e\plodiu e se es!ilhaçou len!amen!e como um caco de %idro, como uma ilusão. & dra"ão se dese9uilibrou, mas, con!inuou %oando. -inda lhe res!a%a uma asa e um co!oco de ou!ra. -udre5 con!inua%a %oando, %oando, %oando. -!6 9ue caiu. ,e p6. Em 3ren!e [ 'e!h. 'e!h mordeu o lSbio in3erior. 2ue (ulherA 2ue baita (ulherA 2ue delícia de (ulherA 4oi o 9ue ele pensou. W Eu %ou 9uebrar essa sua linda cara com a minha mão 9ue %ocU !erS de usar uma mSscara por !oda a sua %idaX W ela ameaçou. 'e!h sorriu sadicamen!e e a chamou com o dedo indicador.

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W /eu amor7inho, %ocU parece 9ue 3a7 %aler [ pena perder par!e do ros!o. )em, colocar essa linda mão7inha em meu ros!o, 9ue eu apro%ei!o para sen!ir seu cheiro de no%o. W e ele piscou, pro%oca!i%o e sincero. &s olhos de -udre5 se en3ureceram. Tomados pelo Vdio ela a%ançou, como se 3osse dobrar a !erra em mil pedaços. Par!iu para cima de 'e!h e planejou um "olpe cer!eiro em cheio no meio da9uele ros!o. Para sua surpresa, no Tl!imo mil6simo de se"undo, a 3i"ura de 'e!h desapareceu e reapareceu a!rSs dela. -udre5 acer!ou a mão con!ra a parede e !oda a es!ru!ura !remeu e começou a desmoronar. W 1orra, -udre5X )enha para o ou!ro lado, an!es 9ue seja !arde demaisX W 1harlo!!e a chamou e acenou. -udre5 encon!rou a ami"a, mas, não deu mui!a a!enção. )ol!ou2se [ 'e!h. W )ocU poderia !ornar isso mais 3Scil. Eu e %ocU sabemos 9ue sou o melhor. E !eu lu"ar 6 ao meu lado, como minha 3Umea. ,ei\a essa loucura de E!hero para lS. .os!o da -udre5. )ocU 6 "os!osa. )ocU jS 3oi minha mesmo. 4Scil 3Scil. W ele riu. -udre5 urrou. -%ançou con!ra o "aro!o, mas, 'e!h 3oi bem simples. Fuando ela a%ançou, colocou o p6 e a 3e7 !ropeçar, pu\ou2a pela cin!ura e a colocou con!ra a parede, encos!ou bem seu corpo con!ra o dela e seu nari7 con!ra o dela. 'eus lSbios um cen! me!ro dis!an!e dos dela se mo%eram# W .os!o da !emS!ica homem2mulher. $a cama. Eu sV !e 9uero lS. -corren!ada se poss %el, %ocU 6 sel%a"em. .os!o disso. /as, não assim, como ameaça [ minha in!e"ridade. -"ora pare de cena. *sso %ai !e 3a7er mal. Eu posso ser seu .abriel, se pre3erir. Ter os cabelos encaracolados, !er uma pele morena, olhos %erdes. *sso !e e\ci!aZ *sso !e a!raiZ *sso !e 3a7 sen!ir mais mulherZ -udre5, ao piscar os olhos, %iu a 3i"ura de .abriel e não a 3i"ura de 'e!h. Esbu"alhou os olhos e encos!ou2se mais con!ra a parede. 'ua men!e do a, seu eu do a, era dolorido %er .abriel no%amen!e ali. $ão 9ueria !er 9ue des!ruir a 3i"ura dele mais uma %e7.

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W Eu sei 9ue %ocU me 9uer. Eu !amb6m !e 9uero. Eu sempre 9uero !odas. W ele riu. W 'ou um canalha, es!S es!ampado em minha cara. $ão 6 disso 9ue %ocU "os!aZ W e 'e!h riu mais um pouco. -udre5 abriu os olhos. Es!a%a decidida. /as, 9uando ia !omar o mo%imen!o, .abriel ou 'e!h pe"ou 3o"o dos p6s aos cabelos e derre!eu. - !erra abriu e o en"oliu e ele sumiu na9uele abismo. E em meio [9uela 3umaça, [9uele calor, ela %iu /a]arios em sua 3ren!e com as mãos acesas como !ochas, 3ume"ando em chamas. 'eus olhos !amb6m ardiam assim como seus cabelos. <o"o depois, o ma"o %irou o ros!o e !udo se apa"ou em seu corpo. -udre5 o abraçou com 3orça e com %on!ade, a"arrou2se ao pescoço dele e pousou sua cabeça em seu ombro. /a]arios se"urou2a pelo 9uei\o com suas mãos. -cariciou sua 3ace e desli7ou seus dedos a!6 o pescoço dela. Encos!ou seus lSbios aos dela e... W :a2ha2ha. W ele riu. /a]arios a3as!ou sua 3ace da de -udre5, e num piscar de olhos, era 'e!h &8en. W En!ão 6 esse, seu no%o desejoZ W ele pro%ocou. W Posso ser ele !amb6m. Posso ser a9uilo 9ue %ocU 9uiser. Posso ser !udo o 9ue %ocU 9uiser. )ocU nunca %ai me des!ruir... E no ou!ro se"undo, ele era no%amen!e /a!!he8 /a]arios. -udre5 es!a%a um pouco con3usa. 'e /a!!he8 /a]arios realmen!e nunca ha%ia e\is!ido, se era mais um !ru9ue de 'e!h ou o 9ue 9uer 9ue 3osse. ,e !oda 3orma, es!a%a começando a compreender !udo mui!o len!amen!e. 'obre & 'e!en!rião, sobre o nor!e, sobre os me!eoros... Es!a%a !udo 3icando um pouco claro. W 'ei 9ue %ocU não conse"ue resis!ir... $o se"undo se"uin!e, -udre5 não es!a%a mais ali. :a%ia desaparecido das mãos de 'e!h. W & 9ue a car!a di7iaZ W 'V con!inue correndo, KaluaX W -udre5 indicou. Es!a%am subindo de"raus a"ora.

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Thales Travalon

1harlo!!e ia em 3ren!e jun!o com /a]arios e Kalua e -udre5 aos 3undos dando cober!ura acaso o dra"ão aparecesse. ,ei\ou 'e!h 3alando so7inho e criou uma no%a cVpia sua 9ue conse"uiu a!ra%essar ao ou!ro lado. Era ou!ro 9ue 3icaria ou%indo as baboseiras machis!as dele. -o 3im das subidas, ha%ia uma 3enda !ão menor 9uan!o a primeira 9uando hou%e a 9ueda do me!eoro. Precisaram se encolher e 3icar de joelhos para a!ra%essS2lo, mas, no decorrer do !Tnel !udo parecia 3icar melhor. & !Tnel era um meio !om, em seu decorrer es!aria abraçado com o comple!o escuro. & ambien!e pareceu receber um cho9ue ou um le%e !remor como 9uando o calor causa uma ilusão V!ica de !remulação do hori7on!e, e eles pararam se en!reolhando. W & 9ue, em nome de 1a!herine, 3oi issoZ Todos olharam ao redor, nada pareceu !ão suspei!o ou es!ranho. -penas al"uns ru dos, "ri!os, a!6 mesmo !i%eram a sensação de ou%ir ca%alos ca%al"ando. W 1on!inuem andando. Essa 6 a no%a missão. 'e"uir em 3ren!e, %amosX W -udre5 insis!iu e empurrou para 9ue !odos con!inuassem. 4i7eram al"uns minu!os mais de caminhada, es!ando comple!amen!e cur%ados para 3ren!e en9uan!o marcha%am em 3ren!e. En!ão no%amen!e hou%e um !remular do ambien!e mui!o suspei!o, como se os olhos de cada um es!i%esse !ur%o e lo"o apVs, ao coçar com o dorso das mãos !udo %ol!asse ao normal. -udre5 %iu de relance *an ao 3undos. Ele parecia !er !ocado al"um can!o, ima"inou ela 9ue ele !inha !ocado o ambien!e. 'eu bolso !remulou. -udre5 <u7 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. $&)- /*''+& A(.E$TEX <u7,

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Thales Travalon

/a!e o dra"ão.
/issão H 3ei!a. -!ual /issão# I. /issYes To!ais [ ocorrer# 13.

W - Esplanada, "nde n0o h' corru#ç0o. W Precisarei ma!ar o dra"ão. W bu3ou e %ol!ou a empurrS2 los. W )amos, caminhemX /as, ao perceber, eles não es!a%am mais ali. W & 9ue 3oi dessa %e7, *anZ *an es!a%a sen!ado um pouco a!rSs. 'eus olhos ne"ros pareciam cin!ilar em meio [ escuridão. Balança%a os p67inhos como se isso 3osse di%er!ido. W :S uma dincmica in!erna e e\!erna 9ue me parece ser i"norada por sua %isão. Fual seu obje!i%o a!ualZ W ,e!er os me!eorosZ W ela não compreendia era mais nada. *an assen!iu sem emoção. W & 9ue %ocU 3e7Z W -%ancei para dois dias depois. W Por 9uUZ W -udre5 9ueria mesmo en!ender a9uilo. *an 3icou em silUncio por um mil6simo de se"undo, pareceu uma e!ernidade. :ou%e um no%o !remular, -udre5 en!endeu ser um no%o dia adian!ado. W Para %ocU reali7ar lo"o sua missão. -"ora sV 3al!a um me!eoro. )ocU !em sessen!a minu!os. - %on!ade de -udre5, era dar uma surra na9uela criança.

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14.
ANTES DO APOCALIPSE
_______________________________________________________ uando os 9ua!ro sa ram pelo !Tnel, não es!a%am mais em &badin. Es!a%am no moinho de &ppos. -9uela era uma lon"a passa"em secre!a 9ue da%a para &ppos, o moinho dis!an!e da cidade. &bser%ando a cidade %iram o 3o"o se alas!rando e !omando con!a de mui!os espaços, en9uan!o a 3umaça subia aos c6us. & moinho 3ica%a no al!o da colina onde podia2se %er a cidade incendiada. &ppos es!a%a 9uase se !rans3ormando em lembrança, ,es%en!ura jS era o capricho da desordem, a"ora, !odo o lu"ar es!a%a !omado pelo caos. & som horripilan!e do "ri!o do dra"ão 3oi se"uido por uma espirrada de 3o"o. -s %elas lo"o se incendiaram e ca ram. W Fue 1a!herine abençoe esse dia. E 9ue Jbor não nos 3aça es9uecer 9ue o maior poder es!S no in%is %el. W *n%is %elZ W 1harlo!!e 9ues!ionou com curiosidade. -udre5 não !e%e !empo para responder. & !elhado cedeu e o "rupo !e%e 9ue sair dali imedia!amen!e. 'a ram de den!ro do moinho, mas, permaneceram no edi3 cio 3ei!o de pedras. - cidade con!inua%a o caos. & moinho 3ica%a acima de um "rande edi3 cio. -inda 9ue o !elhado da es!ru!ura hou%esse ido para os ares, o edi3 cio con!inuou 3irme como uma rocha. 1harlo!!e em al"uns se"undos desenhou uma no%a pis!ola e a!irou. - bala ba!eu con!ra as escamas do dra"ão como se 3osse um mos9ui!o ba!endo con!ra um carro em mo%imen!o. & dra"ão a3iou bem seus olhos e espirrou 3o"o con!ra a Te]ler. Ela !en!ou ser rSpida ao correr con!ra a9uele 3o"o, mas, a ajuda %eio de -udre5 9ue criou
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uma cor!ina de S"ua 9ue la%ou !odo a9uele 3o"o e o apa"ou. & dra"ão espirrou ainda mais 3o"o por !odos os can!os, /a]arios pro!e"eu Kalua e -udre5 pro!e"eu 1harlo!!e, ambos com cor!inas de S"ua 9ue impediam a9uelas chamas de ul!rapassar. 1harlo!!e, "irou ao chão e a!irou uma, duas, cinco %e7es a!6 acer!ar um dos olhos do dra"ão duas %e7es se"uidas. - cria!ura urrou e lançou seu rabo con!ra a cons!rução do moinho, 3a7endo a parede se !rans3ormar em blocos de concre!o %oando para !odos os lados. & borbulhar re!ornou com uma cuspida de 3o"o 3enomenal, o 3o"o che"ou a derre!er boa par!e da parede de !amanha in!ensidade e calor, e se não 3osse pelos poderes de -udre5, !eriam !odos perecido, jS 9ue ela pu\ou o escudo dd& Fuin!o 9ue "erou uma parede de escudo poderos ssima 9ue emana%a uma S"ua con! nua, como uma 3on!e. & dra"ão a%ançou ao ba!er seu rabo no escudo e lo"o apVs %oou con!ra -udre5, ru"iu e nenhum 3o"o saiu. Em respos!a, Kalua direcionou seu alaTde con!ra o dra"ão e direcionou !odos os sons a ele. Ama lon"a no!a pesada 9ue ensurdeceu o bicho 9ue desorien!ado passou a "irar em !orno de seu prVprio ei\o, des!ruindo !udo ao seu redor, derrubando as paredes do moinho e des!ruindo o 9ue %ia pela 3ren!e do edi3 cio. /a]arios pulou em cima do dra"ão, a"arrou2se ao seu pescoço e sol!ou dois "olpes com os punhos com as mãos !ão pesadas como rochas. & dra"ão balançou a cabeça %iolen!amen!e, descon!roladamen!e. W Essa mona !S 6 ba!endo cabeloX Todos olharam para %er. K5le -r]h`n! es!a%a ali, !odo desen"onçado, um pouco pSlido, mas, %i%o. )es!ia2se mui!o bem e parecia !er acabado de desper!ar. & dra"ão urrou com 3uror. K5le urrou em respos!a. W Bicha, a senhora acha 9ue %ai me !ombar na base do "ri!oZ W disse ele colocando a mão na cin!ura. W Eu %ou sambar com sua cara, sua >ara%aneA W ele berrou irri!ado. CS ha%ia morrido uma %e7 mesmo, a"ora ia resol%er a9uilo sem medo al"um, se morresse iria %ol!ar da mesma 3orma, en!ão es!a%a pouco li"ando. ,epois 9ue se morre a primeira %e7, morrer uma se"unda

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não 6 problema. & dra"ão lançou 3o"o con!ra K5le e -udre5 pron!amen!e o pro!e"eu com o escudo dd& Fuin!o. <o"o em se"uida o abraçou, 3eli7 por ele es!ar %i%o. Am mar!elo %oou con!ra a cabeça do dra"ão, ele pareceu crescer na medida em 9ue %oa%a con!ra a cabeça dele. Ele esma"ou a cabeça do dra"ão com maes!ria, o dra"ão 3icou em es!ado deplorS%el, cambaleou e rodopiou, era a hora. -udre5 apro%ei!ou para ser !ão su!il 9uan!o o ar e decepou a cabeça do ser mi!olV"ico com um mo%imen!o de mãos mui!o rSpidos. & san"ue espirrou por !odos os can!os. /a]arios pulou de cima do dra"ão para o edi3 cio, es!a%a !odo sujo de san"ue. K5le !irou um 3rasco, sabe2se lS de onde, e cole!ou a 9uan!idade de san"ue 9ue pode do animal e !ampou o 3rasco. ,eu pulinhos de %i!Vria e deu !chau para o bicho 9ue saiu rolando pelo edi3 cio, des!ruindo boa par!e das paredes e !ombando ao chão, ma!ando uns !rUs pedes!res. 'uada, com os cabelos des"renhados e com san"ue em suas %es!es, -udre5 %ol!ou seus olhos para !rSs. Encarou uma 3i"ura no%a. Am rapa7 de um me!ro e oi!en!a, cabelos raspados, olhos e\pressi%os, lSbios "rossos, pele morena e bron7eada. :a%ia um ou!ro lon"o mar!elo em suas cos!as e ele caminhou para pe"ar a9uele ou!ro 9ue ha%ia jo"ado. En9uan!o isso, K5le %oou aos braços de Kalua para beijS2lo. Fuase o derrubou con!ra o chão com !amanha 3orça e impac!o, mas, o ou!ro con!e%e o peso. 4icaram assim e 3icariam por um bom !empo. & rapa7 moreno pe"ou seu mar!elo ao chão e o beijou, sen!indo o san"ue do dra"ão nele. 1olocou2o en!ão em suas cos!as. Era %is %el 9ue ele era mui!o musculoso, para carre"ar dois mar!elos absurdamen!e "randes e pesados ele de%ia ser mui! ssimo 3or!e. -pro%ei!ou para pu\ar K5le pelo colarinho e a3as!S2lo de Kalua. W Bem, se me permi!e, sou Pa!ru]llu <e"ard, /a"o do Pol%o. E, esse 6 claro, 6 meu primo, %ocU de%e conhecer. W ele es!a%a se diri"indo [ -udre5, e es!a%a 3alando de K5le. W Bem, creio 9ue dei\arei de ser conhecido de aPa!ru]llu <e"ard, & -s!u!ob para

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aPa!ru]llu <e"ard, & /a!ador de ,ra"Yesb W disse com os olhos cin!ilando. W ,e !oda 3orma, 6 um pra7er poder es!ar %i%o para conhecU2la... 1onhecU2lo... W disse se"urando a mão dela e beijando. -udre5 se sen!iu lisonjeada. 'orriu e a"radeceu, a%isou2o 9ue pre3eria ser !ra!ada por ela. -inda era es!ranho ser ou!ro ser al6m de -udre5. W -udre5 <u7, - 4Uni\. W ela ha%ia in%en!ado seu prVprio ! !ulo. 'e era E!hero e ha%ia renascido, !inha de ser uma 3Uni\ mesmo. Pa!ru]llu sorriu. Era do !ipo de homem 9ue 9uando sorri, o mundo para e sorri jun!o, admirado. W 4oi um "rande pra7er. Am enorme pra7er. -"ora, o de%er me chama. &ppos não me parece num dia normal. 1uidem2se ao !ransi!ar pelas ruasX 4i9uem em lu"ar se"uroX E com essas pala%ras, o rapa7 de %es!es pre!as, 9ue pareciam um uni3orme de soldado sV 9ue para um ma"o, se despediu. Ba!eu con!inUncia para 1harlo!!e e lo"o mais es!a%a 3ora do campo de %isão. -udre5 <u7 21h domic lio em A!opia, &ppos, 4on!ain. $&)- /*''+& A(.E$TEX <u7, )S ao 'e!en!rião.
/issão I 3ei!a. -!ual /issão# G. /issYes To!ais [ ocorrer# 13.

W - Esplanada, "nde n0o h' corru#ç0o. W Fue dia 6 hojeZ W ,ia de 1a!herine. Fua!ro de abril... W respondeu K5le [

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-udre5. Ela assen!iu. TrUs dias, es!a%a corre!o, era o 9ue ha%ia a%ançado. $ão podia dei\ar de lembrar2se da AE'B e de como era bom sen!ir o %en!o rescender per3ume por !odos os can!os. &s pro3essores com sua calmaria ao subir [s salas de aula nos di%ersos mVdulos. &s depar!amen!os, os cole"iados... -s pessoas 9ue pareciam !ão cin7as 9uan!o os dias de 4iji. Tão cin7as 9uan!o o prVprio !empo de )i!Vria da 1on9uis!a ; 9ue jS não es!a%a !ão cin7a assim desde al"uns anos. -udre5 sen!ia saudades de casa. ,e sua %erdadeira casa. $ão escondia isso. *sso lhe era 3a!al. W Fual a missãoZ W 1harlo!!e 9uis con3erir. W *r ao 'e!en!rião. W E onde raios 3ica issoZ W K5le não conse"uia responder essa charada. W Bem, eu mos!ro [ %ocUs. & cheiro de )i!Vria da 1on9uis!a con!inua%a no ar. Am cheiro de re%ol!a, sempre re%ol!a. 1om o %alor do ^nibus cole!i%o, com a burocracia des"as!an!e de 9ual9uer inscrição, as mudanças de pos!ura, de %isão, de colocação, o aprendi7ado. Era "os!oso 3a7er his!Vria. -udre5 sabia bem 9ue a his!Vria era uma cr !ica da %ida. 4iji parecia ainda não se encai\ar ao seu eu. :a%ia sa do de )i!Vria da 1on9uis!a, mas, )i!Vria da 1on9uis!a não ha%ia sa do de si. Fuando che"aram [ (osa dos )en!os, 1harlo!!e, Kalua, K5le e /a]arios esperaram as no%as ins!ruçYes de -udre5. 4icaram parados, obser%ando a es!ru!ura do lu"ar e como ha%iam sen!ido saudades dali. :a%iam passado mais de duas semanas lon"e de sua amada &ppos e era di3 cil %U2la pe"ando 3o"o. &s pr6dios es!a%am em caos, os ma"os !en!a%am de!er os incUndios, mas, eles pareciam aumen!ar. & 9ue era curioso, jS 9ue o dra"ão es!a%a mor!o. - "uarda ha%ia sido acionada, os ma"os jS es!a%am se mo%imen!ando, os comercian!es !en!a%am pro!e"er suas mercadorias. 4al!a%am al"uns minu!os para o 3im do mundo de 4iji. E a9uele era o Tnico momen!o para es!arem ali em seu local de ori"em.

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W )ocU jS sabe onde 3ica " >etentri0o ou parou para descansarZ W 1harlo!!e 9ueria mesmo saber. :a%ia se mo%imen!ado !an!o os Tl!imos !empos 9ue não 9ueria parar a"ora. 'e iria morrer por causa de um me!eoro, iria morrer lu!ando a!6 o 3im. &s ma"os "ri!a%am desesperados, di7endo 9ue a *lha jS es!a%a a3undando. Fue o por!o jS não mais e\is!ia, 9ue a S"ua es!a%a !omando con!a do e\!remo sul e e\!remo nor!e da .rande *lha, a9uele era mesmo o 3im de 4iji. W 'enhoras e senhores, eis & 'e!en!riãoX W ela abriu os braços. Todos se en!reolharam e a encararam. 4icaram um !an!o con3usos com !udo a9uilo e !en!aram não se mani3es!ar. K5le não conse"uiu. W )ocU 9uer di7er 9ue !i%emos de sair de nosso lar, ir #ara as terras onde ne( P. foi, e %ol!ar para cS, sendo 9ue es!S%amos procurando um lu"ar 9ue era nosso local de ori"emZ -udre5 anuiu apVs pensar um pouco. W Eu dou na cara dessa Cussicleide sim, claro ou com cer!e7aZ 1harlo!!e ia di7er al"o, mas, acabou desis!indo 9uando jS ia abrindo a boca. -udre5 riu um pouco. W @s %e7es precisamos mesmo sair de nossa 7ona de con3or!o. *r para lon"e, conhecer o ou!ro, %i%er a!en!amen!e com o di3eren!e, sair de nosso comodismo e nos !rans3ormar, en!rar na me!amor3ose. N lindo di7er 9ue somos a la"ar!a com obje!i%o de ser borbole!a, mas, nin"u6m 9uer passar pelo casulo. $in"u6m 9uer so3rer pelas !rans3ormaçYes. 'e soub6ssemos o 9ue procurS%amos, !er amos che"ado ao 'e!en!rião em minu!os, mas, 3oi a busca, a jornada, a a%en!ura 9ue 3e7 com 9ue ele 3osse !ão %alioso, !ão si"ni3ica!i%o, !ão pro%ocan!e. 'a mos de nosso lar, 3omos buscar a cura para !odos os seres de 4iji# a %ida. Ba!alhar para 9ue nenhum morra. $em bSrbaro sel%a"em, nem ci%ili7ado. Todos 9ueremos con!inuar %i%os, nãoZ W E o 9ue 6 !ão %alioso e si"ni3ica!i%oZ W K5le ainda não conse"uia compreender.

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W $Vs nunca es9uecemos de onde %iemos. 'ão nossas !a!ua"ens. 'ão nossas marcas. 'omos escra%os e ser%os de nossa %ida e nossa his!Vria. 'omos con!inuação do 9ue aprendemos e pra!icamos. Permi!am2me corri"ir# os "randes nunca es9uecem de onde %ieram. Por 9ue acei!am 9ue eles serão "randes para seu po%o e serão imor!ais por9ue perpe!uarão seus nomes em his!Vrias e na cul!ura popular, !amb6m por9ue abraçam seu eu, sua %erdade e lu!am por ela incessan!emen!e, e nunca desis!em do casulo, não impor!a o !empo 9ue demore para se !ornarem borbole!as. E aprendem, com o casulo 9ue o impre%is!o pode ser o melhor dos des!inos. Tudo o 9ue nos cercou 3oi impre%is!os e no 3im, ele nos 3or!aleceu. $os !ornamos melhores. $os conhecemos, uns aos ou!ros e nVs a nVs mesmos. -"ora sei o 9uan!o amo meu lar e minha 3am lia e !enho cer!e7a 9ue %ocUs !amb6m !iraram al"o si"ni3ica!i%o disso !udo. Todos permaneceram em silUncio, bes!i3icados. W )ou dar um coiV na sua cara. W 3oram as pala%ras de K5le. W - Tnica coisa si"ni3ica!i%a 9ue eu !irei, bicha, 3oi minha %ida. 'ua ordinSriaX W es!a%a claro 9ue ele es!a%a re%ol!ado. -udre5 riu um pouco mais, parecia !ensa, mas, ria de ale"ria. W 'e pudesse, diria [ minha mãe 9ue ela 6 meu 'e!en!rião. 'e eu soubesse 9ue iria para a 3aculdade e nunca mais 3alaria com ela ou a %eria, !eria a abraçado !ão 3or!eX Teria a beijado !ão 3or!eX Teria me ajoelhado e pedido desculpas, !eria me humilhado, !eria a"ido como criança para demons!rar !odo meu amor. :oje percebo 9ue essa 6 a bele7a nos impre%is!os. Eles nos pro%am se nossas prioridades es!ão em seus de%idos lu"ares. E hoje percebo 9ue, ao 9ues!ionar o meu 'e!en!rião, meu coração sempre irS rumar para cS. Por 9ue 3oi a9ui 9ue che"uei [ 4iji. E 6 a9ui 9ue minha his!Vria começou. E a"ora encon!rei o lu"ar onde che"uei. <embro 9uem 3ui. 'ei o 9ue 9uero. Es!ou plena. N uma con9uis!a da %i!Vria. W brincou. 1harlo!!e a abraçou carinhosamen!e. K5le !amb6m, embora ainda es!i%esse um pouco irri!ado com a9uilo !udo. 'ua re%ol!a era apenas para e\pressar !oda sua rai%a, 3ora isso, compreendia per3ei!amen!e a ami"a. -o can!o, en9uan!o os ma"os corriam aceleradamen!e,

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preocupados com as es!ru!uras pTblicas e com as crianças e os inde3esos, ha%ia uma pessoa com uma mS9uina de escre%er sen!ada lo"o ali ao can!o. ,a!ilo"ra3ando com demasiada serenidade. 'eus olhos brancos iam ba!endo le!ra por le!ra mui!o rapidamen!e sem perder o 3oco. -l"umas crianças ainda brinca%am em roda, es9uecendo a des!ruição e o caos. Es!a%am em seu prVprio mundo, di%er!indo2se. 1ada um decidiu como iria morrer. & me!eoro iria cair em minu!os e era responsabilidade de cada um decidir seus Tl!imos momen!os de %ida. - !erra !remeu duas, !rUs %e7es. E en!ão o chão se par!iu. En9uan!o &ppos se acaba%a com o 3o"o e o 3uror de seus cidadãos ; ou!ros em calmaria absurda ;, -udre5, Kalua, K5le, /a!!he8 e 1harlo!!e ca ram no buraco onde ou!rora es!i%era o s mbolo da (osa dos )en!os. - (osa dos )en!os es!a%a des!ru da.

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15.
O VALOR DO SANGUE SAGRADO
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A poeira subiu. Tudo es!a%a um !an!o escuro. & buraco não era !ão
3undo, mas, uma pel cula parecia pro!e"er a luminosidade solar lS 3ora de en!rar nesse ambien!e !ão sereno. Fuando -udre5 abriu os olhos, es!a%a so7inha. $a %erdade, apenas K5le es!a%a ali. & pes9uisador se er"ueu e se despre"uiçou. &lhou por !odos os can!os, e 9uando ia di7er al"o, acabou sumindo na escuridão. W K5leZ W -udre5 o chamou. &lhou ao seu redor, não ha%ia mais nin"u6m. -s chamas da9uela ccmara 3oram se ascendendo len!amen!e, era o poder de -udre5 em ação. -s paredes passaram a ser iluminadas em e3ei!o dominV a!6 e\aminar bem o local. -s chamas 9ue 3lu!ua%am iluminaram uma ccmara de piso ne"ro de pedra ^ni\. -o cen!ro, lo"o abai\o de onde es!a%a o cen!ro do s mbolo da (osa dos )en!os, es!a%a um al!ar 3ei!o de ouro de 9ua!ro me!ros onde ha%ia um "a!o com olhos cin!ilan!es de braços es!endidos para 3ren!e como se orasse por al"o. -s pin!uras pelas paredes es!a%am des"as!adas e o !e!o es!ilhaçado ao chão era !amb6m de uma pin!ura impecS%el, essa, in!ocada pelo !empo, pelo 9ue percebeu. -udre5 e\aminou uma silhue!a 3eminina lo"o ali em 3ren!e e deu al"uns passos a!6 ela. Fuando a%ançou um pouco mais, sombras sur"iram pelas paredes como se es!i%essem a!ra%essando cor!inas, al"umas das sombras se"ura%am seus ami"os# K5le, Kalua, /a!!he8, 1harlo!!e.
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W Fuem 6 %ocUZ W -udre5 !inha a bre%e lembrança da9uele corpo. - mulher %ol!ou seu ros!o para -udre5. 'eus olhos eram e\!remamen!e concen!rados e seus lSbios es!a%am com um ba!om %ermelho san"ue. 'eus cabelos era 9uase da cor das prVprias chamas. W 'amZ W -udre5 a reconheceu, embora es!i%esse di3eren!e de como a conhecera. - mulher riu. (e%irou os olhos. W 'am!lo. W ela a corri"iu. W & 9ue %ocU es!S 3a7endo a9uiZ & 9ue 6 esse lu"arZ 'am!lo riu. Asa%a um lon"o %es!ido de cor carmesim, ele 3ica%a belo em seu corpo, e pelas cos!as, por mos!rar par!e delas, 3ica%a ainda mais belo com a su!ile7a de seus cabelos 9ue desciam belamen!e. W Es!ou a9ui para cuidar de %ocU. E esse 6 o mui!o an!i"o !emplo de Jbor, an!es de &ppos ser &ppos. W E como che"ou a9uiZ W (o!as de !Tneis sub!errcneos !em sido criados hS mui!o !empo, de &badin para cS. ,e &nnehera a!6 a9ui. Bem, o de &nnehera desemboca a9ui, debai\o da (osa dos )en!os e o de &badin no moinho. & 9ue 6 curioso. -cabo de descobrir esse !emplo his!Vrico. $ão es!a%a em meus planos. W 'e es!S a9ui para cuidar de mim, sol!e meus ami"os. Eles não lhe são mal al"um. En!endo 9ue %ocU es!S decepcionada com Kalua, mas, as coisas... 'am!lo pediu 9ue ela parasse, o 3e7 com a mão. W E\is!em mui!os caminhos para a %i!Vria. -l"uns deles e\i"em poder. W & 9ue %ocU 9uer di7erZ W -udre5 %ol!a%a a es!ar con3usa por um ins!an!e e isso não era nada bom. 'am!lo riu. Parecia bem mais al!a e poderosa 9ue 9uando a %ira pela primeira %e7. Era uma mulher imponen!e, não ha%ia como ne"ar. 1omple!amen!e di3eren!e da 'am, parecia por e\emplo, sem "randes e\pressYes 3aciais. -inda 9uando sorria, seu semblan!e permanecia mui!o calculis!a. Era o !ipo de mulher 9ue se al"u6m

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!en!asse derrubar, !eria de cair primeiro. Ama mulher in9uebrS%el. W 'ou 'am!lo. (ainha de &nnehera. ,epos!a de meu ! !ulo por !en!ar depor o "o%erno cen!ral e liber!ar &nnehera das "arras da Esplanada, esse Vr"ão %il, es!Tpido e corrup!o. Fue como um pol%o lança seus braços, seus !en!Sculos, para !odos os can!os e lados e a"arra !udo. E não permi!e 9ue nada se mo%a. & es!ado, nin"u6m %U, aliena, de!urpa, !rans3orma ao seu bel pra7er para dominar e enri9uecer2se. /as, en9uan!o isso, mui!os empobrecem. 'ou por!a2 %o7 de meu po%o. 'ei o 9ue 6 ir para a "uerra. E sei 9ue - Esplanada 6 um "i"an!e incon!rolS%el e insaciS%el 9ue dei\a um lon"o ras!ro de des!ruição. W )ocU 6 uma re%olucionSriaX W -udre5 es!a%a começando a compreender. 'am!lo riu mais uma %e7. 'eus cabelos eram lon"os e encaracolados, impeca%elmen!e %ermelhos. 'eus olhos cor!an!es %a"aram de -udre5 para seus ami"os e en!ão se apro\imou um pouco mais. W $ão, pe9uena criança. 'ou uma rainha. E %ocU sabe como nVs mulheres !ra!amos o poder. ,e3ender um po%o 6 como de3ender seu 3ilho. E meus 3ilhos passam 3ome. /eus 3ilhos são ser%os e escra%os de um "o%erno 9ue lhes ordena, ordena, ordena e nunca lhes dS sa!is3ação. Am "o%erno 3rou\o, um "o%erno medroso, 9ue se esconde por de!rSs dos !en!Sculos. Eu sou uma rainha mulher. E en9uan!o rainha, hoje, eu 'am!lo, des!ruo a Esplanada. E en9uan!o mulher, es!ou a9ui para pro!e"U2la de 9ual9uer mal. W Fue malZ 'am!lo olhou em %ol!a. W -cha 9ue são seus ami"osZ -cha 9ue eles a sal%arão 9uando a mor!e es!i%er prV\imaZ 'ão como mercenSrios reunidos para au\iliar um e\6rci!o. $unca con3ie em mercenSrios. - lealdade deles es!S consi"o mesmo. Fuando !i%erem chance, um deles irS lhe e\ecu!ar, !ola. W E por9ue %ocU me ajudariaZ W Por 9ue %ocU !em poder. E preciso de seu poder. W Ama ami7ade baseada no in!eresseZ

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Thales Travalon

'am!lo ar9ueou a sobrancelha mui!o bem 3ei!a. W E 9uem disse 9ue seremos ami"asZ -udre5 pu\ou o escudo e em sua mão 3ormou2se uma espada 3ei!a de S"ua. 'am!lo não se preocupou. ,esembainhou uma lon"a espada de lcmina %ermelha. W $ão me desa3ie, -udre5. W 'am!lo disse. W 'ou uma mãe cuja cria 3oi des!ra!ada e mal!ra!ada. 'e %ocU apoia o es!ado, !amb6m passarei por cima de %ocU. W En!ão passe. W -udre5 pro%ocou. 'am!lo não precisou 3a7er mo%imen!os mui!o bruscos. &s ma"os %es!idos de ne"ro 9ue ou!rora es!a%am em 3orma de sombras cor!aram os pescoços de K5le, Kalua, 1harlo!!e e /a!!he8 /a]arios. -udre5 sol!ou um lon"o "ri!o ao %er. -s lu7es criadas por -udre5 en!ão se apa"aram e o 3oco da cena era apenas pela 3res!a da lu7, de 'am!lo e -udre5. 'am!lo ba!eu a lcmina da espada ao chão. -udre5 en"oliu em seco ao perceber 9ue o !amanho da lcmina era 9uase de seu !amanho. E sV en!ão !e%e a compreensão 9ue 'am!lo !inha cerca de dois me!ros de al!ura ou um pouco mais 9ue isso. Era uma mulher imposs %el de se derrubar. W Ti%e de 3in"ir ser essa >a( para es!udar seus poderes. E para isso, !inha um parceiro. 'e!h &8en. Ele es!aria comi"o nessa emprei!ada. /as, ele me deu a dica errada. Ele me disse ser Kalua e por isso 9uase 1harlo!!e conse"uiu me prender. Fuando descobri 9ue 'e!h não era Kalua, era !arde demais. Eu es!a%a com a corda no pescoço. E eu nunca, nunca so3ro danos le"ais. 1onsi"o passar in%is %el [ lei como o %en!o. En!ão 'e!h me !raiu e 9uando descobri sua %erdadeira iden!idade, !en!ei ma!S2lo, 6 claro. /as, ele 6 mais rSpido em al"uns sen!idos. W ela riu, desli7ando a mão pelo seu corpo, pelos seus 3ormosos seios, parando2a na cin!ura. W Ele 6 apenas mais um ra!o 9ue abai\a o rabo para o "o%erno. -udre5 es!a%a escu!ando a9uilo incr6dula. $ão podia acredi!ar 9ue es!a%a ou%indo a9uilo. W Ti%e de limpar a memVria de 1harlo!!e, mas, /a]arios descobriria cedo ou !arde. N o mais esper!o e mais peri"oso. Am

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homem 9uie!o 6 como uma cobra esperando dar um bo!e, e /a]arios %ai dar o dele. W )ocU 6 uma assassinaX W Tan!o 9uan!o %ocU, na %erdade. Esses me!eoros des!ru ram !oda a 4iji e o Tl!imo cairS em menos de dois minu!os. Eu ma!ei 9ua!ro de seus ami"os. )ocU ma!ou cen!enas de milhares de 4ilhos da Terra, sem mo%er um mTsculo. Tudo o 9ue !inha de 3a7er... Era morrer. Esse 6 o maior impre%is!o, nãoZ - "rande sal%adora de 4iji morrer e 4iji não !er sal%ação. N o maior de !odos os impre%is!os. )ocU es!S presa numa lenda boba de 9ue se"uir missYes, passo a passo, irS sal%ar a Terra da ,eusa da Terra. Bem, na missão um %ocU poderia !er morrido e en!ão !udo acabaria. Es!S alienada pelo poder "o%ernamen!al. N escra%a de car!as oficiais, acredi!ando 9ue elas podem sal%ar 4iji. W 'am!lo riu. W )ocU 6 3rou\a. $ão parece ser mulher. -s mulheres nada !emem. $em a escuridão. $em a solidão. $em a mor!e. -udre5 aper!ou ainda mais seu punho na espada 3ei!a de S"ua. 'eus olhos es!a%am %ol!ando a 9ueimar, 'e!h e 'am!lo pareciam 3arinha do mesmo saco, embora 'am!lo es!i%esse 3alando %erdades 9ue lhe a!in"iam. Parecia blindada. $ão ha%ia como 3u"ir das pala%ras dela. W )ocU 6 e"o s!a, -udre5. 'abe 9ue !em a chance de %ol!ar [ %i%er se morrer. :S uma probabilidade. /as, a sua %ida 6 maior 9ue !odas as %idas 9ue morreram. E por isso eu !omei minhas açYes. :oje a Esplanada caiu. )ocU não receberS mais car!as com missYes. &s 3uncionSrios 3oram em sua "rande par!e mor!os. *an desapareceu. E os po%os sel%a"ens de '_plen%on in%adiram &ppos e es!ão 9ueimando !udo. E %ocU es!S a9ui... 'o7inha, como 6 de ser. 'em seu .abriel, sem seu 'e!h e sem seu amado /a]arios. -udre5 iria a%ançar, mas, da escuridão, uma !ocha se ascendeu. 'e"uida de mui!as ou!ras 9ue apresen!aram uma "rande mul!idão, !odos com !ochas empunhadas, en!rando no recin!o. W 'omos os Qncendi'rios. Par!idSrios de E!hero. ,e3ensores de sua causa. E ele nunca es!arS sV, en9uan!o hou%er ma"os 9ue 7elem pelo seu nome. W disse uma mulher ne"ra de serpen!es na

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cabeça. -s serpen!es %oaram con!ra 'am!lo, saindo da cabeça de E%a /a]arios. 'am!lo pe"ou uma delas com a mão e a aper!ou sem demons!rar mui!a 3orça e a serpen!e caiu ao chão, mor!a. -s demais cor!ou2as com o 3io da espada. W &h, por9ue não es!ou emocionadaZ W 'am!lo riu e se"urou a espada. W )ocU !em seus !ru9ues. Eu !amb6m os !enho. Fuando en!ramos no abismo, /a!!he8 disse 9ue a9uela era a Tl!ima coisa 9ue 3aria. En!ão dei\ou o "rupo para !rSs, pedi 9ue ele 3osse embora, mas, pedisse ajuda. E ele 3oi. Fuando che"amos ao moinho, pedi 9ue 1harlo!!e e Kalua 3ossem embora com Pa!ru]llu. K5le con!inuou comi"o e a"ora es!S mor!o no%amen!e. /as, %ocU sV ma!ou um de meus ami"os. E irS pa"ar com sua %ida, 'am!lo. W -udre5 disse. - mulher a chamou com uma das mãos para o emba!e. -udre5 se apro\imou. - espada de S"ua cor!ou o ar e pelas paredes, !orren!es de S"ua desceram con!ra 'am!lo e a derrubaram. & 3o"o subiu da !erra e 9ueimou !oda a S"ua, a e%aporou. 'am!lo se li%rou com maes!ria do 3o"o. Passou por ele sem se 9ueimar. /as, seus cabelos es!a%am molhados e sua roupa !amb6m. $ão era "rande problema para si. Empunhou a espada e ba!eu con!ra o chão e da rachadura 9ue se se"uiu indo em direção [ -udre5, duas mãos se"uraram seus p6s. - rui%a maior correu em sua direção para "olpeS2la. -udre5 se li%rou da9uilo no Tl!imo se"undo. ,eu uma cabeçada em 'am!lo como se isso 3osse resol%er al"uma coisa. 'am!lo riu e se"urou nos ombros da ou!ra e lhe deu uma cabeçada. -udre5 apa"ou. W Por E!hero, por 4iji e por &pposX W berrou E%a /a]arios e os incendiSrios en!raram na ccmara e a%ançaram con!ra 'am!lo. - mulher, numa Tnica %irada de espada, cor!ou cinco "ar"an!as. <o"o apVs essa cena, !odos pararam e !omaram mais cuidado com a apro\imação. W -udre5, acordeX )ocU es!S bemZ W /a]arios a balança%a

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no chão en9uan!o 'am!lo es!a%a ocupada. 1harlo!!e não podia dei\ar de lu!ar. Era o sonho de sua %ida prender 'am!lo, isso precisa%a acon!ecer. - Te]ler en!rou na lu!a mui!o dispos!a dei\ando /a!!he8 e -udre5 so7inhos. -udre5 desper!ou um pouco 7on7a. 'ua cabeça "ira%a e o mundo parecia "irar !amb6m. <e%an!ou2se com a ajuda de /a]arios e 3oi carre"ada para prV\imo das paredes. &nde ha%ia o "a!o ao cen!ro, ha%ia al"uma coisa desde o in cio. -l"uma coisa ou al"u6m ali dei!ado. Fuando *an se le%an!ou e se sen!ou sob as mãos do "rande "a!o, -udre5 acompanhou o olhar dele. & olhar dele para o c6u. :a%ia, embora -udre5 não pudesse %er per3ei!amen!e, um majes!oso me!eoro, mui!o maior 9ue !odos os ou!ros jun!os, 9ue parecia %ir em direção [ &ppos. /a]arios pu\ou -udre5 pelo braço e a le%ou a!6 onde os incendiSrios ha%iam che"ado. En!rou por ali e se"uiram caminho. W Para onde es!S me le%andoZ /a]arios permanecia em silUncio. W /a]ariosZ & 9ue hou%eZ /a!!he8 /a]arios parou no percurso. Es!a%a suando. )irou o corpo de -udre5 con!ra o seu e a abraçou 3or!e. /ui!o 3or!e. Ela re!ribuiu. &s braços dele pareciam mui!o 3or!es. E ele desconcer!ado. & ma"o da palma a abraçou sem 3im. 4al!a%am al"uns poucos se"undos de %ida para 4iji. W $+&X W berrou 'am!lo ao perceber 9ue -udre5 ha%ia sido le%ada embora. *an le%an!ou2se e olhou para os c6us. ,e seus olhos desceram uma esp6cie de lS"rima escura 9ue desceu pelo seu ros!o moreno e pin"ou con!ra o chão. - lS"rima se se"uiu com mais in!ensidade como se seus olhos es!i%essem san"rando. -udre5 sorriu e acariciou o ros!o de /a]arios. W Tudo bem... Tudo 3icarS bem... W ela disse e lo"o apVs 3oi de encon!ro ao ros!o dele. Para !en!ar beijS2lo. 'eus lSbios che"aram a se apro\imar, mas, não hou%e beijo. -udre5 sen!iu a lcmina cor!ar seu %en!re e ras"S2lo de bai\o para cima e hou%e uma se"unda punhalada em seu coração. & san"ue

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desceu por a9uelas roupas jS ensan"uen!adas, seus olhos 3oram se apa"ando ao no!ar a 3i"ura de /a]arios. 'ua %isão 3oi 3icando 3osca e anu%iada. /a]arios era lindo. Era um dos homens mais lindos 9ue jS ha%ia %is!o. -"ora ha%ia percebido 9ue seus cabelos es!a%am mais cur!os e pen!eados para o lado. Era uma e\celen!e Tl!ima %isão. -udre5 sabia 9ue de%ia morrer. /as, acabou morrendo pelas mãos da pessoa 9ue menos espera%a. 1omo 'am!lo ha%ia di!o. ,e seu san"ue, subiu um %apor e uma 3umaça poderos ssimos. Ama esp6cie de essUncia 9ue brilhou em dourado, em pra!a, em bron7e, em !odas as cores poss %eis. E esse san"ue derramado ascendeu e %a"ou pela ccmara a!6 encon!rar a es!S!ua do "a!o 9ue era Jbor. - 3umaça pene!rou desde os p6s, por !odo o corpo e no Tl!imo se"undo, os olhos do "a!o se ascenderam. E dos olhos de Jbor, & .a!o, um 3ul"or !ranscenden!al saiu. E seus olhos des!ru ram a pel cula 9ue pro!e"ia a ccmara do lado de 3ora. E a lu7 3ei!o 3o"o, 3ei!o S"ua, 3ei!o o poder de um deus %ora7men!e %a"ou pela a!mos3era a!6 acer!ar o Tl!imo me!eoro. & me!eoro recebeu o impac!o e e\plodiu em um milhão de pedaços e par! culas como E!hero ha%ia sido. E essas par! culas em mais e mais par! culas. E lo"o apVs, hou%e calmaria. <o"o apVs hou%e um silUncio respei!oso. E a ener"ia 9ue ha%ia sido produ7ida pelo san"ue de -udre5 se duplicou e !riplicou e 9uadruplicou en!ão e %a"ou para !odos os 9ua!ro can!os de 4iji. En9uan!o o corpo de -udre5 9ue 3oi pousado ao chão a"ora descansa%a com calma !oda sua lu!a, /a!!he8 a e\amina%a com calmaria. Ama lS"rima desceu de seus olhos e caiu sob os olhos dela. Beijou2a en!ão com in!ensidade, aper!ando seu ros!o con!ra o dela. Beijando2a como um leão sel%a"em 9ue de%ora a presa. En!re o beijo, sussurrou &:u acho que te a(ei*. -udre5 sempre procurara al"u6m 9ue pudesse !U2la amado !ão %erdadeiramen!e. E ele es!a%a ali, ao seu lado, sem demons!rar nada. 1omo podia !er sido !ão ce"aZ

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A E(PULS)O DOS B%RBAROS
_______________________________________________________ $ora da CR(ara de Kbor, "##os, antes da queda do (eteoro. !m dos po%os de '_plen%on, !ido como po%o bSrbaro e sel%a"em ha%ia passado por uma passa"em de &badin para o moinho e en!ão desceram e subiram pelo reino de &ppos des!ruindo o 9ue podiam. Am pouco cedo, na9uele mesmo dia, a Esplanada ha%ia ca do. &s bSrbaros in%adiram e ma!aram 9uase !odos os 3uncionSrios presen!es. Tomaram em mãos os documen!os, as car!as, !udo o 9ue per!encia ao es!ado da 3ederação. & a!o simbVlico de ma!ar o imperador não ocorreu, por9ue *an não 3ora encon!rado. Ele era s mbolo da resis!Uncia da Esplanada e os bSrbaros sabiam 9ue de%iam dar um jei!o nele. $ão eram mui!os, mas, es!a%am bem armados e rSpidos, al"uns em ca%alos. &s 9ue es!a%am em ca%alos %ieram de &nnehera com 'am!lo, ela mesma lhe empres!ara os ca%alos. - des!ruição de &ppos si"ni3ica%a o 3im da Esplanada. CS 9ue a Esplanada era &ppos, na %erdade. /as, o plano dos bSrbaros che"ou ao 3im al"uns minu!os an!es do Tl!imo me!eoro cair. Am homem de cabelos lon"os e barba rala e olhos cin!ilan!es e corajosos, em sua mon!aria, ca%al"a%a desde o edi3 cio da nobre7a a!6 os con3ins de &ppos com uma enorme jun!a mili!ar ma!ando bSrbaro por bSrbaro. -l"uns conse"uiram escapar, cerca de de7 ou 9uin7e. /as, por !oda a cidade, os corpos somaram se!ecen!os e !rin!a e dois. & homem 9ue lidera%a os sal%adores de &ppos era <eonard
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'hado8blade, rei de &ppos. En9uan!o ca%al"a%a por !oda a e\!ensão de seu reino ele incen!i%a%a seus "uerreiros com pala%ras de cora"em e 3orça. W ,e3endam %ossos 3ilhosX Pro!ejam %ossa cidadeX /andem para os braços de 1a!herine e para o jul"amen!o de Jbor !oda essa corja de animaisX W ele berra%a, e sua %o7 e\al!a%a a 3orça dos demais. W Fuem pode de3ender %ossos 3ilhos 9uando a noi!e 6 escura e 1a!herine os coloca sob pro%aZ Fuem pode abraçar os paren!es dos mor!os 9uando eles não re!ornamZ W ele brada%a jun!o com a espada. W <u!emX <u!em pela %ida de seu reinoX Pela sua prVpria %idaX <u!em pela %ossa liberdade desses animaisX Pa!ru]llu <e"ard, desmon!ou de sua mon!aria e se apro\imou do rei 9uando o a%is!ou. W /ajes!ade. W ele disse 3a7endo re%erUncia. W ,i"a, <e"ard. W 'hado8blade 3oi rSpido. Precisa%a a"ora au\iliar os moradores a apa"arem o 3o"o dos Vr"ãos pTblicos, jS 9ue as moradias es!a%am sob con!role. W Am dra"ão des!ruiu o moinho. E!hero lS es!a%a, ajudei a ma!ar o dra"ão. ,epois rumei para a 3ron!eira, con%o9uei du7en!os ma"os para pro!e"U2la. $in"u6m passa pelo sul. 'hado8blade anuiu rapidamen!e. W ,i"a aos ma"os 9ue pa"o D00 hep!as por dia 9ue 3icarem nessa muralha, a cada um. Pa!ru]llu ba!eu sua mão ao pei!o e deu as cos!as ao soberano, mon!ando em seu ca%alo. W E, <e"ardX W chamou2lhe 'hado8blade. W 'im, majes!ade. W Pa!ru]llu ia descendo de seu ca%alo mais uma %e7, mas, o rei 3e7 com a mão para 9ue não o 3i7esse, não era necessSrio. W <e%e os corpos dos bSrbaros para as 3ron!eiras. Pa"ue o preço 9ue 3or para 9ue os cons!ru!ores 3açam uma muralha "i"an!esca com o corpo desses animais. Para 9ue sir%a de lição para 9ual9uer um 9ue !en!e se apro\imar de &ppos. W /ajes!ade. W Pa!ru]llu anuiu. W -l"o mais, soberanoZ W Es!ou rumando para o oes!e. E depois para o les!e.

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1on%o9ue os ma"os para "uarnecerem o por!o. & me!eoro podia a"ora ser %is!o. Ele %inha com imensa 3orça e %elocidade para bai\o. $ão demoraria mais 9ue dois minu!os. W Essa ma"ia pro3unda... W 'hado8blade olhou admirado. W N um belo dia para morrer, Pa!ru]llu. Em nome da liberdade. 'e não lu!amos pelos nossos 3ilhos, 9uem lu!aZ 'e os sel%a"ens in%adem a !erra 9ue nos 6 por direi!o e 9ueimam !udo, 9ue piedade hS de ha%erZ &ppos 6 a maior po!Uncia 9ue 4iji jS %iu. Camais se cur%arS an!e esses animais. W disse se re3erindo aos cadS%eres ao chão. W $ão permi!a 9ue os sacerdo!es se apro\imem desses corpos e 9ue !ampouco orem por eles. Todo cidadão 9ue !i%er 3eridas, 9ue es!i%er en3ermo por causa dessa "uerra, serS !ra!ado sob pa"amen!o da coroa. Todo a9uele 9ue perdeu seus man!imen!os receberS o necessSrio da coroa. ,esejo !er sido claro. W 4ei!o S"ua cris!alina, soberano. W Pa!ru]llu assen!iu. -s %es!es de <eonard 'hado8blade não podiam ser menos os!en!osas. Am lon"o man!o pTrpura descia e escondia boa par!e da !raseira de seu ca%alo e inclusi%e suas %es!es reais. & homem usa%a uma esp6cie de !iara ou coroa mui!o cur!a 9ue se"ura%a seus cabelos. 'hado8blade "irou seu ros!o para o lado, encarando seus o3iciais e seus ma"os. Procurou en!re eles uma em especial, sua "eneral de "uerra. - mulher de lon"os cabelos !rançados e amarrados num co9ue, pele ne"ra e olhos de cor cin7a se apro\imou. Asa%a um %es!ido lon"o 9ue ras!eja%a ao chão, 9ue não possu a man"as. Asa%a um colar de p6rolas mui!o belo. W -"nela, W o rei sorriu. W 9uero 9ue !ra"a E!hero a!6 mim. W Es!S mor!o, senhor. W ela a%isou. W /as %ol!a. & me!eoro 9ue es!a%a mui!o prV\imo che"ou a!6 a a!mos3era. Tudo brilhou, !udo rescindiu, a in!ensidade e o 3o"o es!a%am claros. 'hado8blade não demons!rou !emor. W Fue Jbor olhe sob nVs. &s soldados ma"os repe!iram as pala%ras do rei.

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/as, curiosidade, o me!eoro se dissipou 9uase imedia!amen!e por uma 3orça de %ul!o impac!an!e 9ue brilhou em mui!as cores. &s soldados, mara%ilhados, sorriram. Es!a%am sal%osX ,eram "raças [ Jbor. 1er!amen!e a9uela lu!a con!ra os bSrbaros ha%ia a3a"ado o e"o do deus e ele ha%ia re!ribu do en!ão com a sal%ação do po%o, 3ora o 9ue os ma"os pensaram. E essa ideia, re3orçada pelo rei 3e7 com 9ue os soldados ra!i3icassem como missão principal, des!ruir 9ual9uer bSrbaro 9ue ameaçasse a %ida dos ci!adinos. W Temo !er de ir %eri3icar se !odo o !erri!Vrio e sua e\!ensão es!S se"ura a"ora. -umen!ar as muralhas e "uarnecU2la com mais ma"os. & !esouro real irS "as!ar mui!o. W 'hado8blade comen!ou. W N o melhor a se 3a7er, meu senhor. Precisamos de3ender &ppos, por9ue a Esplanada não es!S mais em nossas mãos. W ela 3oi sSbia com as pala%ras e as usou mui!o bem. 'orriu ao 3im, mos!rando a9ueles den!es per3ei!amen!e brancos 9ue con!ras!a%am !ão belamen!e com sua pele ne"ra. W Fuando E!hero desper!ar, o a%isarei para 9ue o %eja, não se preocupe. 'hado8blade ba!eu as esporas no ca%alo e rumou para oes!e. 1om ele, me!ade dos ma"os !amb6m. &s demais se di%idiram en!re se"uir para o por!o ao nor!e e ou!ros se"uiram para o les!e da capi!al. 4iji es!a%a sal%a, "raças [ %on!ade de um deus.

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17.
VENTURA DE N&FER
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Era mui!o escuro. E\!remamen!e escuro. E es!a%a sendo carre"ada
pelos braços de al"u6m. Esse al"u6m parecia 3lu!uar mui!o le%emen!e e seu lon"o %es!ido ne"ro balança%a aos 3undos. -udre5 abriu os olhos e percebeu es!ar nos braços de $63er, - /or!e. $ão era "rande surpresa. 'urpresa seria se !i%esse acordado em sua cama, em )i!Vria da 1on9uis!a, mas, a9uilo não era surpresa. - Tl!ima lembrança era dos lSbios de /a]arios. $ão podia acredi!ar 9ue ele a ha%ia ma!ado. ,esli7ou as mãos pelo seu abd^men, ha%ia ali um cor!e 3eio e a carne %i%a. Pre3eriu não %er. Tal%e7, no Tl!imo se"undo, iria re!irar sua prVpria %ida. Embora os suic dios le%em [ mor!e e!erna. /orrer pelas mãos de /a]arios ha%ia sido es!ranho e ao mesmo !empo um lisonjeio, era isso ou morrer sob suas prVprias mãos, o 9ue seria pior. $63er !inha os olhos mui!o pro3undos e concen!rados. Parecia e\!remamen!e calma e -udre5 não lhe pesa%a nada. carre"a%a como se 3osse uma pena de pSssaro. Era es!ranho es!ar mor!a. $ão sen!ia o ras"ão, !ampouco !inha 9ual9uer %on!ade. /as, ha%ia uma dor es!ranha em seu %en!re. Ama dor es!upidamen!e es!ranha. $63er dei\ou -udre5 de lado, 3lu!uando e prosse"uiu seu caminho. <o"o apVs, $63er %ol!ou. Tomou -udre5 nos braços e a le%ou em 3ren!e. W Espere, hS al"o erradoX W disse com a %o7 9ue lhe sobrara. Es!a%a sen!indo 3al!a de al"o. ,e seu escudo ou de sua bTssola ou de 9ual9uer ou!ra coisa.
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$63er não a!endeu. Prosse"uiu. -udre5 rolou dos braços da mor!e e caiu ao chão ou 9uase isso. 4lu!uou cen! me!ros an!e ele. -"ora 9ue podia encarar o chão percebia 9ue es!a%a numa esp6cie de ca%erna ou... -bismo. & abismo da raposa, es!a%a absolu!amen!e ali, !inha cer!e7a. W & 9ue es!ou 3a7endo a9uiZ $63er ar9ueou a sobrancelha. (espondeu, mas, sua respos!a 3oi o silUncio. -udre5 não compreendeu. - cena era !ur%a e !oda nublada, es!a%a de3ini!i%amen!e numa ou!ra dimensão 9ue não assumia o !empo e espaço em 9ue es!i%era %i%endo as Tl!imas semanas. 'acou a espada 3ei!a de S"ua para ameaçS2la, mas, ao perceber, não ha%ia espada al"uma para ameaçar $63er, - mor!e a encarou com !amanha curiosidade. W & 9ue %em a"ora, heinZ )ocU irS 3a7er o 9uU comi"oZ $63er olhou em 3ren!e. ,esli7ou os lon"os dedos brancos pSlidos pelos cabelos lisos e os arrumou do ou!ro lado de seu ros!o. W Por 9ue não posso pisar ao chãoZ & 9ue es!S ha%endoZ -udre5 correu desesperada em 3ren!e. 1orreu o mais rSpido 9ue podia. E 9uando olhou para !rSs, não encon!rou $63er. 'orriu ali%iada. $ão 9ueria es!ar prV\imo da mor!e. -o olhar para seu lado, lS es!a%a $63er. &u -udre5 não ha%ia sa do do lu"ar ou $63er a ha%ia acompanhado. W & 9ue ocorre a"ora, $63erZ ,i"a2me. - mor!e olhou em 3ren!e, mais em 3ren!e. W & 9ue %ocU jo"ou 3ora ao abismoZ & 9ue era a9uiloZ Era meu san"ueZ Era al"um Vr"ão meuZ $63er não respondeu. -udre5 não se deu por sa!is3ei!a. W Eu aprendi 9ue de%o lu!ar pela %ida. E %ocU 6 apenas a mor!e. Posso %encU2la. N como minha Tl!ima inimi"a. W -udre5 riu. W $ão me impor!a se %ocU me le%arS para a sal%ação ou para a perdição. Fuem escolhe meu caminho, sou eu. E -udre5 desa!ou a correr. 1orrer com !odas as suas 3orças. En!re as paredes de pedra encon!rou a &l %ia 4lores passando

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rapidamen!e en!re seus olhos, os pedes!res correndo na pis!a, %iu a Tancredo $e%es, %iu de soslaio o col6"io modelo passar, %iu !udo se 3ormando em sua %isão mis!urado com a ar9ui!e!ura de 4iji. Era es!ranho. E não ha%ia %en!o para impedi2la. $63er es!e%e a !odo ins!an!e ao seu lado. $ão precisa%a correr, apenas 3lu!ua%a ao seu lado da 3orma mais pene!ran!e poss %el. -udre5 correu com mais 3orça. Era !ão rSpida 9uan!o podia. E jS podia %er a AE'B. CS podia %er... E as lembranças %ieram [ !ona. &lhar pela janela do ^nibus e encarar os pedes!res, che"ar [ AE'B e colar car!a7es, che"ar [ 4iji pela (osa dos )en!os, conhecer /a]arios, con!inuar procurando por .abriel, conhecer Kalua, 'am, 1harlo!!e e K5le, descobrir 9ue o "uerreiro de &badin era na %erdade .abriel 9ue era na %erdade 'e!h. E 9ue nessa doce ilusão acabara se en!re"ando de corpo e alma [ .abriel duran!e a %ia"em. )ol!ar [ 4iji, impedir o me!eoro, morrer. Fuando deu por si, es!a%a caindo no abismo de cabeça. Es!a%a descendo e a"ora ha%ia %en!o. Era como da9uela %e7 com o dra"ão. 'uas %es!es... $ão ha%ia mais %es!es. Es!a%a nua. ,escia li"eiramen!e, con!ra o !empo e o %en!o em direção ao 3undo do abismo. Tal%e7 3osse o mesmo abismo e $63er lhe acompanha%a, sempre ao lado. W $ão impor!a o 9ue ocorra, %ocU %ai jun!o comi"oX W ela disse se a"arrando aos cabelos de $63er e a pu\ando para cair jun!o consi"o. $63er !en!ou se des%encilhar, mas, não conse"uiu de imedia!o. Empurrou -udre5, mas, não conse"uia. Era !arde demais. /ui!o !arde. & 9ue s se"uiu 3oi um ba9ue surdo e imedia!o. Fuando -udre5 abriu os olhos, sua cabeça do a. Te%e uma Tl!ima lembrança 9ue ia se apa"ando. ,e !er ca do aos braços de uma moça bai\a e de cabelos loiros. 'eus olhos re3le!iam o arco2 ris. E apVs al"o 9ue pareceu um choro e as lS"rimas descendo, es!a%a ali, de %ol!a, no !emplo de A!opia.

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,era um sal!o e passou as mãos no abd^men. Ele parecia per3ei!amen!e bem, sem nenhum ras"ão, sem problema al"um. (espirou ali%iada, es!a%a de %ol!a [ %ida. 'eus olhos ainda es!a%am embaçados e len!amen!e 3oram se a"uçando a!6 perceberem a realidade. W 'eja bem %inda, de %ol!a. W *anZ W ela encarou a 3i"ura ao seu lado. Era mesmo & 'onhador. & menino anuiu e se a3as!ou um pouco. -udre5 es!a%a %es!indo a mesma %es!imen!a de 9uando che"ara [ 4iji, Brim. <e%an!ou2se e a"radeceu ao sacerdo!e 9ue ha%ia cuidado de si. W &nde es!S meu escudoZ W EspVlio de "uerra, le%ado para 9ual9uer lu"ar. W *an comen!ou. W Fuando al"u6m morre, dei\a2se seu corpo no lu"ar, ele irS desaparecer 9uando reaparecer no !emplo. 'eus per!ences, suas roupas, seu dinheiro... Tudo some. Tal%e7 %S para as Qr(0s. Tal%e7 seja usu3ru!o dos ou!ros. W Fue hou%eZ W )ocU morreu. - cidade 3oi si!iada, mas, !udo es!S bem a"ora. W BemZ W -udre5 percebeu 9ue es!a%a ainda meio 7on7a 9uando começou a andar, suas pernas es!a%am meio bambas, era es!ranho. W Fue dia 6 hojeZ W &n!em 3oi dia de 1a!herine, dia 9ua!ro. :oje 6 dia cinco, pela manhã. W &nde es!ão...Z *an a in!errompeu. W Preocupe2se consi"o primeiro. K5le %iajou para Bensi para se dou!orar. Bensi 6 onde hS uma uni%ersidade e ele acredi!a 9ue !em al"umas !eses 9ue podem !rans3ormS2lo num uni%ersi!Srio. Kalua saiu em !urnU, criou mui!as mTsicas e deseja !ocS2las a"ora, %iajou para o nor!e. 1harlo!!e es!S por a em al"um can!o, 'am!lo 3u"iu e es!S bem a sal%o em &nnehera. - Esplanada caiu, 6 claro.

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Todos os can!os so3rem independUncia a"ora, e precisam aprender a %i%er sem o con!role de um es!ado absolu!o da 3ederação. W e\plicou2lhe com mui!a paciUncia. W E /a]ariosZ *an con!inuou andando. 'a ram do !emplo e encon!raram uma cidade em recons!rução. Pessoas carre"a%am em carrinhos de mão concre!o, ou!ros carre"a%am em seus ombros lon"as madeiras ou cimen!o, ha%ia a9ueles 9ue dis!ribu am comida e ou!ros can!a%am para ale"rar e en!re!er as crianças. -l"umas crianças cuida%am dos animais e idosos au\ilia%am os ou!ros lhes ensinando como se recuperar de !ais danos. W /a]arios es!S por a . Fuero 9ue conheça al"u6m. -udre5 concordou. -ndaram um pouco e re!ornaram para a (osa dos )en!os. Ela es!a%a com o chão des!ru do. /ais de de7 ma"os !en!a%am re!irar a es!S!ua do "a!o de Jbor com cuidado, a9uilo era um !esouro para &ppos e para a reli"ião Jboriana. -l"uns ma"os iam ins!ruindo o 9uan!o subir a es!S!ua en9uan!o ou!ros apenas circula%am por ali, armados, %i"iando cada um em especial. -o can!o, bem ao can!inho, ha%ia al"u6m. ,e cabelos brancos e ros!o pe9ueno, lSbios rosados e olhos in!eiramen!e brancos. Asa%a uma camisa jus!a em seu corpo 9ue ia a!6 seu abd^men e dele descia uma lon"a saia pre!a 9ue ia a!6 o chão. Essa 3i"ura possu a um colar com um pin"en!e de sol e es!a%a da!ilo"ra3ando. Escre%endo mui!o depressa. W -udre5, 9uero 9ue conheça C. -udre5 abriu bem os olhos ao encarar a 3i"ura de C., jamais ima"inara 9ue 9uem ha%ia escri!o & ,a!ilo"ra3ado de C. es!i%esse %i%o. W C., a9ui es!S -udre5. C. sorriu lar"amen!e. <e%an!ou2se e asseou suas %es!es e aper!ou com 3irme7a as mãos de -udre5. W Fue pra7er !enho em conhecU2la, jo%em -udre5. 'im, %ejo E!hero em seu esp ri!o, parece bom. Parece saudS%el. W disse ao !ocar as mãos de -udre5 e lo"o apVs as sol!ou. W E como es!S

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lidando com a perda da criançaZ W 1riançaZ W -udre5 não compreendeu. W )ocU es!a%a "rS%ida, não sabiaZ Perdeu o 3e!o na )en!ura de $63er. 'in!o mui!o. W disse C. com um olhar !ris!onho. -udre5 es!a%a em cho9ue. Precisou sen!ar. W /as... & 3ilho era de 9uemZ *an encarou C., 9ue re!ribuiu o olhar. &s olhos ne"ros dele nos olhos brancos dela. W $ão se sabe. ,e !oda 3orma, precisa%a conhecU2la. Escre%i !oda sua his!Vria num li%ro. Am no%o da!ilo"ra3ado. W disse C. com um brando sorriso. W Fue con!a desde an!es de sua che"ada de 4iji [ a"ora. Es!ou !erminando, jS jS !ermino e lhe en!re"o uma cVpia. -udre5 sorriu, mas, não era bem um sorriso 9ue 9ueria mos!rar. 'eu coração parecia es!ar par!ido e sua alma di%idida, sen!ia seu corpo a"ora 9uebrado. & preço pela %erdade 6 mui! ssimo caro. %erdade liber!a, mas, san"ra o esp ri!o. W Es!S ressen!ida por9ue o 3ilho poderia ser de .abriel. W C. pousou a mão ao ombro de -udre5. W $ão era. $enhuma criança jamais che"ou [ 4iji den!ro da barri"a da mãe. W disse encarando *an. *an 3icou em silUncio. 'eus olhos 9ue ha%iam san"rado pareciam mui!o marejados e brilhan!es. -nuiu mui!o len!amen!e en9uan!o encara%a C. como se es!i%essem con%ersando por cVdi"os. W - criança não supor!aria. E morreria. &u, ma!aria sua prVpria mãe su"ando sua ener"ia. N essa uma das mis!eriosas leis de 4iji. Pa"a2se %ida com %ida. )ocU %i%eu, a criança morreu. 'ei 9ue 6 desesperador para al"u6m ou%ir isso, mas, seu 3ilho sal%ou sua %ida. W 1omo sabe 9ue era um meninoZ *an encarou C. como se as in3ormaçYes !i%essem sido demais. )ol!ou2se para -udre5# W ,escanse. N !udo 9ue pode 3a7er a"ora. &nde 9uer 9ue seu 3ilho es!eja, ele es!S bem. -udre5 não se sen!ia melhor com as pala%ras de *an, mas, precisa%a mesmo descansar.

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W )ou para casa. W disse decidida. C. sorriu. W 'im, %S para seu domic lio descansar. 4icarS bem. W $ão, %ocU não compreendeu. )ol!arei para casa. )i!Vria da 1on9uis!a, onde per!enço. &nde minha mãe es!S. Preciso %U2la para pelo menos abraçS2la. Preciso dela. W $in"u6m jamais saiu de 4iji, -udre5. N imposs %el. W Eu sei 9ue sim. W -udre5 concordou por um se"undo. W /as, E!hero conse"uiu %encer essa barreira uma %e7, pro%ando 9ue reencarnar 6 poss %el. E pro%arS 9ue pode %encU2la no%amen!e, ao che"ar no !empo e espaço do mundo humano. .os!o da9ui. /as, meu lar 3ica lS do ou!ro lado do hori7on!e. W disse apon!ando. *an /c:o!!er, & 'onhador olhou para o hori7on!e. Ele parecia incons!an!emen!e dis!an!e.

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ESPLANADA* O LAR DE CORRUP )O
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"e!h &8en respirou 3undo. Es!i%era se recuperando de !odos os
"olpes 9ue recebera de -udre5. $ão es!a%a !ão a!en!o [s 9ues!Yes da dincmica in!erna e e\!erna do 9ue ocorria em &ppos e !oda a 4iji. 'abia 9ue &badin ha%ia se cercado e es!a%a munida a!6 os den!es acaso al"u6m !en!asse se apro\imar. .rande no%idade. Fuando sur"iu em 3ren!e ao pr6dio da Esplanada, respirou seu lar doce lar. Am doce sussurro o a%isara de 9ue -udre5 ha%ia morrido ; es!a%a %i%a no%amen!e. E 9ue es!a%a "rS%ida e perdera o nen6m. Bem, 'e!h possu a "randes brilhos aos olhos da deusa da %ida. $unca lhe 3alhara, nunca es!i%era em d %ida, sempre 3ora um ser%o leal. Poderia recuperar o nen6m ; era essa sua %isão, 6 claro. 'V !eria de sacri3icar al"o e o 3aria. Era um 3ilho seu com -udre5. 1om E!hero, com o maior de !odos os ma"os, hoje, ma"a. 'eu 3ilho seria o ser mais poderoso de 4iji com bom !reinamen!o, inclusi%e mais poderoso 9ue *an, pelo 9ue podia ima"inar. -n!es, precisa%a pe"ar al"uns pap6is den!ro da Esplanada. Fueima de ar9ui%o. Precisa se desincriminar por !udo o 9ue 3i7era, usando a /a"ia Pro3unda em seu bene3 cio prVprio. -9uilo não era um erro, na %erdade. Todos sempre usa%am o poder ao seu bene3 cio, 'e!h 3i7era usar para seu crescimen!o. &:s#lanada, " Gar de Corru#ç0o* es!a%a es!ampado no pr6dio. W Fue merda 6 essaZ W per"un!ara2se ar9ueando a sobrancelha. Fuando menos percebeu um lon"o machado a3iado %oara em
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sua direção. ,es%iara2se dele com maes!ria e procurou seu au!or. Percebeu um ser de cabelo e barba rui%as, %es!ido com %es!es "rossas e armado a!6 os den!es. Asa%a uma esp6cie de elmo ou coroa com chi3res de dra"ão. W -nimal nojen!o. /ui!o me admira 9ue não es!eja preso se apro\imando do lar da liberdade e democracia 4ilha da Terra. Ama "uarda armada se apro\imou, saindo da Esplanada. 'e!h sorriu, %inham %indo pro!e"er o pr ncipe do parlamen!o dos ma"os. *riam colocar a9uele animal 3edoren!o em seu lu"ar. & homem de %es!es ne"ras, i"uais [s de 'e!h a%ançara. Ele !inha cabelos rui%os e sardas pelo ros!o, não !inha barba, mas, era !ão musculoso 9uan!o o ou!ro e es!a%a armado !amb6m com lon"os machados. W 'enhor 'e!h &8en, 'enhor do Esp ri!o no Parlamen!o dos /a"osZ W ele 9ues!ionou, a%aliando 'e!h. W 'im. /ande o animal sair da 3ren!e, preciso passar. & homem anuiu e apon!ou aos "uardas. W & senhor es!S preso por ordem dos (einos <i%res 9ue !omaram a Esplanada. 1ulpado por corrupção, des%io e mal uso de poder. 'ua pena, serS decidida em assembleia, mas, mui!os 9uerem sua cabeça. )ocU 6 au!or de mui!as leis 9ue mal!ra!am a população, alcunhada por &sel)a-e(*. Bem, lhe mos!raremos o 9ue 6 ser sel%a"em. W o homem riu e en!re"ou um per"aminho enrolado e lacrado ao "rande homem 9ue ha%ia a!acado primeiro. Ele o "uardou e a%ançou. W Fue merda 6 essaZ W 'e!h não es!a%a compreendendo mais nada. W Essa merda 6 a des!ruição da Esplanada, o sis!ema de poder de %ocUs. -"ora, serS di3eren!e. )ocUs serão !ra!ados como sel%a"ens. E nVs iremos "o%ernar absolu!amen!e e caçar um por um dos 9ue 3i7eram mal ao nosso po%o ou a 9ual9uer ou!ro po%o. )ocU es!S preso, !em !odo direi!o de permanecer calado. W disse o bru!amon!es a%ançando. 'e!h se des%encilhou dos braços do homem com mui!a 3acilidade. )Srios clones seus sur"iram espalhados pelo lu"ar. /as, a

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lu!a seria di3 cil. Es!a%a cansado, precisa%a se recuperar. ,a mesma 3orma 9ue !odos os clones apareceram, desapareceram. E 'e!h sumiu da %is!a deles. $unca colocariam as mãos num ma"o !ão poderoso 3acilmen!e. /al podia acredi!ar 9ue a Esplanada ha%ia ca do pelas mãos de animais. $ão podia se descuidar por um momen!o 9ue !udo se !orna%a desordem. Bem, esse lhe pareceu o preço a pa"ar pelos seus a!os. -"ora sV podia se a"arrar [ uma cer!e7a# recuperar o 3ilho 9ue ha%ia perdido. 'e!h era mais rSpido 9ue um piscar de olhos.

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O PREF%CIO DESSE LIVRO
_______________________________________________________ ES de abril de uo!Marte, #orto. #em, preciso di7er 9ue & 'e!en!rião 6 onde nosso coração apon!a. E meu coração apon!a para di%ersos lu"ares. & coração 6 a %erdadeira bTssola da alma e do esp ri!o. Ela apon!a para !odos os can!os, os mais dis!in!os, os mais solenes, os mais hom6ricos, os mais an!i9uados. /as, meu coração sempre irS apon!ar para pessoas em especial. 'empre irS apon!ar para minha mãe e para Pa!ric], preciso di7er 9ue os amo mui!o. E irS apon!ar para .abriel, as pessoas morrem e não nos dei\am. - mor!e não 6 o 3im do laço. N a e!erni7ação dele. Tamb6m apon!arS para /a!!he8. &h, /a!!he8, apon!arS para %ocU, meu 'e!en!rião de 4iji. Tamb6m apon!arS para a mara%ilhosa Te]ler 9ue conheci, 9ue desenha%a uma (T BIG melhor 9ue 9ual9uer 3abrican!e. 'en!irei 3al!a de K5le 9ue um dia serS um 3amoso dou!or e in!elec!ual. E, do menes!rel Kalua 9ue me disseram jS 3a7er sucesso, can!ando baladas sobre o 9ue %i%eu comi"o. Conosco. 'en!irei 3al!a de *an. N es!ranhoZ 'im. /as, a!rSs da9ueles olhos e\is!e um coração, ainda 9ue ele não 9ueira demons!rar. 1omi"o ele 3oi mui!o bom. 'en!irei 3al!a de !er de %iajar para &badin e '_plen%on e conhecer pessoas es!ranhas e malucas. 'en!irei 3al!a de ma!ar dra"Yes, de desmascarar )ilTes e de ser a sal%ação para um mundo. 'en!irei 6 nada. Tal%e7 esse li%ro seja mais conhecido 9ue & ,a!ilo"ra3ado de C. al"um dia, mas, minha pre!ensão 6 menor. Fuero 9ue ele
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che"ue [s mãos dos 9ue du%idaram de 4iji. ,os 9ue um dia 3oram para lS e nunca !i%eram a chance de %ol!ar. @ !odas as pessoas desaparecidas 9ue seus pais, mãe, esposos e esposas, namorados e namoradas não desis!em de buscar. 'eus irmãos e irmãs 9ue oram dia e noi!e para 9ue es!ejam bem. Bem, não encon!rei .abriel ainda e não desis!i. Tal%e7 ele não es!i%esse mesmo em 4iji. &u, !al%e7 não !i%e !empo de procurar. /as, preciso di7er 9ue es!ou indo. *ndo embora. )ol!ando para o (eu 'e!en!rião. Fuem sabe um dia não %ol!o a passeioZ )ol!o sim. )ol!arei para %er o 9uan!o 4iji mudou, o 9uan!o 4iji cresceu. )ol!arei para %U2los. /a!!he8 em especial. En9uan!o eu li cada pS"ina precisei assumir 9ue C. conse"uiu cap!urar a realidade e a !ensão das pala%ras. 4oi di%er!ido. E es!ou le%ando esse li%ro para o mundo humano, para 9ue eles saibam de %ocUs, 4ilhos da Terra. Espero 9ue eles jamais ameacem %ossa in!e"ridadee os seres humanos são !ão peri"ososX /as, eles acharão 9ue 3oi sV 3an!asia. 4oi sV ima"inação. Bem, 9ue pensem assim. 'eres humanos [s %e7es são mais des!ru! %eis 9ue me!eoros. E não 9uero colocS2los em peri"o no%amen!e. <eiam esse li%roX (epassem2no para seus ami"os. Ensinem2 lhes 9ue o poder es!S no lu"ar mais mis!erioso e humilde. E 9ue aprendam as !rUs coisas 9ue aprendi# Fue con%er!er as lS"rimas e lamen!os em lu!a 6 3^le"o de %ida. Fue 7elar dos ami"os e de 9uem amamos 6 %i!al para crescermos. Fue de%emos es9uecer de onde %iemos, e de nosso 'e!en!rião. 'aibam suas prioridades e respei!em2nas. 1olo9uem as pessoas mui!o per!o do coração e mui!o lon"e do c6rebro. Pessoas não são coisas. Elas [s %e7es pre3erem um abraço [ uma pala%ra. Bem, isso 3oi o 9ue aprendi. Espero !er passado al"uma coisa [ %ocUs. /inha es!adia 3oi de "rande pro%ei!o.
1om amor,

A$%re& '$(
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ou

E)hero.

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EP+LOGO
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!m belo rapa7 es!a%a sen!ado sob uma rocha jo"ando pedras con!ra
o "rande mar. 'ua cur!a 3ranja e seus cabelos pen!eados iam sendo le%emen!e balançados pelos bons %en!os. Es!a%a bem %es!ido, dos p6s [ cabeça de pre!o e com uma capa. /a!!he8 /a]arios parecia 9ue jamais iria abandonar a9uelas %es!es. Am pouco dis!an!e, onde es!a%a o por!o, !rUs pessoas se apro\ima%am. ,ois adul!os e uma criança. Eles se apro\imaram de onde /a!!he8 es!a%a en9uan!o a embarcação jS es!a%a o mais dis!an!e poss %el do por!o. 4oi nesse ins!an!e 9ue -udre5 obser%ou 9ue /a]arios es!a%a ali. Tinha pensado 9ue ele não !eria ido a %er, e não !i%era chance de se despedir, mas, a"ora o %ia. Era emocionan!e. W $ão acredi!o 9ue %i%i para %er essa 9uebra de paradi"ma. W Fue 9uebra de paradi"maZ W *an se diri"iu ao au!or da con%ersa, <eonard 'hado8blade, o rei. W &ra, de %er essas %erdades ca rem. Fue 6 imposs %el reencarnar. Fue 6 imposs %el sair da .rande *lha. *an o encarou e balançou a cabeça ne"a!i%amen!e. & sol es!a%a pra!icamen!e nascendo. C. es!a%a com as pS"inas de pre3Scio em suas mãos 9ue -udre5 ha%ia acabado de escre%er e ainda acena%a, desejando os bons %en!os para + $;niJ. Es!a%am ali, C., <eonard 'hado8blade, *an e /a!!he8 /a]arios sen!ado jo"ando pedras con!ra o mar. *an apro%ei!ou para pe"ar uma pedra e jo"ar na cabeça de /a!!he8. & ou!ro pousou a mão na cabeça com a"ilidade, sen!indo a dor. W Para de jo"ar pedra no mar. )iuZ $ão 6 "os!osa a sensação. W *an o repreendeu. W & mar !amb6m !em %ida. E %ol!ou sua a!enção para 'hado8blade, mui!o cons!ernado por !er de cor!ar o bara!o dele.
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W Pois, creio 9ue não %i%erS para %er essa se"unda 9uebra de paradi"ma. C. parou de acenar imedia!amen!e e %ol!ou sua a!enção para *an. En!reabriu a boca com o sus!ou e %ol!ou a olhar para a "rande embarcação 9ue ia sumindo ao hori7on!e. W 1aralho, *anX )ocU me 3e7 dar uma embarcação !ão "randiosa, cheia de meios de subsis!Uncia para no 3im ela a3undarZ /a!!he8 se er"ueu e olhou de 'hado8blade para *an e lo"o depois para uma -udre5 9ue acena%a para ele, esperando a re!ribuição. Era o Tl!imo momen!o de %er /a]arios, ela es!a%a 3eli7 e !ris!e. Precisa%a di7er adeus. W Fue a3undar nadaX Ela irS conse"uir, con3io nela. W /a!!he8 disse com um bom sorriso e !amb6m acenou. *an sen!ou2se en!ão na pedra. W 'in!o cor!ar o bara!o de %ocUs dois, mas, esse caralho %ai a3undar sim. /as, %amos dar uma moral para ela. 1on!inuem acenando. ,epois, %amos !omar um chS. Ela che"a depois, se 9uiser, em !empo de comer uns biscoi!os. 'hado8blade e /a]arios se encararam e assen!iram sem "randes e\pec!a!i%as en!ão. 1on!inuaram a acenar en9uan!o C. ia lendo as pS"inas 9ue ha%ia recebido. &s olhos de *an iam brilhando in!ensamen!e en9uan!o -udre5 se a3as!a%a jun!o com a embarcação. -9uele era o dia mais 3eli7 da %ida de -udre5. Ela es!a%a, pelo menos em sua cabeça, %ol!ando para o lar. - maioria das a%en!uras ocorrem assim. 'air da 7ona de con3or!o para ir desbra%ar e ser bandeiran!e da prVpria e\is!Uncia. $o 3im nunca liber!amos al"o ou al"u6m, na %erdade, eles nos liber!am de nVs mesmos. E a melhor recompensa 6 %ol!ar para casa.

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Thales Travalon

AGRADECIMENTOS
_______________________________________________________ Preciso a"radecer aos lei!ores al3a do li%ro# Coão )ic!or 'ah!ler ='e!h &8en>, <ui7 4elipe <. /ar9ues e Coão -n!^nio Bri!!o Por!o, sem eles, as pe9uenas correçYes e as amarraçYes da his!Vria não ha%eriam ocorrido. 4oi suor compar!ilhado e me or"ulho dissoX &s !rUs con!ribu ram bas!an!e, o su3icien!e para 9ue a obra es!i%esse comle!a em !empo recordeX Tamb6m preciso a"radecer [ Cuno, 9ue !ornou !udo isso poss %el.

:scudo de :thero 7 >í(bolo do 2uinto.

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Thales Travalon

Ma#a de $i%i.

1I? ||

Thales Travalon

G'on, u lik!likiA

n,-,r.o/,.t0on.12or.3o4
s a i b a + sobre a obra ||

ин

1ID ||

Thales Travalon

1IB ||

Thales Travalon

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