Revista Oásis Ed. 92

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OásisCAFÉ DE GATo-Do-MAToo sabor é ótimo, mas a origem.# 92Ed iç ãDEPENDÊNCIADE INTERNETUm víCio Cada vEz mais frEqUEntEo PoDER DA REDEoásis.Como a internet irá transformar os governosCOMPORTAMENTOTRABALHo EsCoLARa história da humanidade em dois minutos1/5shutterstockoporPEllEgRiNiEditorLuisDepenDência De internet é nossa matéria De capa. o que está morrenDo em nossos jovens para fazer com que eles se voltem obsessivamente para a reDe como um meio Digital De

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Oásis
CAFÉ DE GATo-Do-MATo
o sabor é ótimo, mas a origem.

# 92

Ed iç ã

DEPENDÊNCIA
DE INTERNET
Um víCio Cada vEz mais frEqUEntE

o PoDER DA REDE
oásis
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Como a internet irá transformar os governos
COMPORTAMENTO

TRABALHo EsCoLAR

a história da humanidade em dois minutos

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o

por

PEllEgRiNi
Editor

Luis

DepenDência De internet é nossa matéria De capa. o que está morrenDo em nossos jovens para fazer com que eles se voltem obsessivamente para a reDe como um meio Digital De sobrevivência?

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m seu livro “Nascer não basta”, o psicólogo italiano luigi Zoja desenvolve uma tese muito interessante a respeito da dependência de drogas. Para ele, todo vício de dependência tem, como origem comum, a quase inexistência, em nossa cultura moderna, de ritos de passagem. Para Zoja, todas as civilizações, desde que o mundo é mundo, desenvolveram e mantiveram processos ritualísticos que conferiam à pessoa, sobretudo aos jovens, as suas novas identidades sociais. Assim, quando uma criança, menino ou menina, entrava na adolescência, ela passava por um processo ritualístico de transformação psicossocial que lhe conferia, aos olhos de toda a comunidade, a sua nova identidade de adulto. Fazem parte desses ritos de passagem os jogos e os desafios que os meninos indígenas enfrentam para provar a todos, e a si próprios, sua coragem e bravura. T ambém a nossa cultura judaico-cristã possui esses ritos, embora muito diluídos e transformados apenas em meras tradições religiosas e culturais: o bar mitzva dos judeus, por exemplo. T rito de passagem é caracterizado por uma morte e um renascimento simodo bólicos. O jovem morre para uma fase da sua vida e renasce, transformado, para viver uma outra fase. Com a droga, essa experiência também acontece, porém de

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forma invertida. O drogado renasce primeiro, sob o efeito euforizante da droga, e morre depois, quando esse efeito desaparece. E assim, para escapar da terrível sensação de morte acarretada pela falta da droga, ele se droga novamente, repetindo ad infinitum essa experiência infernal. lembro-me de tudo isso ao apresentar nossa matéria de capa, que trata da dependência de internet. Os viciados na rede hoje são legião, em praticamente todos os países do mundo. A tal ponto, como veremos na reportagem, que as autoridades sanitárias mundiais já pensam em declarar essa dependência, a partir de 2013, uma doença psicossocial séria. Que aconteceria se aplicássemos a equação de luigi Zoia à dependência de internet? O que está morrendo em nossos jovens para fazer com que eles se voltem para a internet como um meio de sobrevivência? Seria, por acaso, a perda cada vez mais evidente na sociedade contemporânea da capacidade de estabelecer relações humanas sérias, diretas, profundas e verdadeiras? Seria a perda de confiança nas opções, soluções e caminhos propostos pela nossa atual cultura da produtividade e do consumismo descontrolados? As estatísticas que mostramos na nossa reportagem não deixam margem a dúvidas: um número a cada dia maior de pessoas prefere as relações assépticas mantidas através dos sites sociais do que o contato humano direto e verdadeiro...

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DEPENDÊNCIA DE INTERNET Um vício cada vez mais frequente

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existe dependência de tabaco, drogas, jogos de azar, e até de chocolate. mas também a internet gera dependência. ela deverá ser classificada como uma desordem mental em 2013. você é um dependente?
Por: EquiPE oásis

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síndrome é conhecida nos países de língua inglesa pela sigla IAD (Internet addiction disorder) e é caracterizada por um forte desejo de permanecer conectado à rede, a ponto de comprometer a própria vida real. Ninguém está a salvo de desenvolver, sem o saber, uma dependência de Internet. Isso é o que revela um infográfico publicado pelo site de pesquisas Sodahe-

ad (http://www.sodahead.com/fun/ internet-addiction). Os números desse estudo são preocupantes: apenas 39% dos navegadores na maioria dos países ocidentais (Brasil incluído) são capazes de desligar-se da rede quando bem entendem. 61% deles admitem ter dificuldade para fazê-lo. A categoria onde mais se manifesta a dependência é a dos adolescentes (73%), seguida pela dos jovens adultos entre os 18 e os 24 anos (71%) e a dos 25-34 anos (59). Os menos a risco são os adultos entre os 56 e os 64 anos (39%). Mas a dependência começa novamente a subir entre que têm 65 anos ou mais (44%). Em todas as categorias as
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mulheres são mais suscetíveis de desenvolver uma dependência de Internet: 64% contra 55%. A pesquisa mostra, por outro lado, não ser verdade a crença de que quem já sofre de alguma dependência é mais suscetível de contrair uma dependência de Internet. Por exemplo, apenas 48% dos fumantes tem dificuldade de viver sem a rede, contra 65% dos não fumantes. Por fim, a mesma pesquisa examina alguns números relativos aos Estados Unidos (embora se saiba que as tendências observadas manifestam-se na maior parte dos países ocidentais): entre os anos 2000 e 2010 os usuários de Internet cresceram de 43,1% da população a 78,1%. Na prática, atualmente, 4 americanos de cada 5 estão online. Conclui-se assim que a dependência de Internet também está associada à sua cada vez maior difusão. Cada vez mais pessoas buscam ajuda para o tratamento das dependências tecnológicas (Internet e vídeo game), devido a vários aspectos psicológicos (baixa autoestima, depressão, fobias sociais, dentre tantos outros) e sociais (a solidão, o isolamento e o estilo de vida nos grandes centros urbanos). Tal panorama se dá em função do crescimento acelerado do acesso a Internet da população em geral e, em contrapartida, da tendência ao sedentarismo e a reclusão emocional. A dependência da Internet manifesta-se como uma
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“Usam a rede como uma ferramenta social e de comunicação, pois têm uma experiência maior de prazer e de satisfação”
inabilidade do indivíduo em controlar o uso e o envolvimento crescente com a Internet e com os assuntos afins, que por sua vez conduzem a uma perda progressiva de controle e aumento do desconforto emocional. Com efeitos sociais significativamente negativos, os indivíduos que despendem horas excessivas na Internet, tendem a utilizá-la como meios primários de aliviar a tensão e a depressão, apresentam a perda do sono em consequência do incitamento causado pela estimulação psicológica e a desenvolver problemas em suas relações interpessoais. Além disso, os dependentes usam a rede como uma ferramenta social e de comunicação, pois têm uma experiência maior de prazer e de satisfação quando estão on-line, podendo este ser um fator que predispõe à dependência. Nessa vertente, alguns estudos consideram a sensação subjetiva de busca e/ou a autoestima rebaixada, timidez, baixa confiança em si mesmo e baixa pró-atividade como outros fatores que predispõe ao uso abusivo da Internet.
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Os principais tipos de dependência de Internet são: sites sociais, chats (salas de bate-papo), jogos on-line, compras, sites com conteúdo específico (eróticos, de relacionamento, bolsa da valores, busca de informações, etc). Um aspecto importante a considerar no uso patológico da Internet é o seu tratamento. De acordo com a especialista Kimberly Young, o processo de tratamento da dependência da Internet deve consistir no controle e moderação do uso. Esta autora refere diversas técnicas para abordar o tratamento dessa dependência. De modo a quebrar o hábito de estar on-line, o indivíduo deve alterar a rotina e readaptar-se a novos padrões de tempo de utilização da Internet. Uma técnica consiste na reorganização do modo como o tempo é gerido, de modo a que o indivíduo pratique o inverso do tempo anterior de uso da Internet. Outra técnica consiste em definir objetivos razoáveis de

tiPos dE dEPEndênCia E tratamEnto

Quais são os principais critérios que indicam uma dependência de Internet? Para começar, a pessoa deve apresentar pelos 5 dos 8 critérios abaixo descritos: 1) Preocupação excessiva com a Internet 2) Necessidade de aumentar o tempo conectado (on-line) para ter a mesma satisfação 3) Exibir esforços repetidos para diminuir o tempo de uso da Internet 4) Apresentar Irritabilidade e/ou depressão 5) Quando o uso da Internet é restringido, apresenta labilidade emocional (Internet como forma de regulação emocional) 6) Permanecer mais conectado (on-line) do que o programado 7) Ter o Trabalho e as relações familiares e sociais em risco pelo uso excessivo 8) Mentir aos outros (e a si próprio) a respeito da quantidade de horas conectadas
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Critérios dE dEPEndênCia dE intErnEt

“De modo a quebrar o hábito de estar on-line, deve-se alterar a rotina e readaptar-se a novos padrões de tempo de utilização da Internet”
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utilização da Internet, mantendo as sessões breves mas frequentes, de forma a evitar a compulsão ou a fuga. Isto dará ao paciente uma sensação de controle, em vez de deixar a Internet tomar controle dele. Outro exercício de controle do tempo de utilização da Internet consiste em utilizar coisas concretas que o paciente necessita fazer, ou lugares onde precisa ir, como formas de alarme para ajudar a sair da Internet. Neste caso, surge como desvantagem o fato do paciente poder ignorar esses mesmos alarmes. Para moderar a utilização da Internet, outro exercício consiste na utilização de lembretes do que se quer evitar (como, por exemplo, não despender tempo com a família) e do que se quer fazer (por exemplo, melhorar a produtividade em casa). Também constitui uma técnica criar um inventário pessoal, ou seja, uma lista de cada atividade que foi negligenciada desde que surgiu a dependência da Internet. Se falha a moderação da utilização de uma aplicação específica, recorre-se à sua abstinência. Deste modo, o paciente deve interromper toda a atividade relacionada com essa aplicação.

Por fim, de modo a controlar a dependência da Internet, é útil a organização de grupos de suporte adaptados à situação de vida de cada indivíduo. Além disto, quando a dependência da Internet tem um impacto negativo na vida familiar, a autora aconselha a terapia familiar. A terapeuta norte-americana Maressa Orzack, por seu lado apresenta ideias diferentes para tratamento, como a terapia do comportamento cognitivo (cognitive behavior therapy) e a terapia do aumento motivacional (motivational enhancement therapy). A primeira, baseada na premissa de que os pensamentos determinam os sentimentos, consiste em ensinar aos pacientes a reconhecer os seus pensamentos, de modo a que estes possam identificar os pontos que desencadeiam a utilização abusiva da Internet. A segunda, por sua vez, consiste na colaboração do terapeuta e do paciente em planos de tratamento e na definição de objetivos tangíveis, o que se constitui como uma terapia menos confrontadora e mais inovadora do que a primeira. Mais informação: http://www.dependenciadeinternet.com.br/

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O PODER DA REDE Como a Internet irá transformar os governos
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RUMOS

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professor do programa de telecomunicações interativas, na universidade de nova York, clay clay shirky mostra como os governos podem aprender com a internet, não apenas a ser transparentes, mas também a aproveitar o conhecimento de todos os seus cidadãos

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VídEo: tEd-idEas Worth sPrEading. tradução Para o Português: rEnata PaEs. rEVisão: andrEa rojas

Como a internet irá (um dia) transformar o governo http://goo.gl/zGhe3

specialista em sociopsicologia das telecomunicações, w afirma que o mundo do código aberto aprendeu a lidar com uma enxurrada de novas e divergentes ideias usando serviços de hospedagem como o GitHub. E pergunta: por que os governos não podem fazer o mesmo? Shirky argumenta que a história do mundo moderno pode ser entendida como a história dos modos de discutir e debater as coisas. Seu trabalho concentra-se na

utilidade crescente das redes – usando tecnologias como o peer-to-peer (par-a-par), o wi-fi (sem fio), os softwares de para a criação social, o desenvolvimento do código aberto. Para ele, essas novas tecnologias possibilitam o florescimento de novos tipos de estruturas coooperativas aplicáveis no mundo dos negócios, da ciência, das artes.
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Clay Shirky

Como a internet irá (um dia) transformar o governo

VidEo: trAdUção iNtEgrAl dA CoNfErêNCiA dE ClAy SHirky
“Eu quero falar hoje para vocês sobre algo que o mundo da programação de código aberto pode ensinar à democracia, mas, antes disso, um pequeno preâmbulo. Vamos começar aqui. Esta é Martha payne. Martha é uma escocesa de 9 anos que vive no Conselho de Argyll e Bute. Há cerca de dois meses, payne começou um blog culinário chamado NeverSeconds, e levou sua câmera com ela para a escola todos os dias para documentar seus almoços escolares. Vocês conseguem ver o vegetal? (risos) E, como acontece às vezes, o blog conquistou primeiramente dúzias de leitores, e então centenas de leitores, e então milhares de leitores, à medida que as pessoas entravam para vê-la classificar seus almoços escolares, incluindo minha categoria favorita: “pedaços de cabelo encontrados na comida.” (risos) Neste dia não houve nenhum. isso é bom. E então, ontem fez duas semanas, ela postou isso. Um post que dizia: “Adeus.” E ela disse: “Eu sinto muito em dizer isso a vocês, mas a professora me colocou para fora da sala hoje e disse que eu não posso mais tirar fotos no refeitório. Eu realmente gostava de fazer isso. obrigada por lerem. Adeus.” Vocês podem adivinhar o que aconteceu depois, certo? (risos) A indignação foi tão rápida, tão volumosa, tão unânime que o Conselho de Argyll e Bute voltou atrás no mesmo dia e disse: “Nós nunca censuraríamos uma menina de 9 anos.” (risos) Exceto, é claro, esta manhã. (risos) E isso levanta a questão: o que os fez pensar que poderiam fugir assim de uma questão como esta? (risos) E a resposta é: toda a história humana até agora. oásis
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(risos). Então, o que acontece quando um meio de repente coloca um monte de novas ideias em circulação? Agora, isto não é apenas uma questão contemporânea. É algo com que nos deparamos várias vezes ao longo dos últimos séculos. Quando o telégrafo apareceu, estava claro que ele iria globalizar a indústria das notícias. isso levaria a quê? Bem, obviamente, levaria à paz mundial. A televisão, um meio que nos permite não apenas ouvir, mas ver, literalmente ver, o que está acontecendo em qualquer lugar do mundo, levaria a quê? À paz mundial. (risos) o telefone? Vocês adivinharam: à paz mundial. perdoem-me pelo falso alerta, mas nada de paz mundial. Não ainda. Até mesmo a imprensa escrita, até mesmo a imprensa escrita foi considerada como uma ferramenta que iria reforçar a hegemonia intelectual católica na Europa. Em vez disso, o que tivemos foram as 95 teses de Martin luther, a reforma protestante, e, vocês sabem, a guerra dos 30 Anos. Certo, então, no que todas estas previsões de paz mundial acertaram é que, quando muitas novas ideias de repente entram em circulação, isso muda a sociedade. o que elas erraram muito foi o que acontece depois. Quanto mais ideias há em circulação, mais ideias há para qualquer indivíduo discordar delas. Mais mídia sempre significa mais discussão. isso é o que acontece quando o espaço da mídia se expande. E ainda, quando olhamos para trás, para o prelo nos primeiros anos, nós gostamos do que aconteceu. Nós somos uma sociedade pró-prelo. Então como conciliamos essas duas coisas, que isso leva a mais discussão, mas pensamos que isso é bom? E a resposta, eu acho, pode ser achada em coisas como essa.
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Clay Shirky

Como a internet irá (um dia) transformar o governo

Esta é a capa do “philosophical transactions”, o primeiro jornal científico já publicado em inglês, em meados de 1600, e foi criado por um grupo de pessoas que se autodenominava “A faculdade invisível”, um grupo de filósofos naturais que apenas mais tarde iria se denominar cientistas, e eles queriam melhorar a forma como os filósofos naturais debatiam uns com os outros, e eles precisavam fazer duas coisas para isso. Eles precisavam de abertura. precisavam criar uma norma que dissesse: quando você fizer um experimento, você tem que publicar não apenas suas afirmações, mas como você fez o experimento. Se você não nos disser como você fez, não vamos acreditar em você. Mas a outra coisa de que eles precisavam era velocidade. Eles precisavam sincronizar rapidamente o que outros filósofos naturais sabiam. do contrário, não se poderia acompanhar o debate. A mídia impressa era claramente o meio certo para isso, mas o livro era a ferramenta errada. Ele era muito lento.E então eles inventaram o jornal científico como um modo de sincronizar o debate entre a comunidade de cientistas naturais. A revolução científica não foi criada pela mídia impressa. Ela foi criada pelos cientistas, mas não poderia ter sido criada se eles não tivessem uma mídia impressa como ferramenta. E nós? E nossa geração, e nossa revolução midiática, a internet? Bem, previsões de paz mundial? Vejamos. (risos) Mais discussão? Uma estrelinha dourada para quem acertar. (risos) (risos) Quer dizer, o youtube é uma mina de ouro. (risos) Melhor discussão? Esta é a questão. Eu estudo mídias sociais, o que significa, numa primeira aproximação, eu observo as pessoas discutirem. E se eu tivesse que escolher um grupo que eu penso que é nossa “faculdade invisível”, coleção de pessoas da nossa geração tentando pegar essas ferramentas e colocá-las a serviço, não para mais

argumentos, mas para melhores argumentos, eu escolheria os programadores de código aberto. programação é uma relação de três vias entre um programador, algum código-fonte, e o computador no qual isso deve funcionar, mas computadores são tão famosos pela interpretação inflexível das instruções que é extraordinariamente difícil escrever um conjunto de instruções que o computador saiba como executar, e isso se uma pessoa está escrevendo. Uma vez que se tem mais de uma pessoa escrevendo, é muito fácil para qualquer dos dois programadores sobrepor o trabalho um do outro se estão trabalhando no mesmo arquivo, ou mandar instruções incompatíveis, que simplesmente fazem o computador travar, e este problema fica maior quanto maior o número de programadores envolvidos. para uma primeira aproximação, a questão de administrar um grande projeto de software é o problema de manter este caos social sob controle. Agora, há décadas existe uma solução canônica para este problema, que é usar algo chamado “sistema de controle de versão”, e um sistema de controle de versão faz o que seu nome diz. Ele fornece uma cópia canônica do software em um outro servidor. os únicos programadores que podem mudá-la são pessoas com autorização específica para acessá-la, e elas só podem acessar a subseção que têm permissão para mudar. E quando as pessoas desenham diagramas de sistemas de controle de versão, eles sempre se parecem com isso. Certo. Eles se parecem com organogramas. E você não precisa olhar muito detalhadamente para ver as ramificações políticas de um sistema como este. isso é feudalismo: um dono, muitos trabalhadores. Agora, isso é bom para a indústria de softwares comerciais. isso é o Microsof office. É o Adobe photoshop. A corporação é

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dona do software. os programadores vêm e vão. Mas houve um programador que decidiu que esta não era a forma de trabalhar. Este é linus torvalds. torvalds é o mais famoso programador de código aberto, criou o linux, obviamente, e torvalds olhou para a forma como o movimento de código aberto estava lidando com este problema. Softwares de código aberto, a promessa-chave da licença de código aberto, é que qualquer pessoa deveria ter acesso a todo o código-fonte o tempo todo, mas, é claro, isso cria a ameaça de caos que você tem que prevenir para que as coisas funcionem. Então, a maioria dos projetos de código aberto fez vista grossa e adotou sistemas de gestão feudais. Mas torvalds disse: “Não, eu não vou fazer isso”. Seu ponto de vista sobre isso era muito claro. Quando você adota uma ferramenta, você também adota a filosofia de gestão intrínseca a ela, e ele não ia adotar nada que não funcionasse da forma como a comunidade linux trabalhava. E para dar a vocês uma ideia do tamanho de uma decisão como esta, este é um mapa das dependências internas do linux, do sistema operacional linux, no qual subpartes dependem de outras subpartes para funcionar. É um processo tremendamente complicado. É um programa tremendamente complicado, e ainda assim, por anos, torvalds o fez funcionar sem nenhuma ferramenta automática a não ser sua caixa de e-mail. As pessoas literalmente mandavam as mudanças para ele por e-mail que tinham acordado, e ele fazia as mudanças manualmente. E então, depois de 15 anos olhando para o linux e vendo como a comunidade trabalhava, ele disse: “Eu acho que sei como escrever um sistema de controle de versão para pessoas livres.” E ele o chamou de “git”. git é um controle de versão distribuído. Ele tem duas grandes diferenças em relação aos tradicionais sistemas de controle de versão. A primeira é que ele faz jus à promessa filosófica do código aberto. Qualquer um que trabalhe em um projetotêm acesso a todo o código-fonte o tempo todo. E quando as pessoas desenham diagramas do fluxo de trabalho do git, eles se parecem com isso. E você não tem que entender o que os círculos, as caixas e as setas significam para ver que é um modo de trabalhar muito mais complicado do que o dos sistemas comuns de controle de versão. Mas é isto também que traz o caos de volta, e esta é a segunda grande inovação do git.Esta é uma tela do gitHub, o principal serviço de hospedagem do git, e toda vez que um programador usa o git para fazer qualquer mudanças importante, criando um novo arquivo, ou modificando um já existente, misturando dois arquivos, o git cria este tipo de assinatura. Esta longa sequência com números e letras é um identificador único associado a cada mudança, mas sem qualquer coordenação central. todos os sistemas git geram este número da mesma forma, o que significa que esta é uma assinatura associada diretamente a uma mudança particular, e que não pode ser fraudada. isso tem o seguinte efeito: Um programador em Edimburgo e um programador em Entebbe podem ter o mesmo - uma cópia do mesmo software. Cada um deles pode fazer mudanças e eles podem combiná-las depois disso, mesmo que não soubessem da existência um do outro até então. isso é cooperação sem coordenação. Esta é a grande mudança. Agora, eu digo isso a vocês não para convencê-los de que é

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genial que os programadores de código aberto tenham agora uma ferramenta que suporta sua filosofia de trabalho,embora eu pense que é genial. Eu digo isso por conta do que eu penso que significa para o modo como as comunidades se unem. Uma vez que o git permitiu a cooperação sem coordenação, você começa a ver comunidades se formarem que são extremamente grandes e complexas. Este é um gráfico da comunidade ruby. É uma linguagem de programação de código aberto, e todas as interconexões entre as pessoas – este já não é um gráfico de software, mas um gráfico de pessoas – todas as interconexões entre as pessoas trabalhando no projeto – e isso não se parece com um organograma. isso se parece com um “desorgranograma”, e, ainda assim, fora desta comunidade, mas usando estas ferramentas, eles podem agora criar algo juntos. Então há duas boas razões para pensar que este tipo de técnica pode ser aplicado a democracias em geral e, em particular à lei. Quando você faz a afirmação, na verdade, de que alguma coisa na internet será boa para a democracia, você geralmente encontra esta reação. (música) (risos) o que significa: você está falando sobre a coisa com os gatos que cantam? É isso que você pensa que será bom para a sociedade? E eu devo dizer: aqui está a coisa dos gatos que cantam. isso sempre acontece. E eu não quero dizer que sempre acontece com a internet, digo que sempre acontece com a mídia. ponto final. Não se passou muito tempo após o surgimento da imprensa comercial escrita até que alguém descobrisse que as novelas eróticas eram uma boa ideia. (risos) Não

é necessário um incentivo econômico para vender livros por muito tempo até que alguém diga: “Ei, sabe o que eu aposto que as pessoas pagariam para ler?” (risos) As pessoas levaram outros 150 anos para pensar sobre um jornal científico, certo? Então – (risos) (aplausos) Então, a mobilização por parte da faculdade invisível da imprensa escrita para criar o jornal científico foi extremamente importante, mas isso surgiu grande, e não aconteceu rápido, então se você vai olhar para onde a mudança está acontecendo, você tem que olhar para as margens. Então, a lei também é relacionada à dependência. Aqui está um gráfico do Código fiscal dos EUA, e as correlações de uma lei com outras leis para o resultado global. Então, existe esse lugar para a gestão do código-fonte. Mas há também o fato de que a lei é outro lugar onde há muitas opiniões em circulação, mas elas precisam resultar em uma cópia canônica, e quando você entra no gitHub, e procura, há milhões e milhões de projetos,quase todos eles de códigos-fonte, mas se você olha as margens, você vê pessoas experimentando com as ramificações políticas de um sistema como este. Alguém colocou todos os cabos de Wikileak do departamento de Estado, juntamente com softwares usados para interpretá-los, incluindo o meu uso favorito dos cabos Cablegate, que é uma ferramenta para detectar haikais que aparecem naturalmente na prosa do departamento de Estado. (risos) Certo. (risos) o Senado de Nova iorque criou algo chamado legislação Aberta, também alojado no gitHub, novamente, devido a razões de atualização e fluidez.Você pode ver seu senador e uma lista de projetos de lei que ele apoiou. Alguém sob o pseudônimo de divegeek postou o código de Utah, as leis do estado de Utah, e colocou isso lá não apenas para distribuir o código, mas com a possibilidade muito interessante de que isso fosse usado para favo-

Clay Shirky

Como a internet irá (um dia) transformar o governo

recer o desenvolvimento da legislação. Alguém postou uma ferramenta durante o debate sobre direitos autorais no ano passado, no Senado, dizendo: “É estranho que Hollywood acesse mais os legisladores canadenses do que os cidadãos canadenses. por que não usar o gitHub para mostrar a eles como seria um projeto de lei desenvolvido pelos cidadãos? E inclui esta imagem muito sugestiva. isso aqui à direita é o que chamamos “diff”. isso mostra, em textos que muitas pessoas estão editando, quando uma mudança foi feita, quem fez e qual é a mudança. o que aparece em vermelho é o que foi deletado. o que aparece em verde é o que foi acrescentado. programadores consideram esta capacidade como garantida. Nenhuma democracia em nenhum lugar do mundo oferece esta funcionalidade a seus cidadãos, seja para legislação ou para orçamentos, mesmo que estas coisas sejam feitas com nosso consentimento e nosso dinheiro. Eu adoraria dizer a vocês que o fato de programadores de código aberto terem criado um método colaborativo em larga escala, distribuído, barato e em sintonia com os ideais da democracia, eu adoraria dizer que, por conta dessas ferramentas, a inovação é inevitável. Mas não é. parte do problema, é claro, é apenas falta de informação. Alguém postou uma pergunta no Quora dizendo: “por que os legisladores não usam controle de versão distribuído?” Esta, graficamente, foi a resposta. (risos) (risos) (aplausos) E esta é realmente parte do problema, mas apenas parte. o maior problema, obviamente, é poder. As pessoas que estão experimentando com participação não têm poder le-

gislativo, e as pessoas que têm poder legislativo não estão experimentando com participação. Elas estão experimentando com abertura. Não há democracia digna deste nome que não tenha um movimento de transparência, mas transparência é abertura em apenas uma direção, e dar um painel de controle sem um controle nunca foi a promessa central que uma democracia faz aos seus cidadãos. Então considerem isto. o que levou as opiniões de Martha payne ao público foi a tecnologia, mas o que as manteve lá foi vontade política. foi a expectativa dos cidadãos de que ela não devia ser censurada. Este é o estado atual de nossas ferramentas colaborativas. Nós temos essas ferramentas. Nós as vimos. Elas funcionam. podemos usá-las? podemos aplicar ali as tecnologias que funcionaram aqui? t.S. Eliot disse uma vez: “Uma das coisas mais significativas que podem acontecer a uma cultura é ela adquirir uma nova forma de prosa.” Eu acho que isso é errado, mas - (risos)Acho que é o direito de argumentação. Certo? Uma coisa significativa que pode acontecer a uma cultura é ela adquirir um novo estilo de debate: julgamento por júri, direito de voto, revisão por pares, agora isso. Certo? Uma nova forma de debate foi inventada durante nossas vidas, na última década, na verdade. É grande, é distribuída, é de baixo custo, e é compatível com os ideais de democracia. A questão para nós agora é: nós vamos deixar os programadores manterem isso entre eles próprios? ou vamos tentar pegar isso e colocar a serviço da sociedade em larga escala? obrigado por me ouvirem. (aplausos) obrigado. obrigado. (aplausos)

CAFÉ DE GATO-DO-MATO O sabor é ótimo, mas a origem...

GAsTRoNoMiA

gosta de café? conhece os mais variados tipos? então deve conhecer o kopi luwak. produzido na indonésia e nas filipinas, este tipo de café é considerado uma iguaria, vendido a peso de ouro. é maravilhoso, afirmam. mas qual seria sua reação ao saber que ele é obtido a partir das fezes de civetas? isso mesmo, fezes!

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Por: EquiPE oásis

iveta é um tipo de gato selvagem encontrado no sudeste asiático. Esse animal adora os frutos maduros dos pés de café. Naquelas regiões, na época da colheita, quando os grãos estão bem maduros, as fezes das civetas são formadas basicamente por sementes de café não digeríveis pelo animal. O que faz desse café uma iguaria tão apreciada é o processo digestivo e fermentativo que ele sofre. O quilo do kopi luwak é vendido hoje no mer-

cado internacional por aproximadamente 500 dólares (R$ 1.100,00) e sua bebida é descrita como tendo sabor aveludado, achocolatado e livre de qualquer sabor amargo residual. O consumo crescente desse café faz com que ele seja considerado ouro por certos produtores. A questão mais delicada em sua produção, atu
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gASTRONOMiA

po de vida muito encurtado, sem chance de se reproduzir e alvos fáceis de doenças. A tal ponto que já podem se encontrar em risco de extinção. O binturong, um outro animal da região aparentado às civetas e às vezes também usados para produzir kopi luwak, já está incluído pela International Union for the Conservation of Nature’s na lista vermelha das espécies vulneráveis. No estômago e intestinos desses animais, enzimas alteram os componentes químicos dos grãos. Uma vez excretados com as fezes, os grãos são lavados e torrados de modo a produzir, como resultado final, um café suave e de sabor caramelado. almente, está na crescente criação de civetas em cativeiro para serem usadas como “usinas” biológicas para processar os grãos. Diferente do que acontece no mundo natural, no qual a dieta das civetas é muito variada, as civetas em cativeiro são alimentadas quase exclusivamente com grãos de café. Recente reportagem do jornal britânico The Guardian mostra o que acontece, por exemplo, na localidade de Medan, na ilha de Sumatra – um dos maiores centros produtores de kopi luwak do mundo. Ali, dezenas de milhares de civetas são mantidas em jaulas individuais minúsculas. Mas esses animais suportam mal o cativeiro. Encarcerados, tornam-se neuróticos e agressivos uns com os outros; mesmo sozinhos, mordem as paredes da jaula, na tentativa desesperada de escapar, ferindo-se muitas vezes gravemente. Organizações de proteção à vida selvagem têm denunciado o número crescente dessas “granjas” de civetas. Nelas, devido ao aprisionamento e à dieta, os animais têm seu temoásis
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Juliano Ribeiro, em número recente da revista digital Adega (http://revistaadega.uol.com.br/edicoes/61/artigo191218-2.asp) publicou interessante artigo a respeito desses cafés produzidos de forma esdrúxula. Abaixo, reproduzimos parte do seu texto: Você já imaginou tomar um café feito com os grãos tirados das fezes de uma ave? Este café também existe, e é produto genuinamente brasileiro. Trata-se do “café do jacu”, que é produzido em Domingos Martins, no Espírito Santo. Esse estado brasileiro é conhecido mundialmente como o maior produtor de café robusta do Brasil, levando o País à posição de segundo maior produtor dessa espécie. Infelizmente, como ocorre com a maioria dos produtos de alto valor agregado, esse tipo de café é vendido principalmente para o mercado estrangeiro. A maior parte da produ
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no Brasil, Café dE jaCu E dE maCaCo

iguaria naCional

gASTRONOMiA

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ção segue para cafeterias de Tóquio, Londres, Los Angeles, São Francisco e outras cidades do mundo. No Espírito Santo, existe apenas uma casa especializada na capital, Vitória, e outras duas em Pedra Azul que o comercializam. Da mesma forma que o kopi luwak, os grãos do café do jacu são colhidos das fezes da ave jacu, que come os melhores frutos do cafeeiro, aqueles sem defeito e completamente maduros. O jacu, descrito pela primeira vez em 1870, é uma espécie de ave grande, de topete pardo-avermelhado e faixa superciliar esbranquiçada contrastante com a sobrancelha negra, a qual se alonga em uma listra ao redor da região auricular e da garganta. Essas aves são encontradas geralmente em matas entremeadas de campos e matas secas do oeste de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e ao leste do Mato Grosso. O surgimento desse café também tem muito a ver com o kopi luwak. Foi através do sucesso deste último no mundo que um produtor do Espírito Santo fez um teste com as fezes do jacu. Segundo ele, o jacu sempre foi considerado uma ameaça para o lucro dos cafeicultores, pois, em certos cafezais, eles chegavam a comer até 10% da produção. Mas o mundo dá voltas, e o jacu, como a civeta, passou de vilão a herói.
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O café do jacu é vendido atualmente por aproximadamente R$ 240 o quilo. Alguns provadores descrevem esse café como equilibrado, além de deixar um ótimo sabor na boca. A primeira produção ocorreu em 2006, porém poucos quilos foram obtidos. Já em 2008, a produção atingiu aproximadamente 150 quilos. Um terceiro tipo de café exótico que vem ganhando os holofotes do mundo é produzido na vila de Zhanghu, em Taiwan. Um pequeno cafeicultor percebeu que os macacos existentes na região eram grandes consumidores dos frutos mais saudáveis de suas produções. Entretanto, ao contrário de outros fazendeiros, que os consideram uma praga, o fazendeiro notou que os mesmos aproveitam o exterior suculento das frutas vermelhas e descartam os grãos, que causam indigestão. Assim, diferente do kopi luwak e do café do jacu, os grãos não são excretados, mas cuspidos. Visitantes de várias partes de Taiwan e do mundo vão à vila de Zhanghu para apreciar o novo tipo de café. De acordo com o produtor e alguns apreciadores, esse café é mais doce e apresenta uma nota de baunilha em seu aroma. O preço é cerca de US$ 100 por quilo. Interessado em degustar?
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Café CusPido dE maCaCo

CiVEta E jaCu, dE amEaça a luCro

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TRABALHO ESCOLAR A história da humanidade em dois minutos
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Do big bang ao aparecimento do homem, de leonardo da vinci a martin luther King, e até a aparição da internet: os acontecimentos que marcaram a história num vídeo fora do comum

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VidEo: driVinman687/CutaWay ProduCtions. músiCa: mind hEist, Por ZaCk hEmsEy

mais perto de nós, com suas grandes guerras, o nazismo e o holocausto, Hiroshima e a explosão da bomba atômica, Martin Luther King e os Beatles, a corrida ao espaço e a queda do Muro de Berlim. As etapas mais importantes da história do homem são condensadas em imagens fortes neste vídeo de apenas dois minutos: uma sequência que culmina com os passos mais vizinhos do nosso presente, como a difusão dos computadores e dos telefones celulares, o extraordinário poder da Internet, o ataque às Torres Gêmeas, as guerras na Ásia, Fukushima e o pesadelo das radiações. O autor é um jovem norte-americano de apenas 19 anos. Sua intenção era simplesmente realizar um bom trabalho escolar. Decidiu depois publicá-lo no YouTube e o resultado não demorou a surgir: este vídeo já foi visto por dois milhões de pessoas.
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http://youtu.be/ MrqqD_Tsy4Q

explosão inicial que a tudo deu origem. As formas de vida primordiais, os dinossauros, os primatas e finalmente o homem. A invenção da escrita, os grandes impérios, os gênios inventores que estenderam os limites da inteligência a distâncias impensáveis. As explorações geográficas, o flagelo da escravidão, a Revolução Industrial. Os episódios fundamentais da história até chegarmos ao século 20, o mais complicado de que se tem conhecimento, o

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