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Ano 4 - Nº 17 Abril/Junho – 2011

Abordagem sobre a prevenção das drogas no contexto escolar

Eliane Oliveira dos Santos(1) Maria de Fátima S. Santos-Oliveira(2) Fabiana da Silva kauark(3) Fernanda Castro Manhães(4) Resumo A escola é um ambiente onde ocorre a interação dos indivíduos em grupos desde a infância até a vida adulta. Essa interação é importante e fundamental no desenvolvimento humano e na construção de suas relações sociais. Todavia, os tipos de relação que ocorre no contexto escolar são de ampla complexidade que podem refletir problemas que surgem tanto dentro quanto fora do ambiente escolar, o qual tem que estar preparado para saber lhe dar com tais situações. Assim, um problema de grande relevância na sociedade e que vem refletindo no ambiente escolar é o problema das drogas, que entre muitos interferem no processo de ensino- aprendizagem. Nesse estudo constatou-se que as drogas estão presentes na unidade escolar pesquisada, seja através de alunos ou por meio de usuários que vivem próximos à escola. Também demonstrou que são vários os meios pelos quais chegam informações sobre drogas até os alunos. No entanto, todas as atividades desenvolvidas pela escola foram de cunho informativo, porém, é preciso elaborar estratégias educacionais visando permitir a interação e reflexão. Sendo assim, as estratégias dos programas de prevenção devem abordar a integralidade pessoal e social do adolescente. Palavras-chave: Escola. Drogas. Prevenção. __________________________
1 - Graduanda em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Santa Cruz. [email protected] 2- Professora Doutora do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC – Ilhéus/BA. [email protected] 3 - Professora Doutora do Departamento de Ensino e Aprendizagem da UNIME/FACSUL e FAM - BA [email protected] 4 – Doutoranda em Educação – UAA. Mestre em Cognição e Linguagem - UENF.Coordenadora Acadêmica da FAMESC.

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Abstract The school is an environment where there is interaction of individuals in groups from childhood to adulthood. This interaction is important and fundamental in human development and in building social relationships. However, the types of relationship that occurs in the school context are widely complexity that may reflect problems that arise both inside and outside of school, which has to be prepared to give you know with such situations. Thus, a problem of great importance in society and that has impacted the school environment is the drug problem, among many that interfere with the process of teaching and learning. In this study it was found that drugs are present at schools surveyed, either by students or by users who live near the school. It also demonstrated that there are several means by which information on drugs to reach the students. However, all activities of the school were informative nature, however, we must develop educational strategies to allow the interaction and reflection. Thus, the strategies of prevention programs must address the personal and social integrity of the adolescent. Keywords: School; Drug; Prevention.

Introdução A escola desempenha um papel fundamental na formação dos indivíduos, que vai além de sua função de instrução, visto que ela atua também na construção das relações sociais proporcionada pela interação destes dentro do ambiente escolar. Assim, nota-se que a formação do sujeito autônomo, capaz de construir-se a si mesmo, deve ser estabelecida com base em situações reais que o indivíduo convive diariamente (ambientais, sociais, político, de saúde, dentre outros) e que envolva a comunidade. Todavia, atualmente existe uma problemática que está perpassando todos os ambientes sociais e que vem refletindo no contexto escolar: as drogas. O uso de drogas se configura como uma problemática atual que vem crescendo a cada dia, e o que se percebe muitas vezes é o despreparo das pessoas para enfrentar essa situação. Uma abordagem dessa problemática no contexto escolar se faz necessário, pois possibilita identificar práticas preventivas que sejam bem sucedidas e sua possível divulgação, bem
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como, possíveis sugestões dentro da área preventiva (MURER; OLIVEIRA; MENDES, 2009). Nesse sentido, é necessário que as instituições de ensino adotem uma postura de enfrentamento conjuntamente com os demais setores sociais esclarecendo e prevenindo os jovens dos perigos de consumir tais substâncias. Segundo Abramovay e Castro (2005), aescola é o local propício para ajudar na prevenção das drogas, no sentido em que reúne várias qualificações que colaboram para a difusão de tal perspectiva na comunidade e na sociedade. Nesse contexto, verifica-se que muitos são os problemas enfrentados pelos usuários de drogas, assim como, pela família e demais setores sociais que acabam arcando com essas consequências. Por conseguinte, é relevante considerar que as drogas é um problema de todos, pois de alguma forma ela acaba interferindo na vida de muitos. A decisão por fazer uso de drogas culmina no financiamento ao tráfico de drogas, que traz como consequências: o aliciamento de menores, a marginalização, a violência, o dispêndio do dinheiro público, a opressão, baixo rendimento escolar, dentre outros. Sendo assim, todo o entorno de um usuário acaba arcando financeiramente com o seu vício, um investimento financeiro muito alto que poderia estar sendo aplicado em outras áreas de ampla abrangência social como: a educação, saúde e saneamento básico ( CARLINI-COTRIM, 1998). É relevante conhecer quais são as ações que estão sendo desenvolvidas por uma escola Estadual do município de Ilhéus com a finalidade de prevenção ao uso de drogas por seus alunos. Para tanto, esse trabalho busca: identificar junto aos estudantes da unidade escolar pesquisada, a participação efetiva da escola na construção de suas concepções sobre o que são drogas e quais as consequências geradas em decorrência do seu uso; verificar de que forma acontece a prevenção ao uso de drogas nessa escola, e se esta temática está sendo abordada pela escola como um tema transversal seguindo a indicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs(BRASIL, 1996).

A Escola e a formação do sujeito autônomo

A educação escolar é um dos direitos sociais que visa o desenvolvimento intelectual do ser humano, contribuindo de forma decisiva para sua integração individual e social. Pois a

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escola possibilita a convivência dos indivíduos em grupos desde a infância ampliando assim, seu mecanismo de inclusão social (MURER; OLIVEIRA; MENDES, 2009). No Brasil, a educação está presente em sua Constituição Federal, no artigo 6º, sendo apreciada como um direito de todos e dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, sua finalidade é o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Para Freire (1981), a educação deve ser problematizadora e libertadora, a medida que ela é uma constante busca visando que os indivíduos transformem o mundo em que vivem. Para tanto, os mesmos devem compreender a realidade que os cerca através de uma visão crítica da mesma, reconhecendo e respeitando sua cultura e história de vida. Essa concepção educacional baseia-se na estimulação da criatividade dos educandos e numa relação de mediação com seu educador, pois segundo o autor “ninguém educa ninguém e ninguém educa-se a si mesmo, mas os homens educam-se em comunhão, mediatizados pelo mundo.” Cabe então a escola manter com a comunidade em que se situa um relacionamento de colaboração, em que pais ou qualquer pessoa da comunidade se envolvam e participem das atividades promovidas pela escola, em prol do bom aprendizado e formação social dos seus alunos Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) N°. 9.394/96. Dessa forma, a escola deve estar aberta para encarar conjuntamente com a sociedade todas as problemáticas que irão surgindo. Todavia, atualmente convivemos com o problema do uso de drogas principalmente por adolescentes e a escola se encontra em situação de acesso a esse público, o que a torna um ambiente favorável para combater o uso de drogas através da ação preventiva. Segundo os especialistas, a prevenção é a melhor forma de lidar com essa questão, assim, a escola vem sendo apontada como local primordial para o início dessas atividades (SILVA et al., 2008). Geralmente na fase escolar que o adolescente tem o primeiro contato com o mundo das drogas. Faz-se necessário considerar que a adolescência se caracteriza por ser uma fase da vida permeada de questionamentos, inquietações e insegurança. Nesse período de transição constante ele acaba se comportando de modo a ser valorizado pelo grupo, o que pode favorecer o uso de substâncias entorpecentes, pois elas trazem sensação de segurança, coragem e tranquilidade o que pode levar ao vício (MURER; OLIVEIRA; MENDES, 2009).

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Cabe a escola um papel importante na formação do cidadão. No entanto, ela acaba se omitindo ou agravando o problema, ao constatar alunos fazendo uso de drogas, e simplesmente comunica aos familiares e os incumbe do cuidado com esse membro, o que significa muitas vezes o afastamento desses alunos das salas de aula e, em muitas ocasiões, a desistência de continuar a vida escolar (SILVAet al., 2008). Esse tipo de ação, apenas reflete uma questão muito presente nas escolas, que é o preconceito contra alunos ditos marginalizados, estes são aceitos pela escola simplesmente por obrigação da instituição, e frente a situações consideradas graves, como por exemplo, o uso de drogas, a escola tem a justificativa para expulsar esse aluno da instituição, encerrando nesse ato sua ação a respeito das drogas, sendo repassada toda a responsabilidade para a família. Frente essa situação, é relevante salientar que a falta de preparação do docente, frente a problemas relacionados a drogas no ambiente escolar, é advinda da própria formação do docente que não oferece subsídios para saber como agir em tais situações. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais Saúde (PCN), a educação em saúde está organizada de forma a indicar a dimensão individual e social da saúde, com os conteúdos organizados em dois eixos, sendo estes: autoconhecimento para o auto cuidado e vida coletiva. Dentre os conteúdos a serem abordados dentro do bloco vida coletiva, estão incluídos: agravos ocasionados pelo uso de drogas (fumo, álcool e entorpecentes). Segundo a indicação dos Parâmetros Curriculares para a Saúde, estes temas devem ser tratados transversalmente, permeando por todas as áreas que compõem o currículo escolar, de forma multidisciplinar, e fazem parte dos chamados temas transversais (BRASIL, 1996).

Drogas no contexto escolar O que é definido habitualmente como “drogas” corresponde às drogas psicoativas, que têm atração por atuar no cérebro, modificando a sensibilidade, o modo de pensar e, muitas vezes, de agir. Isso inclui, além de produtos ilegais como maconha, crack e cocaína, os medicamentos para emagrecer que contêm anfetaminas, a nicotina, o álcool e a cafeína. Assim, as drogas são classificadas como drogas lícitas, que são aquelas permitidas por lei, as quais são compradas praticamente de maneira livre, e seu comércio é legal e como drogas
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ilícitas são as cuja comercialização é proibida pela justiça, estas também são conhecidas como “drogas pesadas” e causam forte dependência. As drogas psicoativas agem no cérebro de várias maneiras: os estimulantes fazem o cérebro funcionar mais rapidamente, colocando-o sob um estado de alerta exagerado, causam euforia e sensação de bem-estar, com o consequente aumento da capacidade de trabalho.Como representantes principais desse grupo destacam-se as anfetaminas, o ecstasy e a cocaína;as drogas depressoras fazem com que o Sistema Nervoso Central (SNC) funcione de uma forma mais lenta, produzindo, assim, uma sensação de tranquilidade e de desligamento da realidade. São exemplos desse tipo de drogas os tranquilizantes e os barbitúricos; os alucinógenos, por sua vez, atuam perturbando o funcionamento do cérebro, eles não aceleram nem diminuem o ritmo do SNC, mas são capazes de provocar delírios, ilusões e alucinações acompanhados por relaxamento ou euforia. Alguns dos principais representantes desse grupo são a maconha, o LSD e o chá de cogumelos (CEBRID, 2010). Dentre as causas apontadas por autores relacionadas com o mundo escolar que podem levar ao uso de drogas, foi verificado que fatores como o baixo desempenho escolar em estudantes pode excluí-los, em algum grau, do grupo de estudantes que têm mais sucesso, levando-os ao envolvimento com pares que apresentem problemas em aspectos escolares. O impacto do grupo é um fator que interfere no uso de substâncias psicoativas, e os autores evidenciam que quanto maior a associação com pares desviantes, maior a probabilidade de desvio e uso de drogas (BAHLS ; INGBERMAN, 2005). No Brasil, a partir da década de 1980, houve uma tendência ao aumento do consumo de maconha, inalantes, cocaína e crack, especialmente nas grandes cidades. A adolescência é um momento especial na vida do indivíduo. Nessa etapa, o jovem não aceita orientações, pois está testando a possibilidade de ser adulto, de ter poder e controle sobre si mesmo. É um momento de diferenciação em que “naturalmente” afasta-se da família e adere ao seu grupo de iguais. Se esse grupo estiver experimentalmente usando drogas, o pressiona a usar também. Ao entrar em contato com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe-se também a muitos riscos, como o de contrair doenças transmissíveis pelo compartilhamento de seringas, HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis (OLIVEIRA; NAPPO, 2008)

Estratégias de prevenção ao uso drogas
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A prevenção ao uso inconsciente de drogas objetiva reduzir os riscos que as drogas e seu uso abusivo trazem aos indivíduos e a sociedade. A estratégia de diminuir a demanda se consolidou a partir de 1970, com a convocação pela Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura (UNESCO) de especialistas de vários países para discutirem a abordagem preventiva do uso de drogas, quando essa questão foi considerada uma necessidade mundial e urgente ( MOREIRA et al., 2006). A alternativa de prevenção direcionada para redução de riscos é oposição à guerra às drogas, que defende a eliminação das substâncias ilegais e a intolerância em relação a seus usuários. Visto que a postura de erradicação das drogas se torna irreal num contexto em que evidências históricas demonstram que todas as sociedades humanas conviveram com algum tipo de substância psicoativa e que trabalhar no sentido de erradicar todas as formas de uso de drogas fere princípios éticos e direitos civis por ditar normas e controlar os indivíduos muito além do que é direito do Estado e das instituições (CARLINI-COTRIM, 1998). A abordagem preventiva citadas por muitos autores caracteriza-se como uma das melhores formas de enfrentar o problema das drogas, pois esta aposta na capacidade de discernimento do cidadão bem formado e informado. Nesse sentido explanaremos sobre as propostas de atuação preventiva ao combate as drogas que podem ser adotadas no espaço escolar. Segundo Carline e Pinsky (1989), aprática da ação efetiva na diminuição dos ricos no espaço escolar pode ser realizada através de cinco modelos básicos de prevenção: conhecimento científico, educação afetiva, oferecimento de alternativas, educação para a saúde e modificação das condições de ensino. Essas práticas não se excluem entre si, mas, suas adaptações e combinações ficam a cargo de melhor servir a realidade de cada escola. Nesse sentido, destacaremos brevemente as características destes modelos. O modelo do conhecimento científico. Defende que o fornecimento de informações sobre drogas deve ser de modo imparcial e científico. A partir dessas informações os jovens poderiam tomar decisões racionais e bem fundamentadas sobre as drogas. Suas principais ações são: oficinas e debates com profissionais de saúde; leitura de livros; discussão de filmes são algumas alternativas eficientes para essa proposta.

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O modelo de educação afetiva. Propõe a modificação de fatores pessoais que são tidos como passíveis de predispor o uso de drogas. Constitui-se de conjunto de técnicas que visam melhorar ou desenvolver a auto-estima, a capacidade de lidar com ansiedades, a habilidade de decidir e interagir em grupo, a comunicação verbal e a capacidade de resistir as pressões de grupo. Partindo do pressuposto de que jovens mais estruturados e menos vulneráveis psicologicamente são menos propensos a fazer uso de substâncias psicoativas. O modelo de oferecimento de alternativas. Trata da oferta de desafios e alívio do tédio, por meio de atividades que estimule a auto-estima estimulando prazeres e realizações proporcionadas por outros meios que não incluam o consumo de drogas. Algumas alternativas como sugestões seriam a realização de torneios esportivos, criação e gestão de hortas comunitárias ou cooperativas de produtos ou serviços. Além do desenvolvimento de atividade de monitoria ou ajuda mútua entre os alunos, com alunos mais adiantados auxiliando os mais atrasados ou alunos de séries mais adiantadas, devidamente preparados para contribuir com seus colegas. O modelo da educação para a saúde. Através de estratégias que promova estilos de vida associados á boa saúde. Dessa forma pretende formar um cidadão consciente em relação aos riscos que esta exposto e com capacidade de escolher uma vida mais saudável. A discussão de temas gerais, como importância da água no planeta, poluição, trânsito, atividades de plantio ou aproveitamento de alimentos e cuidados com o corpo devem fazer parte da vida escolar dos alunos desde a educação infantil. O modelo de modificação das condições de ensino. Neste a preocupação incide na formação integral do jovem, a vivência escolar da pré-escola ao ensino médio vai ser fundamental para o desenvolvimento de um adolescente e adulto sadio. As iniciativas devem ser intensas e duradouras; as ações devem iniciar na pré-escola e abranger pais e a comunidade. Esse modelo tem seis orientações básicas, que podem ser aplicadas em conjunto: modificação das práticas de ensino; melhoria da relação professor-aluno; melhoria do ambiente escolar; incentivo ao desenvolvimento social; oferta de serviços de saúde; envolvimento dos pais em atividades curriculares. Outrossim, o desenvolvimento da autonomia e da capacidade de escolha dos adolescentes deve ser o foco principal do trabalho da escola. Esta deverá ser desenvolvida através da reflexão, desta forma contribuindo para uma visão crítica das situações e dos
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problemas por eles vivenciados. Assim, o trabalho de prevenção na escola não surge de uma necessidade localizada, não deseja reprimir os adolescentes, nem ensiná-los a “dizer não às drogas” ou fazer terrorismo sobre uma “tragédia iminente”. Também, não se refere ao acúmulo de mais uma tarefa no já sobrecarregado cotidiano do professor. A prevenção ao abuso de drogas é uma tarefa que faz parte da sua função educacional, fazendo parte do seu projeto pedagógico. Quando compartilhada pelos educadores, pode ser percebida num contexto de construção da responsabilidade social do grupo de alunos (OBID, 2010). Assim, a família, os amigos, a escola, a comunidade onde o sujeito se encontra inserido, dentre outros espaços que fazem parte do seu convívio social, que participam ativamente da construção de suas concepções de vida, precisam estar atualizada com as transformações que vão ocorrendo juntamente com as novas gerações, que trazem consigo, novas concepções e diferentes desafios que a escola deve esta preparada para enfrentar.

Metodologia

A fim de alcançar os objetivos propostos neste trabalho, foi adotada uma metodologia qualitativa, que vem sendo amplamente aplicado no estudo de fenômenos sociais, permitindo dessa forma a análise profunda do nosso campo de pesquisa que é o espaço escolar e seus sujeitos. O estudo qualitativo possui diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e decodificar os componentes de um sistema complexo (NEVES, 1996). Dessa forma, seus métodos e técnicas abrangem o tipo de estudo proposto neste trabalho, pois os nossos objetivos se entrecruzam no sentido de traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do mundo social. O objetivo principal do questionário era conhecer o contexto escolar, quanto a problemática drogas, as ações que são desenvolvidas pela instituição junto aos alunos na prevenção do uso de drogas e também verificar se a temática está presente no currículo da unidade escolar pesquisada obedecendo a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais para a Saúde (PCNs) de ser trabalhada como um tema transversal. A coleta de dados foi realizada no espaço escolar em horário de aula e que foram definido antecipadamente com a administração escolar. Esta foi realizada através de aplicação
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de um questionário com perguntas abertas com 3 professores e seus alunos do 3ª ano do Ensino Médio. A amostra dos alunos foi composta por 43 estudantes do terceiro ano noturno, que responderam questões com a finalidade de abranger um dos nossos objetivos específicos, que é o de identificar se os estudantes da unidade escolar pesquisada possuem informações consistentes sobre as drogas e as consequências geradas em decorrência do seu uso, bem como, a contribuição da escola para essa construção. A escolha da turma de 3º ano fundamenta-se pelo fato da maioria desses alunos já terem vivenciado o cotidiano escolar em diferentes séries, na mesma escola. Para análise dos dados utilizou-se materiais como artigos, revistas, jornais, sites buscando referencial nas palavras de outros autores para compreender melhor os resultados encontrados. Além disso, a análise foi realizada de forma discursiva, sendo realizada redução em significação do material textual (questionários), seguida da interpretação dos dados gerados. Para Moraes e Galiazzi (2006), a análise textual discursiva é descrita como uma ferramenta que possibilita a unitarização dos textos coletados na pesquisa, ou seja, permite que ele seja separado em unidades de significado. Estas unidades por si mesmas podem gerar outros conjuntos de unidades originados da interlocução empírica, da interlocução teórica e das interpretações feitas pelo pesquisador. Após a realização da unitarização dos questionários, fez-se a organização de significados semelhantes em um processo denominado de categorização. Neste processo, reuniram-se as unidades de significado semelhantes, gerando níveis de categorias de análise, que foram finalmente interpretadas tendo em vista o problema de pesquisa e o referencial adotado.

Resultados e Discussões

Em análise as respostas dos questionários que foram aplicados na escola com alunos e professores constatou-se que 100% dos professores que trabalham com as turmas estudadas e 100% dos alunos que estavam presentes no dia da aplicação dos questionários o responderam sem objeção. O questionário aplicado aos professores que trabalham com as turmas de 3º ano do Ensino Médio, que também responderam à pesquisa, possibilitou uma visão geral do contexto da escola quanto à temática trabalhada: drogas e prevenção. Foi verificado que 100% dos
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professores responderam que a escola pesquisada está localizada em bairro que apresenta problemas com drogas e que por isso acaba facilitando a presença das drogas no contexto escolar (Tabela1). Todos os professores pesquisados consideram também que é função da escola, assim como, da família e sociedade trabalhar essa temática com seus alunos. Além disso, enfatizaram a importância da orientação escolar quanto às consequências negativas trazidas pelo uso de drogas através da prevenção feita com os alunos. Outra afirmação relatada pelos professores foi de que muitos adolescentes consomem além de drogas ilícitas, bebidas alcoólicas e cigarros brancos. As atividades preventivas citadas pelos professores que já foram desenvolvidas na escola onde lecionam foram: palestras, oficinas, seminários e filmes. No entanto, apenas uma das professoras afirmou que já participou de um projeto de intervenção, com oficinas de prevenção e conversas informais sobre o tema. Segundo os PCN, é importante ressaltar que a prática preventiva dentro da escola deve envolver toda a comunidade escolar. Sendo um tema de caráter social deve perpassar todas as disciplinas (BRASIL, 1996). Tabela 1. De que forma as drogas estão presentes no contexto escolar. % Por meio de alunos que consomem (bebidas alcoólicas, cigarro e drogas ilícitas). Por meio de usuários de drogas que moram próximo a escola 66,7 33,3

Fonte: Pesquisa dos autores, 2010. Vale ressaltar, que atualmente todos têm acesso a informações provenientes de várias fontes, por exemplo, internet, televisão, jornais, revistas, rádios dentre outros, e apesar de algumas dessas combaterem o uso de drogas, muitas fazem o contrário, vendem a imagem de pessoas fazendo uso de drogas relacionando-as com situações agradáveis, o que pode vir a influenciar as pessoas a fazerem uso de tais produtos (NENO; ALENCAR, 2002). Em conversa com a professora B está implícito sua posição quanto ao tipo de informações e sua interferência, tanto nas escolhas dos alunos quanto na construção de suas concepções “Acredito que a mídia acaba influenciando os jovens a utilizarem algum tipo de droga. Os jovens gostam do desconhecido e do proibido, por isso tem que haver uma preocupação maior com o que é vinculado nos meios de comunicação.”
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Quando questionados sobre a melhor estratégia para o combate ao uso de drogas, os professores acreditam ser a prevenção, que deve ser realizada através de informações concisas sobre o assunto, conversas em família, acompanhamento dos jovens, e oferecimento de boas oportunidades para que os alunos não tenham tempo de se envolver com drogas. Em relação às respostas dos alunos das turmas de terceiro ano foi possível identificar a concepção de que as drogas são substâncias que trazem malefícios tanto para o usuário quanto para as pessoas que fazem parte da sua convivência. No entanto, as suas respostas não demonstram conhecimento sobre a ação dessas substâncias no organismo, pelo contrário, foi identificado um erro na resposta de um dos alunos, que citou a tuberculose como sendo uma doença provocada pelo uso de drogas. A tuberculose é uma doença provocada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, nesse caso, evidencia-se a necessidade de corrigir esse erro, sugiro que seja através do trabalho com a temática, “ação das drogas no organismo”, que ao mesmo tempo favorecerá um maior domínio desse tema entre os alunos que não demonstraram qualquer conhecimento sobre a ação das drogas no organismo. Em relação às consequências ocasionadas a quem faz uso de drogas, os resultados dos alunos foram 53,5% expressando consequências que afetam diretamente o usuário, como: alucinações, delírios, exclusão social, transmissão de doenças através do compartilhamento de seringas e morte. 41,7% responderam que delitos como: roubar e matar são consequências do uso de drogas, estando em conformidade com o trabalho de Oliveira e Nappo (2008), onde os entrevistados usuários de crack relataram a realização de inúmeras atividades ilícitas, como: prostituição, tráfico, roubos, sequestros, venda de pertences próprios e familiares e golpes financeiros de naturezas diversas e 4,7% dos entrevistados deram respostas fora do contexto para o que foi questionado (Tabela 2). abela 2-Consequências geradas para quem faz uso de drogas segundo dados obtidos com alunos de uma escola da rede pública de ensino do Município de Ilhéus-BA. % Dependência, doenças, exclusão social e morte Crimes como, roubar e matar Sem sentido 53,5 41,7 4,7

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Figura 1- Respostas dos alunos de uma escola da rede estadual de Ilhéus-BA, referente ao que sabem sobre drogas. Fonte: Pesquisa realizada em 2010.

1- Substâncias que destroem a vida da família e provoca a morte do usuário. 2- Substâncias prejudiciais a saúde e causam dependência. 3- Frases de efeito. 4- Levam o usuário a cometer delitos 5- Não responderam

Quanto ao questionamento sobre o que os alunos sabem sobre drogas: 41,9% responderam que são substâncias que destroem a vida dos familiares e leva o usuário à morte. O relato do aluno “Y” descreve bem essa situação: “Eu sei que as drogas mata e destrói famílias”. 39,5% responderam que são substâncias que prejudicam a saúde e causam dependência. Segundo o estudante “Z”: “São produtos nocivos a nossa saúde causa dependência e até mata”. 7% usaram frases de efeito para responder essa questão. Segundo estes alunos: “Drogas é um mundo sem volta”. 7%responderam que são substâncias que levam as pessoas a cometerem delitos como roubar e matar e 4,7% não responderam a
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pergunta (Figura 1 ). Existe uma postura que enfatiza a transmissão de informações baseadas no amedrontamento e apelo moral, com a finalidade de reduzir a demanda de usuários, estando presente em muitos meios de comunicação, com o slogan: “Diga não as drogas”. Este modelo não demonstra uma preocupação com as diversas formas de uso ou com a abordagem dos fatores facilitadores do abuso de psicotrópicos (MOREIRA et al, 2006). Nesse caso, o aluno reproduz uma frase que ouviu em algum lugar, não possibilitando identificar quais são as suas reais concepções sobre o que foi perguntado. Sabe-se, entretanto que são muitas as fontes de informações onde os alunos já ouviram falar sobre drogas, estas estão representadas no (Figura 2). Porém, os dados não demonstram diferença significativa entre as fontes de acesso nas quais os alunos já obtiveram informações sobre drogas. Cabe destacar a igualdade de respostas (86% alunos) entre as fontes: amigos, escola e jornal, onde os alunos declararam ter ouvido falar sobre drogas. Sendo pertinente enfatizar que baseado nas informações que o individuo recebe, ele vai construindo suas próprias concepções, sendo fundamental o envolvimento de fontes idôneas, como a escola, na construção dessas concepções. De acordo com Soibelman, (2003), muitas pesquisas sobre o uso de drogas, revelam que o primeiro contato ocorre na maioria das vezes na escola, destacando que um dos fatores que vem a influenciar o consumo é a falta de informação sobre o efeito das drogas. Esta constatação traz para a escola a responsabilidade de abordar o assunto em sala de aula, pois todo o público escolar está de alguma forma em contato com essa situação. É importante salienta a presença dos meios de comunicação na vida das pessoas como uma das maiores fontes influenciadoras. Estes meios de comunicação utilizam seu alto poder de persuasão para vender todo o tipo de produtos, dentre estes drogas como bebidas alcoólicas, cigarros, medicamentos dentre outros (NENO; ALENCAR, 2002). Uma forma de combater essa apelação oferecida pelos meios de comunicação é a informação, que traz para o sujeito a criticidade e o poder de escolha independente de apelo social.

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Figura 2. Fontes de dados, onde os alunos obtiveram informações sobre drogas. Fonte: Pesquisa realizada em 2010.

Durante o desenvolvimento do estudo foram sugeridos propostas para combater o uso de drogas, onde também foi solicitado aos alunos que selecionassem as melhores formas de combate ao uso de drogas, foi uma questão fechada onde os alunos poderiam marcar mais de uma opção (Tabela 3). Dentre as respostas obtidas, 16,3% alunos marcaram que é através da polícia a melhor forma de combate às drogas, para 60,5% alunos a melhor forma é a prevenção, 46,5% acreditam que é tratamento os dependentes químicos e 39% alunos crêem que é acabando com os traficantes a melhor forma de combater as drogas. A maioria dos alunos 60,5%, citaram a prevenção como a melhor forma de combate ao uso de drogas, esse dado demonstra o esclarecimento que os alunos têm sobre a importância da prevenção como a melhor forma de combater as drogas.

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Tabela 3- Respostas dos alunos referentes à questão: Qual a melhor forma de combater as drogas. % Prevenção Tratamento de dependentes Acabar com os traficantes Polícia 60,5 46,5 39,5 16,3

Fonte: Pesquisa realizada em 2010. Em relação ao ambiente escolar, como alvo de pesquisa foi perguntado sobre a presença de drogas no seu contexto, 60,5% dos alunos pesquisados acreditam que as drogas estão presentes no contexto escolar, outros 26%dizem que as drogas não estão presentes no contexto escolar e 13,9% deram respostas fora do contexto do que foi questionado. Para as respostas afirmativas à presença das drogas no contexto escolar, os estudantes relataram que isso ocorre por meio de alunos usuários ou mesmo por traficantes que usam a escola para vender drogas para os alunos. A fala de dois alunos comprova o que a maioria respondeu: “Eu sei que as drogas estão presentes na escola porque já vir aluno usar” aluno “X”. “Encontramos muitos viciados usando drogas no interior da escola” aluno “Y”. No Brasil, atualmente, pode-se observar uso de diferentes tipos de drogas, por jovens pertencentes a diferentes classes sociais. Entre jovens pobres, a presença marcante do tráfico acaba influenciando as suas escolhas. Especialmente, a ampliação do mercado de cocaína e crack que provocam uma forte compulsão para o uso, essas drogas levam o usuário a um caminho que, quase invariavelmente, termina com a perversa combinação de exclusão social, cadeia e morte violenta (ZALUAR, 1996, apud SOARES; JACOBI, 2000). A intrínseca relação entre juventude e drogas que se encontra presente nos dias atuais, nos faz pensar sobre esta problemática que está presente cotidianamente nos diversos espaços, que vai desde o familiar, passando pelas ruas e bairros, cidades e campos, atingindo de forma marcante o ambiente escolar e clínico, sem esquecer o espaço da mídia, chegando até as dependências de delegacias e presídios (SILVA et al, 2008). Tomando como alvo a juventude e sua ligação

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com a escola como espaço formador, se torna essencial o comprometimento desse espaço formal pela problemática vigente, que são as drogas. Segundo os alunos pesquisados, os eventos promovidos pela escola para falar sobre drogas são demonstrados no (Figura 3).

Figura 3. Eventos promovidos pela escola para falar sobre drogas. Fonte: Pesquisa realizada em 2010.

Bassol ( 2003 apud SILVA, 2008), relata que problemas relacionados ao uso de álcool, tabaco e outras substâncias que causam dependência são evidenciadas na escola freqüentemente, entretanto, a percepção desse consumo como um problema relevante só ocorreu após a década de 80, devido ao surgimento de levantamentos nacionais sobre o uso de substâncias psicoativas nas escolas das redes estaduais de ensino. O uso de cigarros por funcionários e alunos dentro da escola já se tornou uma situação comum, hoje temos relatos também do uso de drogas ilícitas nesse mesmo espaço, o que não devemos deixar também se torne comum, pois o que se torna comum se transforma em normal, e uma ação destruidora dentro de um espaço construtor como é o escolar nunca deve se tornar normal. Não é de se negar a presença das drogas no contexto escolar, esta tem sido abordado por diversos
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pesquisadores, segundo Silva et al. (2008), “(...) a drogadição invadiu o espaço educativo de forma tão contundente que vem assustando os professores, diretores e demais profissionais da educação, pois eles se vêem despreparados para agir diante dessa realidade”. Todos esses eventos relatados pelos alunos que já ocorreram na escola, palestras, seminários, aula, cartazes são de fundamental importância na prevenção as drogas. No entanto, estes não devem ser realizados esporadicamente, e ou como única forma de prevenção. A ação preventiva deve está intrínseca as ações curriculares da escola, de forma que envolva os alunos na busca pelo tipo de vida saudável, e essa construção só é possível dentro do espaço escolar com o envolvimento de todos (CARLINI-COTRIM, 1998). A concordância sobre a escola como espaço onde deve trabalhar a temática drogas ocorreu entre 90,7% dos alunos entrevistados, enquanto 9,3% disseram que não é função da escola essa tarefa. Para a maioria dos alunos, as informações provenientes da escola são mais uma forma de ajudá-los a não se envolver com drogas. Isso demonstra que os alunos vêem na escola um espaço onde deve acontecer a prevenção às drogas, sendo evidente na fala de alguns dos alunos também o porquê da importância da escola para falar sobre esse assunto. “......informar sobre os riscos que as drogas trazem”aluno “Z”.“ ajuda mais os adolescentes na prevenção”aluno “W”. “Porque na escola há muitas crianças e adolescentes, e é nessa faixa etária que muitos começam a usar” aluno “A” “Porque muitas vezes amigos e família não sabem dar informações corretas” aluno “B” “A escola é o ambiente onde aprendemos a sermos cidadãos inteligentes. Porém muitos professores não estão capacitados para instruir” aluno “Y”. De acordo com os resultados obtidos por meio desse estudo, vale ressaltar a importância da educação escolar como instrutora de pessoas para o convívio social. Ela (a escola) também pode exercer um papel transformador, quando exige das pessoas seus direitos e deveres, provocando mudança social e de autonomia individual face ao conhecimento, aos saberes transmitidos aos alunos na escola. Segundo Freire (1996) ensinar é ter certeza de que se faz parte de um processo inconcluso, portanto há sempre possibilidades de interferir na realidade a fim de modificá-la sendo, que ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando.

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Nesse contexto, o despertar de uma consciência crítica deve ser promovido na escola, esta significa capacidade de escolha, não apenas para submissão de valores e sentidos, mas para saber selecioná-los e recriá-los diante da situação existencial.

Considerações finais

A escola pesquisada está localização em um bairro que apresenta problemas com drogas, o que facilita a sua presença no contexto escolar. Considerando que a unidade escolar possui usuários tanto de drogas lícitas quanto ilícitas, segundo os pesquisados, é necessário um maior comprometimento da escola para essa temática com a participação de toda comunidade escolar. É evidente a falta de preparo da comunidade escolar diante da realidade das drogas no contexto escolar. Existe uma necessidade imediata de preparação de todo o corpo docente para um melhor desempenho diante do problema das drogas, a instrução é fundamental para saber trabalhar com essa temática tão delicada. De acordo com Soibelman, (2003), muitas pesquisas sobre o uso de drogas, revelam que o primeiro contato ocorre na maioria das vezes na escola, destacando que um dos fatores que vem a influenciar o consumo é a falta de informação sobre o efeito das drogas. Esta constatação traz para a escola a responsabilidade de abordar o assunto em sala de aula, pois todo o público escolar está de alguma forma em contato com essa situação. A maioria dos entrevistados acredita que a escola deve participar do combate as drogas, sendo a prevenção a melhor forma para isso. No entanto, são pontuais as ações desenvolvidas dentro da escola para enfrentamento dessa problemática e pouco efetiva sua ação na construção das concepções dos alunos sobre drogas. Faz-senecessário, elaborar estratégias educacionais visando permitir a interação e reflexão dos educandos. Sendo assim, as estratégias dos programas de prevenção devem abordar a integralidade pessoal e social do adolescente. Para isso, propomos o modelo da prática efetiva da diminuição dos riscos no espaço escolar de acordo com Cotrim e Pinsky (1989), abordada neste trabalho com o título, Estratégias de prevenção ao uso de drogas. Os alunos demonstraram ter uma visão enfática sobre os malefícios que o uso de drogas traz. Porém, essas concepções refletiram serem fundamentadas em conhecimento empírico, pouco elaborado, e muitas vezes reprodutor de frases prontas provenientes da mídia.
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Isso devido às diversas fontes de informações aos quais eles têm acesso sobre o tema. È evidente a importância do conhecimento de mundo que os alunos trazem consigo, mas esses devem ser complementados ou mesmo corrigidos com uma base científica, e não existe melhor local que o escolar mediado pelo professor para a construção do conhecimento. sugiro que seja através do trabalho com a temática, “ação das drogas no organismo”, que ao mesmo tempo favorecerá um maior domínio desse tema entre os alunos que não demonstraram qualquer conhecimento sobre a ação das drogas no organismo e aqueles que expressaram erro de conceito sobre o tema. Assim, a família, os amigos, a escola, a comunidade onde o sujeito se encontra inserido, dentre outros espaços que fazem parte do seu convívio social, que participam ativamente da construção de suas concepções de vida, precisam estar atualizada com as transformações que vão ocorrendo juntamente com as novas gerações, que trazem consigo, novas concepções e diferentes desafios que a escola deve esta preparada para enfrentar.

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