Ga

Published on June 2016 | Categories: Documents | Downloads: 78 | Comments: 0 | Views: 286
of 19
Download PDF   Embed   Report

Comments

Content

Psychological Bulletin
1994, Vol. 115, No. 1, 4–18

Copyright 1994 by the American Psychological
Association, Inc
0033-2909/84/$3.00

Psi Existe? A Evidência Replicável para um Processo Anômalo de
Transferência de Informação
Daryl J. Bem e Charles Honorton*
A maioria dos psicólogos acadêmicos ainda não aceita a existência de psi, processos anômalos de
informação ou transferência de energia (tal como telepatia ou outras formas de percepção
extrassensorial) que não são atualmente explicados em termos de mecanismos físicos ou biológicos
conhecidos. Acreditamos que os índices de replicação e os tamanhos dos efeitos alcançados por um
método experimental particular, o procedimento ganzfeld, são agora suficientes para chamar este corpo
de dados à atenção de uma maior comunidade psicológica. As meta-análises rivais da base de dados
ganzfeld são revisadas, uma por R. Hyman (1985), um cético crítico da pesquisa psi, e a outra por C.
Honorton (1985), um parapsicólogo e um importante contribuinte à base de dados ganzfeld. A seguir, os
resultados de 11 novos estudos ganzfeld submetidos a diretrizes escritas em conjunto por R. Hyman e C.
Honorton (1986) são resumidos. Finalmente, questões de replicação e de explicações teóricas são
discutidas.
O termo psi denota processos anômalos de informação ou de transferência de energia, processos tais como
telepatia ou outras formas de percepção extrassensorial que não são atualmente explicados em termos de mecanismos
físicos ou biológicos conhecidos. O termo é puramente descritivo: não implica que tais fenômenos anômalos sejam
paranormais nem diz algo sobre seus mecanismos subjacentes.
Psi existe? A maioria dos psicólogos acadêmicos acha que não. Uma pesquisa de mais de 1.100 professores
universitários nos Estados Unidos revelou que 55% dos cientistas naturais, 66% dos cientistas sociais (excluindo-se os
psicólogos), e 77% dos acadêmicos em artes, humanidades, e educação acreditam que PES ou é um fato estabelecido
ou uma possibilidade provável. Em comparação, para os psicólogos, esse dado era de apenas 34%. Além disso, um
número idêntico de psicólogos declarou PES ser uma impossibilidade, uma opinião expressa por apenas 2% de todos
os outros respondentes (Wagner & Monnet, 1979).
É provável que nós, psicólogos, sejamos mais céticos sobre psi por várias razões. Primeiro porque acreditamos
que alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias. E embora os nossos colegas de outras disciplinas
provavelmente concordassem com esta máxima, nós estamos mais familiarizados com os requisitos metodológicos e
estatísticos que serviriam para dar base a tais alegações, bem como com as alegações anteriores que fracassaram ou
em atender a esses requisitos ou a sobreviver ao teste da replicação bem sucedida. Mesmo para alegações costumeiras,
nossos critérios estatísticos convencionais são conservadores. O limiar sagrado p = .05 é um lembrete constante que é
muito mais pecaminoso afirmar que um efeito existe quando ele na verdade não existe (o erro Tipo I) do que afirmar
que um efeito não existe quando na verdade existe (o erro Tipo II).
Em segundo lugar, a maioria de nós distingue bem entre os fenômenos cujas explicações são apenas pouco claras
ou controversas (p. ex., hipnose) e fenômenos tais como psi que parecem estar completamente fora da nossa estrutura
explanatória atual. (Alguns diriam que essa é a diferença entre o não explicado e o inexplicável). Em contraste, muitos
leigos tratam todos os fenômenos psicológicos exóticos como equivalentes epistemologicamente; muitos até
consideram o déjà vu ser um fenômeno psíquico. A falta de clareza desta distinção crítica recebe ajuda e auxílio da
** Daryl J. Bem, Departamento de Psicologia, Universidade de Cornell; Charles Honorton, Departamento de Psicologia,
Universidade de Edimburgo, Edimburgo, Escócia.Infelizmente, Charles Honorton morreu de um ataque do coração em
04/11/1992, nove dias antes de este artigo ser aceito para publicação. Ele tinha 46 anos. A parapsicologia perdeu um dos
seus mais valorosos contribuintes. Eu perdi um amigo inestimável.
Esta colaboração tem suas origens em uma visita de 1983 que fiz aos Laboratórios de Pesquisas Psicofísicas (PRL) em
Princeton, Nova Jersey, como um de muitos consultores externos trazidos para avaliar o desenho e a implementação dos
protocolos experimentais.
A preparação deste artigo foi apoiada, em parte, pelos fundos concedidos a Charles Honorton da American Society for
Psychical Research e da Parapsychology Foundation, ambas da Cidade de Nova Iorque. O trabalho no PRL resumido na
segunda parte deste artigo teve apoio da James S. McDonnell Foundation em St. Louis, Missouri, e pela John. E. Fetzer
Foundation de Kalamazoo, Michigan.
Recebemos comentários úteis em versões anteriores deste artigo de Deborah Delanoy, Edwin May, Donald McCarthy,
Robert Morris, John Palmer, Robert Rosenthal, Lee Ross, Jessica Utts, Philip Zimbardo, e dois revisores anônimos.
A correspondência referente a este artigo deve ser enviada a Daryl J. Bem, Departamento de Psicologia Uris Hall,
Universidade de Cornell, Ithaca, Nova Iorque 14853. Pode-se enviar um correio eletrônico para [email protected].

mídia, de livros da “nova era” e de cursos de poderes mentais, e de artistas “psíquicos” que apresentam tanto a
hipnose genuína como a falsa “leitura da mente” no curso de uma única apresentação. Assim, a maioria dos leigos
teria que revisar o seu modelo conceitual da realidade de forma tão radical da mesma forma que nós faríamos para
assimilar a existência de psi. Para nós, psi é simplesmente mais extraordinária.
Por último, a pesquisa em psicologia social e cognitiva nos deixou sensíveis aos erros e vieses que contaminam
as tentativas intuitivas de extrair inferências válidas dos dados da experiência cotidiana (Gilovich, 1991; Nisbett &
Ross, 1980; Tversky & Kahneman, 1971). Isso nos leva a virtualmente não dar nenhum peso probatório a relatos
anedóticos ou jornalísticos de psi, a principal fonte citada pelos nossos colegas acadêmicos como evidência para as
suas crenças sobre psi (Wagner & Monnet, 1979).
Entretanto, ironicamente, os psicólogos provavelmente não estão mais familiarizados do que outros com a
recente pesquisa experimental sobre psi. Assim como a maior parte da pesquisa psicológica, a pesquisa
parapsicológica é divulgada principalmente em jornais especializados; diferentemente da pesquisa psicológica, no
entanto, a pesquisa parapsicológica contemporânea não é normalmente revisada nem resumida nos textos, manuais, ou
jornais de psicologia da corrente principal. Por exemplo, só um de 64 manuais introdutórios de psicologia
recentemente pesquisados apenas menciona o procedimento experimental revisado neste artigo, um procedimento que
é de uso comum desde o início dos 1970s (Roig, Icochea, & Cuzzucoli, 1991). Outras fontes secundárias para não
especialistas estão frequentemente incorretas em suas descrições da pesquisa parapsicológica. (Para discussões sobre
esse problema, ver Child, 1985; e Palmer, Honorton, & Utts, 1989).
Essa situação pode estar mudando. Recentemente surgiram discussões sobre a pesquisa atual de psi em um
manual introdutório bastante utilizado (Atkinson, Atkinson, Smith, & Bem, 1990, 1993), em dois jornais da corrente
principal da psicologia (Child, 1985; Rao & Palmer, 1987), e em um livro acadêmico mas acessível a leigos
(Broughton, 1991). O propósito deste artigo é complementar estes tratamentos mais amplos com uma apresentação
meta-analítica mais detalhada da evidência fornecida de um único método experimental: o procedimento ganzfeld.
Acreditamos que os índices de replicação e os tamanhos dos efeitos alcançados com este procedimento são agora
suficientes de forma a garantir que este corpo de dados chame a atenção da comunidade psicológica mais ampla.
O Procedimento Ganzfeld
Nos anos 1960s, vários parapsicólogos ficaram insatisfeitos com os métodos usuais de testar PES desbravados
por J. B. Rhine na Universidade de Duque na década de 1930. Em particular, eles acreditavam que o repetitivo
procedimento de escolha forçada em que um sujeito tenta várias vezes selecionar o símbolo correto do “alvo” de uma
série de alternativas fixas não conseguia capturar as circunstâncias que caracterizavam os exemplos informados de psi
na vida cotidiana.
Historicamente, psi esteve frequentemente associado com meditação, hipnose, sonhos, e outros estados alterados
de consciência ocorrendo naturalmente ou deliberadamente induzidos. Por exemplo, a visão de que os fenômenos psi
podem ocorrer durante a meditação é expressa na maioria dos textos clássicos sobre técnicas meditativas; a crença de
que a hipnose é um estado condutor de psi vem desde o início do mesmerismo (Dingwall, 1968); e pesquisas
interculturais indicam que a maior parte das experiências psi informadas da “vida real” são mediadas por sonhos
(Green, 1960; Prasad & Stevenson, 1968; L. E. Rhine, 1962; Sannwald, 1959).
Existem agora relatórios de evidência experimental coerentes com estas observações anedóticas. Por exemplo,
vários investigadores laboratoriais informaram que a meditação facilita o desempenho de psi (Honorton, 1977). Uma
meta-análise de 25 experiências sobre hipnose e psi conduzidas entre 1945 e 1981 em 10 laboratórios diferentes
sugere que a indução hipnótica também pode facilitar o desempenho de psi (Schechter, 1984). E psi mediada por
sonhos foi informada numa série de experiências conduzidas no Centro Médico de Maimonides em Nova Iorque e
publicadas entre 1966 e 1972 (Child, 1985; Ullman, Krippner, & Vaughan, 1973).
No estudo de sonhos em Maimonides, dois sujeitos — um “receptor” e um “emissor” — passaram a noite em um
laboratório do sono. As ondas cerebrais do receptor e os movimentos dos olhos foram controlados enquanto ele
dormia num lugar isolado. Quando o receptor entrou em um período de sono REM, o experimentador pressionou um
interfone que sinalizou o emissor — sob a supervisão de um segundo experimentador — de estar em um período de
emissão. O emissor então se concentrava numa imagem escolhida aleatoriamente (o “alvo”) com o objetivo de
influenciar o conteúdo do sonho do receptor.
Perto do fim do período REM, acordava-se o receptor, que descreveria qualquer sonho que tivesse acabado de
vivenciar. Este procedimento era repetido pela noite inteira com o mesmo alvo. Uma transcrição do relato do sonho do
receptor era entregue a árbitros externos para que de forma cega avaliassem a semelhança dos sonhos noturnos com
várias imagens, incluindo o alvo. Em alguns estudos, as ordenações de similaridade também foram obtidas dos
próprios receptores. Por meio de muitas variações de procedimento, os sonhos foram considerados significativamente
mais semelhantes à imagem do alvo do que às imagens de controle na série de julgamentos (os fracassos para replicar
os resultados de Maimonides também foram revisados por Child, 1985).
Estas várias linhas de evidência sugeriram um modelo admissível de psi em que informação mediada por psi é
imaginada como um sinal fraco que está normalmente mascarado por um “ruído” sensorial somático interno e externo.

Reduzindo-se a entrada sensorial normal, espera-se que esses diversos estados condutores de psi elevem o sinal em
relação ao ruído, aumentando assim a capacidade de uma pessoa em detectar a informação mediada por psi
(Honorton, 1969, 1977). Para testar a hipótese que uma redução da entrada sensorial em si facilita a atuação de psi, os
investigadores se voltaram para o procedimento ganzfeld (Braud, Wood, & Braud, 1975; Honorton & Harper, 1974;
Parker, 1975), um procedimento originalmente introduzido na psicologia experimental durante a década de 1930 para
testar as propostas derivadas da teoria da gestalt (Avant, 1965; Metzger, 1930).
Como os estudos sobre sonhos, o procedimento ganzfeld em psi tem sido frequentemente usado para testar a
comunicação telepática entre um emissor e um receptor. O receptor é colocado em uma cadeira inclinada em um lugar
isolado acusticamente. Semi-esferas de pingue-pongue translúcidas são colocadas nos olhos e fones de ouvido são
colocados nas orelhas; um raio luminoso vermelho direcionado aos olhos produz um campo visual não diferenciado e
um ruído branco tocado pelos fones de ouvido produz um campo auditivo análogo. É este ambiente perceptivo
homogêneo que é chamado Ganzfeld (“campo total”). Para reduzir o “ruído” interno somático o receptor geralmente
também passa por uma série de exercícios progressivos de relaxamento no começo do período ganzfeld.
O emissor é levado para um local isolado acusticamente, e um estímulo visual (uma impressão, fotografia, ou
breves sequencias de videotape) é selecionado aleatoriamente de um grande grupo de estímulos para servir como alvo
para a sessão. Enquanto o emissor se concentra no alvo, o receptor fornece um relatório verbal contínuo durante as
suas imaginações e a mentalização, normalmente por aproximadamente 30 minutos. Na conclusão do período
ganzfeld, apresenta-se ao receptor vários estímulos (normalmente quatro) e, sem saber qual estímulo era o alvo, pedese a ele que avalie o grau de cada combinação entre as imagens e a mentalização experimentadas durante o período
ganzfeld. Se o receptor designa o grau mais alto ao estímulo do alvo, é marcado como um “acerto”. Assim, se o
experimentador usar séries contendo quatro estímulos (o alvo e as três iscas ou estímulos de controle), o índice de
acerto esperado pelo acaso é de .25. As avaliações também podem ser analisadas por outros meios; por exemplo, elas
podem ser convertidas em ranques ou escores uniformizados dentro de cada série e analisados parametricamente
através das sessões. E, como com os estudos com sonhos, as ordenações de similaridade também podem ser feitas por
juízes externos usando cópias do relatório da mentalização do receptor.
As Meta-Análises da Base de Dados Ganzfeld
Em 1985 e 1986, o Journal of Parapsychology dedicou duas edições inteiras a um exame crítico da base de
dados ganzfeld. A edição de 1985 abrangeu duas contribuições: (a) uma meta-análise e a crítica de Ray Hyman
(1985), um psicólogo cognitivo e cético crítico da pesquisa parapsicológica, e (b) uma meta-análise rival e a réplica de
Charles Honorton (1985), um parapsicólogo e um valoroso contribuinte para a base de dados ganzfeld. A edição de
1986 continha quatro comentários sobre a troca Hyman-Honorton, um comunicado em conjunto por Hyman e
Honorton, e seis comentários adicionais no próprio comunicado em conjunto. Aqui resumimos as questões e as
conclusões principais.
Índices de Replicação
Índices por estudo. A meta-análise de Hyman cobriu 42 estudos psi-ganzfeld informados em 34 relatórios
separados escritos ou publicados entre 1974 e 1981. Um dos primeiros problemas que ele encontrou na base de dados
foi a análise múltipla. Como dito anteriormente, é possível calcular vários índices do desempenho de psi numa
experiência ganzfeld e, além disso, submeter esses índices a vários tipos de tratamentos estatísticos. Muitos
investigadores informaram índices múltiplos ou aplicaram múltiplos testes estatísticos sem ajustar o nível de
significância do critério para o número de testes conduzidos. Pior, alguém poderia ter “vasculhado” por entre as
alternativas até achar uma que concedesse um resultado significativamente bem sucedido. Honorton concordou que
isto era um problema.
Assim, Honorton aplicou um teste uniforme sobre um índice comum em todos os estudos em que os dados
pertinentes podiam ser extraídos, sem levar em conta a forma com que os investigadores tinham analisado os dados
nos relatórios originais. Ele selecionou a proporção de acertos como o índice comum porque ela podia ser calculada
para o maior subconjunto de estudos: 28 dos 42 estudos. A taxa de acerto também é um índice conservador porque
descarta a maior parte das informações sobre a ordenação; um segundo lugar na ordenação — um “quase-acerto” —
não recebe nenhum crédito a mais que o último lugar da classificação. Honorton então calculou a probabilidade
binomial exata e o seu escore z associado para cada estudo.
Dos 28 estudos, 23 (82%) tiveram escores z positivos (p = 4.6  10–4, teste binomial exato com p = q = .5). Doze
dos estudos (43%) tiveram escores z que eram independentemente significativos ao nível de 5% (p = 3.5  10–9, teste
binominal com 28 estudos, p = .05, e q = .95) , e 7 dos estudos (25%) eram independentemente significantes ao nível
de 1% (p = 9.8  10–9). O escore composto do z de Stouffer nos 28 estudos foi 6.60 (p = 2.1  10–11).1 Uma estimativa

1 O z de Stouffer é calculado dividindo-se a soma dos escores z para os estudos individuais pela raiz
quadrada do número de estudos (Rosenthal, 1978).

mais conservadora da significância pode ser obtida ao se incluir 10 estudos adicionais que também usaram o
procedimento de julgamento relevante mas não informaram as taxas de acerto. Se a estes estudos for designado um
escore z médio de zero, o z de Stouffer em todos os 38 estudos é de 5.67 (p = 7.3  10–9).
Assim, se alguém considerar só os estudos para os quais a informação relevante está disponível ou incluir uma
estimativa nula para os estudos adicionais em que a informação não está disponível, os resultados agregados não
podem, de uma forma razoável, ser atribuídos ao acaso. E, pelo design, o resultado acumulado informado aqui não
pode ser atribuído à inflação dos níveis de significância pelas análises múltiplas.
Índices por laboratórios. Uma objeção a estimativas tais como essas acima descritas é que os estudos de um
laboratório comum não são independentes um do outro (Parker, 1978). Assim, é possível que um ou dois
investigadores sejam desproporcionalmente responsáveis por uma alta taxa de replicação, ao passo que outros
investigadores independentes são incapazes de obter o efeito.
A base de dados ganzfeld é vulnerável a esta possibilidade. Os 28 estudos que forneceram a informação referente
à taxa de acerto foram conduzidos por investigadores em 10 laboratórios diferentes. Um laboratório contribuiu com 9
dos estudos, o próprio laboratório de Honorton contribuiu com 5, 2 outros laboratórios contribuíram com 3 cada, 2
contribuíram com 2 cada, e os restantes 4 laboratórios cada um contribuiu com 1. Assim, metade dos estudos foram
conduzidas por apenas 2 laboratórios, 1 deles o do próprio Honorton.
Sendo assim, Honorton calculou um escore z de Stouffer separado para cada laboratório. Resultados
significativamente positivos foram informados por 6 dos 10 laboratórios, e o escore z combinado dos laboratórios foi
de 6.16 (p = 3.6  10–10). Ainda que todos os estudos conduzidos pelos 2 laboratórios mais prolíficos sejam
descartados da análise, o z de Stouffer dos 8 outros laboratórios permanece significativo (z = 3.67, p = 1.2  10–4).
Quatro destes estudos são significativos ao nível de 1% (p = 9.2  10–6, teste binomial com 14 estudos, p = .01, e q = .
99), e cada um recebeu contribuições de um laboratório diferente. Assim, mesmo que o número total de laboratórios
nesta base de dados seja pequeno, a maioria deles informou estudos significativos, e a significância do efeito total não
depende de somente um ou dois deles.
Relatório Seletivo
Em anos recentes, os cientistas do comportamento ficaram mais cientes do problema do “efeito-gaveta”: a
probabilidade de que os estudos bem sucedidos tenham maiores chances de serem publicados do que os estudos mal
sucedidos, que são mais prováveis serem relegados às gavetas de arquivo dos seus decepcionados investigadores
(Bozarth & Roberts, 1972; Sterling, 1959). Os parapsicólogos estavam entre os primeiros a se sensibilizar quanto ao
problema; e, em 1975, o Conselho da Associação Parapsicológica adotou uma apólice se opondo ao relatório seletivo
de resultados positivos. Em conseqüência, os resultados negativos têm sido freqüentemente informados nos encontros
da associação e em suas publicações afiliadas por quase duas décadas. Como já foi mostrado, mais da metade dos
estudos ganzfeld incluiu na meta-análise resultados cuja significância não alcança o nível convencional de .05.
Uma variante do problema do relatório seletivo surge do que Hyman (1985) cunhou “estudo retrospectivo”. Um
investigador conduz uma pequena série de ensaios exploratórios. Se eles alcançarem resultados nulos, eles
permanecem exploratórios e nunca viram parte do registro oficial; se alcançarem resultados positivos, eles são
definidos como um estudo depois do fato e são submetidos para publicação. Em favor desta possibilidade, Hyman
observou que há estudos mais significativos na base de dados com menos de 20 experimentos do que se esperaria sob
a suposição de que, todas as outras coisas sendo iguais, o poder estatístico deveria aumentar com a raiz quadrada do
tamanho da amostra. Embora Honorton questionasse a suposição de “todas as outras coisas” serem de fato iguais nos
estudos e discordasse da análise estatística particular de Hyman, ele concordou que há um aparente aglomerado de
estudos significativos com menos de 20 experimentos. (Da base de dados ganzfeld completa de 42 estudos, 8
envolveram menos de 20 experimentos, e 6 desses estudos informaram resultados estatisticamente significativos).
Como é impossível, por definição, saber quantos estudos desconhecidos — exploratórios ou de outro tipo —
estão mofando nas gavetas de arquivo, a principal ferramenta para calcular a seriedade do problema de relatórios
seletivos virou uma variante da estatística do efeito gaveta de Rosenthal, uma estimativa de quantos estudos não
relatados com escores z de zero seriam exigidos exatamente para anular a significância da base de dados conhecida
(Rosenthal, 1979). Apenas para os 28 estudos ganzfeld de acerto direto, esta estimativa é de 423 estudos fugitivos,
uma relação de estudos não relatados para relatados de aproximadamente 15:1. Quando se lembra de que uma única
sessão ganzfeld leva uma hora para ser feita, não surpreende que — apesar do seu interesse com o problema do estudo
retrospectivo — Hyman tenha concordado com Honorton e com outros participantes no debate publicado que
problemas de relatórios seletivos não podem explicar de forma plausível a importância estatística total da base de
dados ganzfeld que envolve psi (Hyman & Honorton, 1986).2

2 Uma pesquisa por parapsicólogos em 1980 descobriu apenas 19 estudos ganzfeld completados mas
não relatados. Sete deles tinham alcançado resultados significativamente positivos, uma proporção
(.37) muito similar à proporção de estudos independentemente significantes na meta-análise (.43)
(Blackmore, 1980).

Falhas Metodológicas
Se a crítica mais frequente da parapsicologia é a de que ela não produziu um efeito de psi replicável, a segunda
crítica mais frequente é que muitas, se não a maioria, das experiências de psi têm controles e garantias processuais
inadequados. Uma acusação frequente é que os resultados positivos emergem principalmente de estudos iniciais
pobremente controlados e então desaparecem quando controles e garantias melhores são introduzidos.
Felizmente, a meta-análise fornece um veículo para empiricamente avaliar a extensão em que os defeitos
metodológicos podem ter contribuído para criar um artefato de resultados positivos através de uma série de estudos.
Primeiro, são dadas classificações a cada estudo que indexe o grau em que defeitos metodológicos particulares estão
ou não presentes; estas avaliações então são correlacionadas aos resultados dos estudos. Correlações positivas grandes
são uma evidência de que o efeito observado pode ser devido a um artefato.
Na pesquisa psi, os defeitos mais fatais são aqueles que talvez permitam a um sujeito obter a informação sobre o
alvo de um modo sensorial normal, seja inadvertidamente ou por fraude deliberada. Esse é chamado o problema de
vazamento sensorial. Outro defeito potencialmente sério é a aleatorização inadequada da seleção do alvo.
Vazamento sensorial. Como o ganzfeld é em si um procedimento de isolamento perceptivo, percorre-se um longo
caminho para se eliminar o potencial vazamento sensorial durante a porção ganzfeld da sessão. Há, no entanto,
potenciais canais de vazamento sensorial depois do período ganzfeld. Por exemplo, se o experimentador que interage
com o receptor souber a identidade do alvo, ele ou ela podem induzir as ordenações de similaridade do receptor em
favor da identificação correta. Somente um estudo na base de dados continha este defeito, um estudo em que os
sujeitos na verdade tiveram um desempenho levemente abaixo do esperado pelo acaso. Segundo, se a série de
estímulos dados ao receptor para julgar contiver o alvo físico real manipulado pelo emissor durante o período da
emissão, pode haver pistas (p.ex., impressões digitais, borrões, ou diferenças de temperatura) que diferenciem o alvo
das iscas. Mais ainda, o próprio processo de transferir os materiais de estímulo ao local do receptor abre outros
potenciais canais de vazamento sensorial. Embora os estudos contemporâneos de ganzfeld eliminem ambas estas
possibilidades ao usar séries duplicadas dos estímulos, alguns estudos anteriores não faziam isso.
As análises independentes por Hyman e Honorton concordaram que não havia nenhuma correlação entre
problemas de segurança contra vazamento sensorial e o resultado do estudo. Honorton ainda disse que se os estudos
que falharam em usar séries duplicadas dos estímulos fossem descartados da análise, os estudos restantes ainda seriam
altamente significativos (z de Stouffer = 4.35, p = 6,8  10–6).
Randomização. Em muitos experimentos psi, a questão da randomização do alvo é crítica, pois padrões
sistemáticos em sequencias de alvos inadequadamente randomizados poderiam ser detectados pelos sujeitos durante
uma sessão ou talvez corresponder aos vieses de resposta pré-existentes nos indivíduos. Num estudo ganzfeld, no
entanto, a randomização é uma questão muito menos crítica porque só um alvo é selecionado durante a sessão e a
maioria dos sujeitos participa em apenas uma sessão. O interesse primário é simplesmente que todos os estímulos
dentro de cada série de experimentos sejam mostrados uniformemente no curso do estudo. Considerações semelhantes
regem a segunda randomização, que acontece depois do período ganzfeld e determina a sequencia em que o alvo e as
iscas são apresentados ao receptor (ou juiz externo) para julgamento.
Apesar disso, Hyman e Honorton discordaram sobre os resultados aqui. Hyman alegou que havia uma correlação
entre as falhas de randomização e os resultados dos estudos; Honorton alegou que não havia. As origens desse
impasse estavam em definições conflitantes de categorias de falhas, na codificação e na avaliação das ordenações de
falhas para estudos individuais, e no tratamento estatístico subsequente dessas ordenações.
Infelizmente, não houve nenhuma ordenação das falhas por avaliadores independentes que não estivessem
cientes dos resultados dos estudos (Morris, 1991). Apesar disso, nenhum dos contribuintes ao debate subsequente
concordou com a conclusão de Hyman onde quatro não parapsicólogos — dois especialistas em estatística e dois
psicólogos — explicitamente concordaram com a conclusão de Honorton (Harris & Rosenthal, 1988b; Saunders,
1985; Utts, 1991a). Por exemplo, Harris e Rosenthal (um dos pioneiros no uso da meta-análise na psicologia) usou as
próprias ordenações de falhas de Hyman e não conseguiu achar quaisquer relações significativas entre as falhas e os
resultados do estudo em cada uma das duas análises em separado: “Nossa análise dos efeitos das falhas nos resultados
do estudo não oferece nenhum apoio para a hipótese de que os resultados da pesquisa ganzfeld sejam uma função
significativa da série de variáveis falhas (1988b, p. 3; para uma troca mais recente concernente à análise de Hyman,
ver Hyman, 1991; Utts, 1991a, 1991b).
Tamanho do Efeito
Alguns críticos da parapsicologia argumentaram que ainda que os atuais efeitos de psi produzidos em laboratório
se revelassem replicáveis e não devidos a artefatos, eles são demais pequenos para serem de interesse teórico ou
possuírem alguma importância prática. Não acreditamos que este seja o caso para o efeito psi em ganzfeld. Nos
estudos ganzfeld que envolvem psi, a própria taxa de acerto fornece uma medida descritiva clara do tamanho do
efeito, mas esta medida não pode ser comparada diretamente pelos estudos porque nem todos eles utilizam uma base

de quatro estímulos e, portanto, nem todos têm como ponto de partida uma chance de .25. O próximo candidato mais
óbvio, a diferença em cada estudo entre o índice de acerto observado e o índice de acerto esperado na hipótese nula,
também é intuitivamente descritivo mas não é apropriado para análise estatística porque nem todas as diferenças entre
as proporções que são iguais são igualmente detectáveis (p. ex,. o poder para detectar a diferença entre .55 e .25 é
diferente do poder detectar a diferença entre .50 e .20).
Para fornecer uma escala de igual detectabilidade, Cohen (1988) inventou o índice h do tamanho do efeito, que
envolve uma transformação arco-seno nas proporções antes do cálculo de sua diferença. O h de Cohen é bastante
genérico e pode avaliar a diferença entre quaisquer duas proporções extraídas de amostras independentes ou entre uma
única proporção e qualquer valor hipotético especificado. Para os 28 estudos examinado na meta-análise, o h foi de .
28, com um intervalo de confiança de 95% indo de .11 a .45.
Mas como os valores de h não fornecem uma escala descritiva intuitiva, Rosenthal e Rubin (1989; Rosenthal,
1991) recentemente sugeriram um novo índice, π, que se aplica especificamente a dados de escolha múltipla, uniamostrais, da espécie obtida em experiências ganzfeld. Em particular, π expressa todos os índices de acerto como a
proporção de acertos que teria sido obtida se houvesse só duas alternativas igualmente possíveis — essencialmente um
lançamento de moeda. Assim, π varia de 0 a 1, com .5 esperado sob a hipótese nula. A fórmula é

onde P é a proporção bruta de acertos e k é o número de escolhas alternativas disponíveis. Como π tem
interpretação intuitiva direta, nós o usamos (ou o convertemos retornando a uma taxa de acerto equivalente de quatro
alternativas) por todo este artigo sempre que aplicável.
Para os 28 estudos examinados na meta-análise, o valor médio de π foi de .62, com um intervalo de confiança de
95% indo de .55 a .69. Isto corresponde a uma taxa de acerto entre quatro alternativas de 35%, com um intervalo de
confiança de 95% indo de 28% a 43%.
Cohen (1988, 1992) também categorizou os tamanhos dos efeitos em pequeno, médio, e grande, com o médio
denotando um tamanho de efeito que deve ser aparente ao olho nu de um observador cuidadoso. Para uma estatística
tal como π, que indexa o desvio de uma proporção de .5, Cohen considera .65 ser um tamanho médio de efeito: um
observador sem auxílio estatístico deve ser capaz de detectar o viés de uma moeda em que cara aparece em 65% das
tentativas. Assim, em .62, o tamanho do efeito psi em ganzfeld cai bem perto do critério do olho nu de Cohen. Da
fenomenologia do experimentador ganzfeld, a taxa de acerto correspondente de 35% implica que ele ou ela verá um
indivíduo obter um acerto aproximadamente a cada três sessões ao invés de quatro.
É instrutivo comparar também o efeito psi em ganzfeld com os resultados de um estudo médico recente que
procurou determinar se a aspirina pode prevenir ataques cardíacos (Steering Committee of the Physicians’ Health
Study Research Group, 1988). O estudo foi descontinuado depois de 6 anos porque já estava claro que o tratamento da
aspirina era eficiente (p < .00001) e foi considerado não ético continuar a manter o grupo controle com a medicação
do placebo. O estudo foi largamente publicado como um avanço médico importante. Mas apesar de sua realidade
inconteste e de sua importância prática, o tamanho do efeito de aspirina é bastante pequeno: tomar aspirina reduz a
probabilidade de sofrer um ataque cardíaco em apenas .008. O tamanho do efeito correspondente (h) é .068,
aproximadamente de um terço a um quarto o tamanho do efeito psi em ganzfeld (Atkinson et al., 1993, p. 236; Utts,
1991b).
Em geral, acreditamos que o efeito psi em ganzfeld é suficientemente grande para ser tanto de interesse teórico
quanto de potencial importância prática.
Correlatos Experimentais do Efeito Psi em Ganzfeld
Mostramos anteriormente que a técnica de correlacionar variáveis com tamanhos dos efeitos pelos estudos pode
ajudar a avaliar se falhas metodológicas poderiam ter gerado os resultados positivos por meio de artefatos. A mesma
técnica pode ser usada mais taxativamente para explorar se um efeito varia sistematicamente com variações
conceitualmente relevantes no procedimento experimental. A descoberta de tais correlatos pode ajudar a estabelecer
um efeito como genuíno, sugerir meios de aumentar a taxa de replicação e os tamanhos dos efeitos, e aumentar as
possibilidades de ir além da simples demonstração de um efeito para a sua explicação. Esta estratégia é apenas
heurística, contudo. Quaisquer correlatos descobertos devem ser considerados bastante hipotéticos, tanto porque eles
emergem da exploração post hoc quanto porque eles necessariamente envolvem comparações por estudos
heterogêneos que diferem em muitas variáveis relacionadas simultaneamente, conhecidas e desconhecidas. Dois de
tais correlatos emergiram das meta-análises do efeito psi em ganzfeld.
Alvos de uma única imagem versus alvos de imagens múltiplas. Embora a maioria dos 28 estudos na metaanálise tenha usado uma única figura como alvo, 9 (conduzidos por três investigadores diferentes) usaram bobinas
estereoscópicas de diapositivo View Master que mostravam múltiplas imagens focadas em um tema central. Os

estudos usando as bobinas View Master geraram taxas significativamente mais altas de acerto do que os estudos
usando somente uma imagem (50% vs. 34%), t(26) = 2,22, p = .035, bicaudal.
O par emissor-receptor. Em 17 dos 28 estudos, os participantes eram livres para trazer amigos para servir como
emissores. Em 8 estudos, somente emissores designados pelo laboratório foram usados. (Três estudos não usaram
nenhum emissor). Infelizmente, nos estudos anteriores não há nenhum registro de quantos participantes realmente
trouxeram amigos. Apesar disso, esses 17 estudos (conduzidos por seis investigadores diferentes) obtiveram taxas
significativamente mais altas de acerto do que os estudos que usaram somente emissores designados pelo laboratório
(44% vs. 26%), t(23) = 2,39, p = .025, bicaudal.
O Comunicado em Conjunto
Depois de sua troca de ideias publicada em 1985, Hyman e Honorton concordaram em contribuir com um
comunicado em conjunto para a discussão subsequente que foi publicada em 1986. Primeiro, eles definiram as suas
áreas de acordo e de discordância:
Concordamos que há um efeito significativo total nesta base de dados que não pode ser razoavelmente
explicado por relatório seletivo nem análise múltipla. Continuamos a divergir sobre o grau a que o efeito
constitui evidência para psi, mas concordamos que o veredicto final espera o resultado de experiências
futuras conduzidas por um número mais amplo de investigadores e de acordo com padrões mais rígidos.
(Hyman & Honorton, 1986, p. 351)
Eles então explicitaram em detalhes os “padrões mais rígidos” que acreditavam deveriam governar as
experiências futuras. Estes padrões incluíram precauções estritas de segurança contra vazamento sensorial, testes e
documentação de métodos de randomização para selecionar os alvos e sequenciar a série de experimentos, correção
estatística para análise múltipla, especificação anterior do tipo de experimento (p. ex., estudo piloto ou experimento
confirmatório), e plena documentação no relatório publicado dos procedimentos experimentais e o tipo de testes
estatísticos (p. ex., planejado ou post hoc).
O Relatório do Conselho de Pesquisa Nacional
Em 1988, o Conselho de Pesquisa Nacional (NRC) da Academia Nacional de Ciências liberou um relatório
amplamente divulgado encarregado pelos EUA. O exército que avaliou várias tecnologias discutíveis para aumentar o
desempenho humano, incluindo acelerado aprendizado, programação neurolinguística, prática mental, bio
realimentação, e parapsicologia (Druckman & Swets, 1988; resumido em Swets & Bjork, 1990). A conclusão do
relatório concernente à parapsicologia foi bastante negativa: “O Comitê não encontra nenhuma justificação científica
da pesquisa conduzida sobre um período de 130 anos para a existência de fenômenos parapsicológicos” (Druckman &
Swets, 1988, p. 22).
Uma extensa refutação protestando fortemente contra o tratamento do comitê de parapsicologia foi publicada em
outra parte (Palmer et al., 1989). O ponto pertinente aqui é simplesmente que a avaliação do NRC dos estudos
ganzfeld não reflete um exame adicional e independente da base de dados ganzfeld mas se baseia na mesma metaanálise conduzida por Hyman que discutimos neste artigo.
Hyman presidiu o Subcomitê do NRC sobre Parapsicologia e, embora ele tivesse concordado com Honorton 2
anos antes em seu comunicado conjunto de que “há um efeito significativo total nesta base de dados que não pode ser
razoavelmente explicado por relatório seletivo nem análise múltipla” (p. 351) e que “foram alcançados resultados
significativos por vários investigadores diferentes” (p. 352), nenhum destes pontos é reconhecido no relatório do
comitê.
O NRC também solicitou um relatório de panorama de Harris e Rosenthal (1988a), que forneceram o comitê com
uma análise metodológica comparativa das cinco áreas discutíveis listadas acima. Harris e Rosenthal observaram que,
destas áreas, “só os estudos de PES de ganzfeld [o único estudo sobre psi que eles avaliaram] atendiam os requisitos
básicos de um sólido projeto experimental” (p. 53), e concluíram que
Seria improvável manter a hipótese nula dado o p combinado destes 28 estudos. Dado os vários
problemas ou falhas salientados por Hyman e Honorton . . . nós estimaríamos que a taxa de acerto obtida
seria por volta de 1/3, quando a taxa de acerto esperada sob a hipótese nula é 1/4. (p. 51) 3

3 Em um desenvolvimento problemático, o Presidente do Comitê do NRC telefonou a Rosenthal e
pediu anulasse a seção de parapsicologia do documento (R. Rosenthal, comunicação pessoal,
15/09/1992). Embora Rosenthal tenha se recusado a fazer isto, essa seção do artigo de Harris-Rosenthal
não é citada em nenhuma parte no relatório do NRC.

O Estudo Auto-Ganzfeld
Em 1983, Honorton e seus colegas iniciaram uma nova série de estudos ganzfeld projetados para evitar os
problemas metodológicos que ele e outros tinham identificado em estudos anteriores (Honorton, 1979; Kennedy,
1979). Estes estudos foram submetidos a todas as detalhadas diretrizes que ele e Hyman publicariam mais tarde em
seu comunicado em conjunto. O programa continuou até setembro de 1989, quando uma perda de fundos forçou o
laboratório a fechar. As inovações principais dos novos estudos eram o controle por computador do protocolo
experimental — doravante chamado autoganzfeld — e a introdução de clipes de filme de videotapes como estímulo
alvo.
Método
O projeto básico dos estudos autoganzfeld era o mesmo que o foi descrito antes 4: um receptor e emissor eram
levados para câmaras separadas isoladas acusticamente. Depois de um período de 14 minutos de descanso
progressivo, o receptor sofria um estímulo ganzfeld enquanto descrevia em tom alto seus pensamentos e imagens por
30 minutos. Enquanto isso, o emissor se concentrava num alvo escolhido randomicamente. No final do período
ganzfeld, o receptor era mostrado a quatro estímulos e, sem saber qual dos quatro tinham sido o alvo, avaliava cada
estímulo pela semelhança à sua mentalização durante o ganzfeld.
Os alvos consistiam em 80 figuras imóveis (alvos estáticos) e 80 segmentos curtos de vídeo completos com
trilhas sonoras (alvo dinâmico), tudo registrado em videocassete. Os alvos incluem impressões de arte, fotografias, e
anúncios de revista; os alvos dinâmicos incluem trechos de aproximadamente um minuto de duração de filmes,
programas de TV, e desenhos animados. Os 160 alvos foram organizados na série de experimentos de quatro alvos
estáticos ou quatro dinâmicos cada, feitos para reduzir as semelhanças entre os alvos dentro de uma série.
Seleção do alvo e apresentação. O VCR contendo os alvos gravados foi conectado ao computador de controle,
que selecionou o alvo e controlou sua repetida apresentação ao emissor durante o período ganzfeld, eliminando assim
a necessidade de um segundo experimentador ter que acompanhar o emissor. Após o período ganzfeld, o computador
sequenciou randomicamente a série de experimentos de quatro clipes e a apresentou ao receptor num monitor de TV
para seu julgamento. O receptor usava um game paddle de computador para fazer suas ordenações numa escala de 40
pontos que aparecia no monitor de TV depois que cada clipe era mostrado. O receptor podia ver cada clipe e mudar as
ordenações várias vezes até que ficasse satisfeito. O computador então registrava estes e outros dados da sessão num
arquivo em um disquete. Nesse momento, o emissor se dirigia para a câmara do receptor e revelava a identidade do
alvo tanto ao receptor quanto ao experimentador. Observe que o experimentador sequer sabia a identidade da série de
quatro clipes para julgar até que eles fossem exibidos ao receptor para julgamento.
Randomização. A seleção randômica do alvo e o sequenciamento da série de julgamentos foram controlados por
um gerador de número aleatórios baseado em barulhos conectado ao computador. Testes extensos confirmaram que o
gerador fornecia uma distribuição uniforme de valores através de toda a variação do alvo (1–160). Testes sobre as
frequências reais observadas durante as experiências confirmaram que os alvos eram, em média, selecionados
uniformemente dentre os 4 clipes de cada série para julgar e que as sequencias de 4 julgamentos usada estava
uniformemente distribuída pelas sessões.
Características de controle adicionais. As salas do receptor e do emissor eram à prova de som, protegidas
eletricamente com apenas uma porta de acesso que podia ser monitorada pelo experimentador de forma contínua.
Havia uma comunicação bilateral por interfone entre o experimentador e o receptor mas apenas uma comunicação de
mão única na sala do emissor; assim, nem o experimentador nem o receptor podiam monitorar os acontecimentos
dentro da sala do emissor. O registro arquivado para cada sessão inclui uma fita de áudio que contém a mentalização
do receptor durante o período ganzfeld e todas as trocas verbais entre o experimentador e o receptor no curso do
experimento.
O protocolo automatizado ganzfeld foi examinado por várias dúzias de parapsicólogos e pesquisadores do
comportamento de outros campos, incluindo críticos bem conhecidos da parapsicologia. Muitos participaram como
sujeitos ou observadores. Todos expressaram satisfação com o tratamento da questão de segurança e controles.
Os parapsicólogos frequentemente foram aconselhados a empregar mágicos como consultores para assegurar que
os protocolos experimentais não são vulneráveis a qualquer vazamento sensorial inadvertido ou fraude deliberada.
Dois “mentalistas”, mágicos que se especializam na simulação de psi, examinaram o sistema de autoganzfeld e o
protocolo. Ford Kross, um mentalista profissional e comandante da organização profissional de mentalistas, a
Associação de Artistas Psíquicos, forneceu a seguinte declaração escrita “Em minha capacidade profissional como

4 Como Honorton e seus colegas concordaram com a especificação de Hyman-Honorton para que os
relatórios experimentais fossem suficientemente completos para permitir a outros reconstruir os
procedimentos do investigador, os leitores que desejarem saber mais detalhes do que fornecemos aqui
provavelmente acharão o que precisam na publicação arquivada destes estudos no Journal of
Parapsychology (Honorton et al., 1990).

mentalista, revisei o sistema automatizado ganzfeld dos Laboratórios de Pesquisa Psicofísica e considerei que fornece
excelente segurança contra fraude pelos indivíduos” (comunicação pessoal, maio de 1989).
Daryl J. Bem também atuou como mentalista durante muitos anos e é membro da Associação de Artistas
Psíquicos. Como mencionado na nota do autor, este artigo teve suas origens numa visita em 1983 que ele fez ao
laboratório de Honorton, onde lhe foi pedido para examinar criticamente o protocolo de pesquisa da perspectiva de um
mentalista, de um psicólogo de pesquisa, e de um sujeito. Desnecessário dizer, este artigo não existiria se ele não
concordasse com Ford Kross na avaliação dos procedimentos de segurança.
Estudos Experimentais
Ao todo, 100 homens e 140 mulheres participaram como receptores em 354 sessões durante o programa de
pesquisa.5 Os participantes variaram em idade de 17 a 74 anos (M = 37.3, DP = 11.8), com uma educação formal
média de 15.6 anos (DP = 2.0). Oito experimentadores separados, incluindo Honorton, conduziram os estudos.
O programa experimental incluiu três estudos piloto e oito formais. Cinco dos estudos formais empregaram
participantes novatos (primeira vez) que serviram como receptores em uma sessão cada. Os três estudos formais
restantes usaram participantes experientes.
Estudos piloto. O tamanho da amostra não estava presente nos três estudos piloto. O estudo 1 abrangeu 22
sessões e foi conduzido durante o desenvolvimento inicial e teste do sistema autoganzfeld. O estudo 2 abrangeu 9
sessões testando um procedimento em que o experimentador, ao invés do receptor, servia como o juiz no fim da
sessão. O estudo 3 abrangeu 35 sessões e serviu como treino para os participantes que completaram o número de
sessões destinadas nos estudos formais em curso mas queriam experiência adicional em ganzfeld. Este estudo também
incluiu muitas sessões de demonstração quando uma equipe de televisão estava presente.
Estudos com novatos. Os estudos 101–104 foram cada um projetados para testar 50 participantes que não tinham
tido nenhuma experiência prévia em ganzfeld; cada participante serviu como o receptor numa única sessão ganzfeld .
O estudo 104 incluiu 16 de 20 estudantes recrutados da Escola Juilliard na Cidade de Nova Iorque para testar uma
amostra artisticamente dotada. O estudo 105 foi iniciado para acomodar a abundância de participantes que foi
recrutada para o Estudo 104, incluindo os 4 estudantes restantes da Juilliard. O tamanho de amostra para este estudo
foi registrado como 25, mas só 6 sessões foram completadas quando o laboratório foi fechado. Para fins de exposição,
dividimos as 56 sessões dos Estudos 104 e 105 em duas partes: o Estudo 104/105(a) abrange os 36 participantes nãoJuilliard, e o Estudo 104/105(b) abrange os 20 estudantes da Juilliard.
Estudo 201. Este estudo foi projetado para retestar os participantes mais promissores dos estudos anteriores. O
número de experimentos registrados foi 20, mas só 7 sessões com 3 participantes foram completadas quando o
laboratório fechou.
Estudo 301. Este estudo foi projetado para comparar os alvos estáticos e dinâmicos. O tamanho de amostra foi
registrado como sendo de 50 sessões. Vinte e cinco participantes experientes serviram como receptores cada um em 2
sessões. Os participantes ignoravam que o programa de controle do computador foi modificado para assegurar que
cada um teria uma sessão com um alvo estático e uma sessão com um alvo dinâmico.
Estudo 302. Este estudo foi projetado para examinar uma série de alvos dinâmicos que alcançaram uma taxa
particularmente alta de acerto nos estudos anteriores. O estudo envolveu participantes experientes que não tinham tido
nenhuma experiência anterior com esta série de alvo particular e que desconheciam que apenas uma série de alvo
estava sendo testada. Cada um serviu como receptor numa única sessão. O projeto indicava que o estudo continuaria
até que 15 sessões fossem completadas com cada um dos alvos, mas só 25 sessões foram completadas quando o
laboratório fechou.
Os 11 estudos acima descritos abrangem todas as sessões conduzidas durante os 6 anos e meio do programa. Não
há o “efeito gaveta” de sessões não relatadas.
Resultados
Taxa total de acerto. Como na meta-análise anterior, as ordenações dos receptores foram analisadas registrando a
proporção de acertos alcançados e calculando a probabilidade binomial exata para o número observado de acertos
comparados com a expectativa do acaso de .25. Como notado antes, 240 participantes contribuíram com 354 sessões.
Por razões discutidas mais tarde, o Estudo 302 é analisado separadamente, reduzindo o número de sessões na análise
primária para 329.
Tabela 1

5 Uma revisão recente dos arquivos de computador originais descobriu um registro duplicado na base
de dados de autoganzfeld. Isto agora foi eliminado, reduzindo em um o número de indivíduos e
sessões. Como resultado, alguns números apresentados neste artigo diferem levemente dos de Honorton
et al. (1990)

Resultados por Estudo
Estudo

Descrição do estudo/
sujeito
Piloto
Piloto
Piloto
Novato
Novato
Novato
Novato
Amostra Juilliard
Experiente
Experiente
Experiente

Nº indivíduos


tentativas
22
9
35
50
50
50
36
20
7
50
25
329


acertos
8
3
10
12
18
15
12
10
3
15
16
106

1
19
2
4
3
24
101
50
102
50
103
50
104/105(a)
36
104/105(b)
20
201
3
301
25
302
25
Total (Estudos 1240
301)
Nota. Todos os escores z são baseados na probabilidade binomial exata, com p = .25 e q = .75.
a
Ajustado para o viés de resposta. A taxa de acerto de fato observada foi de 64%.

% acertos
36
33
29
24
36
30
33
50
43
30
54a
32

Tamanho
do efeito π
.62
.60
.55
.47
.63
.55
.60
.75
.69
.56
.78a
.59

z
0.99
0.25
0.32
–0.30
1.60
0.67
0.97
2.20
0.69
0.67
3.04a
2.89

Como a Tabela 1 mostra, houve 106 acertos nas 329 sessões, uma taxa de acerto de 32% ( z = 2,89, p =. 002,
unicaudal) com um intervalo de confiança de 95% indo de 30% a 35%. Isto corresponde a um tamanho de efeito (π)
de .59, com um intervalo de confiança 95% indo de .53 a .64.
A tabela 1 também mostra que quando os Estudos 104 e 105 são combinados e redivididos em Estudos
104/105(a) e 104/105(b), 9 dos 10 estudos fornecem tamanhos de efeitos positivos, com um tamanho médio de efeito
(π) de .61, t(9) = 4,44, p = .0008, unicaudal. Este tamanho do efeito é equivalente a uma taxa de acerto entre quatro
alternativas de 34%. Alternativamente, se os Estudos 104 e 105 forem considerados como estudos separados, 9 dos 10
estudos outra vez oferecem tamanhos de efeito positivos, com um tamanho médio de efeito (π) de .62, t(9) = 3.73, p
= .002, unicaudal. Este tamanho do efeito é equivalente a uma taxa de acerto entre quatro alternativas de 35% e é
idêntico ao encontrado nos 28 estudos da meta-análise anterior.6
Consideradas em conjunto, as sessões com participantes novatos (Estudos 101–105) geraram uma taxa de acerto
estatisticamente significativa de 32.5% (p = .009), que não é significativamente diferente da taxa de acerto de 31.6%
alcançada por participantes experientes nos Estudos 201 e 301. E, finalmente, cada um dos oito experimentadores
também atingiram um tamanho do efeito positivo, com um π médio de .60, t(7) = 3.44, p = .005, unicaudal.
A amostra Juilliard. Há muitos relatórios na literatura sobre uma relação entre a criatividade ou a capacidade
artística e o desempenho de psi (Schmeidler, 1988). Para explorar esta possibilidade no cenário ganzfeld, 10
universitários masculinos e 10 femininos foram recrutados da Escola Juilliard. Destes, oito eram estudantes de música,
10 eram estudantes de arte dramática e dois eram estudantes de dança. Cada um serviu como receptor numa única
sessão nos Estudos 104 ou 105. Como a Tabela 1 mostra, estes estudantes alcançaram uma taxa de acerto de 50% ( p
= .014), uma dos cinco taxas mais altas de acerto informadas para uma única amostra num estudo ganzfeld. Os
músicos foram particularmente bem sucedidos: 6 dos 8 (75%) identificaram seus alvos com êxito (p = .004, mais
detalhes sobre esta amostra e seu desempenho em ganzfeld foram informados em Schlitz & Honorton, 1992).
O tamanho do estudo e o tamanho do efeito. Há uma correlação negativa significativa pelos 10 estudos listados
na Tabela 1 entre o número de sessões incluídas num estudo e o tamanho do efeito do estudo (π), r = –.64, t(8) = 2.36,
p < .05, bicaudal. Isto lembra a descoberta de Hyman de que os menores estudos na base de dados ganzfeld original
eram desproporcionalmente prováveis de informar resultados estatisticamente significativos. Ele interpretou este
achado como uma evidência de um viés contra o relatório de estudos pequenos que não conseguem alcançar
resultados significativos. Entretanto, uma interpretação semelhante não pode ser aplicada aos estudos autoganzfeld,
porque não há nenhuma sessão não relatada.
Um revisor deste artigo sugeriu que a correlação negativa talvez reflita um efeito de declínio em que as sessões
anteriores de um estudo são mais bem sucedidas do que as sessões posteriores. Se houvesse tal efeito, então estudos
com menos sessões mostrariam tamanhos de efeitos maiores porque acabariam antes de o declínio ocorrer. Para
verificar esta possibilidade, calculamos as correlações ponto bisseriais entre os acertos (1) ou erros (0) e o número de
sessões dentro de cada um dos 10 estudos. Todas as correlações pairaram ao redor de zero; seis eram positivas, quatro
eram negativas, e a média total foi de .01.
Uma inspeção da Tabela 1 revela que a correlação negativa deriva principalmente dos dois estudos com os
maiores tamanhos dos efeitos: as 20 sessões com os estudantes da Juilliard e as 7 sessões do Estudo 201, o estudo

6 Como observado acima, o laboratório foi forçado a fechar antes de três dos estudos formais serem
completados. Se supuséssemos que os experimentos restantes nos Estudos 105 e 201 tivessem
oferecido apenas resultados devido ao acaso, isto reduziria o z total para os primeiros 10 estudos
autoganzfeld de 2.89 para 2.76 (p =. 003). Assim, a inclusão dos dois estudos incompletos não é uma
opção que resolva o problema. O terceiro estudo incompleto, o Estudo 302, é discutido abaixo.

especificamente projetado para retestar os participantes mais promissores dos estudos anteriores. Assim, parece
possível que os tamanhos dos efeitos maiores destes dois estudos — e portanto a correlação negativa significativa
entre o número de sessões e o tamanho do efeito — reflita diferenças genuínas de desempenho entre estas duas
pequenas amostras e altamente selecionadas e outros participantes de autoganzfeld.
O Estudo 302. Todos os estudos exceto o Estudo 302 utilizavam amostras randômicas de um grupo de 160 alvos
estáticos e dinâmicos. As amostras do Estudo 302 se compunham apenas de uma série de alvos dinâmicos uma vez
que eles haviam obtido uma taxa particularmente alta de acerto nos estudos anteriores. Os quatro clipes de filmes
nesta série consistiam numa cena de um maremoto do filme Clash of the Titans, uma cena de sexo em alta-velocidade
de A Clockwork Orange, uma cena de cobras rastejando de um documentário de TV, e uma cena de um desenho
animado do Pernalonga.
O projeto experimental indicava este estudo continuaria até que cada um dos clipes tivesse servido como o alvo
15 vezes. Infelizmente, o término prematuro deste estudo em 25 sessões deixou uma desigualdade na frequência com
que cada clipe tinha servido como o alvo. Isto significa que o alto índice de acerto observado (64%) podia estar bem
inflado por vieses de resposta.
Tabela 2
Estudo 302: Taxa de Acerto Esperada e a Proporção de Sessões em Que Cada Vídeo Foi Classificado
Primeiro Quando Era um Alvo e Quando Era uma Isca
Vídeo clipe

Frequência
relativa
como alvo

Taxa de
acerto
esperada

Classificado
primeiro
quando era
alvo

Classificado
primeiro quando
era isca

Diferenç
a

p exato
de Fisher

.28 (7/25)
.12 (3/25)
.16 (4/25)

Frequência
relativa da
ordenação
em primeiro
lugar
.24 (6/25)
.12 (3/25)
.08 (2/25)

Maremoto
Cobras
Cena
de
Sexo
Pernalonga
Total

6.72
1.44
1.28

.57 (4/7)
.67 (2/3)
.25 (1/4)

.11 (2/18)
.05 (1/22)
.05 (1/21)

.46
.62
.20

.032
.029
.300

.44 (11/25)

.56 (14/25)

24.64
34.08

.82 (9/11)
.58

.36 (5/14)
.14

.46
.44

.027

Como ilustração, a imagem de água é frequentemente informada pelos receptores em sessões ganzfeld, ao passo
que a imagem de sexo raramente é informada. (Alguns participantes provavelmente são relutantes tanto em informar
uma imagem sexual quanto em dar a avaliação mais alta ao clipe de sexo relacionado). Se um clipe de vídeo contiver
uma imagem popular (tal como água) e acontecer de aparecer como um alvo mais frequentemente do que um clipe
que contiver uma imagem impopular (tal como sexo), uma taxa alto de acerto talvez simplesmente reflita a
coincidência dessas frequências de ocorrência com os vieses de resposta dos participantes. E, como a segunda coluna
de Tabela 2 revela, o clipe de maremoto de fato aparece mais frequentemente como o alvo do que o clipe de sexo. De
forma geral, a segunda e a terceira colunas da Tabela 2 mostram que a frequência com que cada clipe da película foi
classificado primeiro combina bastante com a frequência com que cada um apareceu como o alvo.
Pode-se corrigir este problema usando as frequências observadas nestas duas colunas para calcular a taxa de
acerto esperada se não houver nenhum efeito psi. Em particular, pode-se multiplicar cada proporção na segunda
coluna pela proporção correspondente na terceira coluna — produzindo a probabilidade conjunta de que o clipe era o
alvo e que foi ordenado primeiro — e então somar pelos quatro clipes. Como é mostrado na quarta coluna da Tabela 2,
este cálculo oferece uma taxa de acerto total esperada de 34.08%. Quando a taxa de acerto observada de 64% é
comparada com esta linha de base, o tamanho do efeito (h) é .61. Como a Tabela 1 mostra, isto é equivalente a uma
taxa de acerto entre quatro alternativas de 54%, ou um valor de π de .78, e é estatisticamente significativa (z = 3.04, p
= .0012).
O efeito psi pode ser visto mesmo mais claramente nas colunas restantes da Tabela 2, que controla as diferentes
popularidades das imagens nos clipes por exibir quão frequentemente cada uma foi ordenada primeira quando era o
alvo e quão frequentemente foi classificada primeira quando era um dos clipes de controle (iscas). Como se pode ver,
cada um dos quatro clipes foi selecionado como o alvo relativamente mais frequentemente quando era o alvo do que
quando era uma isca, uma diferença que é significativa para três dos quatro clipes. Em média, um clipe foi
identificado como o alvo 58% do tempo quando era o alvo e só 14% do tempo quando era uma isca.
Alvos dinâmicos contra estáticos. O sucesso do Estudo 302 levanta a pergunta se os alvos dinâmicos são, em
geral, alvos mais eficientes que os estáticos. Esta possibilidade também foi sugerida pela meta-análise anterior, que
revelou que estudos usando alvos de imagens múltiplas (bobinas estereoscópicas de slide View Master) obtiveram
taxas de acerto significativamente mais altas que os estudos usando alvos de apenas uma imagem. Ao adicionar
movimento e som, os clipes de vídeo poderiam ser vistos como versões de alta tecnologia das bobinas View Master.
Os 10 estudos autoganzfeld que extraíram amostras randômicas de grupos de alvos tanto dinâmicos quanto
estáticos geraram 164 sessões com alvos dinâmicos e 165 sessões com alvos estáticos. Como predito, as sessões

usando alvos dinâmicos ofereceram significativamente mais acertos que as sessões usando alvos estáticos (37% vs.
27%; p exato de Fisher < .04).
Par emissor-receptor. A meta-análise anterior revelou que os estudos em que os participantes eram livres para
trazer amigos para servir como emissores geraram taxas de acerto significativamente mais altas do que os estudos em
que somente os emissores designados pelo laboratório eram usados. Como notado, no entanto, não há nenhum registro
de quantos dos participantes nos estudos anteriores realmente trouxeram amigos. Qualquer que seja o caso, o par
emissor-receptor não foi um correlato significativo de desempenho de psi nos estudos autoganzfeld: as 197 sessões em
que o emissor e receptor eram amigos não ofereceram uma proporção significativamente mais alta de acertos do que
as 132 sessões em que eles não eram (35% vs. 29%, p exato de Fisher = .28).
As correlações entre as características do receptor e o desempenho de psi. A maioria dos participantes nos
estudos autoganzfeld possuía uma forte crença em psi: numa escala de 7 pontos, que variava de forte incredulidade em
psi (1) a forte crença em psi (7), a média foi de 6.2 (DP = 1.03); só 2 participantes avaliaram sua crença em psi abaixo
da média da escala. Além disso, 88% dos participantes informaram experiências pessoais sugestivas de psi, e 80%
treinou meditação ou outras técnicas envolvendo um foco de atenção interno.
Todas estas variáveis parecem ser importantes. A correlação entre a crença em psi e o desempenho de psi é um
dos resultados mais coerentes na literatura parapsicológica (Palmer, 1978). E dentro dos estudos autoganzfeld, o
desempenho bem sucedido significativamente de participantes novatos (pela primeira vez) foi predito por experiências
pessoais informadas de psi, treino de meditação ou de outras disciplinas mentais, e escores altos nos fatores
Sentimento e Percepção do Inventário Típico de Myers-Briggs (Honorton, 1992; Honorton & Schechter, 1987; Myers
& McCaulley, 1985). Esta receita para o êxito foi agora independentemente duplicada em outro laboratório
(Broughton, Kanthamani, & Khilji, 1990).
A extroversão, uma característica da personalidade, também está associada com o melhor desempenho de psi.
Uma meta-análise de 60 estudos independentes com quase 3.000 indivíduos revelou uma correlação positiva pequena,
mas confiável, entre a extroversão e o desempenho de psi, especialmente em estudos que usaram métodos de resposta
livre do tipo empregado nas experiências ganzfeld (Honorton, Ferrari, & Bem, 1992). Em 14 estudos de resposta livre
conduzidos por quatro investigadores independentes, a correlação para 612 sujeitos foi de .20 (z = 4.82, p = 1,5  10–
6
). Esta correlação foi replicada nos estudos autoganzfeld, em que os escores de extroversão estavam disponíveis para
218 dos 240 sujeitos: r = .18, t(216) = 2.67, p =. 004, unicaudal.
Finalmente, há o forte desempenho de psi dos estudantes da Juilliard, discutido antes, e que está coerente com
outros estudos na literatura parapsicológica que sugerem uma relação entre desempenho bem sucedido de psi e a
criatividade ou a capacidade artística.
Discussão
Mais cedo neste artigo citamos do resumo do comunicado de Hyman-Honorton (1986): “Concordamos que o
veredicto final espera o resultado de experiências futuras conduzidas por um número mais amplo de investigadores e
de acordo com padrões mais rígidos (p. 351). Acreditamos que o requisito “padrões mais rígidos” foi satisfeito nos
estudos autoganzfeld. Os resultados são estatisticamente significativos e coerentes com aqueles na base de dados
anterior. O tamanho médio do efeito é bastante respeitável em comparação com outras áreas de pesquisa controversas
do desempenho humano (Harris & Rosenthal, 1988a). E há relações confiáveis conceitualmente relevantes entre o
desempenho bem sucedido de psi e as variáveis experimentais e que dizem respeito ao sujeito, relações que também
replicam os resultados anteriores. Hyman (1991) também comentou sobre os estudos autoganzfeld: “As experiências
de Honorton produziram resultados intrigantes. Se. . . os laboratórios independentes puderem produzir resultados
semelhantes com as mesmas relações e com a mesma atenção à metodologia rigorosa, então a parapsicologia pode, de
fato, finalmente pode ter capturado sua presa ardilosa” (p. 392).
Questões de Replicação
Como o comentário de Hyman implica, o estudo autoganzfeld por si não pode satisfazer o requisito de que as
replicações sejam conduzidas por um “número mais amplo de investigadores”. Assim, esperamos os resultados
informados aqui sejam suficientemente provocantes para incitar outros a tentar replicar o efeito psi em ganzfeld.
Acreditamos ser essencial, no entanto, que os estudos futuros sujeitem-se aos padrões metodológicos, estatísticos
e de reporte delineados no comunicado em conjunto e concretizados nos estudos autoganzfeld. Não é necessário que
os estudos sejam automatizados ou pesadamente instrumentalizados como os estudos autoganzfeld para satisfazer as
diretrizes metodológicas, mas ainda é provável que eles envolvam muito trabalho e sejam potencialmente caros. 7

7 Como o fechamento do laboratório de autoganzfeld exemplifica, é difícil para a pesquisa psi obter
fundos também. As fontes de financiamento tradicionais, referenciadas por pares e familiares aos
psicólogos quase nunca financiaram propostas para a pesquisa de psi. O ceticismo comum dos
psicólogos em relação a psi é quase certamente um fator contribuinte.

Poder Estatístico e Replicação
Os replicadores também necessitariam ser lembrados dos requisitos de poder para replicar efeitos pequenos.
Embora muitos psicólogos acadêmicos não acreditem em psi, muitos aparentemente acreditam em milagres no tocante
à replicação. Tversky e Kahneman (1971) deram o seguinte problema aos seus pares em reuniões do Grupo
Matemático de Psicologia e da Associação Psicológica Americana:
Suponha que você tenha feito uma experiência em 20 indivíduos e tenha obtido um resultado
significante que confirme a sua teoria (z = 2,23, p < .05, bicaudal). Você agora tem motivos para
prosseguir com um grupo adicional de 10 indivíduos. Você acredita na probabilidade de que os
resultados serão significantes, por um teste unicaudal, separadamente para este grupo? (p. 105)
A estimativa mediana foi .85, com 9 dos 10 respondentes fornecendo uma estimativa maior que .60. A resposta
correta é aproximadamente .48.
Como Rosenthal (1990) advertiu: “Dado os níveis de poder estatístico em que normalmente operamos, nós não
temos nenhum direito de esperar a proporção de resultados significativos que geralmente esperamos, ainda que na
natureza haja um efeito muito real e importante” (p. 16). A este respeito, é outra vez instrutivo considerar o estudo
médico que encontrou um efeito altamente significativo da aspirina sobre a incidência de ataques cardíacos. O estudo
monitorou mais de 22.000 indivíduos. Caso os investigadores tivessem monitorado 3.000 indivíduos, eles teriam tido
menos que uma chance equiparável de achar um efeito convencionalmente significante. Tal é vida com tamanhos de
efeitos pequenos.
Dado o seu tamanho de efeito maior, as possibilidades para replicar com êxito o efeito psi em ganzfeld não são
tão desalentadoras, mas são provavelmente ainda mais severas do que a intuição sugeriria. Se a taxa de acerto
verdadeira é de fato próxima de 34% quando 25% é o esperado pelo acaso, então uma experiência com 30 ensaios (a
média para os 28 estudos na meta-análise original) tem aproximadamente apenas uma possibilidade em 6 de achar um
efeito significativo no nível .05 com um teste unicaudal. Um experimento de 50 ensaios empurram essa chance para
cerca de uma em 3. É preciso aumentar até 100 ensaios para se chegar perto do ponto de ruptura, em que se tem uma
possibilidade 50–50 de se achar um efeito estatisticamente significativo (Utts, 1986). (Lembre-se que apenas 2 dos 11
estudos autoganzfeld ofereceram resultados individualmente significativos ao nível convencional de .05). Aqueles que
exigem que um efeito psi seja estatisticamente significativo toda vez antes que eles levem seriamente em consideração
a possibilidade de que um efeito realmente exista não sabem o que pedem.
Significância versus Tamanho do Efeito
A discussão precedente é indevidamente pessimista, entretanto, pois perpetua a tradição de venerar o nível de
significância. Os leitores regulares deste jornal provavelmente conhecem os argumentos recentes que imploram aos
cientistas do comportamento que superem a sua dependência servil no nível de significância como a medida final de
virtude e em vez disso focalizem mais sua atenção nos tamanhos dos efeitos: “Seguramente, Deus ama o .06 quase
tanto quanto o .05” (Rosnow & Rosenthal, 1989, p. 1277).
Assim, sugerimos que alcançar um tamanho do efeito respeitável com um estudo ganzfeld metodologicamente
rígido seria uma contribuição muito bem-vinda ao esforço de replicação, não importando o quão intitularizável seja o
nível do p fornecido pelo pesquisador.
Consequências para a carreira à parte, esta sugestão pode parecer bastante contraintuitiva. Novamente, Tversky e
Kahneman (1971) forneceram uma demonstração elegante. Eles pediram a vários de seus colegas que considerassem
um investigador que testasse 15 sujeitos e obtivesse um valor significativo de t de 2.46. Outro investigador tenta
replicar o procedimento com o mesmo número de indivíduos e obtém um resultado na mesma direção mas com um
valor de t não significante. Tversky e Kahneman então pediram que seus colegas indicassem o mais alto nível de t no
estudo de replicação em que eles descreveriam como um fracasso para replicar. A maioria de seus colegas considerou
t = 1.70 como um fracasso para replicar. Mas se os dados de dois de tais estudos ( t = 2.46 e t = 1.70) fossem
agrupados, o t para os dados combinados seria de aproximadamente 3.00 (assumindo variâncias iguais):
Assim, enfrentamos uma situação paradoxal, em que os mesmos dados que aumentariam a nossa
confiança no achado quando vistos como parte do estudo original, abalam nossa confiança quando visto
como um estudo independente. (Tversky & Kahneman, 1971, p. 108).
Esse é o controle de ferro do arbitrário .05. Agrupar os dados, naturalmente, é no que se baseia toda a metaanálise. Assim, sugerimos que dois ou mais laboratórios possam colaborar num esforço de replicação de ganzfeld
conduzindo estudos independentes e então agrupá-los em um modo meta-analítico, o que alguém talvez chame de

meta-análise de tempo real. (Cada investigador então pode alegar o nível de p associado para seu próprio curriculum
vitae).
Maximizando o Tamanho do Efeito
Ao invés de comprar ou emprestar tamanhos de amostras maiores, aqueles que procuram replicar o efeito psi em
ganzfeld podem achar mais intelectualmente satisfatório tentar aumentar ao máximo o tamanho do efeito ao atender às
variáveis associadas com os resultados bem sucedidos. Assim, os pesquisadores que desejam aumentar as
possibilidades de replicação bem sucedidas deveriam usar alvos dinâmicos ao invés de alvos estáticos. Da mesma
forma, aconselhamos que usem participantes com as características que nós informamos corresponderem a um
desempenho bem sucedido de psi. Estudantes aleatórios do segundo ano da faculdade matriculados em psicologia
introdutória não constituem o grupo ideal de indivíduos.
Finalmente, aconselhamos aos pesquisadores de ganzfeld ler cuidadosamente a detalhada descrição da ambiência
social calorosa que Honorton et al. (1990) procuraram criar no laboratório de autoganzfeld. Acreditamos que o clima
social criado nas experiências de psi é um fator determinante crítico para o seu sucesso.
O Problema de “Outras” Variáveis
Este embargo sobre o clima social da experiência ganzfeld levou um revisor deste artigo a preocupar-se com que
isto fornecesse “uma válvula de escape” que enfraqueceria a falsificabilidade da hipótese de psi : “Até que Bem e
Honorton possam fornecer um critério operacional para criar uma ambiência social calorosa, o fracasso de uma
experiência com poder por outro lado adequado pode sempre ser descartado como devido a uma falta de
calorosidade”.
De fato, isto é verdade, e nós queríamos muito que fosse de outro modo. Mas a operação de variáveis
desconhecidas em controlar o êxito das replicações é uma realidade na vida de todas as ciências. Considere, por
exemplo, um artigo anterior neste jornal por Spence (1964). Ele revisou os estudos testando a aplicação direta da
teoria da aprendizagem hulliana em que os sujeitos muito ansiosos devem condicionar mais fortemente que os sujeitos
pouco ansiosos. Esta hipótese foi confirmada 94% do tempo no próprio laboratório de Spence na Universidade de
Iowa, mas só 63% do tempo nos laboratórios de outras universidades. Aliás, Kimble e seus sócios na Universidade de
Duque e na Universidade da Carolina do Norte obtiveram resultados na direção oposta em duas de três experiências.
Procurando uma explicação post hoc, Spence observou que “foi feita uma tentativa deliberada nos estudos de
Iowa para fornecer condições no laboratório que pudessem extrair algum grau emocional. Assim, o experimentador
foi instruído para ser impessoal e bastante formal e não tentou pôr [os indivíduos] tranquilos nem aliviar quaisquer
temores expressados (pp. 135-136). Além disso, salientou, seus sujeitos se sentaram em uma cadeira de dentista ao
passo que os sujeitos de Kimble se sentaram em uma cadeira de secretariado. Spence considerou ainda “a
possibilidade que o panorama cultural dos estudantes do norte e do sul poderia levar a uma diferença na maneira em
que eles respondem aos diferentes itens na escala [de Ansiedade Manifesta]” (p. 136). Se esta era a situação numa área
de pesquisa bem estabelecida como a do condicionamento clássico, então a sugestão de que o clima social do
laboratório de psi talvez afete o resultado de experiências ganzfeld em meios ainda não completamente entendidos não
deve ser descartada como uma tentativa divergente para fornecer uma válvula de escape em caso de fracasso de
replicação.
O melhor que os pesquisadores originais podem fazer é comunicar de forma tão completa quanto possível as
condições experimentais numa tentativa de antecipar algumas variáveis relevantes restringentes. De forma ideal, isto
talvez inclua um treinamento direto pelos pesquisadores originais ou videoteipes das sessões reais. Na falta destes, no
entanto, a descrição detalhada dos procedimentos de autoganzfeld fornecidos por Honorton et al. (1990) vai até onde o
conhecimento atual permite em fornecer aos outros investigadores “os critérios operacionais para criar um ambiente
social caloroso”.
Considerações Teóricas
Até aqui, restringimos a nossa conversa a questões estritamente empíricas. Somos simpáticos à ideia de que se
deve estabelecer a existência de um fenômeno, anômalo ou não, antes de tentar explicá-lo. Então imaginemos por um
momento que temos uma genuína anomalia de transferência de informação aqui. Como ela pode ser entendida ou
explicada?
A Psicologia de Psi
Para tentar entender psi, os parapsicólogos começaram, de forma típica, supondo que o seu funcionamento,
quaisquer que sejam seus mecanismos subjacentes, deve comportar-se como outros fenômenos psicológicos mais
familiares. Em particular, geralmente supõem que a informação do alvo se comporta como um estímulo sensório

externo que é codificado, processado, e experimentado em meios familiares de processamento de informações. Da
mesma forma, desempenhos individuais de psi deveriam covariar com variáveis experimentais e motivadas em meios
psicologicamente sensatos. Estas suposições incorporadas no modelo de psi são o que motivaram os estudos ganzfeld
em primeiro lugar.
O procedimento ganzfeld. Como notado na apresentação, o procedimento ganzfeld foi projetado para testar um
modelo em que a informação mediada por psi é imaginada como um sinal fraco que normalmente é mascarado pelo
“ruído” somático interno e sensório externo. Assim, qualquer técnica que aumente a relação sinal-para-ruído deve
aumentar a capacidade de uma pessoa em detectar a informação mediada por psi. Este modelo de redução de ruído de
psi organiza um corpo grande e diverso de resultados experimentais, particularmente aqueles que demonstram as
propriedades conducentes de psi de estados alterados de consciência tais como meditação, hipnose, sonhos, e,
naturalmente, o próprio ganzfeld (Rao & Palmer, 1987).
Teorias alternativas propõem que o ganzfeld (e estados alterados) pode ser conducente de psi porque abaixa a
resistência em aceitar imagens alheias, diminui as restrições racionais ou contextuais na codificação ou no relatório da
informação, estimula a pensar de forma mais divergente, ou mesmo serve apenas como um ritual semelhante a um
placebo em que os participantes percebem como sendo conducente de psi (Stanford, 1987). Nesse momento, não há
nenhum dado que permitiria uma escolha entre estas alternativas, e o modelo de redução de ruído permanece o mais
largamente aceito.
O alvo. Há também algumas hipóteses plausíveis que tentam explicar a superioridade dos alvos dinâmicos sobre
os estáticos: os alvos dinâmicos contêm mais informação, envolvem mais modalidades sensoriais, evocam mais do
esquema interno do receptor, são mais naturais, têm uma estrutura de narrativa, são mais evocativos emotivamente, e
são mais “ricos” em outros meios não específicos. Vários pesquisadores de psi tentaram ir além da simples dicotomia
dinâmico-estático para algo mais refinado ou para definições de base teórica sobre um bom alvo. Embora estes
esforços envolvessem examinar as propriedades dos alvos tanto psicológicas quanto físicas, não há até agora muito
progresso a informar (Delanoy, 1990).
O receptor. Algumas características do indivíduo associadas com um bom desempenho de psi também parecem
ter explicações claras psicologicamente. Por exemplo, explicações motivacionais de fértil variedade parecem
suficientes para explicar o achado relativamente coerente de que aqueles que acreditam em psi se saem
significativamente melhor do que aqueles que não acreditam. (Menos clara, no entanto, seria uma explicação para o
achado frequente de que os descrentes de fato se saem significativamente pior do que o esperado pelo acaso
[Broughton, 1991, p. 109]).
O desempenho de psi superior de sujeitos criativos ou artisticamente dotados — como os estudantes da Juilliard
— pode refletir diferenças individuais que fazem um paralelo com alguns efeitos imaginados do ganzfeld
mencionados antes: os sujeitos artisticamente dotados podem ser mais receptivos às imagens alheias, sendo melhor
capazes de transcender restrições racionais ou contextuais na codificação ou no relatório da informação, ou sendo
mais divergentes em seu modo de pensar. Também foi sugerido que tanto as habilidades artísticas quanto as habilidade
psi poderiam estar relacionadas a um funcionamento superior do lado direito do cérebro.
O relacionamento observado entre a extroversão e o desempenho de psi foi de interesse teórico durante muitos
anos. Eysenck (1966) argumentou que extrovertidos se saem bem em tarefas de psi porque eles ficam facilmente
entediados e respondem favoravelmente a novos estímulos. Num cenário tal como o ganzfeld, extrovertidos podem
tornar-se “famintos por estímulos” e assim ser altamente sensíveis a qualquer estímulo, inclusive à informação
entrante fraca de psi. Em contraste, os introvertidos seriam mais inclinados a entreter-se com os próprios pensamentos
e assim continuar a mascarar a informação psi apesar da entrada sensorial diminuída. Eysenck também especulou que
psi seria uma forma primitiva de desenvolvimento cortical pré-datando a percepção no curso da evolução, e,
doravante, a estimulação cortical talvez suprimisse o funcionamento de psi. Como extrovertidos têm um nível mais
baixo de estimulação cortical do que os introvertidos, eles devem se sair melhor em tarefas de psi (a biologia evolutiva
de psi também foi discutida por Broughton, 1991, pp. 347–352).
Mas há possibilidades mais mundanas. Os extrovertidos talvez se saiam melhor do que os introvertidos
simplesmente porque eles estão mais relaxados e confortáveis no cenário social da experiência típica de psi (p. ex., o
“ambiência social caloroso” dos estudos autoganzfeld). Esta interpretação é fortalecida pela observação de que os
introvertidos superam os extrovertidos num estudo em que os indivíduos não tiveram nenhum contato com um
experimentador mas trabalharam isolados em casa com materiais que receberam no correio (Schmidt & Schlitz,
1989). Para ajudar a decidir entre estas interpretações, os experimentadores de ganzfeld começaram a usar a escala de
extroversão do Inventário de Personalidade NEO (Costa & McCrae, 1992), que avalia seis facetas diferentes do fator
de extroversão-introversão.
O emissor. Em contraste com esta informação sobre o receptor em experiências de psi, praticamente nada se sabe
sobre as características de um bom emissor ou sobre os efeitos do relacionamento do emissor com o receptor. Como
foi mostrado, a sugestão inicial da meta-análise da base de dados original ganzfeld de que o desempenho de psi
poderia ser aumentado quando o emissor e receptor são amigos não foi replicada a um nível estatisticamente
significativo nos estudos autoganzfeld.

Vários parapsicólogos imaginaram uma hipótese mais radical de que o emissor pode nem ser um elemento
necessário no processo psi. Na terminologia da parapsicologia, o procedimento emissor-receptor testa a existência de
telepatia, da comunicação anômala entre dois indivíduos; contudo se o receptor fosse de alguma maneira colher a
informação do próprio alvo, isso seria denominado clarividência, e a presença do emissor seria irrelevante (com
exceção de possíveis razões psicológicas, tais como efeitos de expectativa).
Antes de morrer, Honorton planejava uma série de estudos autoganzfeld que compararia de forma sistemática as
condições com emissor e sem emissor algum enquanto tanto o receptor quanto o experimentador se manteriam cegos
quanto à condição do andamento da sessão. Em preparação, ele conduziu uma revisão meta-analítica de estudos
ganzfeld que não usavam nenhum emissor. Encontrou 12 estudos com uma mediana de 33.5 sessões conduzidas por
sete investigadores. O tamanho total de efeito (π) foi de .56, que corresponde a uma taxa de acerto entre quatro
alternativas de 29%. Mas este tamanho de efeito não alcança significância estatística (z de Stouffer = 1.31, p = .095).
Até agora, então, não há nenhuma evidência firme para psi em ganzfeld na ausência de um emissor. (Há, no entanto,
estudos não ganzfeld na literatura que informam uma evidência significativa para a clarividência, incluindo uma
experiência clássica de adivinhação de cartão conduzida por J. B. Rhine e Pratt [1954]).
A Física de Psi
O nível psicológico de teorizar sobre o discutido acima, naturalmente, não se dirige ao enigma que torna os
fenômenos psi anômalos em primeiro lugar: a sua presumida incompatibilidade com o nosso atual modelo conceitual
da realidade física. Os parapsicólogos diferem largamente entre si em seu gosto para teorizar neste nível, mas vários
cujo treinamento reside em física ou engenharia propuseram teorias físicas (ou biofísicas) de fenômenos psi (uma
extensa revisão da parapsicologia teórica foi fornecida por Stokes, 1987). Somente algumas destas teorias forçariam
uma revisão radical em nossa concepção atual da realidade física.
Aqueles que acompanham debates contemporâneos em física moderna, no entanto, estarão cientes de que vários
fenômenos preditos pela teoria quântica e confirmados pela experiência são em si incompatíveis com o nosso atual
modelo conceitual da realidade física. Entre esses, está a confirmação empírica em 1982 do teorema de Bell que criou
a mais excitante e controversa discussão entre filósofos e os poucos físicos que estão disposto a especular em torno de
tais questões (Cushing & McMullin, 1989; Herbert, 1987). Em suma, o teorema de Bell afirma que qualquer modelo
de realidade que seja compatível com a mecânica quântica deve ser não local: deve permitir a possibilidade de que os
resultados de observações em duas situações arbitrariamente distantes possam ser correlacionados em meios que são
incompatíveis com qualquer mecanismo causal fisicamente permissível.
Vários modelos possíveis da realidade que incorporam não localidade foram propostos tanto por filósofos como
por físicos. Alguns destes modelos claramente descartam a transferência de informação como psi, outros a permitem,
e alguns realmente exigem-na. Assim, num nível maior de teorização, alguns parapsicólogos acreditam que alguns dos
modelos mais radicais da realidade compatíveis tanto com a mecânica quântica como com psi virão a ser
eventualmente aceitos. Se e quando isso ocorrer, os fenômenos psi cessariam de ser anômalos.
Mas aprendemos que tal discussão provoca na maioria de nossos colegas em psicologia e em física olhos virados
e ranger de dentes. Então vamos sair disso.
Ceticismo Revisitado
Mais geralmente, aprendemos que a tolerância de nossos colegas para qualquer espécie de teorização sobre psi é
fortemente determinada pelo grau em que eles foram convencidos pelos dados de que psi foi demonstrada.
Aprendemos ainda que as suas diversas reações aos próprios dados são fortemente determinadas por algumas de suas
crenças a priori a respeito e atitudes em relação a várias questões bastante gerais, algumas científicas, algumas não.
Vários especialistas em estatística, aliás, acreditam que a hipótese tradicional de testar os métodos usados nas ciências
comportamentais devem ser abandonados em favor da análise Bayesiana, que leva em conta as crenças a priori de
uma pessoa sobre o fenômeno sob investigação (p. ex., Bayarri & Berger, 1991; Dawson, 1991).
Na análise final, no entanto, suspeitamos que tanto os priores bayesianos quanto as reações de uma pessoa aos
dados são no fim determinados se ela foi mais severamente punida na infância por erros do Tipo I ou do Tipo II.
Referências
Atkinson, R., Atkinson, R. C., Smith, E. E., & Bem, D. J. (1990). Introduction to psychology (10th ed.). San Diego,
CA: Harcourt Brace Jovanovich.
Atkinson, R., Atkinson, R. C., Smith, E. E., & Bem, D. J. (1993). Introduction to psychology (11th ed.). San Diego,
CA: Harcourt Brace Jovanovich.
Avant, L. L. (1965). Vision in the ganzfeld. Psychological Bulletin, 64, 246–258.
Bayarri, M. J., & Berger, J. (1991). Comment. Statistical Science, 6, 379–382.

Blackmore, S. (1980). The extent of selective reporting of ESP Ganzfeld studies. European Journal of
Parapsychology, 3, 213–219.
Bozarth, J. D., & Roberts, R. R. (1972). Signifying significant significance. American Psychologist, 27, 774–775.
Braud, W. G., Wood, R., & Braud, L. W. (1975). Free-response GESP performance during an experimental
hypnagogic state induced by visual and acoustic ganzfeld techniques. A replication and extension. Journal of the
American Society for Psychical Research, 69, 105–113.
Broughton, R. S. (1991). Parapsychology: The controversial science. New York: Ballantine Books.
Broughton, R. S., Kanthamani, H., & Khilji, A. (1990). Assessing the PRL success model on an independent ganzfeld
data base. In L. Henkel & J. Palmer (Eds.), Research in parapsychology 1989 (pp. 32–35). Metuchen, NJ:
Scarecrow Press.
Child, I. L. (1985). Psychology and anomalous observations: The question of ESP in dreams. American Psychologist,
40, 1219–1230.
Cohen, J. (1988). Statistical power analysis for the behavioral sciences (2nd ed.). Hillsdale, NJ: Erlbaum.
Cohen, J. (1992). Statistical power analysis. Current Directions in Psychological Science, 1, 98–101.
Costa, P. T. Jr., & McCrae, R. R. (1992). Revised NEO Personality Inventory (NEO-PI-R) and NEO Five-Factor
Inventory (NEO-FFI): Professional manual. Odessa, FL: Psychological Assessment Resources.
Cushing, J. T., & McMullin, E. (Eds.). (1989). Philosophical consequences of quantum theory: Reflections on Bell’s
theorem. Notre Dame, IN: University of Notre Dame Press.
Dawson, R. (1991). Comment. Statistical Science, 6, 382–385.
Delanoy, D. L. (1990). Approaches to the target: A time for reevaluation. In L. A. Henkel, & J. Palmer (Eds.),
Research in parapsychology 1989 (pp. 89–92). Metuchen, NJ: Scarecrow Press.
Dingwall, E. J. (Ed.). (1968). Abnormal hypnotic phenomena (4 vols.). London: Churchill.
Druckman, D., & Swets, J. A. (Eds.). (1988). Enhancing human performance. Issues, theories, and techniques.
Washington, DC: National Academy Press.
Eysenck, H. J. (1966). Personality and extra-sensory perception. Journal of the Society for Psychical Research, 44,
55-71.
Gilovich, T. (1991). How we know what isn’t so: The fallibility of human reason in everyday life. New York: Free
Press.
Green, C. E. (1960). Analysis of spontaneous cases. Proceedings of the Society for Psychical Research, 53, 97–161.
Harris, M. J., & Rosenthal, R. (1988a). Human performance research: An overview. Washington, DC: National
Academy Press.
Harris, M. J., & Rosenthal, R. (1988b). Postscript to “Human performance research: An overview.” Washington, DC:
National Academy Press.
Herbert, N. (1987). Quantum reality: Beyond the new physics. Garden City, NY: Anchor Books.
Honorton, C. (1969). Relationship between EEG alpha activity and ESP card-guessing performance. Journal of the
American Society for Psychical Research, 63, 365–374.
Honorton, C. (1977). Psi and internal attention states. In B. B. Wolman (Ed.), Handbook of parapsychology (pp. 435–
472). New York: Van Nostrand Reinhold.
Honorton, C. (1979). Methodological issues in free-response experiments. Journal of the American Society for
Psychical Research, 73, 381–394.
Honorton, C. (1985). Meta-analysis of psi ganzfeld research: A response to Hyman. Journal of Parapsychology, 49,
51–91.
Honorton, C. (1992). The ganzfeld novice: Four predictors of initial ESP performance. Paper presented at the 35th
Annual Convention of the Parapsychological Association, Las Vegas, NV.
Honorton, C., Berger, R. E., Varvoglis, M. P., Quant, M., Derr, P., Schechter, E. I., & Ferrari, D. C. (1990). Psi
communication in the ganzfeld: Experiments with an automated testing system and a comparison with a metaanalysis of earlier studies. Journal of Parapsychology, 54, 99–139.
Honorton, C., Ferrari, D. C., & Bem, D. J. (1992). Extraversion and ESP performance: Meta-analysis and a new
confirmation. In L. A. Henkel & G. R. Schmeidler (Eds.), Research in parapsychology 1990 (pp. 35–38).
Metuchen, NJ: Scarecrow Press.
Honorton, C., & Harper, S. (1974). Psi-mediated imagery and ideation in an experimental procedure for regulating
perceptual input. Journal of the American Society for Psychical Research, 68, 156–168.
Honorton, C., & Schechter, E. I. (1987). Ganzfeld target retrieval with an automated testing system: A model for
initial ganzfeld success. In D. B. Weiner & R. D. Nelson (Eds.), Research in parapsychology 1986 (pp. 36–39).
Metuchen, NJ: Scarecrow Press.
Hyman, R. (1985). The ganzfeld psi experiment: A critical appraisal. Journal of Parapsychology, 49, 3–49.
Hyman, R. (1991). Comment. Statistical Science, 6, 389–392.
Hyman, R., & Honorton, C. (1986). A joint communique: The psi ganzfeld controversy. Journal of Parapsychology,
50, 351–364.

Kennedy, J. E. (1979). Methodological problems in free-response ESP experiments. Journal of the American Society
for Psychical Research, 73, 1–15.
Metzger, W. (1930). Optische Untersuchungen am Ganzfeld: II. Zur phanomenologie des homogenen Ganzfelds
[Optical investigation of the Ganzfeld: II Toward the phenomenology of the homogeneous Ganzfeld].
Psychologische Forschung, 13, 6–29.
Myers, I. B., & McCaulley, M. H. (1985). Manual: A guide to the development and use of the Myers-Briggs Type
Indicator. Palo Alto, CA: Consulting Psychologists Press.
Morris, R. L. (1991). Comment. Statistical Science, 6, 393–395.
Nisbett, R. E., & Ross, L. (1980). Human inference: Strategies and shortcomings of social judgment. Englewood
Cliffs, NJ: Prentice-Hall.
Palmer, J. (1978). Extrasensory perception: Research findings. In S. Krippner (Ed.), Advances in parapsychological
research (Vol. 2, pp. 59–243). New York: Plenum Press.
Palmer, J. A., Honorton, C., & Utts, J. (1989). Reply to the National Research Council Study on Parapsychology.
Journal of the American Society for Psychical Research, 83, 31–49.
Parker, A. (1975). Some findings relevant to the change in state hypothesis. In J. D. Morris, W. G. Roll, & R. L.
Morris (Eds.), Research in parapsychology, 1974 (pp. 40–42). Metuchen, NJ: Scarecrow Press.
Parker, A. (1978). A holistic methodology in psi research. Parapsychology Review, 9, 1–6.
Prasad, J., & Stevenson, I. (1968). A survey of spontaneous psychical experiences in school children of Uttar Pradesh,
India. International Journal of Parapsychology, 10, 241–261.
Rao, K. R., & Palmer, J. (1987). The anomaly called psi: Recent research and criticism. Behavioral and Brain
Sciences, 10, 539–551.
Rhine, J. B., & Pratt, J. G. (1954). A review of the Pearce-Pratt distance series of ESP tests. Journal of
Parapsychology, 18, 165–177.
Rhine, L. E. (1962). Psychological processes in ESP experiences. I. Waking experiences. Journal of Parapsychology,
26, 88–111.
Roig, M., Icochea, H., & Cuzzucoli, A. (1991). Coverage of parapsychology in introductory psychology textbooks.
Teaching of Psychology, 18, 157–160.
Rosenthal, R. (1978). Combining results of independent studies. Psychological Bulletin, 85, 185–193.
Rosenthal, R. (1979). The “file drawer problem” and tolerance for null results. Psychological Bulletin, 86, 638–641.
Rosenthal, R. (1990). Replication in behavioral research. Journal of Social Behavior and Personality, 5, 1–30.
Rosenthal, R. (1991). Meta-analytic procedures for social research (Rev. ed.). Newbury Park, CA: Sage.
Rosenthal, R., & Rubin, D. B. (1989). Effect size estimation for one-sample multiple-choice-type data: Design,
analysis, and meta-analysis. Psychological Bulletin, 106, 332–337.
Rosnow, R. L., & Rosenthal, R. (1989). Statistical procedures and the justification of knowledge in psychological
science. American Psychologist, 44, 1276–1284.
Sannwald, G. (1959). Statistische untersuchungen an Spontanphonomene [Statistical investigation of spontaneous
phenomena]. Zeitschrift fur Parapsychologie and Grenzgebiete der Psychologie, 3, 59–71.
Saunders, D. R. (1985). On Hyman’s factor analyses. Journal of Parapsychology, 49, 86–88.
Schechter, E. I. (1984). Hypnotic induction vs. control conditions: Illustrating an approach to the evaluation of
replicability in parapsychology. Journal of the American Society for Psychical Research, 78, 1–27.
Schlitz, M. J., & Honorton, C. (1992). Ganzfeld psi performance within an artistically gifted population. Journal of
the American Society for Psychical Research, 86, 83–98.
Schmeidler, G. R. (1988). Parapsychology and psychology: Matches and mismatches. Jefferson, NC: McFarland.
Schmidt, H., & Schlitz, M. J. (1989). A large scale pilot PK experiment with prerecorded random events. In L. A.
Henkel & R. E. Berger (Eds.), Research in parapsychology 1988 (pp. 6–10). Metuchen, NJ: Scarecrow Press.
Spence, K. W. (1964). Anxiety (Drive) level and performance in eyelid conditioning. Psychological Bulletin, 61, 129–
139.
Stanford, R. G. (1987). Ganzfeld and hypnotic-induction procedures in ESP research: Toward understanding their
success. In S. Krippner (Ed.), Advances in parapsychological research (Vol. 5, pp. 39–76). Jefferson, NC:
McFarland.
Steering Committee of the Physicians’ Health Study Research Group. (1988). Preliminary report: Findings from the
aspirin component of the ongoing Physicians’ Health Study. New England Journal of Medicine, 318, 262–264.
Sterling, T. C. (1959). Publication decisions and their possible effects on inferences drawn from tests of significance
or vice versa. Journal of the American Statistical Association, 54, 30–34.
Stokes, D. M. (1987). Theoretical parapsychology. In S. Krippner (Ed.), Advances in parapsychological research (Vol.
5, pp. 77–189). Jefferson, NC: McFarland.
Swets, J. A., & Bjork, R. A. (1990). Enhancing human performance: An evaluation of “new age” techniques
considered by the U. S. Army. Psychological Science, 1, 85–96.
Tversky, A., & Kahneman, D. (1971). Belief in the law of small numbers. Psychological Bulletin, 2, 105–110.
Ullman, M., Krippner, S., & Vaughan, A. (1973). Dream telepathy. New York: Macmillan.

Utts, J. (1986). The ganzfeld debate: A statistician’s perspective. Journal of Parapsychology, 50, 393–402.
Utts, J. (1991a). Rejoinder. Statistical Science, 6, 396–403.
Utts, J. (1991b). Replication and meta-analysis in parapsychology. Statistical Science, 6, 363–378.
Wagner, M. W., & Monnet, M. (1979). Attitudes of college professors toward extra-sensory perception. Zetetic
Scholar, 5, 7-17.
Referência original: Daryl J. Bem and Charles Honorton. Does Psi Exist? Replicable Evidence for an Anomalous
Process of Information Transfer, Psychological Bulletin, 1994, Vol. 115, No. 1, 4–18.
Artigo traduzido por Vitor Moura Visoni em 1º de março de 2016

Sponsor Documents

Or use your account on DocShare.tips

Hide

Forgot your password?

Or register your new account on DocShare.tips

Hide

Lost your password? Please enter your email address. You will receive a link to create a new password.

Back to log-in

Close