Bond, James Bond

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Bond, James Bond
Ensaio Nº1 Alão Barbosa :: Nº4435 :: ESEVC :: GAC_1ºANO_HAV

“It’s the women, the gadgets, the sex, the romance, the fantasy world, the ultimate hero” Pierce Brosnan, on why the world loves James Bond (Scivally & Cork, James Bond The Legacy, 2002) 1. O NY Daily News publicou (14/11/2008) uma notícia (após as eleições americanas e a três anos da estreia do novo filme de James Bond, o 23º) em que informava o interesse do actor negro Idris Elba (Rocknrolla e Obsessed) interpretar a personagem de James Bond. Questionado sobre a vontade de querer ser o primeiro James Bond negro, terá respondido que as hipóteses seriam remotas embora tivesse todos os requisitos para sê-lo: o gosto pelas viagens, a facilidade de conviver com mulheres bonitas e a predisposição para beber uns copos. Para além disso, é inglês. Daniel Craig, actual detentor da Persona, afirmou que depois da vitória de Barack Obama para presidente dos EUA, poderia ter chegado o momento certo para um James Bond negro. De repente, os fans globais de Bond, James Bond, entraram num frenesim apoteótico ao ponto de abrirem uma fractura, no até então sólido bloco de apoio incondicional ao herói de Sua Majestade. Por um lado, uma multidão alva que afirma, que o que sempre foi é que é bom, que a cor da pele de Bond é património universal, que o genoma virtual de Connery, Moore, Craig e todos os outros James Peter Pan Bond, assim o impõe. E mais: se os requisitos para ser tal personagem eram apenas viajar por aí, curtir umas miúdas e beber uns copos, Rod Stewart também poderia ser o JB 2011; e Santana Lopes, se naturalizado inglês, diria eu. E mais: Idris Elba nunca se poderia chamar James Bond mas, talvez, enfim, Cazumba Mamadou. Imediatamente a multidão black 007, e por causa das coisas, disponibilizou um vasto elenco de possíveis black Bonds: Will Smith, Jamie Foxx, Denzel Washington, Samuel Jackson e o próprio Barack Obama. Esta discussão corre ainda nos blogs e fóruns da Web, visto que ainda não é certo que Daniel Craig complete a trilogia que acordou, uma vez que a crise
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económica e financeira americana obrigou a baixar em um terço a produção cinematográfica prevista para os próximos anos, de 600 para 400 filmes (Revista Premiere, II série, nº 14, Novembro 2009), o que obrigará a redefinir estratégias de mercado a fim de redimensionar os públicos alvos. 2. Tudo isto vem a propósito do facto de que desde menino, eu fazer parte dessa claque global de fans dos filmes 007 (qualquer que seja o JB), obrigando-me a reflectir sobre o que me faz correr. Um filme de James Bond traz sempre um poster. Normalmente, um poster tem como objectivo a promoção comercial, neste caso, do produto cinematográfico. Quando observo um poster de JB presencio sempre algumas características típicas: mulheres hiper sensuais, forte carga masculina, JB rodeado de belíssimas mulheres e armas. Quando observo esses posters, imagino sempre como seria a criação tão perfeita destas imagens de forma a torná-lo tão espectacular quanto o filme. No poster existe sempre a preocupação de mostrar o corpo lindíssimo da mulher, passando sempre aquelas pequenas mensagens de erotismo, o corpo feminino de biquíni ou com uma simples peça de roupa. Em 1981, no poster “For your eyes only”, o enquadramento do JB, visto entre as pernas de uma mulher, isto sim, é uma mensagem de acordo com o título: a tentação vs JB, o erótico vs o herói. Sabemos que o filme é de total e absoluto domínio masculino. É claro que, se não aparecesse nenhuma mulher, deveriam então aparecer aeronaves, foguetões, estações espaciais, aviões, tecnologia ainda não encontrada, explosões… tudo aquilo que se espera de um JB. Mas, um JB rodeado de belíssimas mulheres é muito mais atraente do que um ligado a uma imagem de guerra. Temos de ser realistas! O nosso herói está presente para lutar contra o mal, salvar o mundo! Ora, o mundo não se consegue salvar sem algumas destruições. Contudo, um JB servido com mulheres é muito mais agradável. O que me leva a pensar novamente na arma, sempre presente. Culturalmente a arma é um símbolo de poder. Quando vemos a belíssima mulher de arma em punho, vem-nos à ideia
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uma grande mensagem. Isto é, um elemento tão masculino num corpo dócil e frágil, só pode significar uma coisa, o nosso JB também será seduzido e dominado. Esta estratégia mostra que afinal, o JB também pode ser a imagem masculina ideal para cumprir a fantasia das mulheres. 3. Na minha inocência de consumidor de JB de 35 anos, sempre pensei que o herói que não tem idade, que perdeu o chapéu em 1973 e não notei, que muda de carro conforme a paisagem e se transforma no meu mais completo guia de viagens, sempre com a mesma mulher (ou mulher com a mesma beleza?) que se transforma de mulher fatal numa dona de casa melhor que a minha avó enquanto James Bond lhe esfrega um olho, enfim, sempre pensei que Bond era um flash-back a que recorro por deleite. Mas não: para os meus colegas fans americanos é um estudo de caso que recorre aos mais recentes estudos sociais sobre conflitos étnicos e desconstrução do simbólico para de novo reestruturar o imaginário dos gringos, talvez já um todo nada andróides, cada vez mais distantes do romantismo lusitano que personifico. Sinceramente, espero que Barack Obama não aceite protagonizar Bond23 por várias razões: a) para que a CNN não se torne no pior filme de JB de todos tempos b) para que JB não tenha de andar com 120 guarda-costas ao longo do filme c) Para que Barack Obama, depois de fazer a reforma da saúde, possa ir ver James Bond 2011 com a mesma inocência que me assiste. Bibliografia Hinckley, D. (13 de Novembro de 2008). Fans wonder if they can 'Bond' with black 007. Obtido de NY Daily News: http://www.nydailynews.com/entertainment/movies/2008/11/14/2008-1114_fans_wonder_if_they_can_bond_with_black_-1.html Scivally, B., & Cork, J. (2002). James Bond The Legacy. London: Pan Macmillan Ltd. Revista Premiere, II série, nº 14, Novembro 2009
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